O mestre de Latus Passus e Silens Passus rangeu os dentes. No entanto, ao contrário de seu discípulo, ele sabia que não podia fazer uma cena ali.
— Quanto? — ele perguntou.
— 57 Pedras Divinas — respondeu o Comandante na armadura dourada.
— 57 Pedras Divinas!? Que tipo de mesa é essa!? Ela cura ferimentos de Aura de Vontade!? É comestível!? — ele perguntou, chocado.
Ninguém respondeu. O Comandante apenas estendeu o braço direito, aguardando o pagamento.
— Certo! — o homem gritou. — Aqui! Fique com suas Pedras Divinas! Espero que engasgue com elas!
SHING!
O homem jogou as Pedras Divinas, e o Comandante as guardou. Em seguida, o Comandante apontou para a mesa destruída.
CRRRR!
E a mesa foi consertada.
BANG!
E foi destruída novamente.
— Você está brincando comigo!? — o homem gritou. — Paguei 57 Pedras Divinas por essa mesa, e você a conserta como se não fosse nada!?
O Comandante estendeu a mão novamente, aguardando pagamento.
O corpo do homem tremia de fúria.
Ele imediatamente se arrependeu de suas ações.
Não deveria ter socado a mesa de novo com o punho.
Mas aquilo tinha sido tão satisfatório para aliviar sua raiva!
O homem pagou mais 57 Pedras Divinas, e a mesa foi consertada.
— Aproveitadores sujos — o homem resmungou.
Por que ele perdeu o controle novamente? Ele era um Deus Ancestral e deveria ter mais inteligência do que isso. Ele era estúpido?
Não.
A razão para o acesso de raiva era a Lei da Raiva. O homem conhecia a Lei da Raiva de nível cinco, mas nenhuma outra Lei Emocional. Isso fazia com que sua raiva transbordasse sempre que ficava irritado, fortalecendo-a severamente. Ele não perdia sua racionalidade, mas era mais propenso a cometer pequenos erros.
— Seu discípulo Latus Passus destruiu uma de nossas mesas, assim como você, e não tinha dinheiro com ele. Por isso ele está nas minas — disse o Comandante. Seus guardas não podiam lidar com Deuses Ancestrais, e era por isso que ele permanecia na sala.
BA… plonk.
Outro punho desceu sobre a mesa, mas toda sua força desapareceu antes de tocá-la, emitindo apenas um som abafado.
Ao ouvir que seu discípulo havia destruído a mesa sem dinheiro para pagar, o homem ficou furioso com seu discípulo.
Como seu discípulo podia ser tão estúpido!?
Quando recuperasse seu discípulo, ele o ensinaria a pensar antes de agir!
— Seu outro discípulo, Silens Passus, tentou roubar abertamente de alguém e foi pego. É por isso que ele está nas minas — disse o Comandante.
Plonk.
Um punho contido caiu lentamente sobre a mesa.
— Silens Passus!? Roubando!? — o homem gritou, indignado. — Silens Passus é o mais bondoso e honesto de todos os meus discípulos! Recuso-me a acreditar que ele roubou algo! Alguém deve tê-lo incriminado!
— Quer ver as gravações de vigilância? — perguntou o Comandante calmamente.
— Sim! — o homem respondeu imediatamente.
O Comandante estendeu a mão.
O homem teve um mau pressentimento.
— 150 Pedras Divinas — disse o Comandante.
O homem quase explodiu novamente. — 150 Pedras Divinas!? Por que assistir algo capturado por uma Formação de Matrizes é tão caro!?
— A Formação de Matrizes que monitora a cidade está no nível Deus Divino. Ela pode ver através de todas as ilusões e é inalterável. Uma Formação de Matrizes assim requer muita Energia para operar — explicou o Comandante.
O homem rangeu os dentes, mas pagou a taxa mesmo assim.
O Comandante guardou as Pedras Divinas e convocou uma tela no ar. Depois de ajustar a tela, ele conseguiu exibir a cena em que Silens Passus foi capturado.
O homem viu quando Gravis convocou suas Frutas da Vida e como elas desapareceram. Pouco depois, Silens Passus caiu no chão em estado de histeria, como se estivesse sendo atacado por um exército de monstros.
— Não há prova de que meu discípulo roubou essas frutas! Podia ter sido qualquer um! — o homem gritou, furioso.
Ninguém respondeu.
Depois de um tempo, o homem viu seu discípulo pegando as frutas por conta própria.
O rosto do homem ficou pálido.
Não!
Impossível!
Isso tinha que ser um truque!
Silens Passus?
Um ladrão?
Isso não podia ser!
O homem não estava mentindo quando disse que Silens Passus era o mais honesto de todos os seus discípulos. Ele genuinamente acreditava nisso.
Era impossível que Silens Passus roubasse algo.
Silens Passus era a pessoa mais gentil e prestativa que ele já conhecera!
Além disso, as palavras que Silens Passus gritou eram igualmente inacreditáveis.
Ele estava ameaçando todos ao seu redor com seu mestre.
Isso não era Silens Passus!
De repente, os olhos do homem se arregalaram.
— Mostre-me a ilusão que meu discípulo estava vendo! A ilusão deve ter nublado sua mente! — ele exigiu.
— A Formação de Matrizes só pode mostrar a realidade. Não pode mostrar ilusões — disse o Comandante.
O Comandante parecia confiante e firme, mas essa era apenas sua aparência treinada.
Na realidade, a Formação de Matrizes podia mostrar ilusões. Afinal, era de um nível incrível.
No entanto, por mais que os guardas tivessem tentado, eles não conseguiam ver as ilusões sob as quais Silens Passus estava.
Isso deixou todos os guardas que investigaram o caso perplexos.
Algo assim nunca havia acontecido antes, até onde sabiam.
O caso chegou aos níveis superiores até que um Deus Divino analisou as gravações.
Depois de analisá-las, o Deus Divino afirmou que a Formação de Matrizes não tinha defeito. As ilusões não eram exatamente ilusões, e a Formação de Matrizes simplesmente não podia percebê-las.
O Deus Divino não explicou por que a Formação de Matrizes não conseguia ver as ilusões. Ele apenas disse que não conseguia.
Os guardas e Comandantes ficaram perplexos, mas não questionaram seu superior.
Foi por isso que o Comandante mentiu para o homem. Ele achava que, se admitisse que sua Formação de Matrizes não conseguia capturar tudo, sua credibilidade seria severamente comprometida.
Isso poderia reabrir casos encerrados há muito tempo para reinvestigação.
— Então é possível que meu discípulo estivesse sob uma ilusão desde o começo, certo? — perguntou o homem. Desta vez, ele não parecia tão irritado, pois sentia que estava no caminho certo.
— Possível — respondeu o Comandante. — No entanto, isso não muda nada. Investigamos este caso minuciosamente. Até mesmo um Deus Divino analisou este caso. O Deus Divino afirmou que não havia indicação de que seu discípulo foi provocado ou induzido ao roubo. Tudo isso veio de seus próprios desejos.
O Comandante não estava mentindo. O líder da Guarda da Cidade era um Deus Divino e também o controlador da Formação de Matrizes. O Deus Divino podia não conhecer a Lei da Realidade Percebida, mas conhecia a Lei Verdadeira das Emoções. Ele revisou as gravações e concluiu que nada foi feito para manipular o discípulo a roubar.
Se algo assim tivesse ocorrido, Gravis estaria nas minas, não Silens Passus.
Afinal, a Guarda da Cidade precisava manter sua credibilidade.
O homem semicerrava os olhos, mas sua raiva não explodiu.
Algo estava acontecendo.
Ele acreditava que as gravações eram reais, mas não acreditava que Silens Passus faria algo assim.
Isso não condizia em nada com a personalidade de Silens Passus.
O mestre de Silens Passus decidiu acreditar em seu discípulo, mesmo que tudo apontasse para ele ser um ladrão.
Como mestre de Silens Passus, o homem acreditava que precisava confiar em seu discípulo. Se ele não acreditasse nele, ninguém acreditaria.
Seu discípulo era inocente, e ele faria tudo ao seu alcance para corrigir essa injustiça e levar o verdadeiro culpado à justiça!
O homem olhou com ódio para o Gravis na projeção.
Depois de alguns segundos, o homem voltou a olhar para o Comandante.
— Quanto pelos meus dois discípulos? — ele perguntou.
— 100.013 Pedras Divinas — respondeu o Comandante.
Plonk.
Outro leve golpe na mesa.
— Isso é muito! Silens Passus já está nas minas há mais de um século! Não deveria passar de 100.000 Pedras Divinas, mesmo com Latus Passus incluído! — o homem gritou.
— Latus Passus causou vários tumultos nas minas, o que aumentou a duração de sua permanência — respondeu o Comandante.
O Comandante convocou vários papéis, todos relatórios das minas. Cada um detalhava o que Latus Passus havia feito e como sua sentença havia sido alterada.
O homem olhou furioso para os papéis.
Latus Passus tinha complicado ainda mais sua situação!
Esse bastardo de discípulo já havia lhe custado mais de 100 Pedras Divinas! Por que ele decidiu aceitá-lo como discípulo? Por que Latus Passus não podia ser mais como Silens Passus? Silens Passus sempre ajudava e nunca causava problemas ao seu mestre!
— Certo! Eu vou pagar, mas vou chegar ao fundo disso! — o homem ameaçou.
O Comandante sorriu pela primeira vez. — è um prazer servi-lo! — ele disse.
O homem pagou quase 100.000 Pedras Divinas por Silens Passus com uma expressão facial neutra. Era um mal necessário.
No entanto, ao pagar cerca de 100 Pedras Divinas por Latus Passus, a fúria era visível no rosto do homem.
Ele faria Latus Passus pagar por isso!
— Aqui está o token de liberação para seus discípulos — disse o Comandante, entregando dois tokens ao homem. — Você pode buscá-los na mina 357R.
O homem rangeu os dentes, mas não disse mais nada.
BANG!
O homem chutou a porta, destruindo-a no processo.
Tink, tink, tink!
Antes que o Comandante pudesse interceptá-lo para mais um pagamento, o homem já havia jogado várias Pedras Divinas dentro da guarnição.
Era mais do que suficiente para pagar pela porta.