Latus Passus respirou fundo e se preparou para a conversa.
— Sim, Stella me disse que você pode me ensinar a Lei Maior do Tempo com Samsara — disse Latus Passus.
Gravis assentiu. — E você está interessado nessa oferta? — perguntou Gravis com um sorriso.
— Claro — respondeu Latus Passus. — Poderia me contar mais sobre Samsara primeiro?
Gravis assentiu.
Então, ele explicou a Latus Passus como Samsara funcionava e o que ele próprio havia enfrentado. Gravis detalhou como era difícil não se perder na própria vida. Era definitivamente muito perigoso, mesmo que Gravis não usasse suas Leis suplementares para aumentar o poder de Samsara.
Gravis manteve a Lei da Honestidade ativa desde que Latus Passus havia entrado.
Ele contou tudo de forma honesta.
Latus Passus acreditou em tudo o que Gravis disse por causa da Lei da Honestidade, mas também ficou aliviado ao perceber que nenhum gerente das Câmaras da Honestidade havia entrado.
Essa era a vantagem de conversar em uma Câmara da Honestidade. Mesmo que alguém acreditasse na outra parte, poderia surgir uma dúvida no futuro. E se a outra parte tivesse usado a Lei da Mentira?
Após algumas horas de Gravis explicando meticulosamente o funcionamento de Samsara, Latus Passus tomou sua decisão.
Ele não podia recuar agora!
Ele precisava fazer isso por si mesmo e por seu mestre!
No entanto, ainda tinha várias perguntas.
— Por que está disposto a me ajudar? — perguntou Latus Passus.
— Não me entenda mal — Gravis respondeu imediatamente com um sorriso presunçoso. — Não estou ajudando você.
— Não está? — perguntou Latus Passus com uma expressão surpresa.
— Não, isso é uma troca e um investimento. Você me dará algo que considero de valor equivalente no futuro — disse Gravis.
— E o que seria isso? — perguntou Latus Passus.
SHING!
Gravis invocou um contrato, que já havia sido verificado pelo Escritório de Oficialização de Contratos.
— Leia — disse Gravis.
Gravis não faria uma transação tão grande sem um contrato oficial. Afinal, Latus Passus não era seu amigo. Ainda não havia confiança entre eles.
Latus Passus leu o contrato, e tudo se resumia a isto:
O que Latus Passus receberia?
Primeiro, um Samsara, com alta probabilidade de lhe conceder a Lei do Tempo e, possivelmente, ainda mais. Caso Latus Passus não compreendesse a Lei do Tempo, ele precisaria pagar apenas 10.000 Pedras Divinas.
Segundo, 300.000 Pedras Divinas para permitir que ele avançasse para o Reino Deus Estelar e comprasse equipamentos.
O que Latus Passus teria que pagar?
Primeiro, Latus Passus teria que entregar 1.000.000 de Pedras Divinas a Gravis antes de alcançar o quinto nível do Reino Deus Estelar.
Segundo, Latus Passus deveria se juntar à Seita Miríade e seguir as regras da Seita e do Mestre da Seita enquanto as exigências e regras fossem razoáveis. Caso Latus Passus considerasse algo irracional, poderia entrar em contato com o Escritório de Oficialização de Contratos para uma análise.
Terceiro, Latus Passus deveria permanecer na Seita Miríade e fazer o seu melhor para apoiá-la até que sua dívida fosse quitada.
Esses eram os termos que Latus Passus deveria cumprir.
Enquanto lia o contrato, Latus Passus sentiu-se cético.
Esse contrato era, na verdade, muito permissivo.
Latus Passus talvez aceitasse o contrato apenas pela Samsara, mas também estava recebendo pedras divinas suficientes para alcançar o Reino Deus Estelar.
Latus Passus sabia que Gravis não era tolo e também que ele poderia ter se aproveitado da pressão do tempo que Latus Passus enfrentava. Afinal, Latus Passus tinha tempo limitado para salvar seu mestre e estaria disposto a pagar um preço alto por isso.
No entanto, esse contrato parecia ter sido escrito como se Latus Passus não estivesse sob nenhuma pressão, o que o surpreendeu.
Era possível dizer que Latus Passus estava conseguindo uma barganha.
Uma Matriz de Virtualização para uma Lei de nível seis custava 10.000 Pedras Divinas por século, e Latus Passus provavelmente precisaria de dezenas de milhares de anos para compreender a Lei do Tempo.
Isso significava que Latus Passus teria que pagar mais de dez milhões de Pedras Divinas se quisesse compreender a Lei Maior do Tempo via Matriz de Virtualização.
Contudo, Latus Passus pagaria apenas uma fração desse valor.
— Você pode levar o contrato com você e pedir a especialistas em contratos para analisá-lo — disse Gravis. — Os custos ficam por minha conta, e eu esperarei aqui.
Latus Passus assentiu relutantemente.
Ele queria confiar em Gravis, mas sabia que precisava ser cauteloso.
Era uma troca enorme.
Latus Passus saiu das Câmaras da Honestidade e foi até alguns especialistas em contratos, especializados em identificar cláusulas sorrateiras que poderiam prendê-lo em algo que ele não havia concordado.
Algumas horas depois, Latus Passus retornou com uma expressão constrangida.
Então, entregou um pergaminho enrolado.
Gravis o pegou e o desenrolou.
Era o mesmo contrato, mas cerca de mil vezes maior.
Havia uma quantidade insana de cláusulas adicionais, mas a essência permanecia a mesma.
Gravis resmungou, enviou o novo contrato para o Escritório de Oficialização de Contratos e o recebeu de volta rapidamente.
O contrato foi revalidado, e Gravis queimou o antigo.
Em seguida, Gravis assinou o contrato e o entregou a Latus Passus.
Latus Passus comparou o contrato com seus rascunhos e pediu a alguns especialistas em contratos novamente que verificassem se havia alguma armadilha oculta.
A análise retornou positiva.
Os especialistas em contratos ficaram satisfeitos com o documento.
Latus Passus voltou para a Câmara da Honestidade mais uma vez e respirou fundo.
Ele olhou para o contrato, e seu coração acelerou.
Se assinasse, isso significaria que não haveria mais volta.
Toda a sua vida mudaria.
Latus Passus hesitou por um longo tempo, mas, por fim, assinou o contrato com os dentes cerrados.
Gravis enviou o contrato para o Escritório de Oficialização de Contratos novamente para verificar a assinatura e obter cópias.
Latus Passus recebeu sua cópia, não de Gravis, mas de um representante do Escritório de Oficialização de Contratos.
Após realizar algumas verificações padrão para garantir que tudo estava em ordem entre as partes, o representante do Escritório deu seu carimbo literal de aprovação nos contratos e partiu.
Gravis havia pago por tudo isso, desembolsando mais de 3.000 Pedras Divinas no total.
Contudo, o contrato agora era legalmente vinculativo no mais alto nível possível.
Nem mesmo um Deus Divino poderia quebrar o contrato sem pagar o que Latus Passus devia a Gravis.
Se qualquer uma das partes se recusasse a cumprir o contrato, os Guardas da Cidade teriam um novo minerador.
O Escritório de Oficialização de Contratos e os Guardas da Cidade trabalhavam muito próximos. Afinal, uma grande parte da renda dos Guardas vinha de pessoas que não cumpriam contratos. Sem uma grande força que garantisse o cumprimento, os contratos do Escritório se tornariam basicamente inúteis.
Essas duas organizações tinham uma relação simbiótica.
— Bem, com toda essa parte legal resolvida, quando você quer passar por Samsara? — perguntou Gravis com um sorriso.
A mente de Latus Passus ainda estava estressada e empolgada com a assinatura do contrato.
Toda a sua vida mudaria a partir deste momento!
Ele não precisaria mais ser abusado por seu mestre e, finalmente, tinha uma chance de lidar com seu ex-irmão júnior.
— Quero conhecer os outros membros da Seita Miríade primeiro — disse Latus Passus. — Depois de me familiarizar com eles e comparar meus poderes com os deles, quero passar pela Samsara.
Gravis assentiu e deu a Latus Passus seu endereço. — Pode me procurar quando estiver pronto.
Latus Passus assentiu e saiu das Câmaras da Honestidade após conversar mais um pouco com Gravis.
Gravis se recostou, satisfeito.
— A Seita Miríade acabou de ganhar um Deus Estelar, e eu ganhei um milhão de Pedras Divinas.
— Hoje é um bom dia.