Gravis quase pensou que não tinha ouvido corretamente as palavras de Manuel.
Cortar todo contato com Gravis?
Por quê!?
— Manuel — disse Gravis lentamente.
— Eu tenho que fazer isso! — gritou Manuel com os dentes cerrados. — Não posso sacrificar a Seita Miríade por uma demonstração inútil de lealdade. Toda a Seita Miríade não seria capaz de ajudá-lo, e apenas morreríamos. Estou fazendo isso para que você tenha alguém para quem voltar quando tudo isso acabar!
Stella olhava para a Seita Miríade com horror e para Gravis com medo.
Deixar Gravis?
Nunca!
— O que é uma Aura do Pecado? Como eu condensei uma? — perguntou Gravis com os punhos cerrados.
O Ancião da Seita Fogo Eterno olhou friamente para Gravis.
— Você matou recentemente um grande número de Cultivadores mais fracos?
A mente de Gravis foi imediatamente para a Seita Pureza Brilhante.
O rosto de Gravis ficou pálido ao perceber que havia feito exatamente isso.
Como as coisas mudaram tão de repente? Ele estava acostumado a fazer esse tipo de coisa, e não parecia diferente do que já tinha feito no passado.
Por que, de repente, isso se tornou um problema?
O Ancião notou a expressão de Gravis e soube que ele tinha feito exatamente isso.
O Ancião pegou um emblema e olhou para ele por um tempo. Depois de um curto momento, suas sobrancelhas se franziram.
— A Seita Pureza Brilhante — disse ele.
— Não existe mais.
Quando a Seita Miríade ouviu isso, todos ficaram em silêncio.
Ouvir essas palavras apenas aumentou sua frustração e desamparo.
Gravis havia destruído um de seus inimigos, o que significava que ele havia feito isso por eles.
Gravis respirou fundo e olhou para o Ancião da Seita Fogo Eterno.
— O que devo fazer agora?
O Ancião olhou friamente para Gravis.
— Você sabe o que é uma Aura do Pecado? — perguntou ele.
Gravis balançou a cabeça.
— Uma Aura do Pecado surge quando você cai muito abaixo de zero na Sorte Cármica. Um massacre sem sentido reduz sua Sorte Cármica e, se você fizer isso o suficiente, condensará uma Aura do Pecado. Quando isso acontece, você será caçado pelos Monstros do Pecado — explicou o Ancião.
Por alguma razão, as palavras ‘Monstros do Pecado’ pareceram estranhas para Gravis.
A palavra ‘monstro’ era raramente usada, e quando era, referia-se a alguém que agia de forma incrivelmente fria e cruel. A definição mortal da palavra ‘monstro’ praticamente não existia no mundo do Cultivo.
Os mortais frequentemente usavam a palavra ‘monstro’ para se referir a uma besta muito poderosa. Mas, para os Cultivadores, uma besta era apenas uma besta. Não havia razão para chamá-las de monstros.
— O que é um Monstro do Pecado? — perguntou Gravis.
— Monstros do Pecado são seres de origem desconhecida — disse o Ancião da Seita Fogo Eterno. — Acreditamos que foram criados pelo Céu para punir os Cultivadores que cometem massacres sem sentido. Eles são diferentes de Bestas e humanos, e não se sabe muito sobre eles.
— E eu serei caçado por eles? — perguntou Gravis.
— Sim — respondeu o Ancião. — Não sabemos muito sobre eles, mas acreditamos que começarão a caçá-lo em breve.
— E eu tenho que matá-los? — perguntou Gravis.
— Você não pode matá-los — disse o Ancião. — Eles estão muito além do seu poder, e você será impotente diante deles.
— Até mesmo Deuses Divinos os temem.
Gravis sentiu como se o mundo ao seu redor tivesse se transformado em uma escuridão ominosa.
Gravis olhou para o chão.
— Então, eu morrerei em breve? — perguntou ele.
— Não sabemos — disse o Ancião. — Ouvimos falar de Cultivadores que conseguiram se livrar de sua Aura do Pecado após alguns milhares de anos. Não se sabe muito sobre Auras do Pecado.
Gravis permaneceu em silêncio enquanto olhava para o horizonte.
Stella olhava para Gravis com dor no olhar.
— Por que não posso entrar em contato com meus amigos e familiares? — perguntou Gravis calmamente. Agora não era o momento de se desesperar.
— Os Monstros do Pecado matarão todo ser vivo ao seu redor, e qualquer coisa que eles matarem reduzirá ainda mais sua Sorte Cármica — disse o Ancião.
— Que merda é essa!? — gritou Gravis. — Eles matam alguém, e a culpa é minha!?
— Essas são as regras do Céu — disse o Ancião. — Não há nada que você possa fazer a respeito.
Gravis rangeu os dentes.
Isso parecia tão semelhante ao seu tempo no mundo inferior.
Gravis estava proibido de interagir ou se aproximar de alguém, ou eles morreriam.
Que ironia. A mesma coisa da qual ele havia sido libertado quando era fraco agora o assombrava novamente, mesmo tendo alcançado um poder incrível.
Gravis queria sentir que havia sido injustiçado, mas não era verdade.
Gravis queria sentir que não era sua culpa, mas sabia que dessa vez era. No mundo inferior, Gravis havia sido alvo sem motivo. O Céu simplesmente foi atrás dele diretamente.
No entanto, agora, Gravis estava sendo caçado porque havia matado tantos Cultivadores. Essencialmente, isso não era um superior dificultando sua vida, mas uma forma de punição pelo que ele havia feito.
Gravis nem sequer havia pensado no que estava fazendo enquanto fazia. Ele estava acostumado a matar grandes quantidades de seres vivos apenas por existir e não questionava suas próprias ações ao fazê-lo.
Era simplesmente normal.
Depois de destruir a Seita Pureza Brilhante, ele até havia rido.
Tão acostumado ele estava com a destruição de vidas.
Quem teria pensado que tudo o que Gravis considerava normal o jogaria em um abismo de incerteza para o futuro?
— Como eu me livro da Aura do Pecado? — perguntou Gravis.
— Nós não sabemos — disse o Ancião.
— Vocês não sabem? — perguntou Gravis.
— Não, não se sabe muito sobre Auras do Pecado. Sabemos apenas que a maioria dos Cultivadores que as condensam desaparecem, enquanto alguns conseguem sobreviver.
Gravis cerrou os dentes com mais força.
O Ancião não sabia o que Gravis tinha que fazer.
— Mais uma coisa — disse o Ancião repentinamente.
Gravis olhou para ele.
— Quando um Cultivador mata alguém com uma Aura do Pecado, o Cultivador não é punido. O motivo do assassinato é irrelevante — disse o Ancião.
Silêncio.
— Você está dizendo que Deuses Ancestrais e Deuses Divinos podem simplesmente me matar? — perguntou Gravis, chocado.
— Sim — respondeu o Ancião. — Se eu o matasse agora, eu receberia toda a sua riqueza sem ter que pagar nada.
— Neste momento, você está vivo apenas porque é amigo de uma de nossas Seitas subservientes.
— No entanto, tenha em mente que nem todos são como eu. Como um Deus Estelar, você provavelmente tem vários milhões de Pedras Divinas, muitas armas e muitos recursos em seu Espaço Espiritual.
— Se você pudesse ganhar alguns milhões de Pedras Divinas com um mero estalar de dedos, faria isso?
Silêncio.
Gravis faria isso?
Provavelmente dependeria de sua situação financeira.
Se ele tivesse dinheiro suficiente, ignoraria um Cultivador com uma Aura do Pecado.
Mas se precisasse de Pedras Divinas, não teria problemas em matar alguém para conseguir dinheiro.
“Se um Deus Ancestral ou um Deus Divino me sentir…”
Gravis nem sequer saberia como morreu.
Com um simples estalar de dedos, qualquer Cultivador mais poderoso poderia acabar com sua vida.
Nada os impedia.
— Faça suas despedidas. Cada segundo adicional que você passa aqui apenas coloca a Seita Miríade em mais perigo — disse o Ancião.