Após alguns dias, a Seita Miríade decidiu que era hora de dar a Meadow seu presente.
Tudo já estava preparado.
Nos últimos dias, Meadow soube de tudo o que havia acontecido. A maioria das coisas era interessante para ela, mas ao ouvir sobre a morte de Sary, sentiu-se melancólica.
No entanto, a morte de Sary não foi em vão, e ela deixaria um último presente para Meadow.
— Reunimos todos os nossos companheiros mortos, assim como seus inimigos, no mausoléu subterrâneo — Manuel explicou a Meadow. — Seus corpos, mentes e Espíritos desapareceram, mas suas Leis foram isoladas por uma Formação.
— Ao longo dos anos, toda a Energia no mausoléu se dissipou, mas as Leis permaneceram. Como plantas, vocês podem absorver todas as Leis no mausoléu, o que aumentará sua força em diversas magnitudes.
— Originalmente, pedimos para Narcissus absorver essas Leis, mas ele disse que já conhecia muitas delas e, se decidisse extrair as restantes, muitas seriam desperdiçadas.
Manuel olhou para Meadow com um sorriso.
— Mas com você aqui, não precisamos mais esperar. Agora, vocês dois podem absorver essas Leis juntos.
— Você me pagou um jantar? Não precisava — Meadow disse sarcasticamente. — Diga-me o que quer em troca. Tenho certeza de que não está me oferecendo um jantar apenas para aproveitar tudo isso que posso proporcionar.
Manuel apenas sorriu de maneira constrangida. Ele nunca havia interagido com Meadow antes, e seu jeito de falar era um tanto incomum.
— Também compramos uma Formação extremamente cara para manter as plantas ocultas de olhares curiosos. Nem mesmo Deuses Ancestrais podem enxergar através dela. Honestamente, você não faz ideia de como foi cara.
— E agora você está até me protegendo dos delinquentes lá fora. Ah, você é tão gentil — Meadow disse em tom zombeteiro. — O que essa donzela inocente pode fazer por você?
— Gostaria que garantisse a sobrevivência de nossos discípulos mais fracos em futuras guerras — Manuel disse.
— E como eu deveria fazer isso? — Meadow perguntou.
— Simples. Sempre que um de nossos discípulos estiver prestes a morrer, basta estender suas raízes e retirá-lo da luta, deixando o inimigo para outra pessoa.
Silêncio.
— Por quê? — Meadow perguntou. — Vocês, humanos, não vivem falando sobre Auras de Vontade? Algo assim não enfraqueceria essas Auras ou algo do tipo?
— Você nunca teve muito contato com humanos — Manuel disse. — Então é natural que não saiba de certas coisas. Sua lógica estaria correta se estivéssemos falando de batalhas individuais, mas é diferente quando se trata de guerras entre Seitas.
— Em guerras, estamos sempre em perigo, e todos sabem que nosso objetivo não é nos refinarmos, mas vencer. Todos sabem que alguém tentará nos salvar durante a luta.
— Claro, saber que você pode ser salvo torna o crescimento de uma Aura de Vontade mais lento, já que você não sente que morrerá com certeza caso perca. A certeza da morte é substituída por uma chance de sobrevivência.
— No entanto, isso nos permite intervir nas lutas sem danificar as Auras de Vontade de nossos discípulos. Claro, em troca, as Auras de Vontade não crescerão tanto quanto cresceriam se não houvesse resgate. É uma questão de risco e recompensa. No nível individual, é alto risco, alta recompensa; em guerras de Seitas, é baixo risco, baixa recompensa.
— O único problema com Auras de Vontade surge quando tentamos torná-las de baixo risco e alta recompensa, mas obviamente não estamos fazendo isso.
Silêncio.
— Só isso? — Meadow perguntou. — Você só quer que eu proteja alguns discípulos?
Manuel assentiu.
— Só isso.
— Você não quer que eu produza Frutos da Vida para Compreensão de Leis ou qualquer outra coisa?
— Não — Manuel respondeu. — Narcissus fará isso, mas, em troca, ele não protegerá nossos discípulos nas guerras.
Após um momento de deliberação, Meadow concordou.
— Fechado — ela respondeu.
— Fico feliz em ouvir isso — Manuel disse.
Meadow essencialmente ganhou algo incrível sem precisar dar muito em troca. As plantas tinham a habilidade de consumir lentamente outras formas de vida para aprender mais sobre suas Leis, e Meadow estava prestes a estender suas raízes para um local repleto de diferentes Leis.
Ela provavelmente compreenderia várias Leis de nível seis graças àquele mausoléu.
E o que ela precisava fazer em troca?
Trabalhar um pouco de vez em quando.
Em comparação, Narcissus tinha um trabalho mais difícil. Criar Frutos da Vida para Compreensão de Leis consumia seu Reino, e o processo de infundir Leis puras nos frutos exigia grande concentração. Além disso, era necessário uma vasta quantidade de Energia da Vida para produzi-los.
No entanto, em troca, as plantas podiam negociar esses frutos por outros recursos. Os Frutos da Vida para Compreensão de Leis eram extremamente valiosos, permitindo que as plantas acumulassem riquezas rapidamente.
Era importante lembrar que as plantas não eram bestas.
Sim, muitas vezes eram mencionadas junto das bestas, mas eram essencialmente diferentes.
As bestas eventualmente se tornavam muito semelhantes aos humanos, mas o mesmo não acontecia com as plantas.
Uma planta não recebia um Espírito ao se tornar um Deus Estelar. Ela não passava por grandes transformações.
Ela essencialmente permanecia a mesma.
Além disso, era praticamente impossível para plantas alcançarem o Reino Magnata Celestial. Elas não tinham dificuldade em compreender a Lei do Mundo Morto ou a Lei da Vida, mas a Lei das Emoções e a Lei da Realidade Percebida eram desafios quase impossíveis para elas.
Por outro lado, as plantas tinham outras vantagens.
Primeiro, não precisavam se refinar. Apenas necessitavam de muita Energia, Energia da Vida, acesso às Leis e tempo.
Segundo, as plantas automaticamente compreendiam Leis ao longo do tempo. Esse processo era mais aleatório, e muitas das Leis não eram úteis em combate, mas ainda era uma maneira de expandir seu conhecimento. Se uma planta quisesse outras Leis, precisava procurar Áreas de Compreensão de Leis ou consumir outras formas de vida que já conhecessem essas Leis.
Terceiro, as plantas tinham uma longevidade dez vezes maior que todas as outras formas de vida.
Meadow logo se tornaria uma Deusa Estelar e, quando isso acontecesse, poderia viver por mais dez milhões de anos. Em comparação, outros Deuses Estelares tinham uma expectativa de vida de apenas um milhão de anos.
Por essa razão, embora as plantas não pudessem se tornar Magnatas Celestiais, uma planta no Reino Deus Divino ainda viveria mais tempo do que um Magnata Celestial.
A questão era: por que Orthar criou as plantas dessa forma?
As plantas foram criadas para ajudar outras formas de vida a se fortalecerem mais rapidamente. Os Frutos da Vida para Compreensão de Leis aceleravam o entendimento das Leis pelos Cultivadores, permitindo-lhes crescer mais rápido, o que, por sua vez, proporcionava a Orthar mais Energia.
Assim, ao analisar essa troca, ficava evidente que Meadow levou vantagem sobre Narcissus.
Narcissus precisava se concentrar para criar frutos, enquanto Meadow podia simplesmente não fazer nada na maior parte do tempo.
As plantas não precisavam viajar pelo mundo, conhecer outras pessoas, conversar ou buscar o que humanos e bestas desejavam.
Elas estavam contentes apenas em permanecer em um local confortável e simplesmente viver.
E agora, Meadow estava essencialmente no lugar mais confortável do mundo.