Narciso e Meadow eventualmente estenderam suas raízes para dentro do mausoléu e rapidamente começaram a absorver todas as Leis dentro dele.
É claro que, como não queriam desperdiçar nada, a absorção levaria muito tempo—na verdade, mais de 50.000 anos. Mas, ao final, ambos teriam compreendido muitas Leis. Eles poderiam até mesmo compreender mais de dez Leis de nível seis cada um, o que era absurdamente rápido.
Gravis, sozinho, precisava de cerca de 20.000 anos para compreender uma Lei de nível seis e, com a ajuda de Mortis, esse número aumentava para duas Leis de nível seis. Em 50.000 anos, eles só seriam capazes de compreender cinco Leis de nível seis.
No entanto, Meadow e Narciso compreenderiam mais do que o dobro dessa quantidade nesse mesmo período, o que era ridículo. Afinal, Gravis já era extremamente rápido quando se tratava de compreender Leis.
Assim, a Seita Miríade voltou ao seu estado pacífico e isolado. No momento, todos os discípulos estavam focados em compreender Leis e aumentar seus Reinos. Eles haviam passado por muito refinamento e precisavam aproveitar esse endurecimento do passado para aumentar seu poder real.
Porém, apenas alguns anos depois de tudo isso, uma enorme surpresa abalou a Seita.
Sua Comandante havia entrado em um relacionamento com Mortis.
Quando Gravis ouviu que Mortis e Azure estavam juntos, ele ficou sem conseguir pensar por quase um minuto.
Azure nem sequer estava no radar de Gravis como uma possível parceira para Mortis.
Contudo, conforme Gravis continuava a refletir sobre esse novo desenvolvimento, percebeu que isso, na verdade, não deveria ser tão surpreendente.
Azure era muito parecida com Mortis em muitos aspectos. Ambos não falavam muito e mantinham uma certa distância das outras pessoas. Era como se ambos se sentissem desconfortáveis em se aproximar dos outros.
No entanto, esse desconforto não vinha de malícia ou desprezo, mas sim de um medo de cometer erros ao interagir com os outros. Mortis via a si mesmo como um vilão frio e insensível que só se importava consigo mesmo. Enquanto isso, Azure não tinha certeza de como os humanos processavam suas emoções e não queria, acidentalmente, pisar nos calos de alguém.
Pode-se dizer que ambos eram excessivamente cautelosos, por um motivo ou outro.
Gravis, na verdade, não tinha nenhum problema com esse desenvolvimento.
Ele genuinamente não tinha sentimentos românticos por Azure e não sentiu ciúmes apenas porque teve três filhos com ela. Para Azure, ela sequer tinha filhos. E isso não mudou só porque, de repente, ela passou a ter emoções humanas. Toda a questão dos três filhos havia ficado tão distante no passado que não havia realmente nenhum arrependimento.
Também não havia ressentimento entre as partes. Naquela época, os três filhos de Azure também não se importavam com sua mãe. Eles eram bestas em um mundo de bestas e, por isso, simplesmente não se importavam.
Então, com o tempo, a chance de desenvolver qualquer amor familiar havia passado.
Agora, eles eram apenas companheiros dentro da mesma Seita.
Como tudo isso aconteceu?
Bem, quando Azure e Mortis superaram a estranheza inicial de sua nova situação, simplesmente começaram a conversar sobre seu passado em comum.
Azure falou principalmente sobre como as bestas em seu mundo intermediário enxergavam a realidade e porque agiam da maneira que agiam. Em comparação, Mortis explicou a ela como os humanos agiam e por que se comportavam daquela forma.
A conversa se expandiu para muitos outros tópicos, incluindo guerra, mentalidade na Cultivação, personalidades e muitas outras coisas.
Antes que percebessem, haviam passado mais de um ano conversando animadamente.
Durante esse tempo, tornaram-se tão acostumados um com o outro que a presença do outro sequer parecia estranha.
Mesmo que tivessem conversado por apenas um ano—o que não era nada em comparação com suas longas vidas—eles sentiram como se tivessem conversado por milhares de anos.
Sentia-se incrivelmente normal estar na presença um do outro.
Com o tempo, a distância entre eles diminuiu, e eles até começaram a se tocar quando se distraíam durante a conversa.
Então, um dia, Azure simplesmente colocou as pernas sobre as de Mortis, o que o surpreendeu. Azure apenas disse que era mais confortável assim.
Mortis percebeu que algo havia mudado. Portanto, ele se levantou e disse que aquilo não estava funcionando entre eles e que iria embora.
Azure ficou chocada por um momento.
Então, Mortis revelou que só havia dito aquilo para mostrar a Azure que ela havia mudado. Ele perguntou como ela se sentiu ao ouvir aquelas palavras.
Azure permaneceu em silêncio por um tempo, mas, eventualmente, disse que aquilo a havia machucado, um sentimento muito estranho para ela.
Ela nunca havia se importado com ninguém daquela maneira antes.
Então, Mortis sentou-se novamente e disse a ela que aquilo era atração.
Depois disso, Mortis explicou detalhadamente a Azure como a atração funcionava e como ela eventualmente se desenvolveria em amor.
Quando Azure ouviu isso, finalmente pôde confirmar que estava diferente agora.
Ela podia amar.
Isso era uma mudança boa ou ruim?
Honestamente, ela não tinha certeza, mas, por ora, gostava da maneira como se sentia.
Então, Azure se aproximou de Mortis, já que ele havia dito que proximidade física ajudava a desenvolver mais amor.
Azure estava fazendo o seu melhor para sentir amor, pois queria saber como era, e seguiu os conselhos de Mortis.
Eventualmente, os dois começaram a se beijar e a se abraçar e, depois de um momento de silêncio, a mente de Mortis começou a tremer.
Azure percebeu e perguntou o que estava acontecendo.
Mortis respondeu que tinha medo do que aconteceria a partir dali. Ele estava diante do limiar do amor e temia que o que experimentaria além daquela porta não estivesse à altura de sua imaginação.
Mortis sempre havia aparentado ser estoico e forte para Azure, e ver esse seu novo lado a surpreendeu.
No entanto, algo dentro de Azure a puxou ainda mais para perto de Mortis ao ver esse seu lado vulnerável.
Após um ano de silêncio e proximidade, os dois deram o último passo e se uniram.
Azure sentiu-se melhor do que nunca e, finalmente, experimentou o que era o amor.
E era belo.
Depois da primeira vez juntos, Mortis ainda estava incerto, mas, ao ver a sorridente Azure deitada ao seu lado, suas dúvidas desapareceram.
Aquilo era o que ele sentia falta.
Aquilo era o que Joyce nunca conseguiu lhe proporcionar.
Naquele momento, Azure era um livro aberto para Mortis, e ele sabia que ela se importava profundamente com ele. Claro, Mortis sabia que um dos motivos pelos quais Azure o escolheu era porque queria experimentar o amor pela primeira vez e porque ele estava no lugar certo na hora certa.
No entanto, Mortis também era atraente para Azure. Azure não era estúpida, e ela sabia que, se descobrisse que podia sentir amor, não gostaria de ficar presa a alguém de quem não gostava.
Nunca se deve esquecer que Azure tinha quase 400.000 anos de idade. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.
Com o tempo, os dois conversaram abertamente e ambos disseram que estavam felizes por terem se escolhido.
Ambos quase se sentiram indignos um do outro, mas sempre se asseguravam mutuamente de que eram.
Os sentimentos que Mortis havia sentido em Gravis naquela época haviam retornado.
Aquilo era amor.
E, desta vez, era o amor de Mortis, não o de Gravis.
Pela primeira vez, Mortis estava genuinamente feliz por estar vivo.