— Estas são as Câmaras de Tortura Nome Secreto? — perguntou um jovem de cabelos azuis.
— Está escrito na placa, sim — respondeu Gravis à pergunta estúpida.
— Gostaria de pedir um refino de vontade — disse o jovem, enquanto seus olhos vagavam pelos outros presentes na sala.
— AAAAHHH!
Cinco outras pessoas estavam empaladas em espinhos ao redor de Gravis, todas sem disfarce. O refino de vontade não exigia que gastassem dinheiro se disfarçando. Afinal, não havia nada de suspeito acontecendo.
Os outros cinco também estavam ali para refinar suas vontades, e, a julgar pelos seus gritos de dor, estavam se divertindo muito.
— Parem! Eu não quero mais! AAAHH! — um homem gritou em agonia.
— Você pagou por 50 anos. Você terá 50 anos — respondeu Gravis distraidamente.
— Não, por favor! Eu não aguento mais! Não vou sobreviver 50 anos! Pode ficar com o dinheiro! — o homem gritou em meio a seus urros de dor.
— Você pagou por 50 anos. Você terá 50 anos — repetiu Gravis.
O recém-chegado ficou um pouco nervoso ao ver todas aquelas pessoas sendo torturadas na ampla sala. Algumas delas eram até mais poderosas do que ele, mas ainda assim gritavam de dor.
Isso despertou uma certa curiosidade no novo cliente. A dor há muito deixara de ser relevante para pessoas tão poderosas. Para Cultivadores do Reino Unidade, a dor já era insignificante. No entanto, todos os clientes ali eram pelo menos Imperadores Imortais no Pináculo.
Para pessoas tão fortes, era praticamente inimaginável sentir tanta dor a ponto de desejar a morte. Parecia simplesmente impossível. Elas nem piscariam se alguém as esfolasse vivas.
— O que você me recomendaria? — perguntou o novo cliente.
— Você é um Deus Estelar de nível dois com uma Aura de Vontade equivalente ao Reino Deus Estelar de nível dois. Se quiser aumentar um nível, suas chances de morte serão de cerca de 5%, e você precisará sobreviver por 250 anos. Para um aumento de dois níveis, será necessário sobreviver por 400 anos, com uma chance de morte de 30%. Três níveis exigem 500 anos, e as chances de morte chegam a 50% — explicou Gravis.
O novo cliente ficou surpreso. — Como os tempos ficam cada vez menores? Cada refino não deveria exigir mais tempo que o anterior?
— Um mortal caminhando 100 quilômetros descobrirá que os últimos dez quilômetros parecem tão difíceis quanto os 90 anteriores. O mortal carrega consigo o cansaço e o estresse dos primeiros 90 quilômetros até o fim. Quanto mais tempo você passa sob tortura, mais estressante se torna — explicou Gravis.
— Ah, entendi — disse o homem com um aceno de cabeça. — O que posso conseguir com três milhões de Pedras Divinas?
— Isso equivale a um aumento de dois níveis — respondeu Gravis. — Mas tenha em mente que suas chances de morte são de 30%. Pode parecer pouco, mas no final, sua mente quase se romperá, e você praticamente perderá a si mesmo. Você se tornará uma massa de instintos que só quer que a dor acabe. O último resquício de racionalidade na sua mente se concentrará unicamente em impedir que você se mate, enquanto o restante de você gritará em agonia.
O homem respirou fundo ao ouvir a explicação de Gravis, mas também sentiu um pouco de excitação.
Aquela era a sensação familiar do refino.
Era um flerte com o perigo.
— Vou aceitar o aumento de dois níveis — disse o homem com convicção.
Gravis convocou um emblema e o entregou ao homem. — Para qualquer procedimento com uma taxa de mortalidade superior a 10%, é necessário que um Vice-Mestre de Seita da sua Seita assine aqui. Isso me protege de qualquer inimizade com sua Seita caso você morra.
O homem olhou para o emblema com certo constrangimento. — Eu não tenho exatamente uma Seita — disse.
— Então consiga uma autenticação da sua aura no Pavilhão de Informações que comprove que você não tem parentes ou colegas mais poderosos — respondeu Gravis.
Os olhos do homem se estreitaram com desconforto. — Isso custa umas 150.000 Pedras Divinas, e eu teria que visitar o Pavilhão de Informações sem disfarce.
— Aceite ou deixe — respondeu Gravis. — Garantir meu futuro é mais importante do que o dinheiro que você traz.
O homem hesitou.
— Voltarei mais tarde — disse ele.
Gravis assentiu.
SHING!
O homem se teleportou para longe.
Ele não voltaria.
Por quê?
Porque ele havia mentido.
O homem pertencia a uma Seita, e seu mestre lhe dissera que ele não deveria ir às câmaras de tortura. Em uma luta, ele ainda teria controle sobre sua vida, pois poderia liberar sua força, mas ao se refinar com a Lei do Sofrimento, só poderia contar com sua tenacidade.
Força não equivalia necessariamente a tenacidade. Mesmo um aumento de um nível empurraria alguém além do ponto da racionalidade. Era necessário, de fato, enfrentar um perigo mortal, o que significava que a dor precisava ser tão intensa que a pessoa teria que resistir ativamente ao impulso de cometer suicídio.
Nesse ponto, a Força de Batalha se tornava irrelevante. Até mesmo a tenacidade se tornava irrelevante.
Nesse ponto, alguém se confrontava com sua própria personalidade e objetivos.
Alguém que vivia apenas pelo poder tinha uma grande chance de morrer. Em seu estado irracional, começaria a questionar seus próprios objetivos. Qual era o sentido de passar por tanta dor? O que o poder realmente lhe daria? Quando se tornasse poderoso, não precisaria mais passar por dor, mas também poderia evitar isso agora. Não precisava de poder para isso.
Por outro lado, alguém com uma família amorosa tinha a maior chance de sobrevivência. Naquele momento, a pessoa não pensaria apenas em si mesma, mas no sofrimento de seus entes queridos. O pensamento de que seus entes queridos sofreriam com sua morte os impulsionaria a seguir em frente.
Gravis também havia entrado em um estado irracional perto do fim de sua aventura com os Monstros do Pecado.
Ele apenas se concentrou em sobreviver, enquanto Mortis fez todo o resto.
Se Gravis não tivesse Stella, seus filhos e todos os seus amigos, provavelmente teria simplesmente se matado.
É claro que, depois de superar aquela provação, Gravis não conseguia acreditar que havia pensado em se matar. O pensamento era tão distante do que ele realmente acreditava.
No entanto, Gravis havia estado em um estado irracional devido à dor extrema.
Quantas pessoas, quando adoecem ou ficam extremamente estressadas, já desejaram estar mortas?
Se essa pessoa tivesse a capacidade de se matar instantaneamente com um único pensamento, teria feito isso?
Para os Cultivadores, o suicídio não exigia um esforço consciente nem um longo processo. Eles podiam simplesmente fazer seus corpos explodirem com um pensamento.
Um único deslize na mentalidade era o suficiente.
A razão pela qual o mestre daquele cliente não queria que ele passasse por esse tipo de refino era porque ele sabia que seu discípulo não tinha muito pelo que viver.
Infelizmente, as coisas geralmente pareciam mais claras para os observadores do que para aqueles que estavam diretamente envolvidos.
O próprio cliente acreditava que tinha uma vontade poderosa e que nada poderia detê-lo.
Ele acreditava que seu mestre e todos os outros apenas o subestimavam.
No fim, o cliente nem sequer procuraria seu Vice-Mestre de Seita.
Algo dentro de si o impedia.
Talvez fosse uma voz silenciosa no fundo de sua mente dizendo que seu mestre estava certo?
De qualquer forma, o cliente não voltaria.
Mas, em vez disso, outra pessoa chegou.
— A década terminou. O que resultou da tortura? — perguntou uma pessoa encapuzada ao entrar, mostrando um emblema.
Gravis olhou para o emblema e soube que se tratava de seu primeiro cliente.
Ele guardou o emblema e convocou um token de jade, que rapidamente voou até o recém-chegado.
Os olhos da figura encapuzada brilharam sob o capuz ao examinar o token de jade.
Havia tantas informações valiosas ali!
Um milhão de Pedras Divinas haviam valido a pena!
— Ela sucumbiu à dor e revelou todas as informações há cerca de três anos — respondeu Gravis. — Atualmente, ainda está sendo mantida em um dos quartos, mas sem a tortura. Como você já recebeu as informações, libertarei a cliente em um dia.
A pessoa encapuzada ainda se sentia um pouco desconfortável com o fato de que sua prisioneira ainda estava viva, mas não havia nada que pudesse fazer a respeito.
— Obrigado — disse a pessoa encapuzada.
— É meu trabalho — respondeu Gravis.
A figura encapuzada lançou um olhar estranho às pessoas gritando no salão antes de se teleportar.
Eles precisavam agir rápido!