Gravis e Mortis passaram os 10.000 anos restantes apenas conversando sobre coisas aleatórias. Na maior parte do tempo, Gravis falava, enquanto Mortis dizia algo de vez em quando.
A essa altura, Mortis era verdadeiramente ele mesmo novamente.
Mortis também passou a ter uma nova apreciação pelo fato de Gravis ter usado Samsara no passado.
Ouvir sobre Samsara e experimentá-la eram experiências completamente diferentes.
Agora, Mortis realmente sabia o quão difícil era manter-se fiel a si mesmo dentro da Samsara e, depois de ter passado por isso, também compreendia como Gravis podia estar tão certo de si.
Ele teve muito tempo para pensar sobre si mesmo.
E agora, Mortis também teve a oportunidade de passar por essa experiência.
Em certo sentido, Mortis sentia que havia amadurecido.
Seu Poder de Batalha não aumentou, mas sua personalidade se tornou mais forte e estável. Coisas que antes poderiam desviá-lo de seu caminho não teriam mais tanto impacto.
Mortis sabia o que queria e trabalharia para alcançar seu objetivo.
Quando os 10.000 anos se passaram, um dos portões se abriu sozinho, e os dois olharam para ele.
— Quer ir? — perguntou Gravis com um sorriso.
Mortis assentiu com uma expressão séria.
Ele não sabia o que o aguardava no segundo teste, mas sabia que provavelmente também seria difícil.
Orthar estava moldando Gravis e Mortis em seres que poderiam sobreviver uma eternidade como Quebradores dos Céus.
Se eles pudessem sobreviver a si mesmos, poderiam sobreviver a 90% dos perigos que enfrentariam.
Na mente de Mortis, ele sentia uma gratidão imensa por Orthar e Gravis. Orthar o ajudou a perceber o que queria e quem era, enquanto Gravis sempre esteve ao seu lado, dando apoio.
Gravis e Mortis atravessaram o portão e rapidamente percorreram o longo corredor.
Em apenas alguns segundos, chegaram a outro portão.
Dessa vez, Mortis abriu o portão.
Quando a porta se abriu, os dois viram outra sala pequena e vazia.
Aparentemente, esse teste também não envolveria combate.
Mortis não sabia se preferia isso ou não.
— O primeiro teste foi sobre o tempo e o crescimento associado a ele — disse Orthar do centro da sala.
— O primeiro teste fez você perceber seus objetivos, Mortis — continuou Orthar. — No entanto, ainda restam algumas dúvidas em você. Este é o ponto que o segundo teste irá corrigir.
— O quê? Então é sobre o Mortis de novo? — perguntou Gravis com uma carranca.
Orthar olhou para Gravis.
— Você pode participar do segundo teste se quiser, mas ele não terá um impacto significativo em você.
— Claro, estou dentro — disse Gravis com um sorriso. — Estou ficando entediado.
— Qual é o segundo teste? — perguntou Mortis.
— O segundo teste não representará um perigo para sua vida. Na verdade, é o único teste sem qualquer risco associado. No entanto, vocês podem sentir dor durante e depois dele — explicou Orthar.
Mortis e Gravis não responderam.
— O segundo teste trata de obter aquilo que o Mortis anterior queria — Orthar disse. — Eu os enviarei para uma realidade percebida, mas vocês a enxergarão como uma realidade objetiva. Acreditarão que tudo é real, e suas memórias serão levemente alteradas durante o processo.
— Vocês percorrerão um caminho alternativo de suas vidas, um caminho que talvez tenham considerado seguir no passado.
— No entanto, vocês só consideraram esse caminho porque nunca o trilharam antes.
— Hoje, vocês o seguirão até o fim.
Mortis franziu a testa enquanto Gravis ergueu uma sobrancelha.
— Espere, então eu vou passar algo como um milhão de anos com Stella, em felicidade, sem nenhuma distração? — perguntou Gravis.
Orthar assentiu.
— E quanto ao impacto emocional quando recuperarmos nossas memórias antigas? — Gravis perguntou. — Imagino que eu vá querer recuperar parte da vida que nunca tive.
— Isso parecerá mais como um sonho. Vocês se lembrarão de tudo, mas não parecerá real. Mesmo que acreditem que a realidade percebida é real enquanto estiverem nela, o efeito não será nem de perto tão forte quanto estar na realidade objetiva — explicou Orthar.
— Bem, tudo bem — respondeu Gravis.
Então, Gravis olhou para Mortis.
— Pronto? — Gravis perguntou.
Mortis olhou para Gravis e depois para Orthar.
Mortis acreditava que sabia o que queria, mas assim que foi confrontado com a possibilidade de realmente conseguir o que queria, percebeu que ainda havia um pouco de hesitação e nervosismo dentro de si.
— Começaremos com você, Gravis — disse Orthar.
— Certo — respondeu Gravis. — Manda ver!
Mortis olhou para Gravis enquanto Orthar lentamente estendia um de seus dedos em sua direção.
WHOOM!
De repente, Gravis sentiu como se tivesse sido atingido por algo e saltou em sua cama.
— O quê? O que acabou de acontecer? — ele perguntou.
— Dá pra ficar quieto? Estou lendo uma coisa.
Gravis olhou para o lado e viu Stella lendo algo em um jade de comunicação.
— Oh, o que você está lendo? — perguntou Gravis.
— Nada de especial. Só algumas coisas sobre Formações de Matrizes. Mesmo que tenhamos nos afastado da vida de Seita, ainda quero aprender mais sobre Matrizes — respondeu Stella, distraída.
Quando Stella disse isso, memórias voltaram à mente de Gravis.
Orthar havia permitido que o Opositor deixasse o Cosmos. O Opositor prometera que não atacaria Orthar e, ao sair, manteve sua palavra.
A partir daquele momento, o Opositor poderia entrar e sair do Cosmos sempre que quisesse.
Mortis havia se tornado um ser independente e agora estava se tornando mais poderoso ao lado de Azure.
Enquanto isso, Gravis estava livre de todas as responsabilidades.
Seus amigos estavam próximos de se tornarem Deuses Ancestrais e já eram mais poderosos do que ele. Ao mesmo tempo, seu pai e Orthar não eram mais inimigos.
Depois de sair do Cosmos de Orthar, o Opositor surpreendentemente voltou logo em seguida.
A razão era simples, ele queria passar mais tempo com Gravis.
O Opositor agora podia explorar o mundo exterior sempre que quisesse, mas talvez não pudesse conversar com Gravis sempre que desejasse. Por isso, decidiu permanecer no Cosmos até o fim da vida de Gravis.
Finalmente livre de toda pressão e responsabilidade, Gravis sentiu-se relaxado como nunca antes.
Ele não precisava mais se colocar em perigo.
Ele não precisava mais temer por Stella.
Agora, existiam apenas Stella, Gravis e sua família.
Gravis sentiu paz e abraçou Stella por trás com alegria.
— Ei, estou lendo! — Stella quase gritou ao ser puxada para trás.
— Você pode ler quando quiser, querida — disse Gravis com um tom brincalhão.
Stella suspirou e guardou o jade.
Depois disso, ela sorriu para Gravis e o abraçou de volta.
E assim, a vida pacífica de Gravis começou.
O tempo passou.
Eventualmente, Stella e Gravis decidiram ter filhos.
Em apenas alguns anos, pequenos Gravises e Stellas vieram ao mundo.
Gravis e Stella os observaram crescer e cuidaram deles.
Alguns escolheram permanecer mortais, enquanto outros decidiram cultivar.
Depois de muitos anos, os amigos de Gravis se tornaram Deuses Ancestrais.
Ainda assim, Gravis e Stella continuavam como Deuses Estelares.
Seus amigos os visitavam frequentemente, e os dois experimentavam uma vida cheia de momentos felizes.
Então, pouco antes de chegar a hora da tribulação de Gravis e Stella, eles absorveram Pedras Divinas suficientes para se tornarem Deuses Ancestrais.
Sua longevidade aumentou.
No entanto, sua Força de Batalha e suas Vontades não se fortaleceram.
Stella e Gravis continuaram vivendo uma vida de felicidade.
Então, quando chegou a hora da próxima tribulação, os dois receberam pedras suficientes de seus amigos para se tornarem Deuses Divinos.
Infelizmente, isso significava que suas Auras de Vontades e Leis continuaram estagnadas.
Naquele momento, Gravis sabia que não poderia lutar nem mesmo contra alguém de seu próprio nível. O oponente simplesmente o suprimiria completamente com sua Vontade.
Eventualmente, os dois decidiram compreender algumas Leis novamente, apenas por nostalgia.
No entanto, eles não se refinariam. Não queriam perder o que haviam conquistado.
E então, o dia fatídico chegou.
Era impossível para Gravis e Stella se tornarem Magnatas Celestiais, e também era impossível que sobrevivessem à tribulação.
Os dois ficaram diante de todos os seus amigos poderosos e desapareceram juntos no nada.
Sua vida havia terminado.
— Hã? — Gravis murmurou de repente ao abrir os olhos.
Então, ele olhou ao redor da sala, confuso.
Todas as suas antigas memórias voltaram, e ele percebeu o que havia acontecido.
Gravis pensou em seus filhos não nascidos e no quanto os amava, mas, por alguma razão, sentia que eles não estavam conectados a ele.
Seus filhos nunca foram reais.
Era como se fossem apenas frutos de sua imaginação.
Gravis sentiu um leve desconforto, mas também achou natural não se apegar emocionalmente demais a algo que não era real.
— Hã — disse Gravis depois de um tempo.
— Eu deveria ter cultivado.
— Foi muito curto.
— Mas foi divertido.
Obviamente, Gravis não havia realmente mudado.
Ele apenas sonhou por um tempo.