Por um segundo, a mente de Gravis permaneceu em estado de prontidão para a batalha, mas, eventualmente, as palavras de seu pai realmente penetraram em sua consciência.
O Opositor atual e o Opositor do passado eram idênticos.
A única diferença eram seus olhos.
Um par de olhos estava repleto de brutalidade e desprezo pela existência, mas não havia nada por trás disso.
Era como se aquele olhar agisse apenas por instinto. Como se não houvesse nenhuma verdadeira vontade ou personalidade por trás dele.
Em comparação, Gravis podia ver os pensamentos e emoções complexas nos olhos de seu pai.
Gravis finalmente percebeu que a luta havia terminado e relaxou.
— Argh! — Gravis repentinamente gemeu enquanto segurava o lado da cabeça com a mão direita.
Depois de relaxar, ele percebeu que havia buracos em sua Aura de Vontade, em seu Espírito e em seu Reino.
Esses danos não o colocariam em perigo, mas ele precisaria equilibrar as partes danificadas com as partes saudáveis.
O ser de Gravis se estendeu sobre os buracos e os reparou ao tornar-se mais fino. Como resultado, ele sentiu sua Aura de Vontade, seu Reino e seu Espírito enfraquecerem ligeiramente.
BANG!
Gravis e Mortis caíram para o oitavo nível do Reino Deus Estelar.
Felizmente, a Aura de Vontade deles não caiu de nível.
E foi então que a Aura de Vontade de Gravis aumentou.
Não apenas Gravis havia passado por um Samsara extremamente longo, como também venceu uma batalha onde quase morreu, assim como Mortis.
Sua Aura de Vontade disparou, e Gravis sentiu que tudo ao seu redor se tornava mais fraco.
BANG!
Eventualmente, a Aura de Vontade de Gravis parou no nono nível do Reino Deus Ancestral.
— A dor que você acabou de sentir foi o resultado de usar a Brutalidade — explicou o Opositor.
— Brutalidade? — Gravis perguntou. — Foi assim que você chamou isso?
O Opositor assentiu. — A Morte anula a Energia, e a Energia anula a Morte. Normalmente, nenhuma força adicional seria gerada por essa anulação, mas se sua mente estiver sintonizada com a Morte, você pode extrair uma força especial dessa anulação.
— A Energia não pode criar essa força, pois a Energia não pode demonstrar destruição verdadeira. A destruição verdadeira só pode ocorrer quando a Energia desaparece completamente, e a Energia, obviamente, não pode alcançar isso.
— No entanto, a Morte pode aproveitar essa força peculiar. Você pode compará-la a dois seres explodindo e disputando as forças combinadas de ambos. No entanto, apenas um dos dois seres sabe como moldar essa nova forma de Energia.
— No fim, esse ser criará um ser inteiramente novo com a mesma mentalidade do ser anterior. Você também poderia chamá-la de fusão agressiva.
— A força resultante é muito semelhante à Morte, mas possui uma forma mais pura de destruição. A Morte deseja destruir a Energia, mas essa força, que decidi chamar de Brutalidade, deseja destruir tudo. A Morte não é uma exceção.
— Você transformou toda a sua Energia em Morte e, para criar Brutalidade, você triturou sua Morte sobre seu próprio ser. As duas forças colidiram, e a Brutalidade nasceu. Então, você usa essa forma de Brutalidade para atacar seu inimigo. No entanto, seu ser inevitavelmente sofrerá alguns danos — explicou o Opositor.
Nesse momento, Mortis também havia se aproximado de Gravis, e os dois estavam ouvindo seu pai.
— Então, essa é a fonte do seu poder, certo? — Gravis perguntou. — Você tritura Energia e Morte dentro do seu Cosmos, criando Brutalidade, que então será usada como seu poder.
O Opositor assentiu novamente. — Infelizmente, a Brutalidade é incrivelmente volátil, o que significa que não pode ser armazenada. Tudo que posso fazer é manter uma quantidade mínima de Brutalidade fluindo como um seguro, caso o velho bastardo tente me enganar. A Energia e a Morte restantes só podem ser armazenadas separadamente para quando eu precisar delas.
As palavras do Opositor lembraram Gravis e Mortis de que administrar seu Cosmos definitivamente não era fácil. Ele realmente precisava caminhar à beira da vida e da morte todos os dias.
No entanto, essa dor permitiu que o Opositor se tornasse insondavelmente poderoso.
Orthar já havia confirmado que, se o Opositor escapasse de seu Cosmos, ele seria o ser mais poderoso que já viu. A única razão pela qual Orthar podia sequer resistir ao Opositor era que o Opositor estava literalmente dentro de seu domínio.
O Opositor era como um tigre poderoso em uma jaula, no porão de um castelo fortificado com guardas. O dono do tigre era o homem mais forte do mundo, mas ele era apenas um homem, enquanto seu inimigo era um tigre.
O tigre seria capaz de despedaçar o dono se conseguisse alcançá-lo, mas todas as outras medidas de segurança o impediam, e quando eles finalmente se encontrassem, o tigre já estaria ferido quase até a morte.
Se eles se encontrassem do lado de fora, o dono não teria a menor chance contra o tigre.
Também se poderia dizer que ele estava literalmente montado em um tigre.
Ele queria descer, mas se o fizesse, o tigre o despedaçaria. No entanto, enquanto estivesse montado, o tigre não podia feri-lo. Por isso, ele era forçado a montar o tigre pela eternidade.
E a razão pela qual o Opositor era um tigre tão feroz?
Brutalidade.
— A Brutalidade é mais forte do que a Morte? — Gravis perguntou.
— Em uma proporção de um para um, sim, mas qualidade também pode ser superada por quantidade — explicou o Opositor. — Posso liberar uma quantidade considerável de Brutalidade, mas o velho bastardo tem simplesmente Energia demais. Além disso, ele também tem um controle rudimentar sobre a Morte.
— Você viu o Monstro do Pecado. É um ser feito de Morte. Quando ainda estava trilhando meu caminho para o poder, Monstros do Pecado não existiam. Por quê? Porque o velho bastardo não sabia como criá-los.
— Esse também foi o motivo pelo qual ele estava disposto a me ver criar meu próprio Cosmos.
Essa foi a primeira vez que Gravis e Mortis ouviram falar disso.
— Você quer falar sobre aquele dia? — Orthar perguntou, com um tom neutro, enquanto chegava diante do Opositor, com Gravis e Mortis entre eles.
— Não fique empolgado por nada — disse o Opositor com uma voz fria enquanto olhava nos olhos de Orthar. — Não falarei sobre as coisas que você não sabe.
A expressão de Orthar não mudou. — Eu perderia um pouco do respeito por você se fizesse algo tão tolo.
O Opositor olhou para Gravis. — Você viu minhas vidas até o ponto antes de eu me tornar um Deus Ancestral, correto?
Mortis ficou confuso com o fato de o Opositor ter dito ‘vidas’, em vez de ‘vida’. Por que no plural?
No entanto, Gravis rapidamente transmitiu as informações relevantes do que viu na Samsara para Mortis, que logo entendeu por que o Opositor havia formulado a frase dessa forma.
Enquanto isso, Gravis assentiu. — Sei que você já morreu uma vez. A pessoa que entrou pelo Portão da Morte morreu completamente e foi substituída por uma Manifestação da Morte.
— No entanto, como é possível que você agora tenha controle sobre a Energia novamente? Como é possível que você tenha emoções, objetivos, vontade e personalidade?
— Você é humano, pai? — Gravis perguntou.
O Opositor olhou calmamente para Gravis.
— Já se esqueceu da nossa conversa antes de você partir para o mundo intermediário? — perguntou o Opositor.
— Um corpo não é o que faz alguém ser humano. Seu Espírito, memórias, mente e personalidade são o que fazem um humano ser humano.