Depois de passarem alguns anos juntos, Stella de repente teve uma ideia.
Ela disse a Gravis para esperar por ela, pois teria uma surpresa para ele.
Gravis apenas ergueu uma sobrancelha, mas obedeceu.
Stella saiu por algumas horas e, quando retornou, os olhos de Gravis se arregalaram.
Stella havia acabado de se tornar uma Deusa Ancestral!
— Surpresa! — disse Stella com um sorriso radiante. — Nossas tribulações agora estão sincronizadas! Nunca mais precisaremos nos preocupar sozinhos. Agora, podemos nos preocupar um com o outro ao mesmo tempo!
Gravis não tinha certeza do que deveria sentir naquele momento.
Stella acabara de passar por sua tribulação e jogara fora um milhão de anos de sua longevidade para isso.
Stella notou a expressão de Gravis e imediatamente soube no que ele estava pensando.
— Ah, qual é. Longevidade é irrelevante quando seu objetivo é o poder supremo. Esses um milhão de anos não significam nada. Além disso, posso compreender Leis mais rápido sendo uma Deusa Ancestral.
No entanto, Gravis apenas foi até ela em silêncio e a puxou para perto.
Sim, não era algo tão relevante para eles, mas Stella ainda assim havia descartado um milhão de anos apenas para que não precisassem se preocupar separadamente.
Quem faria isso por seu parceiro?
Ao ver a expressão emocionada de Gravis, Stella apenas riu baixinho.
— Bobo, não foi nada demais.
— Não sei o que fiz para merecer você — disse Gravis em um tom suave.
— Ei! Quem deveria dizer isso sou eu! — Stella protestou com um biquinho.
Os dois continuaram brincando por um tempo, mas, eventualmente, todas as brincadeiras se transformaram em ternura.
Eles estavam tão felizes juntos.
E, além disso, agora tinham tanto tempo. Ambos tinham uma longevidade completa de três milhões de anos.
Então, e daí se passassem cem mil anos juntos?
Isso nem parecia tanto tempo mais.
Sempre que estavam juntos, os dias pareciam se estender para a eternidade, mas, ao mesmo tempo, muito tempo passava num piscar de olhos.
Naquele momento, tudo estava perfeito.
Stella estava ali.
Mortis estava ali.
Aris e Yersi estavam ali.
Todos os seus amigos estavam ali.
Nenhuma tribulação aconteceria tão cedo.
A facção de Manuel era poderosa o suficiente para resistir basicamente a qualquer um na Seita Fogo Eterno.
Tudo estava tranquilo e calmo.
Gravis não tinha absolutamente nenhuma preocupação.
Gravis estava feliz.
Nos momentos de silêncio, Gravis pensava em como seria apenas viver assim para sempre.
E isso não parecia nada mal.
No entanto, Gravis também sabia que isso era apenas um sonho irreal. Mesmo que o sonho de Orthar sobre como seria parar de cultivar não tivesse tido muito efeito sobre Gravis, ele ainda se lembrava de como aquilo o faria se sentir.
Tudo estaria bem por três milhões de anos.
Depois, estaria bem por mais três milhões de anos.
Mas então, os dois precisariam se tornar Deuses Divinos e, nesse ponto, seria praticamente impossível voltar a cultivar.
No momento, tudo parecia sereno e maravilhoso, mas isso acontecia porque Gravis ainda tinha opções.
Se quisesse, ele poderia continuar cultivando, e era exatamente isso que lhe permitia ser tão feliz.
Contudo, se não pudesse continuar, ele se sentiria sufocado.
A sensação de estar se aproximando da morte era horrível, e Gravis não queria sentir que estava se aproximando da morte sem uma chance de lutar contra ela.
Viver por um número finito de anos sem uma maneira de estender sua vida aterrorizava Gravis.
Gravis queria se sentir assim por toda a eternidade, e, mesmo que dez milhões de anos parecessem uma eternidade agora, essa eternidade eventualmente passaria.
Quando Gravis começou sua jornada de Cultivo, o Reino Deus Estelar também parecia estar a uma eternidade de distância.
E agora?
Agora, Gravis era um Deus Ancestral.
A ‘eternidade’, que levou para se tornar um Deus Estelar foi de pouco mais de duzentos mil anos para Gravis.
O que eram duzentos mil anos para ele agora?
Isso era apenas uma sessão de Compreensão de Leis.
Parecia insignificante.
Por causa disso, Gravis sabia que a eternidade de mais de dez milhões de anos também começaria a parecer insignificante eventualmente.
Ele não podia parar.
Ele não queria parar.
No entanto…
Ao olhar para Stella, que estava trabalhando em uma armadura, Gravis percebeu que sempre havia uma saída para o Cultivo.
Se quisesse parar de cultivar, ele podia.
Se quisesse continuar cultivando, ele podia.
Ele não estava preso.
Por causa disso, não era necessário se preocupar com o futuro.
Com essa realização, Gravis realmente se perdeu no tempo ao lado de Stella.
Ele podia se perder, pois sabia que sempre poderia voltar.
Ele podia saltar entre esses dois mundos sempre que quisesse.
Seu futuro estava aberto, e seu presente estava seguro por enquanto.
Gravis podia fazer o que quisesse, e ele amava isso.
Stella não percebeu os pensamentos de Gravis, pois estava completamente focada na criação de Formações de Matrizes.
Ela nem sequer notou que Gravis a observava com um sorriso tranquilo.
A única coisa que se ouvia na sala era o som abafado da Energia sendo infundida na armadura, e Gravis sentia paz.
Por alguma razão, Gravis acreditava que aquele momento era especial.
Era por isso que ele havia se esforçado tanto.
Era esse o motivo pelo qual ele sempre se colocou em perigo.
Ele havia voltado para casa e agora podia viver sua vida da maneira que quisesse.
Isso era liberdade.
E liberdade também era felicidade para Gravis.
Naquele momento, Gravis sentiu que nada poderia destruir sua felicidade.
Seus olhos nem mesmo se arregalaram quando ele subitamente compreendeu uma nova Lei.
Ele apenas achou natural compreender essa Lei.
Afinal, tudo o que Gravis estava sentindo naquele momento não se baseava exatamente nesse conceito?
Os seres vivos sempre temiam pela própria vida e queriam lutar contra a morte até que ela não representasse mais um perigo.
Enquanto a vida de alguém estivesse em risco, essa pessoa nunca poderia ser verdadeiramente feliz.
No entanto, Gravis não estava em perigo naquele momento, e esse era um dos principais motivos pelos quais ele podia se sentir tão feliz agora.
Então, se Gravis não estava em perigo, o que restava?
Segurança.
Gravis não precisava temer nada naquele momento.
Tudo estava aberto para ele, e o mundo praticamente aguardava suas ações.
Ninguém viria ameaçá-lo, e ele podia fazer o que quisesse.
Isso era segurança.
E foi assim que Gravis compreendeu a Lei Verdadeira de nível nove da Segurança naquele instante.
Gravis apenas sorriu feliz enquanto continuava observando Stella.
Ele nem sequer contou a ela, pois considerou isso apenas uma consequência natural de sua vida atual.
Essa era a sétima Lei Verdadeira de nível nove que Gravis havia compreendido, mas ele não se surpreendeu muito.
Deuses Ancestrais já entravam em contato com Leis de nível nove. Afinal, precisavam compreender uma para se tornarem Deuses Divinos.
Então, em certo sentido, compreender Leis de nível nove como um Deus Ancestral era normal.
Gravis verificou seu Espaço Espiritual e olhou para os cinco frutos cinzentos.
Esses eram os Frutos da Vida da Compreensão da Lei Verdadeira da Supressão.
Gravis só precisava compreender algumas Leis de nível oito e então poderia comer esses frutos sem preocupação.
“Falta apenas a Lei do Perigo, e depois que eu a compreender, poderei obter a Lei Verdadeira da Supressão.”
“Nesse ponto, poderei condensar minha primeira Lei de nível dez, a Lei Verdadeira da Realidade Percebida.”
Gravis apenas sorriu amplamente.
“Estou quase terminando um quarto do que preciso para me tornar um Magnata Celestial.”
“Mas, por ora, isso não importa.”
“Que tipo de Formação de Matrizes será que Stella está fazendo agora?”