Enquanto todos os outros Magnatas Celestiais se sentiam bem por um deles ter conseguido ascender, Gravis apenas olhava para todos com um olhar distante.
E daí se a razão para sua felicidade fosse falsa?
Era uma festa da irrelevância.
Mas isso não importava.
Paz Serena se foi.
Agora, apenas Gravis e Filho do Céu permaneciam como os Magnatas Celestiais mais fortes.
Filho do Céu agia misteriosamente, como se soubesse mais do que os outros Magnatas Celestiais, mas na verdade, ele não era diferente.
Todos eles haviam sido cegados por Orthar.
Como a última pessoa capaz de rivalizar com ele, Filho do Céu observou Gravis por um momento. Seus olhos não demonstravam animosidade nem nervosismo, apenas neutralidade.
O Filho do Céu sabia que Gravis não estava interessado em sua posição.
Após um tempo, os outros Magnatas Celestiais partiram, deixando para trás apenas o Magnata Negro e Gravis.
— Você me surpreendeu bastante, garoto — disse o Magnata Negro com um resmungo.
Gravis não olhou para ele, apenas fixou o olhar no chão, com as sobrancelhas franzidas.
O Magnata Negro já havia notado que Gravis estava agindo de maneira estranha. Em sua mente, Gravis deveria estar eufórico. Ele deveria estar sorrindo o tempo todo. Afinal, ele havia alcançado seu objetivo, certo?
No entanto, Gravis parecia mais um soldado que sabia que seu império estava prestes a ser destruído.
Era como se Gravis estivesse olhando para uma nuvem escura no horizonte.
O Magnata Negro não sabia por que Gravis estava agindo assim de repente. Isso não combinava com ele.
— Preciso falar com meu pai — disse Gravis baixinho para o Magnata Negro.
O Magnata Negro captou a pista sutil e resmungou.
— Certo, mas terei meu tempo com você depois. Ainda quero me vingar de todas as surpresas e choques que você me deu, entendeu?
Gravis apenas assentiu distraidamente.
O Magnata Negro lançou um último olhar para Gravis antes de se teleportar para longe.
Agora, apenas Gravis permanecia acima da Cidade Opositora.
Por um tempo, Gravis apenas observou a Cidade Opositora abaixo dele. Era seu local de nascimento, e ele também a considerava sua casa.
Mas por quanto tempo ainda existiria?
Após alguns minutos, Gravis voou lentamente em direção ao quarto de seu pai, atravessando as paredes como se elas não existissem.
O Opositor estava sentado no mesmo lugar de sempre, seus olhos fechados.
A Economista estava ao seu lado, sorrindo para Gravis.
— Você ficou forte, Gravis — disse ela com um sorriso radiante. — Agora nem posso mais te arremessar por aí sem sua permissão.
Gravis olhou para sua mãe com um sorriso amargo.
— Obrigado, mãe — disse ele.
A Economista viu a expressão de Gravis, mas não pareceu surpresa.
Ela se aproximou lentamente e o puxou para um abraço. — Vamos, não fique tão abatido. Você se tornou um Magnata Celestial! Isso não merece uma celebração?
Gravis retribuiu o abraço, mas não disse muita coisa.
A Economista apenas sorriu. — Você realmente acredita que não aprendi nada ao longo da minha longa vida? — perguntou ela.
O corpo de Gravis tremeu levemente ao ouvir isso.
— Você sabe sobre isso? — perguntou ele em voz baixa.
A Economista assentiu levemente. — Quando se vive tanto quanto eu, não é difícil perceber os sinais. Talvez eu não tenha acesso a todas as informações, mas conheço você e seu pai há muito tempo.
— Eu posso não ter compreendido todas as Leis por conta própria, mas ainda sei como interpretar as emoções de vocês dois.
A Economista lentamente soltou o abraço e colocou ambas as mãos nos ombros de Gravis, olhando diretamente em seus olhos.
— Eu sei o que está para acontecer — disse ela.
Gravis respirou fundo.
Tudo estava bem quando ninguém sabia, mas assim que ele viu alguém que realmente sabia o que estava para acontecer, tornou-se muito mais difícil manter tudo reprimido.
— Então, como você pode ser tão otimista sabendo o que vem pela frente? — perguntou Gravis lentamente, olhando para sua mãe.
— E por que não seria? — ela perguntou com um sorriso radiante. — Você acha que nunca pensei no futuro? Passei minha vida inteira pensando no futuro, e essas preocupações me acompanharam por mais tempo do que você está vivo.
— Com tempo suficiente, você aprende a fazer as pazes com o seu futuro. Esperar pelo fim é algo que só se faz quando se é novo nessa situação. Eu não sou nova nisso.
— Além disso — ela acrescentou — pode parecer cruel, mas você só espera pelo fim quando ainda tem alguma esperança.
— Quando ainda se tem esperança? — Gravis perguntou.
Sua mãe assentiu.
— Quando você vê uma chance de um futuro melhor, você teme o fim. Você se preocupa porque sente que pode fazer algo.
— Assim que percebe que não há nada que possa fazer, aprende a aceitar suas circunstâncias.
— Eu aceitei minhas circunstâncias há muito tempo.
Gravis respirou fundo novamente.
— Por que não sinto nenhum ressentimento vindo de você? — perguntou. — Se você sabe sobre isso, não deveria sentir pelo menos um pouco de ressentimento? Afinal, eu ainda tenho uma escolha.
A Economista balançou a cabeça lentamente. — Isso não é uma escolha — disse ela. — Talvez eu não tenha sido uma Cultivadora no passado, mas sei o que significa ser um. Vocês todos buscam a liberdade e querem alcançar seus objetivos.
— Além disso, o mundo permaneceu inalterado por tempo suficiente. Ficar aqui não é ruim, mas também não sentiria falta.
— Tive uma vida muito, muito longa, Gravis — disse ela. — Tive muitos filhos, e todos eles viveram por tão pouco tempo que pode muito bem ter sido nenhum tempo.
— Todos temos nossos próprios problemas internos, Gravis. Eu não sou especial. Posso sempre parecer animada e feliz, mas também tenho minhas preocupações. Apenas aprendi a viver com elas.
Enquanto a Economista falava, sua voz começou a tremer um pouco.
— Só espero que você consiga passar por tudo isso com vida — disse ela, enquanto uma pequena lágrima escorria por sua bochecha direita.
O coração de Gravis tremeu, e ele imediatamente puxou sua mãe para outro abraço.
Gravis sentiu uma onda avassaladora de culpa e tristeza tomá-lo.
— Me desculpe.