Gravis saiu da floresta ainda refletindo sobre tudo o que aconteceu. Logicamente, ele sabia que não poderia ter mudado nada na situação. Precisava manter seu disfarce e também precisava de poder. A disposição de Wendy em morrer realmente trazia apenas benefícios do ponto de vista dos resultados. No entanto, lógica e sentimentos raramente concordavam entre si. Mesmo sabendo que, logicamente, não podia fazer nada a respeito, seus sentimentos ainda gritavam contra isso.
Enquanto continuava andando, Gravis olhou para o céu através das folhas das árvores. — É esse o único caminho para adquirir força e liberdade? — perguntou-se. — Sou obrigado a agir assim para me tornar verdadeiramente livre? Quero esmagar as esperanças e sonhos de incontáveis outras pessoas só para realizar os meus?
Gravis sabia que já havia matado muitas pessoas e destruído muitos sonhos. No entanto, inimigos são inimigos, e companheiros são companheiros. Se alguém tenta te matar, você não sente tanto ao revidar como ao matar um companheiro. As emoções se tornam distantes, e não se pensa muito no que foi feito. Mas a situação atual estava corroendo Gravis por dentro. Para ele, parecia que havia traído alguém em busca de poder, mesmo sabendo que isso não era verdade.
Depois de um tempo, Gravis encontrou os três guardas, que suspiraram ao vê-lo saindo da floresta. O fato de Gravis estar saindo casualmente indicava que sua missão estava completa. Eles se sentiam mal por sua irmã mais nova de guilda, mas não podiam fazer nada.
— Vamos — disse Gravis, e um dos guardas se virou para liderar o caminho, enquanto os outros dois entraram na floresta para buscar o corpo. O guarda e Gravis rapidamente chegaram novamente a guilda, e Gravis parou em frente aos portões. Inicialmente, ele pretendia ficar ali por um tempo para que Skye pudesse passar mais tempo com seu progenitor, mas com o pai de Wendy sendo um Vice-Mestre da Guilda e toda essa situação emocional, seu humor havia mudado.
Gravis olhou para a gigantesca árvore onde as duas aves estavam e assobiou. Skye virou a cabeça para ele e depois olhou para seu progenitor. O progenitor pareceu triste por um segundo, mas logo empurrou Skye com um grasnado sério. Skye deu uma última esfregada em seu progenitor, que rapidamente a empurrou de novo.
Skye se despediu, pegou Gravis e voou em direção ao horizonte. Não havia sentido em se despedir da Guilda do Vento. Não era o lar de Gravis, e, embora ele gostasse daquele lugar, não podia permanecer. Despedidas rápidas eram mais fáceis para todos.
Skye voou por alguns dias, e Gravis usou esse tempo para pensar mais sobre seu eventual e imprudente plano. Era incrivelmente perigoso, mas se funcionasse, ele obteria uma vantagem única. Essa poderia ser a única chance que teria para se tornar forte o suficiente para ferir o Céu no futuro. Ele precisava se preparar cedo para o confronto inevitável com o Céu inferior.
Gravis pegou o token de jade que Wendy lhe entregara e refletiu sobre toda a situação. “Eu não tenho sorte cármica, e o Céu não me concede oportunidades ou chances especiais, mas meu pai me disse que podemos roubar a sorte cármica dos outros. Deixe que eles tenham suas oportunidades e então apenas as tire deles. Embora isso não possa ser considerado roubo, Wendy obter sua herança provavelmente foi resultado de sorte cármica. Então, no final das contas, me beneficiei da sorte dos outros.”
No entanto, levou toda a força de Wendy para encontrá-lo. Ela queria entregar sua sorte cármica, mas ainda teve que trabalhar duro para conseguir encontrá-lo. Se os outros não quisessem abrir mão de sua sorte, seria difícil para Gravis obtê-la, já que o Céu estava constantemente em seu encalço.
Gravis guardou o token de jade e mudou seu foco para a cultivo enquanto Skye continuava voando em direção à Seita Celestial. Assim, mais alguns dias se passaram.
Alguns dias depois.
Aion olhou dentro do saco e contou as Pedras de Energia. Quando terminou, assentiu. — Tudo certo. Muito bem feito — disse enquanto guardava o saco. Em seguida, olhou para o token de jade, que continha a Matriz de Formação capaz de aprisionar qualquer um no Reino de Acumulação de Energia, e jogou-o de volta para Gravis.
Os olhos de Gravis se arregalaram de surpresa, e ele o pegou. — Você pode ficar com esse — disse Aion, enquanto se espreguiçava. — Todos na Seita Celestial têm pelo menos um desses. Eu só esqueci de te dar o seu.
Gravis sorriu amargamente e guardou o token de jade, mas não foi embora. Aion percebeu e franziu a testa. — O que foi? — perguntou.
“Bem, vamos ver se isso funciona. Parece incrivelmente estúpido, mas deveria funcionar”, pensou Gravis enquanto se preparava para a conversa seguinte.
— Então — começou ele. — Nós não podemos trocar Pedras Mágicas por Pontos de Missão, certo? — perguntou.
Aion levantou uma sobrancelha. — Sim? — confirmou, sem saber qual era o objetivo de Gravis.
— Mas também temos uma tarefa onde alguém tem que trocar o ouro por Pedras Mágicas, certo? — perguntou Gravis.
— Siiim? — confirmou Aion.
— Você pode me dizer quantos Pontos de Missão a troca de uma Pedra Mágica gera nessa missão? — perguntou Gravis.
Aion coçou a cabeça, tentando entender o que Gravis estava planejando. — Uma Pedra Mágica trocada vale dez Pontos de Missão — disse Aion.
Agora, era o momento de Gravis chegar ao ponto. — Então, se eu trocar de trabalho por um minuto e depois trocar minhas Pedras Mágicas por nosso ouro, posso ganhar Pontos de Missão, certo? — perguntou Gravis.
A mão de Aion congelou, e sua mente começou a fervilhar. Quanto mais ele pensava sobre a situação, mais absurda parecia. Era impossível trocar Pedras de Energia por Pontos de Missão, mas era possível trocá-las por Pontos de Missão e ouro? Que sentido isso fazia?
Então, Aion começou a coçar o queixo, pensativo. — Cara, eu realmente estraguei tudo ao criar esse sistema — murmurou enquanto pensava. — Embora, trocá-las por ouro facilitasse nosso armazenamento. Quanto mais penso nisso, mais estúpido parece tudo isso.
Enquanto Aion continuava pensando, Gravis torcia para que sua escolha fosse a correta. Wendy lhe havia dado muitas Pedras de Energia, e ele poderia romper vários níveis com elas. Essas pedras poderiam torná-lo quase invencível no Continente Intermediário, mas, com a riqueza, vêm as decisões.
Ele poderia aumentar seu Reino rapidamente, o que economizaria tempo, mas será que economizar tempo era bom? Nem sempre. Nesse caso, Gravis pularia vários níveis e perderia possíveis experiências de refinamento nesses níveis. No entanto, por outro lado, suas chances de sobrevivência seriam muito maiores.
Sobreviver não era o mais importante? Honestamente, na opinião de Gravis, não era. Seu objetivo era mais importante que sua vida, e tudo tinha que ser perfeito para alcançar o ápice. A Aura de Vontade de Gravis talvez fosse forte o suficiente para se destacar no Reino de Formação do Espírito, mas e nos reinos dos mundos médios ou superiores?
Se ele decidisse usar as pedras para cultivar, sacrificaria força relativa de batalha por um aumento acentuado na força real. No entanto, em comparação a agora, sua força relativa contra pessoas no mesmo Reino seria mais fraca do que agora.
A fundação era o mais importante para Gravis, e mesmo que ele pudesse pular direto para o Reino da Unidade, ele não o faria. Talvez fosse capaz de ferir o Céu e voltar, mas e depois? Ele teria imensos problemas no mundo médio. Isso seria basicamente matar a galinha dos ovos de ouro.
Então, no final, Gravis decidiu trocar suas Pedras de Energia por pílulas para aumentar a força de seu corpo. Isso aumentaria sua força relativa de batalha. Com a Técnica de Cultivo do Equilíbrio Celestial, era fácil encontrar recursos para aumentar seu Reino, mas não era fácil encontrar recursos para aumentar sua força relativa de batalha. Gravis não podia ignorar o futuro para facilitar sua situação atual. Se ele morresse por causa dessa decisão, que assim fosse!
— Tudo bem, decidi — disse Aion enquanto se virava para Gravis.