“Onde estou? O que é isso?”
Alguns pensamentos aleatórios surgiram na mente de Gravis. Ele não estava lúcido e não conseguia compreender o que estava acontecendo. Tudo era confuso e embaçado. Ele não sabia quem ele era. Ele não sabia o que ele era. Havia apenas alguns pensamentos dispersos de algum ser consciente.
Uma pequena figura de Gravis apareceu em um mar de raios, incerta de sua existência. A figura olhou em volta, confusa com todas as informações que recebia. O que era essa coisa azul, que se movia violentamente ao seu redor? Na mente da pequena figura, a palavra raio surgia.
— Isso são, raios? O que é raio? — perguntou a figura, enquanto mais coisas surgiam em sua mente. O raio era calmo, porém agressivo. Movia-se por seu domínio, mas se algo tocasse seu domínio, ele atacaria a coisa, mesmo que isso significasse que o raio desapareceria.
O raio não se importava com sua existência. Estava ali para destruir, e nada mais.
— Não, isso está errado — disse a figura, enquanto mais conceitos surgiam em sua mente. — O raio também pode criar vida. O que é vida? — perguntou novamente a figura, enquanto mais conceitos inundavam sua mente. Conceitos sobre vida e cultivo surgiram.
— Isso é Raio da Destruição — concluiu a figura. — Este raio existe apenas para destruir e não para criar. Existem mais tipos de raios. Há também o raio natural e o Raio da Vida.
— Por que só consigo ver o Raio da Destruição? — perguntou a figura para si mesma enquanto olhava ao redor. — Não quero destruir. Se só destrói, então por que existe?
A figura estava incerta sobre onde estava ou por que estava. Havia apenas o poder da destruição ao seu redor, fazendo-a sentir-se desconfortável. Toda nova vida era inocente e ansiava apenas pela felicidade. Por que alguém iria querer destruir algo? A felicidade era o mais importante.
Cada vez mais conceitos surgiam na mente da figura enquanto o tempo passava. — Eu sou… Gravis. Sou filho do Opositor. Por que estou aqui? O que é esse mundo de raios? Onde está o pai? Onde está a mãe? Onde está Stella?
Gravis recuperava cada vez mais memórias conforme o tempo passava. — Pai e mãe estão em casa. Stella… está morta.
Quando Gravis disse isso, ele sentiu como se o mundo estivesse desabando. Não haviam eles brincado justamente ontem? Por que ele estava aqui?
Lentamente, os anos seguintes também surgiram na mente de Gravis. Ele se lembrava de Forneus, sua escola preparatória, os testes práticos e também de seu irmão Orfeu. Lentamente, a expressão de Gravis se tornou solene. — Só posso usar raio se quiser lutar contra o Céu. Percebo que estou recuperando rapidamente as memórias. Parece que fiz algo arriscado com todo esse raio, mas não tenho certeza do que.
À medida que Gravis lembrava de coisas diferentes, ele revivia todas as suas experiências novamente. Era como se estivesse vivendo sua vida pela segunda vez. Ele sentia a dor de estar sozinho neste Mundo Inferior. Ele sentia a culpa e o arrependimento por ter matado Gorn. Ele lembrava da felicidade de conhecer Skye.
— À medida que recupero rapidamente minha memória, percebo como mudei rapidamente. Quando cheguei a este Mundo Inferior, eu queria força. Quando matei Gorn, queria felicidade. Quando fiquei na Seita Celestial, queria força novamente. Pelo menos, era o que eu pensava. Na verdade, quando matei Wendy, minhas prioridades mudaram de força para destruição. Minha força era irrelevante. Eu só queria destruir o Céu!
Os olhos de Gravis brilhavam friamente enquanto pensava isso. Suas memórias haviam retornado completamente agora, e ele finalmente sabia onde estava. — Então, este é o meu Espaço Espiritual, huh? — perguntou a si mesmo com interesse. Sua personalidade havia se estabilizado novamente, já que nenhuma nova memória surgia.
Gravis sorriu loucamente. — Parece que meu plano deu certo. Com minha mente aclimatada ao raio, devo ser completamente imune a ele. Assim, o Céu mais elevado não pode me danificar com seu relâmpago. Assim, já contornei sua arma mais potente.
— Bem, vamos sair daqui — disse a figura de Gravis enquanto desaparecia.
WHOOM!
Quando Gravis abriu seus olhos físicos, sua Aura de Vontade ativou e envolveu os arredores. Ele estava no Continente Central e havia alcançado o Reino de Formação do Espírito. Gravis sentiu seu Espírito expandir.
Um quilômetro.
Dois quilômetros.
Cinco quilômetros.
Dez quilômetros.
Alguém no estágio inicial do Reino de Formação do Espírito teria um Espírito que abrangeria dez quilômetros ao redor, mas seu Espírito não parava.
20 quilômetros.
30 quilômetros.
40 quilômetros.
50 quilômetros.
Quando seu Espírito alcançou um raio de 50 quilômetros, parou de expandir. Gravis apenas sorriu. “Realmente, essa abordagem suicida tem seus benefícios.”
No entanto, Gravis sentia que poderia empurrar seu Espírito ainda mais. Gravis concentrou sua vontade em seu Espírito, e ele se expandiu novamente.
60 quilômetros.
70 quilômetros.
75 quilômetros.
Aos 75 quilômetros, parou novamente, e Gravis sentiu um grande esforço em seu Espírito. Ele poderia empurrar seu Espírito com sua vontade, mas isso estava drenando rapidamente seu Espírito. Gravis parou de forçar seu Espírito com sua vontade, e ele encolheu para 50 quilômetros novamente.
Agora, Gravis prestava atenção às coisas dentro do alcance de seu Espírito. Ele viu bestas, plantas, a Muralha de Vento, o ar vazio de energia acima dele, e também viu Aion. Aion estava atualmente olhando em sua direção com uma expressão temerosa e chocada. No entanto, Gravis sentia que Aion não estava olhando diretamente para ele, mas para um lugar diretamente ao seu lado. Gravis concentrou seu Espírito naquele lugar, mas não viu nada, o que o confundiu.
Gravis virou a cabeça para olhar para o local, e sua boca se abriu involuntariamente de surpresa.
— Pai? — Gravis perguntou incrédulo.
Logo ao seu lado estava seu pai, o Opositor. Seu pai atualmente tinha a mão no ombro de Gravis, o que ele não havia notado até agora. — Estou sonhando, pai? Por que você está aqui? — Gravis perguntou.
O Opositor olhou para Gravis, e Gravis não podia acreditar, mas sentia como se os olhos de seu pai estivessem irradiando calor e conforto.
— Filho, você alcançou algo que ninguém mais fez antes — o Opositor fez uma pausa ali, mas então continuou — mas eu não estou feliz com isso.
Gravis ficou chocado. — O que você quer dizer?
O Opositor olhou profundamente nos olhos de Gravis. — Você estava pronto para sacrificar sua vida para destruir o Céu, mas isso não é o que eu quero de você. Não quero que você sacrifique sua vida ou suas perspectivas futuras por mim — disse o Opositor suavemente.
As emoções de Gravis foram agitadas. O que seu pai estava dizendo? Não era o objetivo de seu pai matar o Céu? Por que ele diria isso? Por um segundo, Gravis não entendeu direito.
O Opositor aumentou o peso de sua mão no ombro de Gravis. — Você não disse a mesma coisa para seu pássaro? — ele perguntou.
Os olhos de Gravis se arregalaram ao lembrar disso. Sim, ele havia dito a mesma coisa para Skye. Ele não queria que sacrificasse seu futuro por ele. Agora, seu pai havia dito a mesma coisa para ele. Depois de um tempo, Gravis só podia sorrir constrangidamente.
— Eu realmente estraguei tudo, hein? — ele disse.
Agora, tudo estava claro para ele. Seu pai queria que Gravis se sacrificasse por seu objetivo? Não, ele não queria. Assim como Gravis nunca quis que Skye se sacrificasse por ele, o Opositor não queria que seu filho fizesse o mesmo. Quando Gravis percebeu isso, suas prioridades mudaram novamente.
Gravis percebeu que, através de toda essa amargura pela qual passou, ele havia perdido seu objetivo original. Inicialmente, ele não queria destruir o Céu. Ele queria ser livre. Ele queria ser irrestrito. Ele queria ser poderoso o suficiente para que ninguém pudesse oprimir ele novamente. Gravis havia associado seu ódio amargo com a fome de poder, o que estava errado. Ele não queria apenas destruir. Ele queria ser livre.
— Me desculpe, pai — disse Gravis enquanto se virava para ele.
O Opositor assentiu. — Está bom, desde que você perceba. Alcance o Reino da Unidade rapidamente para que possamos ter uma conversa de pai para filho apropriada. Te vejo em breve, Gravis.
Depois que o Opositor disse isso, ele desapareceu no ar rarefeito.
O Céu mais elevado assistiu a tudo isso, mas não se importou muito. Ele apenas observava para ver o que Gravis faria. Todo esse incidente o havia abalado, e ele não ignoraria Gravis novamente. A partir deste dia, o Céu mais elevado observaria tudo o que Gravis faria no futuro.
Enquanto isso, Gravis olhava para o céu com um sorriso.
— Até logo, pai…