Os viajantes não notaram que Gravis se aproximava lentamente. Se tivessem percebido, não estariam viajando de maneira tão despreocupada. Quando Gravis estava a apenas um quilômetro deles, ativou seu Espírito. Não tinha intenção de atacar aquelas pessoas com uma emboscada; a luta terminaria antes mesmo de ele começar a se aquecer desse jeito. Gravis queria um verdadeiro desafio.
Assim que Gravis ativou seu Espírito, os quatro imediatamente se viraram e o viram a apenas um quilômetro de distância. No entanto, ao verem o manto de Gravis, estreitaram os olhos.
— Oh? Você é dos Cinzentos, certo? — a voz do líder do grupo apareceu na cabeça de Gravis. — E eu que pensei que vocês nunca iriam aparecer. Estávamos esperando por você. — Gravis podia ouvir a arrogância na voz, o que só confirmava mais a relação entre os Verdes e os Cinzentos.
Gravis parou a cem metros deles. Os quatro estavam observando-o sem preparar suas armas. Pelo menos, eles haviam pousado. Com seu Espírito, Gravis pôde analisar melhor suas armas. Todos os quatro carregavam rapieiras. Gravis supôs que, mesmo que o outro mundo não tivesse elementos, ainda assim deveria haver divisões. Aqueles quatro provavelmente pertenciam à mesma organização, já que todas as armas eram idênticas.
Gravis estreitou os olhos, mas não atacou. Ele ainda queria ouvir o que os Verdes tinham a dizer. Tudo o que o Ancião Byron havia dito era do lado dos Cinzentos, então era possível que nem tudo fosse verdade. — Qual é a relação entre os Verdes e os Cinzentos? — Gravis perguntou.
O líder pareceu um pouco surpreso, mas seu sorriso só se alargou. — Interessante! Você não confia imediatamente em tudo que alguém diz. Isso é uma boa mentalidade, garoto — disse o líder.
Pelo som da voz e postura, Gravis tinha certeza de que o líder dos Verdes era um homem de meia-idade. Infelizmente, o manto bloqueava seus corpos e rostos, dificultando a identificação. Além disso, os mantos também pareciam impedir que o Espírito de Gravis visse seus rostos reais. Ele ainda podia ver suas silhuetas, mas não conseguia ver seus rostos.
— Responda à pergunta — disse Gravis com um tom duro.
O líder riu novamente. — Como você provavelmente já sabe, não viemos deste mundo. Estamos aqui para algum tipo de programa de intercâmbio — disse ele com divertimento na voz. Obviamente, ele não levava Gravis a sério. — O Céu do nosso mundo escolheu aquele velho desgraçado do Byron em vez do nosso Mestre da Seita para este intercâmbio. Claro, nosso Mestre da Seita não ficou feliz com isso. — Ele parou de falar depois disso.
Gravis levantou uma sobrancelha. — Então, você e os Cinzentos são inimigos, certo? — Gravis perguntou calmamente.
O líder riu de novo. — Claro. Nós nos voluntariamos para ser algum tipo de teste para os Cinzentos neste mundo. — Ele riu mais uma vez. — Então, sim, somos inimigos. Se conseguirmos matar aquele velho desgraçado do Byron, seremos os novos representantes do nosso mundo.
Gravis continuou olhando para o líder com os olhos estreitos. — E quanto às Seitas Elementais?
— O que tem elas? — perguntou o líder com arrogância. — Nós não nos importamos com elas… ainda. Primeiro, precisamos matar o Ancião Byron. Depois disso, claro que substituiremos os Cinzentos e nos tornaremos os senhores deste mundo. Como cultivadores elementais poderiam alcançar a força do nosso puro caminho marcial?
— Por que você acha que os cultivadores elementais são mais fracos que vocês? — Gravis perguntou.
— Simples — afirmou o líder enquanto começava a se aproximar. — Os elementos não pertencem às pessoas. As pessoas copiam o uso dos elementos, mas os elementos sempre serão uma ajuda externa. O que somos nós? Somos humanos! Temos uma mente, uma vontade, um corpo e Magia. Nosso caminho marcial não precisa da ajuda de algo que não é inerentemente humano para se tornar poderoso.
Agora, o líder estava bem próximo e estava a apenas alguns metros de Gravis. — A dependência deste mundo em ajuda externa está prejudicando seu próprio poder. — O homem apontou para Gravis enquanto os outros Verdes ficavam atrás dele. — Você é parte dos Cinzentos, então já devia ter percebido isso, ou o velho desgraçado do Byron ainda não te deu nenhuma técnica? — Ele disse com uma risada.
Gravis meio que entendeu a mentalidade do líder, mas a base de sua ideologia era instável. Na verdade, Gravis tinha uma opinião oposta. Não era que ele estivesse emprestando poder externo com seu raio, mas sim que ele estava transformando algo que não era humano em parte de si mesmo.
Ele não estava apenas usando o poder que um humano tinha inerentemente, mas também adicionando elementos externos ao seu ser. Dessa forma, seu próprio ser cresceria e se tornaria mais poderoso. Quanto mais adicionasse a si mesmo, mais amplo se tornaria seu arsenal de armas.
— Certo — suspirou Gravis. — Essas eram todas as perguntas que eu tinha. Então — Gravis convocou seu sabre. — Vamos ter uma luta de verdade! — gritou.
Os quatro levantaram as mãos para mostrar que não queriam brigar e recuaram lentamente. — Uau, o garotinho quer lutar — disse o líder sarcasticamente, enquanto recuava. — O que você pode fazer? Você está no estágio inicial de Formação do Espírito, enquanto todos aqui estão pelo menos no Estágio da Semente. Você é realmente suicida? — ele disse com uma risada.
BOOM!
Gravis explodiu para a frente com sua aceleração máxima e chutou a pessoa mais próxima do Estágio da Semente. Embora o líder estivesse mais perto, Gravis sabia que o atacar diretamente não garantiria uma morte certa. Alguém dois níveis completos acima dele certamente teria a capacidade de resistir a isso. Ele planejava matar os outros primeiro.
BANG!
A pessoa nem teve tempo de mover sua rapieira para bloquear antes que Gravis acertasse seu peito com um chute, carregado de raios. A pessoa explodiu imediatamente enquanto uma chuva de sangue foi arremessada para longe. Gravis imediatamente observou os outros, preparado para qualquer contra-ataque, mas, surpreendentemente, ninguém o atacou.
Em vez disso, eles recuaram um pouco e prepararam suas rapieiras. Contudo, seus rostos mostravam um certo divertimento e até um pouco de desdém. Gravis achou isso um pouco estranho, mas aquelas pessoas eram de um mundo diferente, afinal. Talvez tivessem uma mentalidade semelhante à da Seita do Fogo, onde a morte de uma pessoa simplesmente mostrava sua fraqueza.
— Hoh, isso não é nada mal — disse o líder — mas e quanto a…
CLANK!
O líder atacou do nada e apunhalou sua rapieira em Gravis com uma velocidade irreal. Gravis mal conseguiu bloquear a rapieira com sua velocidade, mas ainda assim foi arremessado à distância. “Corpo de Formação do Espírito”, Gravis julgou “e ainda mais poderoso que o meu. Ataques físicos serão um problema.”
As outras duas pessoas sacaram suas armas, e algo peculiar aconteceu. Uma luz amarela apareceu ao redor delas, enquanto suas armas começavam a brilhar. Gravis não sabia o que estavam fazendo, mas não podia ser algo bom.
WHOOSH!
As armas saíram das mãos deles e começaram a girar violentamente no ar. Dois redemoinhos de algum tipo de força de espada foram gerados e dispararam diretamente na direção de Gravis.
Gravis nunca tinha visto um ataque como aquele…