WACK!
Uma bengala acertou Gravis na lateral da cabeça, arremessando-o da grande e recém-criada árvore. Seu corpo atingiu o lado de um edifício, mas não o quebrou, já que o Balzar era muito duro. Em vez disso, seu corpo deslizou pela parede até o chão.
— Eu tiro os olhos de você por cinco malditos segundos, e você invoca uma calamidade! — gritou o Velho Relâmpago furioso. — Destruir minha casa não foi suficiente? Agora você quer destruir a Seita inteira?
Gravis esfregou a cabeça, irritado. — Qual é o seu problema, velho? Eu só absorvi um pouco de raio! Isso é contra as regras? — ele gritou com aborrecimento.
O Velho Relâmpago apontou para o céu. — Olha o que você fez! As nuvens estão mais fracas do que nunca! Se eu não tivesse parado você, elas teriam desaparecido! Com suas ações imprudentes, você quase condenou a Seita do Relâmpago! — ele gritou com violência.
Gravis olhou para o céu e notou que algumas partes das nuvens haviam se dissipado, deixando a luz brilhar através delas. Agora, ele percebeu sua falha. O que seria da Seita do Relâmpago sem raios? Ele realmente pode ter exagerado dessa vez.
— Ei, desculpa, tá? — Gravis disse após se acalmar. — Eu não percebi que tinha absorvido tanto raio. Vou pagar de volta, tá bom?
O Velho Relâmpago estreitou os olhos.
WACK!
Ele apareceu ao lado de Gravis sem qualquer aviso e deu outra pancada com sua bengala. A bengala atingiu o lado da cabeça de Gravis, jogando-o no chão novamente.
Gravis imediatamente se levantou, com aborrecimento e um pouco de raiva nos olhos enquanto olhava para o Velho Relâmpago. — Eu disse que vou pagar de volta! O que mais você quer, seu velho chato?
Em vez de ficar bravo, o Velho Relâmpago olhou para Gravis com interesse. Ele brincou um pouco com sua barba enquanto pensava em algo. — Você não está sendo influenciado pela disposição do raio depois de absorver tanto? — perguntou com interesse.
O primeiro golpe com a bengala foi para parar Gravis, enquanto o segundo foi para testar se ele estava sendo influenciado pela disposição do raio. Afinal, esse era um problema genuíno que acontecia com muitos discípulos. Se alguém absorvesse muito raio em pouco tempo, começaria a ficar descontrolado, atacando qualquer coisa que o irritasse minimamente.
Gravis agora percebeu por que o velho tinha o acertado novamente. A maior parte de sua irritação desapareceu, mas não toda. — Não. Isso já aconteceu comigo uma vez, e eu cometi um erro grave. Felizmente, a disposição do raio nunca mais vai me influenciar.
O Velho Relâmpago ergueu uma sobrancelha. — Besteira! Todo mundo pode ser influenciado pela disposição do raio, até eu. O que te faz diferente de todo mundo?
Gravis ainda esfregava o lado machucado da cabeça. — Porque eu sou o raio. A disposição do raio é a minha disposição. Não há diferença entre os dois.
WACK!
Outro golpe com a bengala. — Besteira! Não é assim que a cultivação funciona! Você acha que pode mentir para mim? Acha que sou um garoto ingênuo como você?
Gravis se levantou novamente, olhando com raiva para o Velho Relâmpago.
BZZZ!
De repente, um raio disparou da recém-crescida árvore direto para Gravis, surpreendendo a todos. Essa nova árvore tinha controle sobre o raio? E por que estava lançando raios em Gravis? Afinal, ela não nasceu por causa do que Gravis fez?
Gravis não esperava que a árvore o atingisse com um raio de repente, então não reagiu. Além disso, ele era imune ao raio. O raio o atingiu, mas em vez de ser absorvido por seu dantian, como o raio normal, esse raio atravessou todo o seu corpo. Ele passou por todos os órgãos, músculos e ossos, curando o corpo do ferimento que a bengala havia causado.
Gravis sabia o que havia acontecido, mas quase não conseguia acreditar. — Raio da Vida? — ele murmurou, chocado ao perceber o que havia acontecido. “Essa árvore tem controle sobre o Raio da Vida? Como isso é possível?”
— O que você disse!? — gritou o Velho Relâmpago, violento e alto, mas não com agressão. Em vez disso, sua voz soava incrivelmente chocada. — Você disse que isso foi Raio da Vida!? — ele perguntou a Gravis, sacudindo seu corpo violentamente.
— Sim! — Gravis disse enquanto seu corpo era sacudido, ficando cada vez mais irritado com o velho a cada segundo.
Plonk!
O Velho Relâmpago soltou o corpo de Gravis e se virou para a árvore. A árvore estava no meio da praça central, ocupando praticamente todo o espaço. Seu tronco já tinha mais de 30 metros de largura, e seu galho mais alto alcançava quase a mesma altura da imponente Torre do Relâmpago.
Surpreendentemente, a árvore não tinha folhas. Para todos os efeitos, parecia morta. No entanto, o raio que ela acabara de lançar em Gravis mostrava o contrário.
Gravis não fazia ideia do que estava acontecendo, mas o Velho Relâmpago parecia conhecer esse tipo de árvore. Ele olhava para a árvore com admiração e espanto.
— A Bétula1 de Freya — disse o Velho Relâmpago, chocado.
Alguns dos discípulos olharam com choque para a árvore depois de ouvirem essas palavras, mas a maioria deles só mostrou confusão. Essa árvore era capaz de controlar o Raio da Vida? Como isso era possível?
— Me acerte com seu raio! — gritou o Velho Relâmpago para a árvore. No entanto, a árvore não reagiu. Aparentemente, ela não era fã da pessoa que acertou seu criador com a bengala várias vezes. Era um organismo recém-nascido, sem conhecer nada sobre o mundo. Ela só sabia que Gravis a havia criado, então não queria ajudar mais ninguém.
O velho continuou gritando para que a árvore o atingisse com seu raio enquanto Gravis a observava com admiração. Gravis estendeu seu Espírito até a árvore e sentiu uma ressonância de proximidade e calor. Ao inspecionar a árvore, Gravis também notou sua força.
“Planta de Energia Intermediária”, ele concluiu. Isso era bastante impressionante para uma árvore recém-nascida. Essa coisa provavelmente era tão forte quanto aquela outra árvore onde Gravis encontrou Skye.
“Além disso, bétulas não deveriam ser brancas? Por que essa coisa é marrom-acinzentada?” Gravis pensou ao se lembrar do suposto nome da árvore.
— Olá? — Gravis falou com a árvore com seu Espírito. Após dizer isso, a árvore balançou levemente. Gravis ficou agradavelmente surpreso ao ver isso. A comunicação com o Espírito era diferente da comunicação com as palavras. O Espírito transmitia diretamente os conceitos para a outra pessoa.
A fala tentava transmitir um conceito transformando-o em palavras. A outra pessoa precisava decifrar as palavras e tentar entender o conceito que a primeira pessoa tentava transmitir. Claro, isso não era eficiente, pois era difícil traduzir conceitos complexos em palavras.
O Espírito era melhor nesse sentido, pois não era necessário conhecer nenhuma palavra. Enquanto essa árvore, obviamente, não conseguia entender palavras, ela compreendeu o conceito que o Espírito de Gravis transmitiu. O conceito era apenas uma saudação calorosa e o reconhecimento de sua existência.
Os discípulos continuavam observando em confusão. Nesse ponto, o ódio deles por Gravis havia sido esquecido. Agora, eles estavam apenas interessados na árvore. Muitos deles pensavam sobre possíveis usos do Raio da Vida e ficavam animados. Uma cura gratuita, sempre que quisessem, era sempre útil.
Gravis se aproximou da árvore, ignorando o velho que ainda discutia com ela. Quando se aproximou, um galho se estendeu em sua direção. Gravis não se esquivou, pois sabia que a árvore não queria fazer nada de mal para ele.
O galho se enrolou ao redor do torso de Gravis, puxando-o para cima. Após alguns segundos, colocou Gravis de volta na posição onde ele estava anteriormente, quando havia criado a árvore involuntariamente. Nesse momento, Gravis percebeu o que ela queria. A sensação de fome que vinha dela só confirmou sua suspeita.
— Ei, velho! — Gravis gritou.
O Velho Relâmpago finalmente parou de discutir com a árvore e olhou para Gravis. — O quê? — ele gritou.
— Ela quer mais raios — Gravis gritou, estando a cerca de 500 metros no ar. Afinal, a árvore era bem grande.
— Não há mais raios! — o Velho Relâmpago transmitiu com seu Espírito. Gritar de tal distância parecia estúpido. — Se você absorver mais raio, ele nunca mais vai se regenerar.
Gravis pensou por um momento, mas então teve outra ideia. — Ei, velho. E quanto ao raio dos seus discípulos? — ele transmitiu.
A essa altura, o Velho Relâmpago parecia ter se acalmado. Ele não olhava mais para Gravis como se ele tivesse criado uma calamidade. Afinal, algo positivo tinha surgido do uso excessivo de raio por parte de Gravis.
— Isso não vai funcionar! — o Velho Relâmpago transmitiu. — A Bétula de Freya só consome Raio da Vida. Claro, essa dieta pode ser suplementada com Bestas de Energia e Bestas Espirituais. Infelizmente, os corpos dessas bestas só ajudam a regenerar seu armazenamento atual de Raio da Vida. Para aumentar sua cultivação, ela precisa de Raio da Vida puro.
— Ah, então isso não é problema — Gravis disse.
— Basta fazer os discípulos me atacarem com seus raios, e eu vou fazer tanto Raio da Vida quanto ela quiser.
Os olhos do Velho Relâmpago se arregalaram. — Você consegue fazer isso? Como isso é possível? — então, ele começou a alisar sua barba novamente, pensativo. — Embora, você também tenha criado a árvore ao absorver raio — o Velho Relâmpago transmitiu com um suspiro — Acho que devo parar de tentar te entender com a lógica comum. Certo, vou fazer os discípulos usarem seus raios em você.
— Mas — o Velho Relâmpago disse com os olhos semicerrados. — Precisamos realmente conversar depois disso!
Gravis assentiu com um sorriso. — Combinado.
Nota:
[1] Árvore comum no hemisfério norte, admirada por sua casca branca. O nome da mesma em inglês é Birch, que é sinônimo de Nascer; então a Árvore também pode ser chamada de O Nascimento de Freya.