— Não é meio aterrorizante pensar que um de nós acredita ter vivido por 22 anos, mesmo que ele não tenha sequer estado vivo por um dia? — disse Gravis B.
Os dois estavam sentados no meio da ‘arena’. Era difícil determinar o meio desse vasto vazio que parecia infinito, mas decidiram que o centro seria onde a distância entre as portas fosse mais ou menos a mesma.
Gravis A assentiu. — É realmente aterrorizante — ele disse. — Além disso, se tudo é idêntico tanto para a cópia quanto para o original, será que existe realmente uma cópia e um original?
Gravis B coçou o queixo. — Bem, um de nós viveu mais tempo que o outro, então deve existir um original — ele explicou, levantando um dedo. — Acho que o que você queria dizer é que talvez um de nós não esteja vivo ou não seja um humano real.
Gravis A também coçou o queixo. — Sim, isso seria mais preciso. Um de nós foi gerado por duas pessoas, enquanto o outro foi criado pelo Céu.
Gravis B continuou. — Mas, não foi o Céu que deu vida a tudo em primeiro lugar? Então, a origem de ambos não é a mesma? Um humano criado pelo Céu é menos humano que um nascido de duas pessoas?
Gravis A franziu a testa. — Entendi o que você quer dizer. Me pergunto, são nossas memórias, alma e sentimentos que fazem de nós humanos? Uma vida gerada pelo Céu vale menos que uma vida nascida de pessoas?
Gravis B pensou por um tempo. — Acho que não. Ambos acreditamos que somos o original, e se nosso caminho terminar, vamos nos sentir tão feridos quanto o outro. Emoções e a vontade é o que define uma vida, ao menos é o que eu acho.
Gravis A assentiu. — Também acho. Mesmo acreditando que sou o original, ainda me sentiria mal se tivesse que te matar. Afinal, você sou eu. Seria o mesmo que me matar, só que sem as consequências diretas para minha própria vida.
Gravis B riu um pouco. — Não é interessante? Não importa se um ou os dois morrem, o Céu terá matado a mim de qualquer maneira. Então, sob certa perspectiva, o Céu já venceu.
Gravis A franziu a testa. — Isso é realmente uma vitória? Digo, se um de nós sobreviver, ainda será uma ameaça ao Céu.
Gravis B coçou mais o queixo. — Falando nisso — ele disse — me pergunto se a cópia continuaria viva ou simplesmente se dissiparia.
Gravis A não havia pensado nisso e também começou a refletir. — Honestamente? Não faço ideia. Pode ser que a cópia desapareça, mas também pode ser que ela continue vivendo, acreditando que é o verdadeiro Gravis.
Gravis B franziu as sobrancelhas novamente. — Isso realmente faz sentido. Acho que os outros estão enfrentando o mesmo teste agora. Se não importa qual sobreviva, eles provavelmente vão sobreviver a este teste.
Gravis A assentiu. — Uma das Joyces provavelmente se mataria pela outra. Os Manuels talvez tivessem uma competição justa, mas não tenho certeza sobre os Neros. Ele deve estar em uma situação semelhante à nossa. Afinal, dois ataques com a adaga poderiam matar facilmente o outro.
Gravis B suspirou. — Então, este teste é especialmente horrível para nós, porque temos um estilo de luta tão agressivo. As chances de ambos morrermos são incrivelmente altas, e essa seria a única maneira real de falhar neste teste.
Gravis A bagunçou o cabelo. — Isso é frustrante — ele gemeu. — Já desvendamos todo o esquema do Céu, mas ainda assim não conseguimos ver uma saída para isso!
— Sei o que você quer dizer — Gravis B disse, inclinando-se para trás. — Estamos realmente condenados a nos matar? — ele refletiu.
Gravis B não estava preocupado com um ataque repentino de Gravis A. Afinal, Gravis B não faria algo assim, o que significava que Gravis A pensava da mesma forma. Por isso era possível que eles conversassem assim.
— Me pergunto — Gravis A disse, também se inclinando para trás agora. — Por que o Céu não criou uma cópia e a modificou um pouco para que ela atacasse? Assim, seríamos forçados a lutar.
— Que pergunta estúpida — Gravis B disse, entediado. — Você já sabe a resposta, então por que perguntar?
Gravis A revirou os olhos. — Só estou conversando, cara — ele disse. — Mas sim, eu sei a resposta. Se o Céu alterasse o segundo Gravis, o original saberia imediatamente que era o verdadeiro. Toda hesitação desapareceria.
Gravis B suspirou. — Sim. Além disso, se a cópia fosse a que sobrevivesse, seria um Gravis completamente diferente. Digo, o Céu basicamente tem controle total sobre tudo neste teste, mas no fundo, este teste ainda é para refinar pessoas. O Céu mais elevado pode ter algo contra alterar diretamente o cultivador.
Gravis A assentiu. — Para ser bem honesto, o Céu mais elevado até agora não se mostrou tão ruim assim.
Gravis B estreitou os olhos. — Já esqueceu da Stella? — ele perguntou com frieza na voz.
Gravis A suspirou novamente. — Não esqueci. Só quis dizer em comparação a este Céu inferior. Sim, o Céu mais elevado ainda fez algo horrível com Stella, e eu não vou perdoá-lo por isso, mas em comparação com este Céu inferior, ele é muitas vezes mais razoável.
Gravis B olhou para o ‘céu’ de sua posição deitado. Agora, ambos estavam deitados no chão, um ao lado do outro. — Mas em comparação com este Céu inferior, tudo parece mais razoável. Acho que não dá para usar isso como padrão para julgar os outros.
Gravis A soltou uma risada. — Verdade. Qual é o ponto de comparar tudo com este Céu inferior, se obviamente tudo vai parecer melhor que ele?
— Verdade — disse Gravis B.
Depois dessa palavra, um longo silêncio surgiu. Nenhum dos dois disse mais nada, enquanto permaneciam calados, pensando em uma forma de sair daquela situação.
BZZZ!
Uma pequena bola de raio apareceu na mão de Gravis A, e ele a jogou em direção a Gravis B. Gravis B, que não esperava algo assim, se sobressaltou, mas a bola de raio foi inofensivamente absorvida.
Gravis A deu uma risadinha ao ver Gravis B se assustar. Gravis B ficou inicialmente um pouco irritado, mas depois suspirou. Ele podia entender por que aquilo era engraçado. Parece que Gravis A o pegou desprevenido.
BZZZ!
Gravis B lançou uma Lança de Relâmpago, mas Gravis A nem reagiu. — Ah, qual é. Você sabe que não pode me surpreender com isso. Afinal, eu já usei isso.
— Fiz mais por mim do que por você — disse Gravis B.
— Você quer dizer por mim? — perguntou Gravis A com um sorriso.
Gravis B bufou. — Acho que sim.
BZZZZ!
Gravis A lançou outra bola, mas ela foi interrompida antes de atingir Gravis B. A bola flutuava inofensivamente no ar. — Mas agora você fez a mesma coisa de novo.
Em vez de responder, Gravis A olhou com interesse para a bola flutuante. — Como você faz ela flutuar assim? — ele perguntou.
Gravis B ficou um pouco surpreso com a pergunta boba. — Porque é raio, e raio sou eu.
De repente, ambos os Gravis abriram os olhos, espantados com a realização. Então, olharam um para o outro e começaram a rir alto, felizes. Em seguida, levantaram-se e se encararam com sorrisos.
— Se Gravis A é igual a raio — Gravis A disse.
— E Gravis B é igual a raio — Gravis B completou.
— Então, Gravis A é igual a Gravis B! — gritaram ao mesmo tempo, enquanto corriam em direção um ao outro. Ao mesmo tempo, invocaram seus sabres e os jogaram de lado.
BANG!
Os dois Gravis colidiram.
Seus relâmpagos se fundiram.
Seus Espíritos se tocaram. Sentindo que era apenas mais uma parte de si mesmo, o Espírito se combinou em um só, e os Espaços Espirituais se fundiram.
Suas vontades se enfrentaram brevemente, mas então se misturaram. A compressão da vontade foi de 0,2% para 0,1%.
O relâmpago duplicou. O Espírito duplicou. A vontade duplicou. A única coisa que não duplicou foi o corpo.
O novo Espírito e o relâmpago se reuniram no ponto onde os torsos dos dois Gravis se tocavam, e após alguns segundos, ambos se fundiram aleatoriamente em um dos corpos.
BANG!
Um dos Gravis abriu os olhos, enquanto o outro caía no chão, morto.
— O Céu só permite que um de nós sobreviva. Mas isso não significa que um de nós precise morrer. Só precisamos nos tornar um só — Gravis disse com um sorriso. Então, ele riu alto.
— Obrigado, Céu! Você me permitiu ficar ainda mais poderoso! Agora, não só o meu Espírito está incrivelmente forte, como meu raio também alcançou o Estágio da Árvore. Você é gentil demais — Gravis gritou, fazendo uma reverência sarcástica.
Whoop!
Gravis recuperou os dois sabres. Sua arma havia acabado de dobrar. Isso era bom.
Gravis olhou para o seu Espaço Espiritual tremendo. O Espaço Espiritual estava grande demais agora e tinha problemas para se manter estável. Mas Gravis só precisava alcançar o Estágio do Eu para resolver esse problema.
Com um sorriso de satisfação, Gravis olhou novamente para o céu. — Você falhou de novo, Céu! Queria me matar, mas acabou aumentando minha força mais uma vez. Cara, deve ser horrível ser você agora — Gravis gritou, rindo.
Vendo que nenhuma resposta veio, Gravis entrou em seu Espaço Espiritual e observou o lugar abarrotado de raios.
— Hora de alcançar o Estágio do Eu.
Enquanto isso, o Céu estava se preparando para a sua batalha contra Gravis. Sua arma secreta havia falhado.
Agora, nada mais estava entre o Céu e Gravis.
Ele tinha que vencer essa luta!