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Lightning Is the Only Way – Capítulo 353

O Amor de uma Mãe

Gravis entrou no quarto e viu sua mãe parada bem em frente à porta com um sorriso. Ela usava um confortável robe branco, que lhe dava uma aura graciosa. Seus cabelos brancos esvoaçavam em uma brisa etérea inexistente, quase como se estivessem submersos na água.

— Bem-vindo de volta, Gravis — disse ela, enquanto o abraçava diretamente.

Gravis não se surpreendeu por ela já saber que ele tinha voltado. Afinal, a esposa do Opositor também precisava ser poderosa. Ele rapidamente retribuiu o abraço e sentiu uma sensação de calor fluindo dentro dele. Sempre fora muito próximo de sua mãe, embora ela raramente se envolvesse em seu cultivo.

— Estou em casa, mãe — disse Gravis. — Senti sua falta.

— Também senti a sua — respondeu ela suavemente, ainda o envolvendo no abraço. O amor de uma mãe costumava ser mais direto do que o de um pai, e isso o deixava feliz. As únicas pessoas com quem ele podia se aproximar sem se preocupar com o Céu eram seus pais.

Joyce, Skye e todos os outros amigos dele podiam morrer a qualquer momento. Nenhum deles estava seguro. Mesmo que o Céu quisesse aumentar o poder deles para usá-los contra Gravis no futuro, só aumentaria a Sorte Cármica deles. E, com Sorte Cármica ou não, as pessoas ainda podiam morrer. Afinal, todas as pessoas que Gravis já havia matado tinham mais Sorte Cármica do que ele.

Mas isso não se aplicava aos seus pais. Sua mãe era poderosa e estava protegida por seu pai. Enquanto o Céu mais elevado não conseguisse matar seu pai, sua mãe estaria segura. E, se seu pai morresse, Gravis provavelmente morreria logo em seguida. Sem seu pai, nada impediria o Céu de simplesmente aniquilá-lo.

Por isso, Gravis conseguia relaxar completamente nos braços de sua mãe. O medo do impacto emocional da perda não existia quando estava com seus pais. Assim, ele finalmente podia abaixar suas defesas emocionais.

Controlar as emoções, no entanto, não era fácil. Mesmo abraçando sua mãe, ele só sentiu um pouco do calor que costumava sentir. Antes de partir para o mundo inferior, sentia-se mais feliz ao lado dela. Infelizmente, esse calor havia diminuído, e isso o incomodava.

Ele se sentia culpado por não reagir emocionalmente como antes. Era como se seu amor por ela tivesse enfraquecido, o que o deixava angustiado.

— Você virou um homem agora, Gravis — disse sua mãe.

Gravis assentiu levemente. — Mhm — murmurou.

— Olhe só para você — disse ela, feliz, enquanto soltava o abraço para observá-lo. — Seu cabelo e seus olhos mudaram de cor. E você também tem uma aura mais madura e masculina agora.

Ela apertou as bochechas de Gravis com um sorriso. — As garotas devem estar loucas por você — brincou, passando uma mão pelos próprios cabelos. — Garotas adoram cores de cabelo exóticas.

— Mãe — disse Gravis, envergonhado e um pouco indignado. — Eu não quero me envolver em um relacionamento agora.

Sua mãe arqueou uma sobrancelha, mas manteve o sorriso. — Por quê?

Gravis suspirou. — Porque a chance de minha parceira morrer é muito alta.

— E daí? — ela perguntou.

Gravis ficou confuso. — Como assim, ‘e daí’? Não entende?

Ela balançou a cabeça lentamente, ainda sorrindo. — Todos nós morremos. Em algum momento, seu pai e eu também vamos morrer. Se fechar ao amor só por medo da morte eventual é tolice. E os mortais? Eles têm uma vida muito mais curta e ainda assim amam.

Gravis soltou outro suspiro. — Para os mortais é diferente — respondeu.

— Não, não é — disse sua mãe, colocando as mãos nos ombros dele. — A vida dos mortais é ainda mais frágil que a dos cultivadores. Ladrões, bestas selvagens, doenças, guerras, cultivadores, batalhas, fome e tantas outras coisas podem matá-los ou seus entes queridos a qualquer momento. Se todos temessem tanto a dor, não existiriam mais humanos.

— Sim, mas eu não sou obrigado a ter filhos — explicou Gravis.

— Hmmm — murmurou ela, tocando o queixo com os dedos longos e elegantes. — Isso é verdade — admitiu — mas as pessoas não entram em relacionamentos só para ter filhos. Elas fazem isso porque se amam.

Gravis soltou um suspiro trêmulo. — E o que eu ganho com o amor? — perguntou ele.

Sua mãe balançou a cabeça e se dirigiu à cama para se sentar. Depois, deu tapinhas no colo, indicando que ele deveria se deitar ali.

Gravis sentiu-se um pouco envergonhado. Às vezes, ele achava que sua mãe se empolgava demais com seu papel. — Mãe, eu sou maior e mais pesado que você.

— Ah, vamos lá — disse ela, fazendo um biquinho. — Você sempre ficava feliz de deitar no meu colo.

— Sim, quando eu tinha dez anos. Agora tenho 22 — respondeu, sem muita paciência.

Ela balançou a cabeça novamente.

Whoop!

De repente, Gravis se viu deitado na cama, com a cabeça no colo da mãe. Ele tentou se levantar rapidamente, embaraçado, mas ela o empurrou de volta com delicadeza.

— Ei, ninguém está olhando. Você não precisa agir todo durão e orgulhoso comigo. Sou sua mãe, e, se não quiser fazer isso por você, faça por mim, tá bom? — ela disse calmamente.

Gravis soltou um suspiro, mas deixou sua cabeça descansar no colo dela.

— Olha só o quão bagunçado está seu cabelo. Os cultivadores não deveriam ser limpos? — disse ela, fingindo frustração enquanto passava os dedos pelos fios dele.

Gravis franziu a testa. — Meu cabelo não está sujo.

Sua mãe suspirou, como se estivesse sem paciência. — Pode não parecer pra você, mas outras garotas vão notar. Não é só sujeira que deixa algo sujo. Seu cabelo está cheio de nós e cresceu de forma completamente desordenada. Parece que você não toca nele há séculos.

Gravis pensou por um momento enquanto sua mãe arrumava seu cabelo. — Acho que nunca mexi nesse cabelo novo.

— Pff — ela riu. — Não é de se admirar que esteja tão bagunçado! Vou consertar isso rapidinho! — disse, sorrindo motivada.

Gravis suspirou mais uma vez. — Qual é o sentido disso? Estar bonito não vai me ajudar na minha jornada.

Sua mãe balançou a cabeça novamente. — Talvez não ajude, mas faz você se sentir bem. Tem a ver com autoconfiança e respeito por si mesmo. Afinal, é o seu corpo, uma parte de você. Você se orgulha da sua mente e da sua vontade, certo? Por que não se orgulhar do seu corpo também?

— Bom, minha mente e minha vontade me ajudam no cultivo. Estar bonito não.

— E qual é o objetivo do seu cultivo? — ela perguntou, ainda mexendo em seu cabelo. Ela cortava algumas mechas com a ponta dos dedos, sem precisar de tesoura ou lâmina. Como alguém no Reino Unidade, o cabelo de Gravis era forte o suficiente para levantar toneladas, mas sua mãe não teve dificuldade em apará-lo.

— Ganhar liberdade — respondeu Gravis. Após deixar a vergonha de lado, ele começou a se sentir muito mais calmo. Algo dentro dele irradiava uma energia tranquila, como as suaves ondas de um lago.

— E o que você ganha com a liberdade? — ela perguntou.

Gravis franziu as sobrancelhas. A liberdade não era, por si só, a recompensa? — Não entendo o que você quer dizer — ele respondeu.

— Estou perguntando o que você ganha com a liberdade. Por que você quer ser livre? — ela insistiu.

— Porque eu não quero que meus entes queridos, nem eu mesmo, morram — disse ele.

— Mas se você não tiver pessoas queridas, além de mim e do seu pai, claro, qual é o sentido da liberdade? — ela perguntou com um sorriso.

Gravis franziu ainda mais as sobrancelhas. — Com liberdade, eu posso procurar pessoas com quem eu me importe — respondeu.

Sua mãe suspirou. — Sim, mas você vai encontrá-las? — ela perguntou.

Por algum motivo, Gravis sentiu um nervosismo crescente. — O que você quer dizer?

A expressão de sua mãe ficou um pouco mais triste. — Após viver milhares, milhões ou bilhões de anos sozinho, você ainda será capaz de sentir amor? Nesse ponto, você pode até lembrar o que é o amor como conceito, mas será que você ainda conseguirá senti-lo de verdade?

O interior de Gravis tremeu. Isso era realmente possível?

— Também percebi sua reação quando nos abraçamos — disse sua mãe, fazendo Gravis se sentir desconfortável. — Mesmo após seis anos sem me ver, você ficou feliz, mas também pareceu mais distante. Foi quase como se eu fosse uma estranha para você. — Agora, com o cabelo dele arrumado, ela apenas acariciava sua testa suavemente.

— Desculpe, mãe — Gravis disse com a voz trêmula.

— Ei, não se preocupe — ela respondeu. — Eu entendo. Faz seis anos que não nos vemos, é natural que você se sinta um pouco distante. Isso é normal. Mas é exatamente isso que estou tentando mostrar. Você já se sente assim após seis anos. Como vai se sentir após milhares? — ela perguntou.

Gravis não soube como responder.

— Se você não quiser que seu objetivo se torne vazio e sem sentido, precisa aprender a amar de novo. Imagine o momento em que o Céu finalmente morrer e você estiver livre. E depois? O que você vai fazer então? — ela perguntou.

Gravis refletiu sobre isso por um tempo, mas a resposta parecia difícil de encontrar.

— Eu não sei — ele disse.

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