— Achamos que o território vizinho foi tomado. Por isso, vocês cinco vão investigar o território — uma poderosa hiena transmitiu para cinco pequenas cobras.
— Tem certeza de que…
BANG!
A cobra que falava foi arremessada pela hiena. — Vocês, bestas de classe inferior, não têm direito de opinar. A única razão pela qual ainda estão vivos é porque parecem bestas marinhas! Agora, se não quiserem morrer, vão e façam a patrulha! — a hiena gritou.
As outras quatro cobras olharam para o irmão com raiva e pena. Ainda assim, não estavam com raiva dele, mas dessa Tribo.
Elas nasceram na Tribo Hiena. Seus pais eram serpentes marinhas capturadas e forçadas a se reproduzir. Antes mesmo de entenderem qualquer coisa, seus pais foram mortos. Depois disso, as cobras foram criadas pelas hienas.
A Tribo Hiena, como o nome sugere, era uma Tribo liderada pelas Hienas. Mais de 90% de sua população era composta por Hienas da mesma família. Chamá-la de Clã seria mais preciso do que Tribo.
— Ou vocês investigam ou morrem agora mesmo! — a hiena gritou. — Vocês ainda têm chance de sobreviver enquanto nos trouxerem boas informações. Não investimos tantos recursos no crescimento de vocês para que não façam nada. Saibam seu lugar, lixo!
As cobras estavam furiosas. Todas eram apenas Bestas Espirituais de grau médio. No entanto, em uma Tribo cheia de Bestas Espirituais de grau alto, elas nem conseguiam se defender. Todos os dias, precisavam suportar os insultos das hienas, sem poder reagir.
Mas o que poderiam fazer? Estavam sob vigilância constante, tornando impossível fugir para o mar. Além disso, fugir para outra Tribo exigiria que passassem pelo fatal Processo de Presa.
Tornar-se Presa de outra Tribo era incrivelmente perigoso. Precisariam lutar contra várias bestas em duelos, e só se vencessem todas as lutas poderiam se tornar parte da Tribo. Além disso, bestas que se juntavam pelo Processo de Presa geralmente tinham posições mais baixas.
Essas cinco cobras eram bastante espertas. Por isso, perceberam que não tinham escolha a não ser obedecer às hienas tirânicas.
— Certo — a mesma cobra de antes disse, derrotada. Não havia nada que pudessem fazer.
A hiena bufou. — Ótimo! Então, vão! Se não voltarem em cinco horas, sofrerão um castigo severo.
As cobras não protestaram e seguiram para a cordilheira que fazia fronteira com a Tribo Rio. Um pequeno suricato, outro cidadão de classe baixa, já havia cavado um túnel até o rio que separava as duas Tribos. Sem dizer uma palavra, as cobras entraram no túnel e cruzaram para o outro território.
Assim, quase cinco horas se passaram.
Pouco antes de o tempo acabar, uma das cobras voltou, extremamente ferida. A hiena viu, mas não reagiu. — Relate — ela exigiu.
A cobra parecia frustrada e horrorizada. — Meus irmãos traíram a Tribo — disse, com dor.
Ainda assim, a hiena não acreditou totalmente na história. — E você não foi com eles? — perguntou com os olhos semicerrados.
A pequena cobra tremeu de medo. — Eu… eu estava com muito medo de morrer. Eles decidiram se tornar Presas, mas eu não quero morrer.
A hiena ainda não estava convencida. — Por que está ferida? — perguntou.
A cobra parecia incrivelmente irritada. — Quando eu disse que voltaria, todos decidiram me atacar.
— Por quê? — a hiena perguntou.
— Se eu voltasse, seria obrigado a relatar o estado atual do território. Eles disseram que, se ninguém retornasse, vocês não atacariam tão rapidamente, dando-lhes tempo para se prepararem para a nossa invasão — a cobra relatou.
A hiena bufou novamente. — E eu devo acreditar que você conseguiu escapar de todos os seus irmãos com vida?
A cobra estreitou os olhos, amarga. — Eles me dominaram rapidamente e me morderam. Nosso veneno é devastador, então eu fingi estar morta, sabendo que não queriam comer uma irmã. Quando se viraram, eu corri rapidamente.
— Como sobreviveu ao veneno? — a hiena perguntou, agora mais convencida.
— Nunca nos mordemos antes. Aparentemente, somos imunes ao veneno uns dos outros. Pensei que iria morrer, mas percebi rapidamente que não estava tão fraco quanto imaginei. Foi aí que percebi que o veneno deles não funcionou — a cobra explicou. Uma marca de mordida, perfeitamente compatível com a de uma cobra, era visível no meio de seu corpo.
A hiena assentiu. — Certo, e o território? — perguntou, sem se importar com os ferimentos da cobra.
A cobra respirou fundo para se acalmar. — Assim como você esperava, a Tribo Areia foi aniquilada. Apenas bestas marinhas restaram atrás das montanhas. Atualmente, estão buscando novas bestas marinhas nos oceanos para aumentar o poder delas. Ainda há muitas bestas marinhas. Estimo que sejam o dobro do nosso número.
A hiena pensou um pouco. — Descobriu algo sobre o Lorde deles? — perguntou.
A pequena cobra tremeu um pouco. — Foi por isso que meus irmãos não quiseram que eu voltasse, pois, se eu contasse, vocês decidiriam atacar imediatamente.
Os olhos da hiena brilharam. — O Lorde deles está morto? — perguntou.
— Sim. O líder da Tribo Areia morreu para o Lorde, mas o veneno do líder da Tribo Areia também matou o Lorde. Agora, a Tribo é liderada por uma cobra marinha incrivelmente inteligente, que luta contra o maior número possível de bestas. Em provavelmente mais um ou dois dias, ela conseguirá se tornar um Lorde.
A hiena estreitou os olhos. — É algo comum. Uma Horda que ocupa um território valioso precisa de um líder poderoso. — Em seguida, a hiena se virou. — Volte para sua toca. Você será recompensada com um cadáver de poder equivalente ao seu.
Os olhos da cobra se arregalaram. — Com todo o respeito, por que você acredita em mim tão de repente? — a cobra perguntou.
A hiena apenas bufou. — A Tribo é sábia e além da sua capacidade de compreensão. Nunca lhe contamos nada específico sobre as Tribos vizinhas. O fato de você saber que o líder da Tribo Areia tinha veneno me mostrou que não inventou isso.
— Além disso — a hiena disse, olhando com desdém para a cobra. — Nenhuma Tribo aceitaria alguém de outra Tribo em menos de cinco horas. Nenhuma besta racional confiaria tão rapidamente em um espião de outra Tribo.
A hiena soltou uma risada leve. — Além disso, ainda temos seus irmãos menores conosco. Se você nos traísse, sabe exatamente o que aconteceria com eles. Você não ousaria fazer nada.
A cobra abaixou a cabeça. — Entendi — ela admitiu, com uma voz fraca.
Então, a cobra foi para sua toca.
Enquanto isso, a hiena foi rapidamente para a sede da Tribo Hiena. Havia uma enorme árvore no meio da Tribo, e todas as hienas de alto escalão viviam ao seu redor. Um grupo de hienas de tamanhos variados caminhava ao redor da árvore, mas nenhuma delas ousava entrar em sua sombra.
No entanto, essa hiena entrou diretamente na sombra. Após alguns segundos, foi acompanhada por outras duas hienas que caminharam ao lado dela. Qualquer hiena que entrasse na sombra era obrigada a encontrar a Matriarca, mas precisava ter uma razão muito boa. Caso contrário, seria morta.
Depois de caminhar um pouco, as três hienas pararam diante de uma hiena branca, mas relativamente pequena. Quase todas as outras hienas eram muito maiores do que ela. No entanto, ninguém ousava ser desrespeitoso. Essa era a Matriarca.
— Sim? — ela perguntou com um sorriso aparentemente amável.
A hiena que veio visitá-la imediatamente sentiu medo ao ver aquele sorriso. — Grande Matriarca, venho relatar que o oceano anexou a Tribo Areia.
A Matriarca assentiu. — Algo mais? — ela perguntou.
A hiena ficou mais nervosa. Obviamente, a informação que trouxera não era suficiente para satisfazer a Matriarca. — O Lorde invasor conseguiu matar o Lorde da Areia, mas morreu para o veneno dele logo depois. No momento, uma cobra marinha está rapidamente lutando e devorando bestas para se tornar o novo Lorde.
Agora, a Matriarca demonstrou interesse. — Você apostaria sua vida nessa informação? — ela perguntou.
A hiena rangeu os dentes. — Sim — disse. Tinha que apostar sua vida. Se não o fizesse, a Matriarca a mataria por trazer informações não confiáveis. Era sempre arriscado falar com a Matriarca, mas se alguém conseguisse sobreviver a um encontro com ela, receberia grandes recompensas.
A Matriarca pensou por um instante. — Pequeno Tesouro, você se interessa por isso? — a Matriarca perguntou.
A hiena não sabia para quem a Matriarca estava se referindo, mas outra hiena rapidamente respondeu. — Estou interessada, mãe. Desde que me tornei um Lorde, pensei em ter meu próprio território. Claro, só vou seguir esse pensamento se você permitir — disse a hiena.
Essa hiena era um pouco maior do que a Matriarca. No entanto, em vez de ser branca, era vermelha como sangue. Além disso, seus dentes pareciam muito mais imponentes do que os das outras hienas.
— Está bem — disse a Matriarca — mas deixe a Tribo praticar um pouco antes de matar esses camarões sozinha. Peixe é bem gostoso.
— Claro, mãe — respondeu a hiena vermelha.
— Depois da luta, você pode governar em meu lugar, mas não se esqueça… — a Matriarca disse, sorrindo para a filha — eu sou a verdadeira líder. Por lhe dar este território, exijo o cadáver de outro Lorde. Você tem um ano para me trazer esse cadáver. Se não trouxer, você sabe o que acontecerá.
— Claro, mãe — respondeu a hiena vermelha.
A Matriarca riu um pouco. — Muito bem, muito bem. Agora, vá brincar com os filhotes dos vizinhos.
— Claro, mãe — a hiena vermelha respondeu, respeitosamente, e saiu.
— E você — a Matriarca disse, voltando a olhar para a hiena que havia trazido o relato — será recompensada com dois cadáveres de poder equivalente ao seu. Isso, é claro, apenas se a informação estiver correta. Afinal, você apostou sua vida nisso.
A hiena tremeu um pouco. Correra o risco de relatar aquilo exatamente por essa recompensa.
— Sim, Grande Matriarca. Obrigado, Grande Matriarca — disse.
— Pode ir — a Matriarca disse.
A hiena rapidamente se afastou, mantendo o tronco inclinado para baixo.
Ela havia sobrevivido a esse encontro. Investir nas pequenas cobras finalmente valeu a pena!