Orthar e Silva avançaram um contra o outro agressivamente. Porém, ambos conheciam o estilo de luta do outro perfeitamente. Silva queria usar seu raio de veneno para acabar rapidamente com a luta, mas Orthar nunca lhe deu essa chance.
Silva sabia que Orthar podia moldar seu corpo em diferentes formas. Disparar um raio de veneno consumia muito poder, o que significava que ele precisava de uma boa oportunidade para acertar Orthar. Contudo, Orthar nunca lhe dava essa oportunidade.
Por outro lado, Orthar tentava ao máximo cavar seu caminho pelo corpo de Silva, mas Silva nunca dava uma abertura. Silva sabia que morreria se Orthar conseguisse penetrar em seu corpo, enquanto Orthar sabia que morreria se fosse atingido pelo raio de veneno de Silva.
E assim, a luta continuou por vários minutos.
As bestas que assistiam estavam extremamente nervosas e assustadas. Todos temiam a possibilidade de que tanto Orthar quanto Silva morressem. Se isso acontecesse, não teriam mais ninguém para protegê-los. Se Orthar sobrevivesse, poderiam ficar. Se Silva sobrevivesse, poderiam partir. Ambas as opções eram aceitáveis, mas e se ambos morressem?
Todos sabiam que as chances de ambos morrerem eram altas. O motivo era o veneno de Silva. Orthar era melhor em combate corpo a corpo, mas Silva só precisava acertar um golpe para vencer. As bestas sabiam que Silva não daria a vantagem a Orthar para atacá-lo. Se Silva fosse encurralado, talvez se sacrificasse para levar Orthar com ele.
Orthar não tinha motivo para morrer, mas Silva tinha. Se Orthar morresse, seu caminho chegaria ao fim, mas se Silva morresse, pelo menos poderia se consolar com o fato de que seus companheiros sobreviveriam. Claro, essa seria a última opção.
Aos poucos, algumas bestas começaram a olhar para Orthar com um pouco de intenção de batalha. Se Orthar ganhasse vantagem, provavelmente os dois morreriam, mas se Silva ganhasse vantagem, apenas Orthar morreria. Por isso, algumas bestas decidiram seguir Silva.
BOOM!
Uma besta saltou para frente na tentativa de distrair Orthar. Só precisava dar a Silva uma leve vantagem para que ele vencesse!
BOOM!
No entanto, uma poderosa nevasca surgiu e parou a besta. Então, um corpo imponente jogou a besta para o lado.
Liza se envolveu.
— Não permitirei qualquer interferência! — disse ela com seu sorriso usual. — Eles decidiram lutar entre si, e mesmo que Silva tenha deixado a Tribo, ainda o considero parte dela. Por isso, não permitirei interferência nesta luta! — ela gritou.
A besta que Liza jogou se levantou com raiva. Por que essa inútil, que nunca lutava contra outros, tinha que se envolver!? Enfurecida, a besta investiu contra Liza.
Liza riu e enfrentou a besta. — Faz tempo que não me refinava! Venha! — ela gritou com intenção de batalha.
A besta e Liza se afastaram da luta entre Orthar e Silva. Liza não queria que sua luta interferisse na de Orthar e Silva, enquanto a besta não queria distrair Silva. A besta sabia que Silva se importava com eles, e se Silva visse a besta perdendo, poderia tentar salvá-la. Então, Orthar teria uma oportunidade.
Silva percebeu a luta e ficou frustrado. — Não se envolvam na minha luta! — ele gritou enquanto defendia os ataques de Orthar. — Estou lutando para que todos vocês possam sobreviver. Se vocês se envolverem, minha luta será inútil!
No entanto, essa pequena distração deu a Orthar uma oportunidade. Orthar aproveitou a brecha para arrancar um dos braços de Silva. Felizmente, isso não o prejudicou muito, já que dependia de seu veneno, não de seus braços.
Mesmo com Silva pedindo para não se envolverem, outra besta investiu. A mentalidade de Silva não importava! Elas estavam se envolvendo não por causa dele, mas porque não queriam que ambos morressem! As palavras de Silva não mudaram nada.
BOOM!
Outra besta atacou a besta atacante. — Isso é um duelo! Somos todos membros da Tribo Rio, e não permitirei que ninguém se envolva! — gritou a segunda besta.
Então, essas duas bestas também começaram a lutar.
Conforme a luta entre Orthar e Silva se arrastava, mais e mais bestas se envolviam. Após vários minutos, mais de dez lutas estavam ocorrendo ao redor.
— Eu disse que isso não é um duelo, mas uma guerra! — Orthar gritou para Silva. — Ideologias colidem, e a mais poderosa emergirá vitoriosa!
— Meus seguidores lutam por mim, enquanto os seus lutam por nada! — Silva gritou de volta. — Temos um laço que nos mantém unidos, enquanto sua ideologia nos separa! De que adianta o poder supremo se você está sozinho!? — Silva proclamou.
Enquanto isso, no céu, Gravis se sentia péssimo. Ele havia feito sua escolha, mas isso não significava que não estava sofrendo. Não queria que seus amigos se matassem, mas não podia se envolver. Afinal, uma decisão assim invadiria a liberdade deles.
Ao ouvir as palavras de Silva, Gravis refletiu. “De que adianta o poder supremo se você está sozinho, hein? Não foi isso que minha mãe disse também?”, ele pensou, lembrando-se de sua conversa com a mãe.
“É realmente a decisão certa permitir que meus amigos se matem?” Gravis pensou, mas depois balançou a cabeça. “No entanto, se eu os forçasse a parar de lutar, ainda seriam meus amigos? Nesse ponto, seriam apenas seguidores. Isso não é o que eu quero.”
E assim, Gravis continuou observando e pensando.
As lutas tornaram-se cada vez mais ferozes com o passar do tempo. Sempre que Orthar ou Silva eram feridos, Gravis sentia-se hesitante.
“De que adianta o poder supremo se você está sozinho? Isso também não é verdade para a liberdade? De que adianta a liberdade total se você está sozinho?”, Gravis pensou. “No entanto, será que a companhia vale o sacrifício da liberdade? Eu conseguiria viver comigo mesmo se forçasse meus amigos a seguirem cada comando meu?”
Agora, Silva e Orthar estavam ambos feridos. Algumas bestas se envolveram, mas Silva queria protegê-las, enquanto Orthar queria matá-las. Por causa disso, as oportunidades que essas bestas criaram para Silva desapareceram sem que ele as usasse. Várias bestas morreram para Orthar, mas Silva estava ocupado tentando defendê-las em vez de desferir um golpe fatal.
“Silva está tentando manter seus companheiros vivos e também vencer”, pensou Gravis. “Ele não percebe que isso resultará em não conseguir nenhum dos dois resultados.”
De repente, o corpo de Gravis se enrijeceu. “Isso não é exatamente como eu agora?”
Após mais um minuto, Silva se preparou para desferir um golpe fatal em Orthar, mesmo que significasse sua própria morte. Ele não podia permitir que mais de seus companheiros se sacrificassem!
WHOOOOOM!
No entanto, antes que pudesse se comprometer com o ataque, uma pressão incrível surgiu ao seu redor, impedindo-o de se mover. O mesmo ocorreu com Orthar.
— Parem! — Gravis gritou para todas as bestas. — Qualquer besta que continuar lutando será morta por mim agora mesmo!
E assim, um silêncio absoluto caiu sobre a Tribo Rio. Ninguém ousou desafiar o Líder.
— Qual o significado disso, Gravis!? — Silva transmitiu com raiva. — Você disse que me permitiria a liberdade de seguir meu próprio caminho! Você mentiu para mim!?
Gravis balançou a cabeça. — Não, não menti. Você terá sua liberdade.
— Então, por que interferiu na nossa luta!? — Silva perguntou, furioso.
Gravis apenas suspirou. — Porque percebi que não conseguiria manter meus amigos vivos se as coisas continuassem assim. Durante essa luta, entendi várias coisas e vou corrigir isso! Hoje, nenhum de vocês morrerá!
Silva e Orthar ficaram em silêncio, enquanto as bestas também ouviam Gravis.
— Silva, sua mentalidade não é feita para alcançar o poder supremo. Ao me seguir, você foi forçado a um caminho que não deseja. Você percebeu isso hoje e quer partir. Essa é sua liberdade, e eu vou concedê-la. No entanto, também percebo que você precisa de ajuda para alcançar seu objetivo. Hoje, eu vou te conceder essa ajuda.
Silva não entendeu o que Gravis queria dizer.
— Orthar — Gravis continuou, olhando para Orthar. — Você esqueceu sua mentalidade original. Quando nos conhecemos, eu disse que apenas o seu próprio poder é importante e que esta Tribo existe apenas para criar pressão para nós mesmos. No entanto, hoje, você colocou o poder da Tribo acima do seu próprio crescimento.
Orthar permaneceu em silêncio e começou a refletir.
— Uma Tribo é um poder externo. Ao sacrificar nosso próprio potencial para manter a Tribo viva, estamos sacrificando justamente aquilo que a Tribo deveria nos proporcionar. Você sempre teve a mentalidade correta para alcançar o poder supremo, mas se perdeu no caminho. — Então, Gravis sorriu amargamente. — Assim como eu.
Orthar ficou em silêncio por alguns segundos e então relaxou o corpo. — Você está certo — disse lentamente e com calma. — Eu estava disposto a sacrificar uma oportunidade de refinamento para manter a Tribo viva. Esqueci minha verdadeira motivação.
A pressão desapareceu de todos, enquanto Orthar e Silva continuavam flutuando no céu.
— Silva — disse Gravis. — Você valoriza a companhia mais do que o verdadeiro poder. Quero que você entenda que não pode ter poder supremo e companhia perfeita. Isso é algo que percebi hoje. Se você quer que seus companheiros o sigam em seu caminho para o poder, precisa permitir que eles morram. Você, obviamente, não consegue fazer essa escolha.
— Portanto, por favor, não expanda sua futura Tribo de forma imprudente. Sacrifique seu próprio poder para mantê-los vivos. Percebi que foi um erro da minha parte forçá-lo ao caminho do poder supremo. Então, por favor, esqueça todas as regras e políticas da Tribo Rio.
Em seguida, Gravis se virou para as bestas.
— A partir de hoje, a Tribo Rio será dissolvida. Os 500 quilômetros ao redor se tornarão meu território pessoal, e eu matarei implacavelmente qualquer besta que permanecer nele.
— Vocês têm seis horas para partir. Se não saírem até lá, eu os matarei!