Gravis não consumiu o cadáver imediatamente, pois isso desperdiçaria parte do seu poder. Afinal, ele não estava no auge. Primeiro, ele precisava se regenerar até seu pico atual para que pudesse se transformar em raio sem que seu Reino caísse ainda mais. Isso levaria apenas cerca de duas horas.
Whoooop!
No entanto, Gravis também não queria simplesmente deixar o corpo ali. Por isso, ele o invocou para dentro de seu Espaço Espiritual. Seu Espaço Espiritual era bastante grande agora, mas ele ainda precisou dobrar o cadáver para que coubesse. Com uma largura de dois quilômetros, o espaço era suficiente para acomodar o cadáver, mas não para que ficasse estendido.
— Para onde foi o cadáver? — o Rei Vermelho perguntou enquanto voava até Gravis.
Gravis franziu as sobrancelhas. Ele não tinha esquecido do Rei Vermelho, mas ainda estava irritado pelo fato de ele o tratar como uma mercadoria.
— Eu tenho um espaço separado onde posso armazenar coisas mortas — Gravis explicou de forma curta e vaga. Não queria dizer mais do que o necessário.
O Rei Vermelho ficou chocado. — Você compreendeu uma Lei relacionada ao espaço? — ele perguntou.
Gravis balançou a cabeça. — Não, é algo único para mim neste mundo. Você já viu o alcance do meu poder, então também sabe quais Leis eu conheço — Gravis respondeu com uma voz nada amistosa.
O Rei Vermelho não pareceu se importar com o tom desrespeitoso de Gravis, mas ainda assim soltou um suspiro de alívio. — Nunca ouvi falar de uma habilidade assim, mas é mais crível do que você saber Leis sobre o espaço. Afinal, essas Leis só apareceram em lendas.
Gravis permaneceu em silêncio.
Ao ver que Gravis não respondeu, o Rei Vermelho apenas riu e começou a voar ao redor dele. — Você tem muitas habilidades peculiares. Pode se transformar em raio, fazer coisas desaparecerem e reaparecerem, fortalecer e enfraquecer o próprio corpo, curar-se instantaneamente, fazer objetos levitarem, e ainda tem esse estranho campo de força que desacelera os oponentes. Você é a besta mais bizarra que já vi.
— Todo benefício tem um custo — Gravis respondeu simplesmente.
O Rei Vermelho riu mais um pouco. — Sim, eu sei. Todas essas habilidades peculiares devem ter um preço. Conte-me mais — o Rei Vermelho pediu.
— Não quero — Gravis respondeu.
O Rei Vermelho franziu as sobrancelhas. — Você sabe que sua vida está em minhas garras, certo? — perguntou.
— Sim, mas você está me suprimindo, e isso é o que eu mais odeio — Gravis respondeu de forma direta.
O Rei Vermelho estreitou os olhos. — Você odeia mais isso do que perder a própria vida? — ele perguntou, ameaçadoramente.
— Acho que não, mas você não vai me matar — Gravis respondeu, olhando nos olhos do Rei Vermelho.
— E o que te faz ter tanta certeza? — o Rei Vermelho perguntou, pousando diante de Gravis. Em comparação com Gravis, parecia incrivelmente pequeno e inofensivo, mas isso estava longe da verdade.
— Você acabou de dizer que sou a besta mais bizarra que já viu, e estava disposto até a sacrificar o Dragão Dourado para me tornar ainda mais poderoso. Se me matar, tudo isso será desperdiçado — Gravis respondeu.
CRRRRR!
Uma quantidade surreal de fogo surgiu do Rei Vermelho, queimando rapidamente as escamas de Gravis. Qualquer besta gritaria de dor, mas Gravis já havia passado por dores muito piores. Ele nem sequer se moveu.
— Vá em frente, me mate — Gravis disse de forma uniforme. — Pelo menos, assim, eu não estaria mais sendo suprimido.
Pela primeira vez, o Rei Vermelho parecia genuinamente irritado. Como uma besta com afinidade ao fogo, o Rei Vermelho já possuía um temperamento intenso. Ele realmente pensou em matar Gravis.
Mas, após algum tempo, o Rei Vermelho se acalmou um pouco. O fogo desapareceu, e o Rei Vermelho olhou para Gravis com um sorriso malicioso. Ver um pássaro sorrir era algo bastante único. — Você realmente odeia ser suprimido, não é? — ele perguntou, sarcasticamente. — Você está disposto a apostar sua vida apenas para ter uma ilusão de escolha.
— Ao me provocar, você quer provar para si mesmo que ainda tem controle sobre a própria vida. — O sorriso do Rei Vermelho se intensificou. — Mas, se estivesse realmente disposto a apostar sua vida, já teria me atacado. Você só quer essa pequena vitória para se sentir melhor consigo mesmo.
— Sim, e daí? — Gravis respondeu simplesmente.
O Rei Vermelho ficou surpreso com a confirmação direta de Gravis. Ele queria que Gravis duvidasse de si mesmo, convencendo-o de que não estava pronto para sacrificar sua vida.
Por alguns segundos, o Rei Vermelho não sabia como prosseguir. Então, ele balançou a cabeça para se recompor. — Bom que você sabe. Então, me diga mais sobre como seus poderes funcionam.
— Não — Gravis respondeu secamente.
O Rei Vermelho esperou alguns segundos, mas Gravis não disse mais nada. Se o Rei Vermelho tivesse dentes, estaria rangendo-os de frustração. — Mas você acabou de confirmar que não está disposto a arriscar sua vida por isso!
— Não estou arriscando minha vida — Gravis disse.
A pálpebra direita do Rei Vermelho começou a tremer. Era óbvio que isso não correspondia à realidade. Era como se o Rei Vermelho dissesse que a água era molhada, mas a outra besta apenas discordasse sem dar um motivo. Toda a situação era surreal.
— Mas você está! — o Rei Vermelho gritou.
— Não, não estou — Gravis respondeu.
O Rei Vermelho sentiu a fúria retornar ao perceber que essa era toda a resposta de Gravis. — Mas eu sou mais forte que você, e posso acabar com sua vida quando quiser! — o Rei Vermelho gritou.
— Sim — Gravis respondeu.
BANG!
O chão sob o Rei Vermelho explodiu quando ele pisou com força, atirando pedras para longe, algumas das quais atingiram o corpo de Gravis. — Então, você está arriscando sua vida agora! — ele gritou.
— Não, não estou — Gravis disse.
Fogo surgiu nos olhos do Rei Vermelho. — Como você não está arriscando sua vida agora? — ele perguntou, com voz ameaçadora.
— Porque você não vai me matar — Gravis respondeu.
— Como tem tanta certeza!? — o Rei Vermelho gritou novamente.
— Você já perguntou isso, e eu já respondi — Gravis disse calmamente.
O Rei Vermelho quase explodiu de raiva ao lembrar que realmente já havia feito essa pergunta.
BOOOOM!
Um feixe de fogo disparou à distância e destruiu uma cordilheira inteira. O Rei Vermelho precisava liberar sua fúria.
— Estou aqui — Gravis comentou.
O corpo inteiro do Rei Vermelho tremia de raiva enquanto encarava Gravis.
Vários segundos se passaram enquanto o Rei Vermelho apenas fitava Gravis furioso. Por alguma razão, ele sentia que estava perdendo o controle da situação. Mas como isso era possível? Ele poderia matar Gravis com um movimento de asa. Toda a situação estava sob seu domínio, então por que sentia que não estava!?
Após mais alguns segundos de silêncio, o Rei Vermelho respirou fundo para se acalmar. — Mesmo que você não aceite, você realmente apostou sua vida agora há pouco — ele comentou.
— Sim, apostei — Gravis respondeu.
E, assim, a fúria do Rei Vermelho voltou. — O quê? — ele perguntou, furioso.
— Eu apenas concordei com sua opinião. Isso é tão estranho para você? — Gravis perguntou de forma serena.
A voz calma de Gravis enfureceu imensamente o Rei Vermelho. Parecia que Gravis estava desconsiderando-o completamente. — E por que sua opinião mudou tão de repente? — ele perguntou lentamente.
— Eu não estava apostando quando você perguntou antes, mas quando você ficou bravo, a situação se tornou uma aposta. As circunstâncias mudaram — Gravis respondeu.
A resposta fazia sentido, mas ainda assim irritou o Rei Vermelho. — E, me diga, você acha que está apostando sua vida agora ou não? — ele perguntou.
— Essa é uma pergunta paradoxal — Gravis respondeu.
O Rei Vermelho ficou imóvel por alguns segundos. Ele não esperava essa resposta. — O quê? — ele perguntou.
— Se eu disser sim, eu não estaria apostando minha vida, pois você não ficaria mais zangado. Mas se eu dissesse não, você ficaria mais zangado, e eu estaria apostando minha vida. Por isso, minha resposta sempre estará errada, tornando essa pergunta paradoxal — Gravis explicou calmamente.
Enquanto o Rei Vermelho ouvia Gravis, sua raiva aumentava novamente. Mas, após alguns segundos, ele respirou fundo mais uma vez para se acalmar. — Isso é problemático demais — ele comentou. — A partir de agora…
— Não, não é — Gravis interrompeu.
A raiva do Rei Vermelho explodiu mais uma vez, mas ele rapidamente se acalmou. “Apenas ignore os comentários dele”, pensou o Rei Vermelho.
— A partir de agora, você vai me seguir e fazer tudo o que eu mandar — o Rei Vermelho explicou como se Gravis nunca tivesse respondido.
— Não — Gravis respondeu.
O Rei Vermelho estreitou os olhos. — Você não tem escolha. Se necessário, eu simplesmente vou te arrastar até a minha Imperatriz — ele disse.
— Eu irei até a sua Imperatriz — Gravis disse.
— Então por que disse que não faria isso? — o Rei Vermelho perguntou, frustrado.
— Eu não disse isso — Gravis respondeu.
— Mas então — o Rei Vermelho começou, mas parou ao perceber onde essa conversa iria parar. Ele já conseguia ouvir Gravis dizendo que não faria tudo o que ele mandasse, mas que iria até a Imperatriz. Afinal, enquanto Gravis fosse até a Imperatriz, não haveria razão para o Rei Vermelho matá-lo.
O Rei Vermelho respirou fundo novamente. — Me siga — ele ordenou.
— Certo — Gravis respondeu.
Assim, o Rei Vermelho começou a voar em direção ao horizonte, enquanto Gravis o seguia tranquilamente.
Por fora, Gravis mantinha uma expressão neutra, mas por dentro, ele sorria com desdém. “Você não percebe, mas ao se forçar a escolher entre sua raiva e seus lucros, me deu um passe livre para te irritar e frustrar o quanto eu quiser.”
“Se eu não posso te matar, vou apenas te frustrar ao extremo. Essa é a segunda melhor opção.”