Gravis refletiu sobre o que a Imperatriz havia dito por um tempo. “Tenho certeza absoluta de que nenhum humano receberia algo assim tão logo chegassem ao Reino Nutrição Nascente. Meu pai disse que existe algum tipo de arma secreta que os humanos obtêm ao alcançar o Reino Nutrição Nascente, mas definitivamente não é isso.”
Gravis olhou para o horizonte com os olhos semicerrados. “Acho que esta é outra das formas de o Céu manter as bestas poderosas o suficiente para servir como refinamento. As bestas provavelmente não têm acesso a essa arma secreta dos humanos, o que explica por que o Céu concede uma Lei às bestas.”
“Além disso, para as bestas que não tiveram contato com as Leis antes, compreender uma Lei pode dar a elas o impulso inicial necessário para entender mais. Tenho certeza de que o Céu ensina as Leis de forma diferente de quando absorvi o Raio de Punição. Do contrário, isso não faria sentido”, pensou Gravis.
Em seguida, Gravis voltou a olhar para a Imperatriz. — Tenho mais uma pergunta.
— Prossiga — disse a Imperatriz. Ela não se importava de conversar com Gravis. Afinal, toda a questão da competição havia passado, e agora ela tinha tempo de sobra novamente.
— Existem situações em que as bestas morrem imediatamente ao se tornarem Reis? — perguntou Gravis.
Os olhos da Imperatriz se arregalaram. — Como você sabe disso? — ela perguntou.
Gravis já havia guardado sua armadura e coçava o queixo em reflexão. — Então, existe. Era o que eu esperava.
“Isso é uma faca de dois gumes”, pensou Gravis. “A Lei do Raio de Punição basicamente foi concedida a mim pelo próprio raio, não pelo Céu. Meu pai disse que isso poderia dificultar a compreensão da minha primeira outra Lei, o que se mostrou verdadeiro. Sem a orientação do meu pai e a pressão insana durante minha luta contra o Dragão Dourado, eu não teria compreendido a Lei sobre os materiais.”
“Tenho certeza de que o Céu não daria às bestas essa mesma desvantagem. Afinal, o Céu deseja que todas as bestas se tornem poderosas. Portanto, o Céu deve transportar as mentes das bestas para algum tipo de plano onde elas possam se concentrar plenamente na Lei que mais se encaixa a elas.”
Gravis semicerrava os olhos. “Ainda assim, nem todas as bestas conseguem compreender as Leis. Isso significa que algumas simplesmente não conseguiriam sair desse espaço. De acordo com o que sei da conduta do Céu, ele não permitiria que bestas inferiores assim sobrevivessem.”
— Ei — a Imperatriz disse com certa irritação — Eu perguntei como você sabia disso. — Ela já estava observando Gravis olhando para o horizonte há um tempo, mesmo após fazer a pergunta.
As palavras da Imperatriz tiraram Gravis de seus pensamentos, e ele voltou a olhar para ela. — Estava perdido em pensamentos. Não sabia disso especificamente, mas fazia sentido na minha cabeça — Gravis respondeu.
A Imperatriz franziu as sobrancelhas. — Como isso faz sentido? Se você não sabia sobre isso, não há como extrapolar algo assim apenas por contexto. Então, como você soube? — ela insistiu.
Gravis suspirou. — Tenho muitos segredos, e não quero falar sobre eles com qualquer um. Desculpe por isso — disse Gravis.
A Imperatriz ficou mais irritada. — Venho respondendo suas perguntas com paciência, mas você diz que não pode responder às minhas? — perguntou com irritação.
Gravis suspirou novamente. — É complicado — respondeu. — Por causa do meu passado, sei muito sobre o funcionamento do mundo, mas esse conhecimento é precioso. Posso te afirmar com certeza que sei coisas sobre o mundo que nenhuma outra besta neste mundo sabe.
Se qualquer outra besta tivesse dito isso à Imperatriz, ela teria zombado. No entanto, os poderes e a conduta de Gravis eram extremamente estranhos e atípicos. Ele demonstrou poderes que poderiam ser considerados impossíveis.
— O que você quer em troca desses segredos? — perguntou a Imperatriz. Ela pensou em ameaçar Gravis, mas, pelo que havia visto, Gravis não parecia ser uma besta suscetível a ameaças. Então, ela optou por uma troca.
Os olhos de Gravis brilharam enquanto ele olhava para a Imperatriz. — Há algo que tem me incomodado há muito tempo, e se você puder aceitar esta condição, eu te contarei tanto quanto puder sobre os meus segredos.
As sobrancelhas da Imperatriz se franziram mais. — Tanto quanto puder? Quem pode te forçar a guardar seus segredos comigo presente? Você mesma disse que não faz parte de nenhum Império mais forte.
Gravis demonstrou uma expressão complicada no rosto. — Infelizmente, isso faz parte dos meus segredos. Só posso dizer que nunca menti para você — ele disse.
A Imperatriz ficou frustrada ao ouvir isso. Por que Gravis estava sendo tão reservado de repente? Além disso, ela lembrou que ele ainda era um Lorde. Por que parecia que estava conversando com um igual, em vez de alguém muito mais fraco? Toda essa situação parecia surreal para ela.
Após alguns segundos, a Imperatriz suspirou novamente. Ela decidiu ceder. Parecia estranho ceder a um Lorde, mas os possíveis ganhos poderiam valer a pena. Se os segredos de Gravis fossem bobagens, ela ainda poderia matá-lo de raiva depois.
— Certo, qual é sua condição? — ela perguntou.
“É agora!”, pensou Gravis com motivação.
— Você provavelmente percebeu que sou muito diferente das outras bestas — Gravis disse.
A Imperatriz zombou. Isso era óbvio.
— Uma dessas diferenças é o meu relacionamento em relação a uma companheira de vida e a ter filhos — Gravis disse.
A Imperatriz ergueu uma sobrancelha, interessada, mas não disse nada.
— Para mim, ter filhos é algo que pode ser ainda mais importante do que o meu caminho para o poder. Não quero ter filhos no momento, pois seria forçado a estabelecer uma conexão emocional com eles. Enquanto eles estivessem presentes, não conseguiria avançar no meu caminho com facilidade.
— Por isso — Gravis disse com um suspiro — não quero ter filhos enquanto estiver neste mundo. Essa é minha condição.