— Gravis, está na hora — disse a Imperatriz de seu trono.
Gravis assentiu. — Eu sei. Eles devem sair dos ovos em breve — disse.
— Precisamos separá-los. Eles não podem nascer perto uns dos outros — a Imperatriz afirmou.
Os olhos de Gravis se arregalaram ao ouvir isso. Separar os irmãos ao nascer? Por que a Imperatriz sugeriria algo assim?
Gravis olhou friamente para a Imperatriz. — Por quê? — perguntou calmamente.
A Imperatriz já esperava tal reação de Gravis. — Pense em quem são os pais deles — disse a Imperatriz. — Eu sou uma poderosa Imperatriz, e você possui um corpo incrivelmente forte e um instinto de luta excepcional.
— Como você sabe, quando as bestas nascem, elas não conseguem nem perceber a própria existência. No início, elas são apenas corpos poderosos guiados por puro instinto. Por isso, a primeira coisa que farão ao sair dos ovos será tentar comer a coisa mais próxima de seu nível, que são os outros ovos.
— Assim, tão logo o primeiro deles quebre sua casca, tentará matar os irmãos e comê-los enquanto ainda não nasceram — explicou a Imperatriz.
O coração de Gravis estremeceu ao ouvir isso. Apenas imaginar uma cena em que um de seus filhos devorava os outros era aterrorizante! Eles eram seus filhos! Por que tentariam matar uns aos outros!?
Claro, a força de vontade de Gravis era poderosa o suficiente para que ele permanecesse racional. Ele sempre fazia o possível para que suas emoções não ditassem suas ações. Muitos erros surgiriam se alguém confiasse apenas em seus sentimentos para tomar decisões.
— Você tem mais experiência nisso. Confiarei em você nesse assunto — disse Gravis, após respirar fundo para se acalmar.
A Imperatriz assentiu.
Whoosh!
— Imperatriz — disse um Ancião com deferência ao aparecer diante dela. Gravis sequer conseguiu acompanhar a movimentação do Ancião devido ao seu poder.
— Área A 1, Área A 6, Área A 11 — disse a Imperatriz ao Ancião.
O Ancião assentiu e foi até os ovos. Então, uma leve brisa surgiu, fazendo os ovos levitarem suavemente.
— Um momento — disse Gravis, fazendo o Ancião olhar para ele com neutralidade. — Quero acompanhar e observar.
O Ancião franziu o cenho.
BZZZZ!
Um raio subiu abruptamente pela Montanha do Orgulho e entrou em Gravis. Esse era o Gravis que vinha observando o OMC todos esses anos.
BZZZ!
Então, Gravis se dividiu em três. Ele tinha poder mais que suficiente para criar três corpos. Tinha tanto raio dentro de si que cada corpo era ainda mais forte do que ele quando recém atingira o poder de um Lorde de nível cinco.
Os olhos do Ancião quase saltaram de suas órbitas ao ver Gravis se multiplicar.
— Deixe que ele acompanhe — ordenou a Imperatriz. Em seguida, ela olhou para Gravis com um olhar frio. — Não interfira no desenvolvimento deles, Gravis. Deixe a natureza seguir seu curso — ela disse.
Os Gravises suspiraram. — Entendo — ele respondeu.
O Ancião ainda estava impressionado com a habilidade de Gravis, mas as ordens da Imperatriz tinham prioridade. — Siga-me — ele disse.
Os Gravises assentiram e seguiram o Ancião enquanto voavam em direção ao oeste.
— O que significam essas frases estranhas que a Imperatriz disse? — um dos Gravises perguntou ao Ancião após alguns segundos.
— Todos os descendentes de nossos membros são designados para áreas seguras quando nascem — respondeu o Ancião sem olhar para ele. — O código da área nos diz para onde o descendente foi designado.
— As áreas com código A só são acessíveis pela Imperatriz, por alguns poucos anciãos poderosos e pelos descendentes dos Rebanhos — explicou o Ancião.
— Rebanhos? — Gravis perguntou, arqueando uma sobrancelha.
O Ancião assentiu. — Rebanhos são Lordes fracos que ganham contribuições para o Império gerando descendentes. Como esses Lordes têm pouco poder, seus descendentes também serão fracos. Assim, seus descendentes fornecem algum treinamento e alimento para os descendentes mais poderosos.
O estômago de Gravis embrulhou ao ouvir isso. Algumas bestas tinham filhos apenas para que esses filhos servissem de alimento? Isso soava horrível para Gravis.
— Por que eles fariam isso? — Gravis perguntou.
— Como essas áreas são acessíveis a tão poucos poderosos Imperadores, o número de Bestas Divinas é muito baixo. Mais de 99% dos descendentes nessas áreas nunca encontrarão uma Besta Divina. Isso significa que há muito poucas bestas mais poderosas nessas áreas, tornando as lutas mais justas e vencíveis.
— Os Rebanhos estão apostando na sorte. Com sorte boa ou mediana, seus descendentes nunca encontrarão o descendente de um Imperador. Somente as bestas com a pior sorte encontrarão uma Besta Divina.
— Essas áreas possuem uma grande quantidade de tesouros naturais, recursos, Energia e uma abundância de outras bestas de forças similares. É o melhor lugar para o crescimento dos descendentes dos Rebanhos — explicou o Ancião.
Gravis refletiu sobre isso e teve que concordar. Mais de 99% das bestas ali tinham uma Força de Batalha abaixo da média para seus Reinos. Isso dava aos descendentes deles a melhor chance de sobrevivência. No entanto, Gravis tinha outra pergunta.
— Mas isso não prejudica o crescimento da Força de Batalha de nossos descendentes? Afinal, eles só lutarão contra bestas fracas — Gravis perguntou.
— Você deve saber que as áreas são divididas por grandes classificações — respondeu o Ancião. — Todas as bestas dentro do primeiro Grande Reino residem nessas áreas até que se tornem poderosas o suficiente. Isso significa que uma Besta Divina pode encontrar uma besta com Força de Batalha mais fraca, mas com um Reino mais avançado. Lutar acima do próprio nível é um excelente Refinamento.
Gravis sabia que o primeiro Grande Reino ao qual o Ancião se referia era o Reino das Bestas Demoníacas. Isso significava que seus filhos recém-nascidos poderiam encontrar uma Besta Demoníaca de grau alto logo após o nascimento. Uma Besta Demoníaca de grau baixo capaz de matar uma de grau alto poderia ser considerada um milagre.
— Bestas Divinas também precisam de mais nutrição no começo — o Ancião continuou explicando — e têm um impulso inerentemente mais forte para alcançar o poder supremo. É apenas uma questão de tempo até que uma Besta Divina ataque uma besta um ou dois níveis acima de si. Por causa dessa mentalidade, sua Força de Batalha aumentará.
Gravis assentiu. — E quanto aos números no código da área? — ele perguntou.
— Eles refletem a localização das áreas — respondeu o Ancião. — De 1 a 5 ficam no oeste, de 6 a 10 no norte, de 11 a 15 no leste e de 16 a 20 no sul. Somente a Imperatriz tem acesso à primeira área de cada direção. Por isso, ela designou seus descendentes para as áreas A 1, A 6 e A 11. Não há outras Bestas Divinas nessas áreas.
Gravis assentiu novamente. Pelo menos, seus filhos teriam o melhor começo de vida.
— E quanto ao momento em que atingirem o segundo Grande Reino? — Gravis perguntou.
— Eles serão colocados na área D — disse o Ancião.
— O que há com as áreas B e C? — Gravis perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— A área A é apenas para os descendentes mais fortes e mais fracos. A área B é para os segundos mais fortes e segundos mais fracos. A área C é uma zona livre que todos podem usar. As áreas D e E são para o segundo Grande Reino.
— A área D contém todas as bestas da área A e metade das bestas da área C. A área E possui todas as bestas da área B e a outra metade da área C. A área F é a única área para o terceiro Grande Reino, e todas as áreas convergem lá — explicou o Ancião.
Gravis refletiu sobre isso e percebeu que fazia sentido. Seus descendentes teriam os oponentes mais fracos inicialmente, o que lhes permitiria ganhar experiência suficiente com seus corpos para estarem prontos para as batalhas futuras.
Assim que seus filhos se tornassem Bestas de Energia, seriam transportados para uma área com uma grande variedade de bestas. Essas bestas provavelmente seriam medianas ou ligeiramente acima da média. Afinal, se alguém pudesse gerar descendentes poderosos, escolheria a área A ou B. Somente as bestas que não cumprissem os requisitos de poder das áreas A e B colocariam seus descendentes na área C.
Então, quando seus descendentes se tornassem Bestas Espirituais, seriam colocados em uma área que refletiria o mundo real. Eles poderiam encontrar as bestas mais fracas e mais fortes. Esse era um sistema bastante eficaz e eficiente.
— As bestas das diferentes áreas A se encontrariam na área D? — Gravis perguntou.
— Não — respondeu o Ancião. — A área C é de longe a maior, e tem bestas o suficiente para que possamos dividir as bestas da área A em outras cinco áreas. Elas só se encontrariam na área F.
Gravis assentiu. Já imaginava algo assim.
Depois que todas as perguntas de Gravis foram respondidas, eles continuaram voando em silêncio. Gravis já era bastante rápido, e Bestas Demoníacas não precisavam estar tão distantes umas das outras.
Após alguns minutos, chegaram ao destino. Uma floresta gigantesca se estendia até onde os olhos podiam ver, mas diretamente abaixo de Gravis havia algo diferente.
Um deserto estéril, com muitas paredes circulares, podia ser visto abaixo dele. Todas essas paredes circulares delimitavam um pequeno espaço cada, e, olhando de cima, Gravis foi lembrado de um favo de mel. Ele viu muitas ‘células’ vazias, mas as que estavam ocupadas tinham apenas um ovo dentro ou um bebê recém-nascido de uma besta mamífera.
— É impossível quebrar as paredes pelo lado de fora — explicou o Ancião antes mesmo que Gravis pudesse perguntar. — As células só podem ser quebradas por dentro, e apenas se o descendente for poderoso o suficiente para realmente destruir as paredes. Isso dá tempo para os descendentes crescerem e se estabilizarem antes da primeira batalha.
Whoosh!
Um dos ovos entrou em uma das ‘células’, e um dos Gravises voou para o céu acima dela. Gravis ficaria vários quilômetros acima do solo para não ser notado pelas bestas. Com isso, ele poderia manter vigilância.
Gravis já havia notado uma enorme quantidade e variedade de Bestas Demoníacas vagando pela floresta e lutando entre si. Pode-se dizer que a floresta estava repleta de vida.
— Vamos continuar — disse o Ancião.
Então, o Ancião voou em direção ao nordeste enquanto dois dos Gravises o seguiam.