— Me mostre! — disse Gravis com intensidade.
Ferris ficou um pouco surpreso. — O quê?
— Quero ver o fogo vivo! — disse Gravis.
— Tudo bem — respondeu Ferris, ainda um pouco incerto.
Whooom!
Uma pequena bola de fogo apareceu ao lado de Ferris e flutuou no ar. A bola de fogo moveu-se ao redor, circundando Ferris com curiosidade. Ela até voou até Gravis para inspecioná-lo, mas logo perdeu o interesse.
Os olhos de Gravis estavam cheios de intensidade enquanto ele estudava a bola de fogo flutuante. “Isso é incrivelmente poderoso!” Gravis pensou com seriedade. “A bola de fogo é apenas um pouco mais fraca que meu Raio da Punição, o que significa que já é mais forte que as espirais do Inquisidor.”
“Meu Raio de Punição e esse fogo vivo são ambos Leis de nível três, e meu Raio de Punição é um pouco mais forte, mas isso só significa que esse fogo vivo tem outra vantagem que o torna equivalente ao meu Raio de Punição.”
Enquanto continuava a inspecioná-lo, Gravis descobriu algo aterrorizante.
“Nunca vi nada assim. Com isso, Ferris pode até ser capaz de me vencer se ele tiver apenas um ou dois níveis acima de mim. Ele pode ser a única besta neste mundo que realmente pode me matar com uma vantagem de apenas um ou dois níveis.”
O que Gravis descobriu?
Era chocante, mas também lógico.
Gravis não conseguia apagar a vontade no fogo vivo com sua Aura de Vontade.
Isso significava que Ferris era a única besta nesse mundo que podia controlar remotamente seus ataques após serem lançados. Ferris, obviamente, podia invocar muitas dessas chamas, e elas perseguiriam Gravis até serem destruídas. Isso significava que Gravis não teria a capacidade de desviar ou aparar essas chamas; ele só poderia destruí-las bloqueando ou atacando-as.
Isso forçaria Gravis a um confronto direto. Desviar e aparar sempre foram suas defesas mais confiáveis. No entanto, se ele lutasse contra Ferris, seria forçado a bloquear. Com uma vantagem de dois níveis, Gravis tinha certeza de que um fogo tão intenso o mataria muito rapidamente.
Com uma vantagem de um nível, a luta ficaria em aberto. Nesse caso, a armadura de Gravis seria poderosa o suficiente para resistir ao fogo sem problemas. Então, tudo dependeria de quantas dessas chamas Ferris conseguiria invocar.
Por que Gravis não conseguia apagar a vontade sobre o fogo vivo?
Na verdade, era bem óbvio. Qualquer coisa que um corpo tocasse receberia sua vontade, mas, assim que deixasse o corpo, nenhuma nova vontade poderia ser aplicada a ela ou ao ataque sem tocá-la novamente. Pelo menos não se fosse uma besta atacando.
O Espírito de um humano funcionava como uma extensão do ser, o que significava que uma nova vontade poderia ser impressa em um ataque enquanto estivesse no alcance do Sentido Espiritual.
A diferença entre ataques normais e esse fogo era que esse fogo era um ser vivo com sua própria vontade. Tentar apagar a vontade no fogo era o mesmo que tentar apagar a vontade de Ferris em seu próprio corpo. Não funcionava assim.
O Espírito e a Aura de Vontade eram as maiores vantagens que os humanos tinham sobre as bestas. Com esse fogo vivo, se Ferris lutasse contra um humano, ele tiraria a maior vantagem de seu oponente enquanto ainda mantinha as vantagens de uma besta.
Ferris havia se tornado um caçador de humanos!
Ferris olhava para seu próprio fogo com interesse e até brincava com ele, enquanto Gravis olhava para a chama com intensidade.
“Ferris não tem ideia de que só está vivo por minha causa agora”, Gravis pensou.
O que Gravis queria dizer?
O objetivo do Céu ao criar bestas era servir como alimento para cultivadores. No entanto, Ferris, sendo esse ‘alimento’, basicamente se tornou venenoso. Ele tinha uma vantagem incrível sobre qualquer humano, e matá-lo estando no mesmo Reino que ele como humano se tornaria quase impossível.
Manter comida venenosa por perto era algo que só pessoas irracionais faziam. Gravis tinha certeza de que, em circunstâncias normais, o Céu teria matado Ferris ali mesmo. A existência de Ferris era perigosa demais para os humanos. Bestas eram feitas para morrer para os humanos, não para matá-los!
No entanto, Gravis e seu pai já tinham percebido que o Céu mais elevado tinha um plano para Gravis. Desde o incidente quando Gravis se tornou um Cultivador de Formação do Espírito, o Céu nunca tirou qualquer Sorte Cármica de seus amigos. Na verdade, o oposto era verdade. O Céu até aumentou a Sorte Cármica deles a níveis nunca antes vistos.
Seria uma tentativa de consertar seu relacionamento com Gravis? Um plano de contingência para manter seus amigos vivos e usá-los como reféns caso Gravis se tornasse perigoso demais?
Nem Gravis nem seu pai sabiam qual era a resposta. A única verdade era que o Céu queria que todos os amigos de Gravis se tornassem o mais poderosos possível e sobrevivessem.
Gravis e Ferris não tinham conversado tanto ou passado por lutas juntos, mas suas personalidades combinavam. Gravis agia como se Ferris o irritasse, mas a natureza honesta, amigável e empolgada de Ferris praticamente forçava Gravis a gostar dele. Era quase como se Ferris fosse um cachorro animado em vez de um lobo Imperador.
Ferris irradiava positividade sem mostrar qualquer tipo de ideologia ingênua. Ferris já havia demonstrado que gostava muito de Gravis, mas Gravis tinha certeza de que Ferris se tornaria aterrorizante se surgisse um inimigo. Afinal, ele era um Imperador e conseguiu viver por mais de 3.000 anos. Ele definitivamente não era ingênuo.
Essa positividade combinava bem com a frieza e lógica direta de Gravis. Em vez de achar que Gravis era um idiota frio, Ferris achava as palavras de Gravis interessantes.
Por isso, embora eles não tivessem interagido tanto, já havia um laço se formando entre Gravis e Ferris.
Além disso, Gravis tinha um padrão alto para amigos. Só considerava alguém como companheiro depois que essa pessoa provava seu poder.
Gravis não se importava com Joyce até ela provar que sua ideologia não era tão ingênua quanto ele pensava.
Gravis não se importava com Manuel até Manuel mostrar que era muito maduro e poderoso.
Gravis não se importava com Nero até Nero mostrar que era poderoso e atencioso.
Ferris era mais poderoso que Gravis e, agora que tinha compreendido uma Lei de nível três, tornara-se ainda mais forte. Além disso, Ferris era muito positivo e honesto com Gravis, e Gravis simplesmente não conseguia ficar bravo com ele.
— Ei, Gravis — Ferris disse após olhar para a expressão preocupada de Gravis por um tempo. — Por que você parece tão preocupado? — ele perguntou.
Gravis balançou a cabeça por um momento. — Desculpe, eu só estava perdido em pensamentos.
— Tem certeza? — perguntou Ferris com preocupação. — Parecia que algo terrível havia acontecido com você.
“Isso de novo!” pensou Gravis com irritação.
Gravis suspirou. — Não, essa é só minha cara de quem está pensando. Já me disseram que pareço como se alguém tivesse matado meus pais quando penso — explicou Gravis.
Ferris parecia confuso. — Não, você não parece isso. Parece que você está perturbado, não como se seus pais tivessem morrido.
Gravis suspirou novamente. “É, adivinhe. Quando os pais dos humanos morrem, eles geralmente ficam bem perturbados”, pensou Gravis.
— Esqueça — disse Gravis. — De qualquer forma, seu fogo é muito impressionante. Agora tenho certeza de que é uma Lei de nível três.
Ferris sorriu amplamente ao ouvir isso. — É mesmo? Uau, eu quase não consigo acreditar! Isso é incrível! — ele gritou com alegria, como se só agora pudesse acreditar. — Isso significa que eu não preciso mais compreender novas Leis? — Ferris perguntou a Gravis.
— Você acha que o próximo mundo é algum paraíso? — Gravis perguntou. — O próximo mundo não é diferente deste. Só tem bestas mais poderosas. Então, se você não compreender novas Leis, vai se tornar mediano e depois abaixo da média nesse mundo. Nunca se pode compreender Leis o suficiente.
Ferris coçou a orelha com a perna traseira novamente. — Certo, se você diz.
Gravis piscou algumas vezes, surpreso. — Espera, você não vai perguntar como eu sei disso ou por que tenho tanta certeza? — perguntou ele, surpreso.
— Não, por que eu perguntaria? — perguntou Ferris com honestidade. — Suas palavras já me permitiram compreender uma Lei de nível três! Tem funcionado muito bem até agora, então por que mudar?
— Huh — Gravis murmurou. — Acho que isso faz sentido, eu acho. Mas você não tem medo de que eu possa te trair?
— Não — respondeu Ferris diretamente. — Você não parece do tipo traiçoeiro. Além disso, por que você explicaria tantas coisas sobre Leis para mim se quisesse me prejudicar? Isso não faz sentido.
Esse raciocínio parecia muito simples para Gravis, mas também era bastante sólido. Ele se perguntou: Ferris era confiante demais, ou tinha uma habilidade muito desenvolvida para saber em quem confiar? Gravis não tinha certeza, mas tendia a acreditar que a segunda opção era mais provável. Afinal, se a confiança de Ferris fosse fácil de conquistar, ele provavelmente não teria se tornado um Imperador.
— Ei, Ferris — disse Gravis, despertando um olhar curioso de Ferris. — Quero continuar aprendendo.
Ferris ficou um pouco surpreso. — Ah, certo. Esqueci disso — disse Ferris, um pouco envergonhado. — Vou dar uma olhada por aí. Acho que fiquei viciado em aprender novas Leis! Vejo você em breve!
E com isso, Ferris se foi.
Gravis suspirou quando Ferris partiu. “Um Imperador com uma Lei de nível três. Isso é incrivelmente aterrorizante. Quero ver como a Imperatriz e o Grande Ancião reagirão quando Ferris retornar. Agora, Ferris deve ser mais poderoso até mesmo que o Grande Ancião. A Imperatriz deveria conseguir vencer Ferris, mas provavelmente seria uma luta real, não uma chacina unilateral.”
Após pensar nisso e suspirar novamente, Gravis voltou a explorar o restante dos arredores. Ele estava quase terminando com a montanha!