Gravis e Borro lutaram por várias horas. Sempre que Borro liberava a onda sonora, Gravis se transformava em raio para desviar do ataque. Ele não usava essa técnica havia algum tempo, mas ela se mostrou bastante eficaz nessa luta.
Quando as bestas viram Gravis se transformar em raio pela primeira vez, ficaram boquiabertas. Não sabiam que isso era possível!
Ironicamente, apesar de terem mais conhecimento que vários Lordes que haviam visto Gravis se transformar no passado, sua experiência elevada as levou a uma suposição errada. Os Lordes perceberam que Gravis podia se transformar em raio, enquanto esses experientes Reis e Imperadores pensaram que isso era apenas algum tipo de Lei exótica.
Assim, embora os Imperadores soubessem muito mais do que os Lordes, seu conhecimento os levou a uma conclusão errada. Nenhum deles suspeitou que Gravis era, na verdade, feito de raio.
Essa conclusão era lógica. Por exemplo, se Gravis mostrasse magia a um mortal, ele acreditaria que Gravis podia fazer magia. Mas, se ele mostrasse sua magia a um cultivador poderoso, este pensaria que era algum tipo de técnica de cultivo exótica. Afinal, os cultivadores conhecem a natureza mágica das técnicas de cultivo, enquanto os mortais não.
Gravis nem percebeu o quão extraordinário era o que estava realizando naquele momento.
Se alguém voltasse no tempo e observasse suas lutas desde que chegou a este mundo, perceberia que Gravis nunca pôde enfrentar diretamente um oponente três níveis acima dele. Sempre precisou desviar de cada ataque. Se não conseguisse, morreria com um único golpe. Seus inimigos sempre foram tão avassaladores que ele não podia cometer nem um erro.
Mas agora, olhe para ele. Ele estava enfrentando diretamente um oponente três níveis acima dele sem nem usar o Raio de Punição como ataque. Claro, Gravis também não estava ferindo muito seu oponente, mas conseguia se defender dos ataques poderosos dele.
Essa transformação aconteceu gradualmente. Ao longo do tempo, sem sequer tentar aumentá-la, Gravis involuntariamente fortaleceu sua defesa, sua maior fraqueza, a um nível assustador.
Tudo começou com a escama negra que ele consumiu ao se tornar uma Besta Espiritual. Na época, as capacidades defensivas de suas novas escamas eram impressionantes, mas não o bastante para fazê-lo ultrapassar um nível adicional. Eram apenas uma excelente defesa extra.
Então veio sua luta contra o Dragão Dourado. Nessa época, ele aprendeu a habilidade de forjar armas poderosas. A primeira coisa que criou foi um escudo. Esse escudo permitiu que ele se defendesse contra o Dragão Dourado, mas ele ainda esteve perto da morte durante toda a luta.
Depois, Gravis criou sua armadura, que o protegia ainda mais dos ataques dos inimigos. No entanto, mesmo com a armadura, sem suas escamas, seus órgãos seriam arremessados para fora do corpo. A textura dura mas flexível das escamas permitia a Gravis proteger seus órgãos contra ataques intensos.
Após isso, Gravis modificou a composição de seu torso para proteger ainda mais seus órgãos contra esses ataques. Junto com seu escudo, armadura e escamas, conseguiu bloquear os ataques de oponentes três níveis acima dele.
Ainda assim, Gravis tinha problemas com a regeneração. Cada ferimento que sofria ao bloquear um ataque o enfraquecia, mas, quando compreendeu as Leis de Crescimento do Corpo, essa fraqueza também desapareceu.
Desde então, Gravis conseguiu criar uma defesa avassaladora contra ataques físicos. O ataque físico mais forte de seu oponente atual, o elefante cinza, era uma investida com suas presas. Esse era, sem dúvida, um dos ataques físicos mais poderosos que qualquer besta desse nível podia realizar.
Elefantes sempre tinham corpos poderosos, e as presas eram lanças formidáveis. Sim, o corpo de Gravis ainda era perfurado pelas presas, mas seu corpo não se transformava em pedaços, como teria acontecido em um momento anterior de sua vida.
Gravis havia passado de sempre desviar para agora ter a opção de bloquear os ataques.
Contudo, os ataques físicos não eram os únicos que um inimigo podia realizar.
Também havia os ataques elementais. As bestas podiam usar seus elementos para lançar ataques ainda mais fortes do que seu corpo podia produzir. O Inquisidor era um bom exemplo. Suas estalagmites de terra eram tão poderosas que chegaram a destruir muitos dos escudos de Gravis.
Mas essa fraqueza também foi coberta por algo. Gravis não esperava que suas Leis de Composição Elemental fizessem muito, mas elas se mostraram mais úteis do que ele imaginava.
Quando Gravis se concentrou nas Leis de Composição, esperava que elas não aumentassem sua Força de Batalha. Afinal, eram apenas Leis de Composição. Como poderiam ajudar a matar seus inimigos? Ele nem conseguia controlar esses elementos!
Mas agora, quando um inimigo liberava um ataque elemental, Gravis podia enfraquecê-lo ou até destruí-lo. Isso reduzia o poder do ataque ao nível dos ataques físicos do inimigo e, em alguns casos, os tornava ainda mais fracos.
Se Gravis enfrentasse o Inquisidor novamente, e se o Inquisidor fosse um Imperador de nível um, tudo seria diferente. Gravis conseguiria perceber as espirais e destruí-las com sua Lei de Composição da Terra antes que pudessem atingi-lo. Ele poderia simplesmente avançar contra o Inquisidor e continuar atacando sua defesa até que esgotasse sua Energia.
Um ponto adicional era que Gravis podia destruir qualquer tipo de elemento controlado remotamente com sua Aura de Vontade, retirando até as vantagens auxiliares dos elementos e das Leis do inimigo.
Depois veio a Aura de Vontade. Neste momento, a Aura de Vontade de Gravis estava tão poderosa em relação ao seu Reino quanto nunca antes. Era a primeira vez que ele atingia o ápice do que sua Aura de Vontade podia alcançar. Era quase impossível aumentá-la ainda mais sem elevar seu Reino.
Isso trouxe a vantagem de velocidade. Sua Aura de Vontade e Lei de Supressão tiravam a vantagem de velocidade do inimigo. Além disso, Gravis sempre focou em velocidade e ataque. Então, naturalmente, sua velocidade era incrível.
Sua Aura de Vontade também o protegia contra qualquer besta com o elemento madeira. Bestas ou plantas com o elemento madeira podiam atacar a alma, e com o Espírito poderoso de Gravis, que ele naturalmente possuía como humano, e sua Aura de Vontade esmagadora, ele também estava seguro disso.
O último aspecto era o ataque de Gravis, totalmente coberto pelo seu Raio de Punição e pelo Crescente de Relâmpago. Gravis nunca teve problemas com poder de ataque.
Sem perceber, Gravis havia eliminado todas as suas fraquezas.
No passado, seus oponentes eram mais rápidos, mais fortes e tinham uma defesa mais poderosa que a dele.
Mas, agora, seu oponente era quase tão rápido quanto Gravis, não conseguia penetrar sua defesa de forma confiável e acabava ferido mesmo sem que Gravis usasse o raio.
Poderia parecer que Gravis apenas enfrentava oponentes que eram contra-atacados por seu poder, mas isso estava longe de ser sorte.
Sim, Gravis contra-atacava as habilidades desses oponentes, mas isso não era por acaso. Poderia parecer sorte conseguir contra-atacar um aspecto específico de um oponente.
Mas, quando alguém contra-atacava todos os aspectos de todos os oponentes, isso já não podia ser considerado sorte.
Isso era força.
Gravis contra-atacava as vantagens auxiliares de seus oponentes com seu Espírito e Aura de Vontade.
Gravis contra-atacava os ataques físicos de seus oponentes com suas escamas, armadura e regeneração.
Gravis contra-atacava os ataques elementais de seus oponentes com sua Aura de Vontade, Espírito e Leis de Composição.
Gravis contra-atacava a velocidade de seus oponentes com sua Aura de Vontade, Lei de Supressão e sua própria velocidade.
Gravis contra-atacava a defesa elemental de seus oponentes com sua Aura de Vontade, Leis de Composição e poder de ataque.
Gravis contra-atacava a defesa física de seus oponentes com seu poder de ataque.
Gravis contra-atacava todos os aspectos de todos os oponentes. Algo assim já não podia ser chamado de contra-atacar.
Isso era simplesmente como funcionava ser mais forte.
Conforme a luta continuava, Gravis percebeu que sua Lei de Perigo não havia sido ativada nenhuma vez em várias horas. Seu oponente parecia atacar de maneira muito direta e previsível.
Mas ele simplesmente não conseguia desferir ataques mais poderosos. Não podia usar seu elemento. Não podia usar sua Lei de nível dois. Restavam apenas os ataques físicos, e a defesa e velocidade de Gravis eram altas o bastante para torná-los irrelevantes.
Conforme a luta se arrastava, Gravis ficava cada vez mais decepcionado. Ele esperava que essa luta não contasse como refinamento, mas não esperava se sentir tão seguro. Era quase como se seu oponente estivesse indefeso diante dele.
Esse era um Imperador!
Essa era uma besta três níveis acima dele!
Ainda assim, o elefante não conseguia sequer ameaçar Gravis. A única coisa que poderia ser perigosa seria seu ataque total, mas Gravis já estava preparado para isso.
Literalmente nada que o elefante pudesse fazer representava uma ameaça para Gravis.
Gravis percebeu que não poderia usar essa luta para compreender mais Leis. Não era mais eficaz do que simplesmente ficar parado.
Gravis invocou uma nova espada, que estalava com raios poderosos. Então, ele golpeou Borro a uma curta distância.
BOOOOOOOOOOM!
O Crescente de Relâmpago pré-carregado engoliu Borro enquanto Gravis apenas observava.
É claro, um Imperador não era tão fraco que morreria com apenas um Crescente de Relâmpago. Por isso, Borro ainda conseguiu sobreviver.
No entanto, ele perdeu duas pernas, vários ossos e todo o lado direito de seu corpo. Nesse momento, seus órgãos mal estavam resistindo. Ele estava gravemente ferido e, se não conseguisse um momento de paz em breve, sua Energia da Vida se esgotaria.
Borro entrou em pânico e não hesitou mais.
Virou-se para Gravis, que pairava no ar, abriu a boca e lançou um feixe cinza incrivelmente poderoso.
Esse era o ataque total de uma Besta Divina, e, como todos os Imperadores eram considerados Bestas Divinas, cada Imperador possuía esse ataque.
A Lei de Perigo de Gravis foi ativada pela primeira vez, mas esse ataque era precisamente o motivo pelo qual ele não havia lançado um segundo Crescente de Relâmpago diretamente.
Ele tinha algo que queria experimentar!