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Lightning Is the Only Way – Capítulo 609

Mundo Vivo, Mundo Morto

Gravis deixou o mundo para trás enquanto voava em direção ao centro, a área onde o Grande Lago estava localizado.

Enquanto avançava, observava tudo ao seu redor. Passou por vários Impérios e viu as bestas se preparando para a guerra. Todo o sentimento do mundo havia mudado.

Antes da Reunião dos Supremos, o mundo emanava uma sensação de oportunidade. Parecia que muitas bestas buscavam alcançar o poder supremo, todas querendo aumentar seu próprio poder. Além disso, não havia urgência em relação às bestas marinhas antes da Reunião.

Agora, o sentimento havia mudado para nervosismo e incerteza. O objetivo da maioria das bestas havia mudado de alcançar o poder supremo para simplesmente sobreviver. As bestas terrestres nunca tinham enfrentado uma ameaça real das bestas marinhas. Os Lordes talvez não soubessem disso, mas a maioria dos Reis conhecia a verdade.

Porém, agora todos sabiam que podiam realmente morrer. Muitas bestas terrestres, que antes não estavam dispostas a lutar na linha de frente, sentiam-se agora dominadas pelo medo e pelo estresse. Haviam planejado se tornar poderosas fazendo tarefas secundárias, como escoltar bestas mais fracas, gerar descendentes poderosos, ensinar táticas de batalha ou simplesmente tentar sobreviver.

Nunca precisaram temer as bestas marinhas, já que estas nunca conseguiriam estender seu alcance tão profundamente no território terrestre. Contudo, tudo isso havia mudado. Agora, até essas bestas precisavam temer por suas vidas.

Gravis percebeu todas essas sutilezas com seu Espírito e balançou a cabeça.

Era justo? Era justo que alguém que não quisesse lutar fosse obrigado a lutar para sobreviver?

Não.

Mas o que poderia ser feito?

Se era justo ou não, isso não importava. A verdade era a verdade. Às vezes, a verdade era muito injusta e fria. Se essas bestas dos mundos inferiores tivessem permanecido lá, a maioria poderia ter vivido suas vidas em paz. Afinal, os mundos inferiores não tinham tantas bestas dispostas a sacrificar quase tudo pelo próprio poder.

Em comparação, as bestas nascidas neste mundo intermediário tinham uma situação pior. Elas nunca tiveram sequer a chance de escolher. Os Reis e Imperadores queriam se tornar mais poderosos, e, para alcançar esse objetivo, precisavam de outras bestas igualmente poderosas. E, para conseguir isso, era necessário haver guerra.

A única maneira de se distanciar desse conflito era fugir para o vasto oceano. Porém, no oceano, os Lordes e Reis não encontrariam outras bestas para conversar ou acasalar. Claro, um Lorde poderoso poderia conseguir todos os parceiros que quisesse ali, mas acasalar com Bestas Espirituais era algo que consideravam inferior. Afinal, a maioria das Bestas Espirituais nem sequer conseguia transmitir conceitos com clareza.

Embora, do ponto de vista humano, as bestas parecessem apenas animais, isso estava longe da verdade. A partir do Reino nidade, todas as bestas eram inteligentes o suficiente para planejar, compartilhar conceitos, experiências e aprender umas com as outras.

Por causa da ausência dessa capacidade em bestas mais fracas, todo Lorde ou besta mais poderosa olhava para elas como se fossem animais. Assim como um humano comum não tem intenção de acasalar com um cachorro, um Lorde ou mais poderoso também não tem intenção de acasalar com uma Besta Espiritual ou inferior.

Portanto, ao serem confrontadas com essa escolha, quase todas as bestas decidiam permanecer. Era uma vida solitária de isolamento ou uma vida incerta em companhia. O sentimento de companhia vinha junto com a inteligência, já que um ser aprende trocando conceitos com outros seres inteligentes. Se não estivesse em contato com outros seres inteligentes, pouco aprenderia. Era, basicamente, um instinto de sobrevivência.

O fato de o mundo estar cheio de Tribos, Reinos e Impérios mostrava o quanto as bestas valorizavam a companhia e um lugar que podiam chamar de lar.

Gravis percebeu todas essas mudanças e mentalidades e sentiu-se amargurado. Não porque se importava com essas bestas, mas porque sentia que tinha que dizer adeus ao mundo que conhecia. Gravis não tinha ideia de quanto tempo ficaria no centro do mundo. Podiam ser cem anos ou vários séculos.

No momento, o mundo estava à beira de mudar. Territórios mudariam, Impérios cairiam, novos Impérios surgiriam, e a mentalidade das bestas terrestres mudaria.

Se nada disso estivesse para acontecer, Gravis não se sentiria tão melancólico. O mundo permaneceria o mesmo.

No entanto, estar ausente durante a mudança mais significativa e não poder testemunhá-la fazia com que Gravis sentisse que esta era a última vez que veria o mundo do qual fizera parte por centenas de anos.

Até agora, Gravis tinha cerca de 220 anos e chegou a este mundo com apenas 23. Isso significava que ele esteve aqui por quase 90% de toda a sua vida.

Gravis sabia que o mundo para o qual retornaria não seria o mesmo que deixara para trás. Apenas o centro do mundo permaneceria igual.

Os Supremos não lutariam, e o Grande Lago não sofreria mudanças. Afinal, este era o território dos Supremos. Não ser permitido interferir na guerra não significava que precisariam se render e morrer caso alguém atacasse sua propriedade.

Gravis chegou ao Grande Lago e olhou ao redor.

Silêncio.

Silêncio absoluto.

Toda besta estava acostumada ao constante ruído de fundo das bestas mais fracas lutando. Cada Tribo, Reino e Império tinha uma quantidade insana de bestas mais fracas vivendo em seus territórios. Os Lordes e mais poderosos simplesmente não interagiam com essas bestas.

Assim como um humano não presta atenção consciente em formigas ao longo de um caminho, os Lordes, Reis e Imperadores não prestam atenção nas bestas mais fracas. Elas simplesmente existiam em seus territórios e faziam o que tinham que fazer. Essas bestas mais fracas viviam no mesmo espaço que as mais poderosas, mas não no mesmo mundo, metaforicamente falando.

A ausência do constante barulho das bestas mais fracas correndo, lutando, acasalando, gritando e rugindo gerou em Gravis uma estranha sensação de alienação. Da última vez que esteve aqui, tudo estava cheio de Reis e Imperadores buscando compreender Leis.

Agora, havia silêncio.

Era a primeira vez em cerca de 200 anos que Gravis estava verdadeiramente sozinho. A última vez que isso aconteceu foi quando ele dissolveu a Tribo do Rio. Depois disso, ele esteve com o Rei Vermelho, Azure, Styr, Ferris, Meadow e seus filhos. Sempre houve, pelo menos, um ser com quem Gravis conhecia e podia falar, mesmo que não fosse um amigo.

Gravis respirou fundo, absorvendo a sensação daquela atmosfera silenciosa.

— Este é um mundo vivo. Mas isso parece um mundo morto — disse Gravis para si mesmo.

Segundos de silêncio se passaram enquanto Gravis refletia sobre suas palavras.

Não houve resposta.

Apenas silêncio.

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