O mundo estava em silêncio, esperando pelas palavras de Gravis.
— Céu mais elevado — disse Gravis, sua voz baixa ecoando por todo o mundo.
O mundo permaneceu em silêncio enquanto Gravis falava.
— Este mundo está morto — disse Gravis. — Não há bestas suficientes para que sequer um Imperador de nível cinco possa emergir. Quando eu lutar contra o Céu, ainda mais bestas morrerão, e é altamente provável que o mundo inteiro não se recupere sem que o Céu intervenha e crie nova vida.
— Mas, quanto tempo levará para que as bestas se tornem poderosas o suficiente para ascender novamente? Cem mil anos? Um milhão de anos? Dez milhões de anos? — perguntou Gravis. — Todas as bestas presentes são Energia, e todas morrerão de velhice. Isso não é um desperdício?
Silêncio.
— Além disso, depois que eu matar este Céu, não haverá um Céu para reacender a chama da vida neste mundo. Este mundo se tornará um mundo morto.
— Então, Céu mais elevado, por que não transportar as bestas deste mundo para outro mundo intermediário? — perguntou Gravis. — As bestas deste mundo serão vistas como invasoras, e uma guerra gigantesca irromperá entre os mundos. Assim, este mundo ainda se tornará um mundo morto, mas, pelo menos, a Energia atual dessas bestas não será desperdiçada.
Silêncio.
As bestas que ouviram Gravis estavam confusas. Com quem Gravis estava falando? Quem era esse Céu mais elevado?
Depois de um minuto, Gravis continuou.
— Meadow não se envolverá na guerra. Ela apenas ajudará as bestas a estabelecerem uma base. Todo o resto será com elas.
Silêncio.
Um minuto passou.
Dois minutos passaram.
— Juro que não me envolverei significativamente nessa guerra, e, se eu o fizer, você pode me matar — disse Meadow de repente, surpreendendo Gravis. Ele não havia pedido para ela fazer isso. Além disso, ela acabara de entregar sua vida ao Céu. Se o Céu quisesse, poderia matá-la com a desculpa mais frágil.
— Você sabe o que acabou de dizer!? — perguntou Gravis, chocado.
— Eu sei o que estou fazendo — respondeu Meadow seriamente. — Posso desprezar os fracos, mas ainda valorizo a vida. Se arriscar minha vida der a este mundo uma chance de sobreviver, estou disposta a fazê-lo.
Meadow suspirou. — E se as bestas deste mundo morrerem no outro, isso apenas significa que não fomos poderosos o suficiente.
O silêncio retornou.
— Obrigado, Meadow — disse Gravis baixinho.
O mundo esperava que algo acontecesse.
Um minuto.
Cinco minutos.
Trinta minutos.
— O velho bastardo concorda.
O mundo permaneceu em silêncio enquanto Gravis ouvia essa voz.
Gravis sorriu calorosamente enquanto todas as memórias de sua casa original eram evocadas por aquela voz. Ele não ouvia aquela voz há mil anos.
— Senti sua falta, pai — disse Gravis com os olhos fechados, um sorriso no rosto.
— Eu também senti sua falta, filho — respondeu o Opositor. — Estou orgulhoso de você.
Gravis sentiu um calor há muito esquecido percorrer seu corpo. Naquele momento, sentiu-se como uma criança novamente, embora ainda fosse um homem. Ouvir seu pai dizer que estava orgulhoso dele o tocou profundamente.
— O mundo tem um ano para se preparar. Em um ano, todos os seres vivos deste mundo, exceto você, serão transportados para outro mundo. Qualquer besta que você não quiser que parta deve estar dentro do seu Anel da Vida nesse momento — disse o pai de Gravis.
Gravis assentiu e suspirou. Ele estava disposto a sacrificar este mundo por seu poder, mas, se tivesse a chance de resolver essa questão, ele a agarraria. Felizmente, seu plano havia funcionado.
— Pai — disse Gravis com um sorriso. — Por que não dá a seus três netos um pouco de sua sabedoria?
Mesmo agora, Gravis pensava em algo para beneficiar seus três filhos.
— Normalmente, não me envolvo nas vidas de meus netos — disse o Opositor — mas esses três mostraram muito potencial. Traga-os com você para o Mundo Mais Alto.
Gravis sorriu amplamente ao ouvir isso. — Obrigado, pai.
— De nada. Nos veremos novamente — disse o Opositor.
— Até logo — disse Gravis.
Então, o silêncio voltou.
Gravis se virou para os Imperadores reunidos. — Em um ano — começou, forçando todo o mundo a ouvir. — Todas as bestas deste mundo serão transportadas para outro mundo. Quando isso acontecer, vocês devem reivindicar seu lugar nesse mundo.
— Vocês serão vistos como invasores. Serão vistos como inimigos. Sua governante não poderá protegê-los. O outro mundo pode ter vários Imperadores de nível cinco. Certamente terá mais Imperadores de nível quatro — anunciou Gravis.
— As bestas terrestres e as bestas marinhas deste mundo devem se unir para sequer ter uma chance. Se não o fizerem, este mundo realmente morrerá, e o outro mundo consumirá este. Neste ano restante, vocês devem se preparar.
— Se forem fracos, morrerão ainda mais rápido do que se permanecessem neste mundo moribundo. Serão forçados a lutar mais intensamente e ferozmente do que nunca. Há uma grande chance de que morram muito rapidamente.
— Mas — disse Gravis — pelo menos, têm uma chance de sobreviver.
— Preparem-se!
O mundo escuro permaneceu em silêncio.
E então, tudo começou a se mover.
As bestas terrestres começaram a entrar no oceano por vontade própria, enquanto as bestas marinhas adentravam a terra. Várias lutas irromperam, mas não eram lutas até a morte, e sim para se conhecerem.
Entretanto, isso era verdade apenas para os combates entre campos. Assim que ouviram Gravis, os próprios campos começaram a se matar ferozmente. No entanto, essa matança foi muito sistemática. As bestas mais poderosas de um Reino começaram a matar as mais fracas de seu próprio Reino.
As bestas não podiam permitir que o inimigo obtivesse comida fácil. Em vez disso, matariam seus companheiros mais fracos para fortalecer as bestas mais poderosas.
Pais estavam consumindo seus filhos.
Filhos estavam consumindo seus pais.
Companheiros estavam consumindo uns aos outros.
Governantes consumiam seus súditos.
O mundo estava se preparando para a guerra.
E hoje, 40% de todas as bestas morreriam.
O mundo não disse uma palavra, mas respondeu mesmo assim.
Gravis testemunhou a transformação do mundo. Em vez de temerem o futuro e passarem seus últimos dias em paz, quase todas as bestas começaram a se massacrar violentamente. Essa era a diferença entre humanos e bestas. Os humanos poderiam temer o futuro, mas uma besta faria o máximo para se tornar mais poderosa.
Companhia, amigos, família, Reino, Império, tudo se tornou irrelevante quando sua sobrevivência estava em jogo.
Morte e destruição consumiriam o mundo para que a destruição pudesse acender uma chama de esperança.
O mundo estava se preparando.
Nesse momento, não havia mais bestas terrestres ou marinhas. Havia apenas as bestas deste mundo, e elas lutariam contra as bestas do outro mundo.
Terra e mar uniriam forças para criar um exército poderoso o suficiente para massacrar outro mundo.
Gravis sorriu ao ver a carnificina. Sua aura calma e composta contrastava fortemente com os rios de sangue que fluíam sob seus pés.
— Orthar — disse Gravis. — Não é irônico?
— É irônico — respondeu Orthar, surgindo perto de Gravis.
Gravis olhou para o mundo.
— A Tribo do Rio não está morta.
— Em vez disso, transformou o mundo em uma força singular de bestas terrestres e marinhas.
— Este mundo agora é o Mundo do Rio.
— E esses rios de sangue marcam seu nascimento.