Silêncio.
Um silêncio ensurdecedor.
Gravis havia passado por uma turbulência emocional intensa e sentia que havia atingido o fundo do poço. Ele sentia como se tivesse perdido o controle de toda a sua vida, e o pior era que ele aceitava isso.
Se o Céu não fosse poderoso o suficiente para matá-lo agora, ele ainda teria feito isso? Ele teria entregado seus filhos?
Gravis não tinha certeza.
Ele não tinha certeza de mais nada.
A forma humana de Gravis começou a rejuvenescer até parecer ter apenas doze anos. Ele se sentia como uma criança sob o controle de adultos. Quando os adultos falavam, as crianças deveriam ficar quietas e obedecer ao que lhes era dito.
— Não exagere — disse o Céu. — Olhe para você. Está se sentindo uma criança agora? Pare de se lamentar. Toda esta situação é consequência da sua decisão de me enfrentar. Não fuja para sua infância para evitar a responsabilidade.
Gravis rangeu os dentes.
“Quão patético eu sou?” pensou, frustrado.
Em questão de segundos, Gravis voltou à forma de um jovem adulto.
“E daí!?” Gravis pensou, cerrando os dentes. “Eu não estou morto! Minha família não está morta! O Céu está certo! Tudo deriva da minha arrogância! Eu fiz essa escolha, e preciso suportar as consequências!”
“Eu já cheguei ao fundo do poço! Daqui só pode melhorar!” Gravis pensou.
“Sim, eu sofri um grande retrocesso, mas só quando eu desistir é que realmente perderei! Talvez eu tenha falhado em trilhar um caminho puro para o poder. Talvez eu tenha falhado em alcançar o poder supremo sem a ajuda do Céu mais alto, mas ainda tenho meu sonho de liberdade! Liberdade não é o meu objetivo mais importante!?”
“Mas será que isso é verdadeira liberdade?” Gravis pensou, enquanto a incerteza voltava a consumi-lo. “É realmente minha escolha perdoar o Céu?”
Gravis sacudiu a cabeça com força.
“Esse é um problema para o futuro!” pensou com olhos estreitos. “Só porque não consigo enxergar uma saída agora, não significa que não verei uma no futuro. Preciso confiar no meu eu do futuro! Eu considero meu eu do passado um idiota arrogante, e meu eu do futuro provavelmente pensará o mesmo de mim! No entanto, para que meu eu do futuro se torne realidade, preciso superar isso agora!”
Infelizmente, por mais que tentasse se motivar, Gravis ainda sentia incerteza e impotência em seu interior.
“Não posso me agarrar a esses sentimentos de incerteza agora”, pensou, rangendo os dentes.
Então, pela primeira vez desde que conversara com sua mãe, Gravis suprimiu suas emoções novamente. Ele sabia que isso era arriscado e que poderia comprometer seu eventual futuro, mas, se não pudesse acessar todo o seu poder agora, jamais alcançaria esse futuro! Por enquanto, precisava retornar ao seu antigo eu frio e sem emoções.
Tudo aconteceu naturalmente. Desbloquear as emoções era difícil, mas, uma vez que se conseguia suprimi-las, tornava-se fácil fazê-lo novamente.
Os olhos de Gravis ficaram frios e sem vida enquanto ele observava o mundo.
Ele não se importava com aquele mundo morto.
Ele não se importava com o Céu.
Ele não se importava com seus amigos.
Ele nem sequer se importava com seus filhos.
No entanto, Gravis sabia que toda a dor retornaria no futuro.
Esse era apenas um estado mental temporário, mas, quanto mais tempo permanecesse nele, mais difícil seria sair.
Mas Gravis aceitava isso. No momento, era o preço que precisava pagar.
BOOOOM!
Gravis compreendeu uma nova Lei, mas, em vez de se alegrar, apenas a desprezou.
Ele acabara de compreender a Lei de nível dois da Apatia.
Reprimir as emoções era fugir delas, e Gravis sabia disso. Mas e daí!? Se precisasse fugir para sobreviver, que fosse!
— Você acaba de compreender sua primeira Lei que nem mesmo eu conheço — disse o Céu.
Gravis olhou para o Céu com frieza. — Como isso é possível? — perguntou friamente.
— Porque eu não fujo das minhas emoções e do meu amor por este mundo — disse o Céu.
Gravis não queria admitir, mas aquele comentário o atingiu.
— Mesmo quando você lentamente matou meu filho, eu não fugi — continuou o Céu. — Você também se tornaria apático se eu matasse seu filho lentamente?
— Qual é o sentido dessa demonstração inútil de superioridade? — perguntou Gravis sem emoção. — Já aceitei que você é mais poderoso do que eu no momento. Não precisa agir todo pomposo, ou isso é sua maneira de me ferir porque seu ancestral o reprime? Esse comentário inútil e patético é uma tentativa de me machucar?
Pela primeira vez, Gravis viu alguma emoção nos olhos do Céu.
Por um breve momento, Gravis viu uma raiva e ódio infinitos.
BANG!
Todos os sete olhos do Céu explodiram em uma chuva de sangue.
Gravis apenas observou friamente.
— Por um momento, traí minha fé inabalável em meu ancestral — disse o Céu, com calma. — Que a perda permanente da visão seja meu castigo.
Gravis zombou. O que era aquele zelo fanático de adoração?
— Apatia é fugir das emoções, o que é uma fraqueza — comentou Gravis — mas uma fraqueza pode ter sua força em certas circunstâncias. Sim, estou fugindo das minhas emoções agora, mas, graças a isso, consegui alcançar um poder que você não tem.
WHOOOOM!
Gravis ativou sua Aura de Vontade. — Você sente isso? — perguntou com um sorriso. — Apatia é um domínio de morte e estagnação. Toda vida e significado morrem dentro dela. Junto com minha Lei da Morte Menor, minha Lei de Supressão e minhas Leis de Composição, minha Aura de Vontade ganhou outro efeito.
— Você pode argumentar sobre o que é fraco e o que é forte o quanto quiser, Céu — disse Gravis. — Você diz que fugir das emoções é fraqueza, mas, se fugir me permite me tornar mais poderoso, não é uma fraqueza o fato de que seu orgulho o impede de fugir?
— Isso é uma demonstração vazia de controle — disse o Céu, com tranquilidade. — Você não está no controle agora, Gravis.
— Sim, mas você também não está — disse Gravis com um sorriso. — Ambos estamos sob o controle do Céu mais alto agora. Ambos estamos fazendo o que ele quer. Então, não somos iguais agora?
— Você e eu não somos iguais — disse o Céu. — Em comparação com…
— Pare de falar merda inútil, Céu — interrompeu Gravis. — Vamos ao que interessa.
— Então, como eu devo me tornar poderoso?