Gravis concentrou-se em criar seu Avatar, mas estava dividido entre dois caminhos.
Por um lado, ele havia compreendido a Lei Menor do Mundo Morto, que aumentaria seu poder de forma incrível. Ele poderia liberar as Leis de Espaço, Tempo, Gravidade, Matéria e seu Raio com o poder de Leis de nível quatro. O poder de um Avatar baseado nessa Lei seria ridículo.
No entanto, esse era o caminho escolhido pelo Céu. O Céu queria que ele seguisse essa fórmula.
Gravis já havia visto como tudo evoluiria naturalmente e por que essa Lei seria a melhor para começar. Primeiro vinha o mundo morto, depois a vida, transformando-o no mundo vivo. Após isso, seria possível combinar as Leis emocionais e situacionais, como Controle, Supressão e Liberdade, para criar a Lei do Verdadeiro Mundo. Isso resultaria em um mundo perfeito, provavelmente o fim do caminho.
Mas Gravis não queria seguir o caminho escolhido pelo Céu. O Céu o forçou a seguir esse caminho, e ele acabara de desafiar o Céu. Se voltasse a seguir essa rota, qual teria sido o propósito de desafiar o Céu?
Escolher a Lei do Mundo Morto como Avatar era a escolha lógica e mais poderosa.
Ainda assim, Gravis realmente queria que seu Avatar fosse baseado na Lei da Liberdade.
Gravis desejava a liberdade acima de tudo, inclusive do poder supremo. Se ele pudesse alcançar verdadeira liberdade sem o poder supremo, ele escolheria a liberdade. O único problema era que era necessário ter poder supremo para ser verdadeiramente livre. Quando alguém não é o mais forte, sempre será suprimido por seres mais poderosos.
Obviamente, a Lei da Liberdade, mesmo sendo uma Lei de nível quatro, não era tão poderosa quanto a Lei do Mundo Morto. A Lei da Liberdade permitia que Gravis ignorasse qualquer tipo de supressão, incluindo jaulas, Confinamentos Espaciais, Auras de Vontade e, provavelmente, até Formações e estruturas semelhantes.
Isso era realmente poderoso, mas era tão poderoso quanto a Lei do Mundo Morto? Certamente não!
Além disso, criar o Verdadeiro Mundo exigia que essas Leis situacionais fossem deixadas para o final. Claro, no fim, Gravis seria capaz de criar o Verdadeiro Mundo independentemente da escolha, mas o caminho até lá seria mais difícil.
Se Gravis criasse seu Avatar com a Lei da Liberdade, ele não teria acesso ao verdadeiro poder das Leis do Mundo até que já fosse um dos seres mais poderosos no mundo mais elevado.
A cabeça de Gravis dizia que ele deveria escolher a Lei do Mundo Morto.
O coração de Gravis dizia que ele deveria escolher a Lei da Liberdade.
Sua mente havia aceitado desafiar o Céu. Afinal, ficar isolado de todos os outros seres vivos por milhares de anos era incrivelmente prejudicial para sua personalidade.
Se permanecesse nessa situação, poderia esquecer quem realmente era. Talvez até esquecesse como rir ou sentir excitação. No fim, tornaria-se como seu pai: frio, insensível e cercado por um vazio cinzento. O desejo de mais poder seria a única coisa o impulsionando para frente.
Era isso que Gravis queria? Não!
No entanto, a questão do Avatar era diferente. Não escolher a Lei do Mundo Morto poderia dar a ele uma grande desvantagem contra outros Cultivadores no mundo mais elevado. Claro, ele ainda seria poderoso no mundo superior, mas não no mais elevado.
“Eu realmente quero condensar um Avatar com a Lei da Liberdade, mas, por mais que eu pense nisso, seria estúpido demais” Gravis pensou.
“Quero dizer, eu ainda poderia combinar a Lei da Liberdade com a Lei de Supressão mais tarde e, claro, provavelmente incluir emoções em algum ponto…”
De repente, os olhos de Gravis brilharam.
“Como eu não percebi isso antes!?”
Gravis tomou sua decisão e condensou seu Avatar. Levou alguns minutos, mas, quando terminou, seu Avatar apareceu atrás dele.
— O que você fez!? — o Céu gritou de raiva. — Você está tão determinado a desafiar meu ancestral que escolheu essa Lei lixo em vez da Lei do Mundo Morto!?
Atrás de Gravis flutuava seu Avatar. Ele era azul-claro e parecia conter vento em seu interior. Sua forma mudava como se o vento soprasse sobre a grama.
— Você não consegue enxergar meu caminho, Céu? — Gravis perguntou com um sorriso.
— Você não pode combinar essa Lei com o mundo até o fim! — o Céu gritou. — Seu poder ficará atrofiado até o fim, e com essa desvantagem, você sequer chegará lá!
Gravis riu novamente. — Então você realmente não consegue ver meu caminho! Que interessante — disse Gravis.
— Seu ancestral sabe o melhor caminho! — Gravis gritou com um sorriso. — Seu ancestral me mostrou o caminho! Você me mostrou o caminho! — ele gritou enquanto fazia uma reverência zombeteira.
— Eu seguirei o caminho do seu ancestral — Gravis disse.
O Céu sentiu a zombaria de Gravis em sua essência. — Não, você não pode…
— Ao contrário! — Gravis interrompeu o Céu.
O Céu ficou perplexo. — O quê? — perguntou involuntariamente.
— Eu seguirei o caminho ao contrário! — Gravis repetiu.
— Começarei com a liberdade. Depois, tomarei todas as Leis situacionais para criar a Lei das Situações. Depois disso, tomarei as Leis da Vida para criar a Lei da Verdadeira Vida e, por último, combinarei a Lei da Verdadeira Vida com a Lei do Mundo Morto, criando a Lei do Verdadeiro Mundo! — Gravis gritou.
— Pare de ser estúpido e teimoso! — o Céu gritou, furioso. — As Leis situacionais são as mais difíceis de compreender! Você não pode observá-las como a matéria, os elementos ou a vida! Entender essas Leis depende puramente de acaso! Você está tornando isso muito mais difícil para si mesmo do que precisa ser!
— Vai se ferrar, eu faço o que quero — Gravis gritou, rindo alto. — Essa é minha escolha, e cabe a mim tomá-la! Se eu decidir morrer agora, não há nada que você possa fazer para me impedir! Se eu quiser tornar meu caminho ainda mais difícil, você também não pode me impedir!
— Eu não sou sua maldita formiga de estimação! — Gravis gritou, apontando agressivamente para o Céu. — Pare de tentar me empurrar para algo! Eu faço o que eu quiser, e se você continuar tentando me forçar para o seu chamado melhor caminho, posso muito bem decidir ferrar meu próprio caminho só para te irritar!
O Céu viu que não poderia forçar Gravis a seguir o caminho que queria. Se ainda tivesse seu antigo poder, talvez fosse capaz de obrigá-lo sob ameaça de morte. Infelizmente, seu Avatar havia sido destruído, e o Céu não tinha mais nenhuma Lei de nível quatro. Só podia usar algumas Leis básicas, neutras em relação aos elementos, de nível três.
Estava muito mais fraco do que Gravis agora.
— Tudo bem — o Céu disse. — Você fez sua escolha. Não há nada que eu possa fazer para mudá-la.
— Venha! — o Céu gritou. — Termine isso e volte para casa.
O único passo restante era consumir o Céu e compreender a Lei de nível seis do Raio Divino.
O Céu inspecionou Gravis com seu Espírito e apertou os punhos ao ver a expressão dele.
Gravis apenas sorriu amplamente.
— Desculpe — Gravis disse devagar, com diversão em suas palavras — mas eu não quero.
O corpo do Céu tremeu em um coquetel de emoções.
Mesmo agora, Gravis o desafiava!? Ele era realmente tão mesquinho!? Ele sequer mataria e consumiria o Céu agora!?
Gravis havia feito um juramento ao seu raio de que mataria o Céu. Mas o que era esse juramento diante da Lei da Liberdade? A liberdade não permitia supressão, e isso incluía a supressão de si mesmo.
Gravis era livre.
Ele não precisava seguir o que alguém no passado jurou, mesmo que fosse ele próprio. Seu raio apenas teria que aceitar isso.
O corpo do Céu continuou a tremer.
— Tudo bem! — o Céu gritou.
BANG!
O Céu apontou para Gravis e liberou um raio incrivelmente rápido. Era tão rápido que Gravis não tinha como desviar. Seu corpo parou enquanto sua mente era inundada por conhecimento.
— Mas você IRÁ compreender a Lei do Raio Divino, querendo ou não! — o Céu gritou com raiva.
Dias se passaram, mas, para Gravis, pareciam apenas segundos.
— O quê? — disse Gravis ao recuperar sua consciência. Então, percebeu o que o Céu havia feito.
Gravis suspirou. — Certo, vamos nessa — comentou.
Ele inspecionou o novo conhecimento que havia adquirido, mas algo parecia… incompleto.
— Hã? — Gravis murmurou. Em seguida, abriu a palma da mão e tentou usar o Raio Divino, mas simplesmente não funcionou.
— Você não pode — disse o Céu. — Esta é uma Lei de nível seis, e mesmo com seu Espírito especial, você ainda não consegue combiná-la completamente. Eu só posso usar essa Lei porque meu Ancestral fez uma exceção para nós, Céus.
— Normalmente, seria necessário ter uma Aura de Vontade no nível de um Deus Estelar, mas, no seu caso, o Reino de Imperador Imortal deve ser suficiente — explicou o Céu.
Em vez de olhar para o Céu, Gravis franziu a testa, encarando sua mão. Ele tentou todos os meios concebíveis para compreender essa Lei, mas não conseguiu.
Então, seu Avatar começou a brilhar.
E Gravis sorriu.
— Vai se ferrar, eu faço o que quero!
BANG!
Uma faísca de Raio Divino surgiu na mão de Gravis, chocando o Céu além da crença.
Então, Gravis riu alto novamente.
— Suas regras estúpidas não podem me suprimir! — Gravis gritou entre risadas.
Mas, logo em seguida, sentiu-se tonto, e o raio desapareceu.
— Certo, talvez eu siga um pouco essas regras — disse Gravis, enfraquecido.
Ele havia desafiado as regras e compreendido a Lei do Raio Divino, mas não conseguia usá-la. Todo o seu ser estava completamente exausto. Gravis era raio, mas aquele Raio Divino era simplesmente avassalador demais.
Se Gravis decidisse tornar-se Raio Divino, o poder do Raio Divino venceria. Ele literalmente se tornaria Raio Divino. Sua vontade e seu ser desapareceriam, e ele perderia sua individualidade, tornando-se um corpo sem mente preenchido apenas com a vontade do Raio Divino.
Isso seria a mesma situação de quando ele havia se tornado o Avatar do Relâmpago no mundo inferior. Gravis morreria de verdade.
— Mas, ei, é uma pequena vitória! — Gravis pensou com um sorriso.
Então, acenou para o Céu com uma piscadela. — Enfim, adeus. Estou indo agora — disse ele, rindo.
Gravis olhou para o céu com um sorriso.
Depois disso, voou para cima e desapareceu.
O Opositor havia chamado seu filho para casa.
O Céu olhou para o chão, seu filho morto.
Passou a mão pela areia, tocando-a.
— Eu falhei com você, ancestral — o Céu disse, com a voz carregada de tristeza e pesar. — Meu filho está morto, e não tenho mais motivo para continuar vivendo.
— Ancestral, por favor, destrua-me junto com meu filho.
O Céu mais elevado olhou para seu descendente, mas não estava com raiva. Esse havia sido um dos seus filhos mais leais, dedicados e brilhantes. Nem mesmo o Céu mais elevado havia sido capaz de prever esse desfecho.
Seu filho havia feito o melhor possível. Se nem o Céu mais elevado conseguiu prever isso, seria tolice esperar que outros o fizessem.
Lentamente, todo o mundo se transformou em poeira branca.
O Céu se levantou e olhou para seu filho morto.
Então, suspirou uma última vez.
— Eu realmente odeio você, Gravis — disse.
E então, ele também se transformou em poeira branca.
A poeira branca desapareceu, sendo transformada em Energia para alimentar outro mundo intermediário.
Assim, um mundo intermediário inteiro foi destruído.
E a jornada de Gravis no mundo intermediário chegou ao fim.