Gravis passou o ano seguinte andando pela cidade, explorando e se informando sobre os preços gerais. Ele precisava entender bem os preços para avaliar quanto deveria cobrar por seus serviços.
Um critério importante para os preços era o número e a avaliação dos Certificados exibidos na frente de cada loja. Os preços de uma forja com o Certificado de Honestidade geralmente eram cerca de 20% mais altos do que as forjas sem ele. Gravis supôs que isso se devia ao fato de muitas pessoas estarem dispostas a pagar um pouco mais pela garantia de confiança. Afinal, ninguém gosta de ser enganado.
Outro critério importante era o Certificado de Equipamento de Mundo Intermediário. As lojas com uma avaliação alta cobravam quase 50% a mais do que aquelas com avaliações baixas. No entanto, isso não era nada comparado às lojas com um Certificado perfeito.
Essas lojas frequentemente cobravam cerca de dez vezes mais do que as lojas com uma avaliação alta. Gravis concluiu que elas provavelmente atendiam a uma minoria rica, adotando a filosofia de menos clientes, mas mais dinheiro por cliente.
As forjas de Armas Mundiais também tinham margens de preço insanas. Contudo, havia um problema: Gravis só podia criar equipamentos até dois níveis acima de seu próprio, e o resultado poderia não ser perfeito. Criar armas para níveis mais altos exigia um controle muito mais preciso.
A maioria das forjas de Armas Mundiais criava armas até o pico do Reino do Imperador Imortal. Já Gravis só podia criar Armas Mundiais para a metade inferior do Reino Imortal. Isso significava que sua base de clientes para essas armas era pequena.
Por isso, Gravis decidiu oferecer preços mais baixos para suas Armas Mundiais em comparação com outras forjas de alta avaliação. Com um Certificado perfeito, ele ainda conseguiria atrair alguns clientes.
Quanto aos preços gerais de equipamentos, Gravis decidiu cobrar um pouco menos do que ferreiros com avaliações altas. Para muitos ferreiros, tempo é dinheiro, já que precisam passar horas em cada arma. A maioria busca clientes suficientes para forjar continuamente, sem filas ou tempos de inatividade.
Mas isso não se aplicava a Gravis. Quanto mais clientes ele tivesse, melhor. Se ele cobrasse cerca de 80% dos preços regulares das forjas com alta avaliação, atrairia muito mais clientes. Como podia fazer armas em segundos, o volume de clientes só traria vantagens.
Após cerca de um mês estudando os preços, algo peculiar chamou sua atenção. Seus olhos se estreitaram, e um sorriso de escárnio surgiu em seu rosto.
Logo depois, Gravis desapareceu.
Ele reapareceu em um espaço diferente, preenchido por uma névoa branca e uma infinidade de mercadorias. A densidade de energia nesse espaço era incrivelmente alta.
Instantaneamente, alguém apareceu na frente de Gravis. Era um jovem com olhos intensos. No entanto, esses olhos mostravam apenas nervosismo, confusão e medo.
— Saudações, Sênior — disse o homem com muito cuidado, fazendo uma profunda reverência. — Poderia me dizer o motivo da sua visita?
Gravis olhou para o jovem com um sorriso. A pessoa diante dele não era um ser real, mas o Espírito de alguém.
Isso mesmo. Gravis estava dentro do Espaço Espiritual de outra pessoa.
O Alto Sacerdote do mundo inferior havia feito o mesmo com Gravis usando o elemento madeira, já que na época Gravis estava um grande Reino abaixo dele. Agora, Gravis podia fazer o mesmo com outros de Reinos inferiores. Afinal, ele também tinha acesso ao elemento madeira.
Invadir o Espaço Espiritual de alguém era tão rude e agressivo quanto colocar uma lâmina no pescoço dessa pessoa.
— Não me reconhece? — perguntou Gravis com um sorriso.
O jovem olhou para Gravis. Ele não conseguia discernir o poder dele e nunca tinha visto aquele homem de cabelos negros antes. Não fazia ideia de quem era Gravis.
— Desculpe-me pela negligência, Sênior — disse ele, fazendo outra reverência. — Não consigo associá-lo à minha memória.
Gravis bufou com um sorriso de escárnio. — Cerca de 22 anos atrás, você me enganou — disse Gravis. — Comprei um scanner e um Anel da Vida de você em troca de minério de um mundo inferior. No entanto, você roubou meu emblema de Pesquisador Adepto durante a troca.
O homem rapidamente se lembrou de ter enganado um jovem adolescente de cabelos brancos e olhos estranhos. Ele tinha certeza de que aquele jovem morreria logo após começar a cultivar no Mundo mais alto. Mesmo que não morresse, levaria centenas de anos para alcançar poder suficiente para enfrentá-lo. Será que essa pessoa era realmente aquele jovem?
— Não consigo me lembrar de ter feito isso, Sênior — disse o homem com cuidado.
No entanto, com seu baixo Reino Nutrição Nascente, era impossível mentir para um Imortal. Gravis imediatamente percebeu a mentira, e seu sorriso se alargou.
— Não me importa se você se lembra ou não — disse Gravis. — Eu me lembro, e sou mais poderoso do que você. Então, ou você devolve o emblema de Pesquisador Adepto com algo extra, ou eu pegarei o que quiser.
“Devolver?” o jovem pensou, chocado. Como se ele tivesse esse tipo de dinheiro! Um emblema de Pesquisador Adepto valia mais de 500 Pedras Imortais! Ele não tinha nem de longe essa quantia!
— Não tenho esse tipo de dinheiro. Posso pagar depois? — perguntou nervosamente.
O Sentido Espiritual de Gravis se expandiu para fora do Espaço Espiritual do homem, abrangendo a Comunidade do Céu. Ele cruzou as informações sobre as posses do comerciante e o valor de suas mercadorias.
No final, Gravis chegou a uma conclusão lamentável. Seu emblema valia cerca de 700 Pedras Imortais, enquanto esse pobre coitado tinha um total de apenas 27 Pedras Imortais em suas posses. Não era nem de perto o suficiente.
De repente, uma nova pessoa apareceu no Espaço Espiritual.
Gravis já havia notado que o jovem chamara por ajuda assim que ele chegou. Este era provavelmente seu protetor…
Ou um mendigo, mais precisamente.
Aparentemente, o ‘protetor’ do jovem era um dos mendigos da cidade, um Imortal de nível dois.
O mendigo olhou para Gravis com olhos frios.
Então, seus olhos se transformaram em medo quando ele sentiu o poder e a Aura de Vontade de Gravis.
— Nem fodendo!
Whoop!
E o mendigo se foi, deixando o jovem em desespero. Ele saiu tão rapidamente quanto apareceu.
Gravis se voltou para o jovem. — Agora, sobre o meu pagamento — disse Gravis.
— V-Você não pode me matar! — gritou o jovem em pânico. — Matar é proibido na Comunidade do Céu!
Gravis soltou uma leve risada. — Você deveria ter pensado nisso antes de roubar de mim — respondeu.
Sem dizer mais nada, Gravis saiu do Espaço Espiritual do jovem. Por um breve momento, o jovem sentiu alívio, mas isso logo deu lugar ao desespero.
Ele tentou abrir os olhos, mas percebeu que não conseguia. Não apenas isso: ele não conseguia se mexer! Estava completamente paralisado.
Na Comunidade do Céu, Gravis pairava diante de uma estátua. Com um sorriso malicioso, ele havia usado parte de seu Minério de Compreensão de Leis para aprisionar o jovem dentro de uma prisão sólida. Para alguém no Reino Nutrição Nascente, escapar dessa situação era impossível.
— Sabia que a longevidade no Reino Nutrição Nascente é de cerca de 3.000 anos? Estou planejando passar cerca de 5.000 anos por aqui. Não se preocupe, antes de partir para o mundo superior, eu o libertarei.
— Agora — continuou ele com um sorriso. — Você ainda pode se comunicar com os outros através do Espírito. É melhor encontrar um jeito de me dar 1.000 Pedras Imortais, o que é cerca de 50% mais do que o Emblema de Pesquisador Adepto vale. Chame alguns favores, peça um empréstimo, ou seja lá o que for. Arrume o dinheiro, e eu o libertarei imediatamente.
Gravis cruzou os braços. — Se não conseguir, bem… talvez você vire uma atração turística aqui na Comunidade do Céu por um tempo.
O jovem implorou e suplicou, mas Gravis simplesmente o ignorou. Para ele, o jovem tinha duas escolhas claras: pagar por seus atos e continuar vivendo, ou enfrentar as consequências de suas próprias ações.
Os comerciantes e clientes ao redor olharam para a estátua flutuante com desconforto. Situações como essas não eram comuns, mas também não eram inéditas na Comunidade do Céu.
Gravis usou seu elemento vento para manter a estátua flutuando e infundiu nela energia suficiente para mantê-la funcionando por algumas centenas de anos. Manter uma estátua levitando não exigia muito de sua vasta reserva de energia.
Gravis então reforçou a energia que mantinha a estátua suspensa, garantindo que ela flutuaria por algumas centenas de anos sem esforço significativo de sua parte.
— Boa sorte — disse Gravis, antes de se virar e desaparecer em um teleporte.
Os comerciantes e transeuntes observaram a estátua, suspirando.
Pelo menos não era com eles.
O que Gravis não sabia era que este ato aparentemente aleatório e insignificante havia chamado a atenção de um ser extremamente poderoso.