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Lightning Is the Only Way – Capítulo 719

Compartilhando Preocupações

Gravis adicionou mais 200 anos à sua Matriz de Virtualização, já que tinha certeza de que ainda estava longe de compreendê-la. O atendente tentou puxar conversa, mas Gravis cortou qualquer tentativa e saiu rapidamente.

Gravis se sentia culpado.

Quando foi a última vez que Gravis havia mentido? Provavelmente, antes de sua mente se alinhar com o raio. Mentir após tanto tempo parecia uma traição para Gravis, mesmo que fosse por um bom motivo.

Ele voltou para seu quarto, mas não colocou a Matriz de Virtualização imediatamente. Em vez disso, ficou parado no cômodo vazio, encarando o espaço enquanto se perdia em pensamentos.

Gravis não sabia ao certo como deveria se sentir, pois a situação era complexa. Ele nem sabia exatamente no que estava pensando. Era mais como se estivesse processando emoções e tentando entender o que sentia.

Após cerca de dez minutos, Gravis suspirou. — Estou complicando demais as coisas — murmurou para si mesmo. — Quando não consigo entender uma situação, provavelmente ela não é tão complexa quanto parece.

Tomando uma decisão, Gravis deixou o quarto.

SHING!

Gravis apareceu diante de Jake e Yersi novamente, que ainda estavam incertos sobre o que fazer.

— Ouçam, acho que lidei com a situação de forma errada — disse Gravis, lentamente.

Jake ficou positivamente surpreso com o retorno tão rápido de Gravis. Imortais geralmente levavam meses ou até anos para refletir sobre decisões, mas Gravis voltou em questão de minutos.

— Você não precisa se desculpar, pai — disse Yersi. — Sei que você não foi sincero, mas também entendo o porquê. Você não queria me preocupar e traiu seus próprios princípios para que eu me sentisse melhor.

Gravis suspirou novamente. Ouvir as palavras de sua filha apenas o fazia se sentir ainda mais culpado. — Eu sei, mas isso foi errado da minha parte — disse, aproximando-se. — Eu estava tratando você como uma criança, não como uma adulta. Você tem mais de 2.000 anos, e tenho certeza de que consegue lidar e entender esse tipo de problema.

— Já disse que você não precisa se desculpar — Yersi respondeu em voz baixa. — Você não fez nada de errado. A maioria das pessoas mentiria para proteger aqueles que amam, e não acho que haja algo de errado nisso.

Yersi olhou para Jake. — Depois de conhecer Jake, entendi o quanto queremos proteger quem amamos, mesmo que isso nos machuque. Na minha opinião, você não ser completamente honesto para me proteger só mostra o quanto se importa comigo.

Gravis se aproximou mais e abraçou sua filha. O que ele havia feito para merecer uma filha tão maravilhosa? Ela era tão compassiva e compreensiva com seus problemas, mesmo que fossem problemas que não deveriam envolvê-la. Como pai, era responsabilidade de Gravis lidar com tudo isso.

Passou-se um minuto de proximidade.

Yersi sentia os sentimentos de seu pai e estava feliz por ele ser seu pai. Ela sabia que a vida de Gravis não havia sido fácil e que ele enfrentava muitos problemas. Ainda assim, mesmo com todos esses desafios, ele encontrava tempo para protegê-la. Gravis também nunca havia minimizado os problemas dela no passado.

Bem, exceto naquela vez em que seus dois irmãos pensaram que Yersi estava vivendo um inferno sob o Imperador Tornado, mas aquilo realmente não era algo significativo. Não podia ser usado como exemplo.

Gravis afastou-se lentamente de Yersi e olhou para Jake. — Jake, acho que é hora de contar mais sobre minha vida. Você está com Yersi há muito tempo e a tratou de forma honesta. Pelo menos isso, você merece de mim.

Jake não era uma pessoa arrogante ou irracional. Em sua opinião, não culpava Gravis nem um pouco por sua mentira. Afinal, Jake também muitas vezes havia dito que não cultivar não era um grande problema para ele, quando na verdade era algo enorme, apenas para facilitar as coisas para Yersi.

— Estou disposto a ouvir, Gravis — respondeu.

Os três se sentaram na margem, olhando para o gigantesco lago, enquanto Gravis começava a contar sua história.

Yersi já havia compartilhado algumas coisas sobre o passado de Gravis com Jake, mas não muito. Afinal, era decisão de seu pai se ele queria ou não compartilhar sua história.

A primeira coisa que Gravis disse a Jake foi que tinha zero de Sorte Cármica. No passado, falar sobre Sorte Cármica era algo impensável, mas isso se devia ao Céus individuais. Os Céus controlavam a Sorte Cármica, e o Céu inferior não queria que ninguém soubesse nada sobre isso que ele não quisesse revelar.

No Mundo intermediário, Sorte Cármica havia se tornado irrelevante, já que ninguém a possuía.

E, no mundo mais alto, todo Cultivador poderoso sabia sobre Sorte Cármica. Em algum ponto de sua jornada, seriam capazes de desvendar o mistério da sorte. Por isso, o Céu mais elevado não via motivo para manter isso em segredo.

Jake já sabia que todos os filhos do Opositor tinham essa característica. Isso não era novidade para ele.

Mas, ao ouvir sobre os efeitos reais da Sorte Cármica e o que o Céu inferior havia feito, a realidade se impôs a ele. Pensar que ter menos sorte do que todos os outros não parecia tão ruim. Afinal, bastava ser mais poderoso que todos os outros. Então, a sorte não importava mais, certo?

Isso podia ser verdade até certo ponto, mas o ‘azar’ de Gravis no mundo inferior não se devia inteiramente à sua falta de Sorte Cármica. A maior parte de seus problemas vinha do Céu inferior constantemente tentando matá-lo ou impedi-lo de se tornar mais poderoso.

O primeiro grande choque para Jake foi ouvir como Gravis adaptou seu Espírito ao Raio da Destruição. Claro, com a atual Aura de Vontade de Jake, ele não teria problemas em lidar com a dor, mas enfrentar tal dor no Reino de Reunião de Energia era simplesmente insano. Além disso, isso não fazia sentido em relação a nenhuma Lei que ele conhecia.

Jake conhecia muitas Leis devido ao seu Reino e ao seu trabalho. Podia-se dizer que sua compreensão das Leis era excepcional, mesmo entre Imperadores Imortais no Pináculo. Ainda assim, em sua mente, era absolutamente impossível fundir algo tão destrutivo quanto o Raio da Destruição com algo tão frágil quanto um Espírito.

O próximo choque veio quando Gravis contou como matou o Céu inferior. Jake nunca tinha ouvido falar de alguém que tivesse matado algum tipo de Céu. Ele nem sabia que isso era possível.

Para os Cultivadores no mundo mais alto, o Céu era apenas um conceito, uma espécie de amálgama de regras. Parecia não haver intenção por trás do Céu, pois ele apenas impunha regras. Quase todos acreditavam que o Céu nem era consciente, apenas as próprias Leis.

Quando o Opositor se revoltou, todos sentiram como se ele estivesse tentando destruir o mundo, com o Céu sempre o impedindo. Para eles, parecia alguém atacando uma parede imóvel, os destroços matando uma tonelada de espectadores. Por que atacar uma parede tão passiva? Por isso, o Opositor era universalmente odiado por todos, mas, claro, ninguém ousava demonstrar esse ódio.

Ainda assim, quanto mais Jake ouvia Gravis, mais podia ver uma personalidade no Céu. O fato de o Céu poder ficar irritado quando alguém não quebrava as regras era o exemplo perfeito.

Algo sem personalidade não ficaria irritado com palavras, mas Gravis conseguiu enfurecer o Céu inferior com suas palavras e até mesmo o Céu intermediário. Ficar irritado com provocações era algo que seres vivos faziam, não coisas inanimadas.

Jake ficou mais nervoso à medida que ouvia mais da história de Gravis. Era como se tivesse vivido em uma vila no topo de uma montanha durante toda a sua vida, sem saber que a montanha era, na verdade, uma enorme criatura viva que escutava tudo.

E, naquele momento, Jake sentia como se outro garoto da vila estivesse insultando essa criatura apenas ao revelar o que ela havia feito no passado.

Gravis percebeu o nervosismo de Jake e rapidamente tentou tranquilizá-lo. O Céu não se importava. Ele era um crente no verdadeiro poder, e mesmo que Jake algum dia se tornasse um Magnata Celestial, isso ainda não faria diferença. Afinal, todos estavam sob o controle do Céu.

Jake conseguiu se acalmar um pouco, mas ainda parecia assustador ouvir alguém falar coisas desagradáveis sobre algo tão mais poderoso. Isso não parecia diferente de alguém insultar o Opositor na frente de Jake. Era como colocar a própria vida em risco sem necessidade.

O golpe final foi a descrição do confronto de Gravis com o Céu intermediário. O fato de que o Céu não matou Gravis imediatamente e de que eles conversaram bastante mostrou a natureza astuta e calculista do Céu. Isso não era apenas um conceito, mas sim um ser vivo real.

— E é por isso que ainda acredito que isso é parte de um dos esquemas do Céu — disse Gravis. — Meus amigos mais importantes ainda estão vivos, enquanto os menos importantes morreram. Qual é a probabilidade de que os quatro amigos mais próximos que fiz no mundo inferior cheguem todos ao mundo superior? Essa chance deve ser de uma em um trilhão. É algo insanamente improvável.

— É também por isso que acredito que Manuel continuará cultivando no futuro. O Céu não permitirá que sua longevidade acabe. Não sei se realmente quer me recompensar ou se quer usar todos como um plano reserva. Pode até ser ambos — continuou Gravis.

— O Céu está alcançando seu objetivo, mudando e controlando parte da minha vida sem que eu possa mudar isso. E, ao mesmo tempo, está fazendo isso de uma forma que só traz resultados positivos. É como se alguém chegasse e despejasse enormes quantidades de Pedras Divinas no seu Espaço Espiritual sem que você pudesse impedir.

— Eu deveria ficar com raiva disso? Quero dizer, é algo positivo, então não deveria ficar irritado. Mas também parece que estou perdendo controle sobre minha liberdade. Este é um método de supressão incrivelmente eficaz.

Gravis olhou para Yersi. — Sei que você não quer continuar cultivando, e eu realmente preferiria que você não continuasse. Apenas viva sua vida como quiser. Viva da maneira que achar melhor.

Gravis suspirou. — Pelo menos, isso é o que eu gostaria de dizer — ele disse. — No entanto, mesmo que você seguisse essas palavras à risca e fizesse exatamente isso, no final, você provavelmente ainda retornaria ao cultivo. Os métodos do Céu são incrivelmente sutis, e já percebi um padrão.

— O Céu nunca obriga você a fazer algo, mas muda seu ambiente e percepção até que você veja e acredite que o caminho que ele quer que você escolha é o melhor. Ele concederá quase tudo o que você deseja, mas deixará exatamente um caminho aberto para tornar sua vida ainda melhor, e este último caminho é o que o Céu quer que você trilhe.

— No final, você decidirá seguir o caminho do Céu por sua própria vontade, e se sentirá feliz ao fazê-lo. É por isso que estou tão frustrado — disse Gravis.

— Porque, não importa o que eu faça, parece que ainda seguirei pelo caminho que ele planejou.

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