Liran sabia exatamente o que aconteceria. Ainda assim, decidiu matar o Discípulo Central. Liran sabia que aquele era o filho mais amado do Mestre da Seita da Seita do Cutelo Punitivo.
Como Gravis havia previsto, a Seita do Cutelo Punitivo tinha uma alta hierarquia relativamente fraca. O número de Imortais no Pináculo e de Reis Imortais de Circulação Menor Básica era bem menor do que o de qualquer outra seita. No entanto, o Mestre da Seita era a razão pela qual a Seita conseguia se manter.
Os recursos daquela área eram apenas suficientes para permitir que alguém alcançasse o Reino do Rei Imortal da Circulação Menor Intermediária. Qualquer coisa acima disso seria difícil de alcançar ou abriria um buraco gigantesco nos fundos da seita.
Por causa disso, as seitas haviam concordado que a pessoa mais poderosa de cada seita seria apenas do Reino do Rei Imortal da Circulação Menor Intermediária. Caso contrário, se uma delas decidisse ultrapassar esse limite e se fortalecer além disso, todas as outras seitas seriam obrigadas a fazer o mesmo, algo que não queriam.
Foi assim que o acordo entrou em vigor. Se alguma seita decidisse quebrar esse acordo, as outras forçariam essa pessoa a sair de sua seita. Caso isso não ocorresse, a ira das seitas recairia sobre a seita em questão.
As seitas eram aliadas, mas, na verdade, estavam apenas esperando que uma delas ultrapassasse os limites para que pudessem encontrar uma razão para saquear aquela seita. Na superfície, elas agiam como irmãs, mas, na verdade, quase todas eram serpentes prontas para atacar ao menor sinal de fraqueza.
Contudo, por causa desse acordo, a Seita do Cutelo Punitivo conseguiu se manter em pé, mesmo com sua alta hierarquia fraca.
O Mestre da Seita podia lutar contra inimigos de um nível superior, algo raro. Sozinho, ele era capaz de enfrentar as forças de quase qualquer outra seita.
Esse era o Mestre da Seita do Cutelo Punitivo, e ele era poderoso. Liran sabia que matar o filho dele traria a ira desse homem contra a Seita Irrestrita, mas isso fazia parte da essência de sua seita.
A Seita Irrestrita valorizava a liberdade, permitindo que todos fizessem o que quisessem. Se alguém quisesse matar outro, tinha permissão para isso. Reprimir as próprias emoções era ir contra o caminho de ser irrestrito.
Liran sabia que morreria hoje e, com ele, talvez toda a Seita Irrestrita fosse destruída. Ainda assim, ele não se importava. Amava cada membro de sua seita, mas precisava ser fiel à sua filosofia. Qualquer outro membro teria agido da mesma forma.
Os olhos de Gravis brilharam.
Whoop!
Então, Gravis desapareceu no ar.
Com o Mestre da Seita do Cutelo Punitivo presente, ninguém prestou atenção em Gravis. Nem mesmo o guarda ao lado de Gravis notou seu desaparecimento. Apenas Liran percebeu, mas Gravis já havia informado Liran sobre um plano.
Um plano ousado.
A Seita Irrestrita havia mostrado sua mentalidade e ideologia, e Gravis não permitiria que esses espíritos afins desaparecessem do mundo. Ele já havia apostado tudo em sua decisão e não recuaria agora.
Claro, se quisesse, Gravis poderia simplesmente fugir com o guarda, já que o Mestre da Seita do Cutelo Punitivo não se importaria com nenhum dos dois. Esse também era o plano de Liran, que já havia explicado sua estratégia a Gravis.
Liran daria sua vida para ganhar tempo. Durante esse período, Gravis e o filho de Liran reuniriam a Seita Irrestrita e seguiriam o protocolo para quando sua seita estivesse prestes a ser destruída.
Mas Gravis tinha um plano diferente.
Ele havia acabado de ingressar oficialmente na Seita Irrestrita e não fugiria enquanto seu povo era ameaçado, mesmo que tivesse conhecido apenas dois deles. No entanto, isso já era o suficiente. O guarda mais humilde e o Mestre da Seita mais poderoso seguiam a mesma filosofia. Essa era a seita perfeita para Gravis, e ele não deixaria algo tão ideal ser destruído.
O Mestre da Seita do Cutelo Punitivo olhou para Liran de cima com raiva e condenação justificadas. — Eu sempre soube que vocês, selvagens da Seita Irrestrita, trairiam nossa aliança mais cedo ou mais tarde — disse ele. — Mas eu nunca imaginaria que matariam meu único filho.
— Se ele tivesse morrido para alguém do mesmo nível, eu não pediria reparações, mas você, como Mestre da Seita, matou um Discípulo Central. Isso é inaceitável, covarde, fraco e tolo — disse ele com olhos ferozes.
Liran apenas zombou. — Tsc, como se você permitisse que alguém matasse seu filho — respondeu com sarcasmo. — Pare de mentir na minha cara.
BANG!
Um poderoso raio atingiu o chão abaixo do Mestre da Seita, que encarou Liran friamente. — Eu não me importo que você tenha matado meu filho, mas não posso deixar passar a falta de respeito de não me consultar antes de fazê-lo. Ele era inútil de qualquer forma, mas, antes de chutar um cachorro, você deveria olhar para o dono.
— Você está chamando seu próprio filho de cachorro? — Liran perguntou, incrédulo. — Eu sabia que você era um pedaço de lixo mentiroso, Arthur, mas não pensei que fosse tão baixo. Não é de se surpreender que seu filho tenha crescido podre.
BANG!
Outro raio.
— Não questione minha capacidade como pai! — Arthur gritou. — Eu o ensinei perfeitamente, mas ele simplesmente era ineducável. Nasceu arrogante, mas fraco.
O filho de Liran olhou desconfortável para o lugar onde o Discípulo Central havia morrido. Seria essa a razão de ele agir daquela forma? Não era à toa que nunca aceitava qualquer desrespeito sem explodir. As críticas constantes, insultos e frieza de seu pai provavelmente deixaram uma cicatriz permanente em sua mente.
O Discípulo Central provavelmente buscava respeito e adoração dos outros porque, no fundo, não tinha nenhum por si mesmo. Ele nunca conseguiu atender às expectativas de seu pai, o que o fazia se sentir inútil.
Todos tinham sua própria história, e, em sua própria história, ninguém era o vilão.
Isso absolvia o Discípulo Central de suas ações e conduta?
Não.
Ele recebeu uma mão péssima, mas ainda assim, foi ele quem decidiu como jogá-la. Ele poderia ter deixado a seita. Poderia ter cortado todos os laços com o pai. Poderia ter buscado poder sem olhar para os outros.
Em vez disso, decidiu reprimir os outros. Para ele, reprimir os outros e se sentir superior era bom demais.
Mesmo Imortais com Will-Auras poderosas podiam sucumbir à tentação de sentir o impacto de seus próprios poderes sobre os outros. Na verdade, Imortais eram ainda mais propensos a agir com arrogância. Haviam chegado tão longe. Viam um oceano de seres mais fracos abaixo e apenas alguns mais fortes acima.
Eles ingressaram em uma seita poderosa e eram respeitados onde quer que fossem. Seu poder os tornava superiores, e o oceano de pequenas seitas com especialistas apenas no Reino Unidade só podia olhar para esses Deuses.
Por que gastar tanto tempo em isolamento para compreender outra Lei? Já eram Imortais e podiam desprezar quase todos. Já viveriam por 50.000 anos e, para viver ainda mais, precisariam avançar um total de sete vezes! Cinco vezes já era algo demorado, mas sete? Isso era trabalho demais.
Além disso, superar os três gargalos das Circulações era trabalho demais. Compreender duas Leis de nível três para se tornar um Imortal de Circulação Maior Básica? Compreender três Leis de nível três para se tornar um Imortal no Pináculo? Compreender uma Lei de nível quatro para se tornar um Rei Imortal?
Era esforço demais e levaria uma eternidade. Qual o sentido de viver tanto tempo se tudo o que se faz é ficar sentado sozinho em uma caverna, quebrando a cabeça com coisas que não importam? Era muito mais fácil simplesmente permanecer como um Imortal. Embora alcançar o Reino da Circulação Maior também não fosse ruim. Afinal, até mesmo outros Imortais teriam que respeitá-los.
Tornar-se um Imortal no Pináculo? Você tem ideia de quão difícil é compreender OUTRA Lei de nível três!? Todos já compreendem espaço, e concluir sua primeira Lei de nível três até que é aceitável, mas encontrar mais uma? Eles já haviam compreendido a Lei de nível três com a qual tinham mais afinidade. A próxima seria várias vezes mais difícil. Para quê? Apenas por um único avanço?
Tornar-se um Rei Imortal? Pfff, que se dane. Tentar compreender uma Lei de nível quatro é esforço demais.
Além disso, para compreender qualquer uma dessas Leis, ainda precisariam se refinar. Qual o sentido de viver tanto tempo se você pode morrer tentando viver ainda mais? Eles já haviam lutado o suficiente em suas vidas. Não precisavam lutar mais.
Essa era a razão pela qual havia um número enorme de cultivadores que paravam de cultivar no Reino Imortal. Os três gargalos mais sete avanços eram trabalho e risco demais. Não valia o esforço.
E todo esse esforço para quê? Para viver mais 50.000 anos, totalizando 100.000? Eles já teriam desperdiçado quase 50.000 anos. Isso significava que sua longevidade nem aumentaria de verdade após se tornarem Reis Imortais. Ainda teriam apenas 50.000 anos restantes.
O Discípulo Central e muitos outros pensavam assim, o que também explicava por que colocavam respeito, adoração, arrogância e superioridade em um pedestal tão alto. Eles haviam trabalhado incrivelmente duro para chegar a esse ponto, e é bom que os outros mostrem o devido respeito por essa grande conquista!
Se não o fizessem, isso apenas mostraria que eram selvagens idiotas que não entendiam nada sobre como os humanos normais agiam.