Gravis olhou para a cabeça com as sobrancelhas franzidas. Ele não havia percebido a presença dessa pessoa, mas Stella havia conseguido notá-lo.
— Como você o notou? — perguntou.
Stella percebeu que Gravis não estava nem um pouco irritado, o que significava que ele realmente não estava conectado a esse intruso. — Ele usou a Lei da Sombra para se esconder. Eu sei que você já conhece essa Lei, mas ele provavelmente também tinha a Lei da Sombra como Avatar. Isso significa que a Lei dele exibia o poder de uma Lei de nível quatro.
Gravis assentiu. — Além disso, a diferença de nível entre nós é grande demais — disse. — Se eu fosse um Imortal de Circulação Maior Básica, talvez tivesse percebido.
Stella assentiu.
— Você reconhece a aura dele? — perguntou Gravis.
Alguém tinha ficado tão interessado em Gravis que contratou um Imortal no Pináculo para vigiá-lo. Isso significava que pelo menos um Mestre de Seita já estava muito interessado nos segredos de Gravis.
— Não preciso reconhecer a aura para saber quem é — disse Stella. — Esse estilo de espionagem é característico de uma das organizações.
— Organizações? — perguntou Gravis. — Então, não é uma Seita?
— Não exatamente — respondeu Stella, cruzando os braços. — Elas são parecidas com Seitas, mas não idênticas. Geralmente, as Seitas tomam territórios para si e operam sob uma única bandeira. Essa organização é diferente, pois está espalhada pelo mundo, sem uma sede real.
Gravis coçou o queixo. Com base no que Stella disse, ele já podia imaginar a organização. — Deixe-me adivinhar. Você disse que elas não são exatamente Seitas e estão espalhadas pelo mundo, sem uma sede. Elas ensinam seus próprios membros?
Os olhos de Stella brilharam levemente de surpresa, e ela balançou a cabeça.
Gravis olhou atentamente para a cabeça. — Se não ensinam seus discípulos, provavelmente recrutam de fora. No entanto, quase todo Imortal é um Cultivador desejado pelas Seitas. Isso significa que a adesão a essa organização ou não é exclusiva, ou ninguém quer se opor a eles.
— É algum tipo de organização de mercenários? — perguntou Gravis.
Stella ficou surpresa com a rapidez com que Gravis conectou as pistas. — Sim — respondeu. — A organização se chama Submundo, e eles têm o monopólio sobre tudo o que é considerado sombrio.
— Por exemplo? — perguntou Gravis.
— Assassinatos, espionagem, coleta de inteligência, manipulação, técnicas proibidas, furtos, cobranças de dívidas e qualquer outra tarefa que o mundo considere indigna — explicou Stella.
As sobrancelhas de Gravis se franziram. — Algo assim só poderia existir na sociedade humana — disse.
— O que quer dizer? — perguntou Stella.
— Tal organização nunca existiria entre as bestas — respondeu Gravis.
— Como você tem tanta certeza? — perguntou Stella, interessada. Queria entender de onde vinha essa perspectiva de Gravis.
— Hipocrisia — respondeu Gravis. — Você só encomenda um assassinato quando não quer que os outros saibam que foi você quem desejou a morte do alvo. Se as bestas querem matar alguém, elas simplesmente o fazem. Não precisam pagar outro para isso. As outras ações que você mencionou são semelhantes. Apenas quando há algum tipo de hipocrisia envolvida alguém empregaria outro poder para tais coisas.
— Bem, talvez não tudo. Coleta de inteligência e comércio podem não exigir hipocrisia, mas o restante sim.
Stella refletiu sobre as palavras de Gravis. Em certo nível, ele estava certo, mas algo a incomodava no tom que ele usava ao falar dos humanos. Afinal, ele também era humano, não era? Além disso, ela também era humana. Ao falar assim, Gravis também estava falando dela indiretamente.
— Você realmente odeia hipocrisia, não é? — perguntou Stella.
Gravis assentiu. — É uma das coisas que mais odeio. Sei que nem todo humano é assim. Provavelmente nem metade dos humanos é tão hipócrita. Pessoas que empregam esses tipos de táticas geralmente são inseguras sobre seu próprio poder e confiança.
— Ao não se associarem a essas ações, elas criam uma imagem de retidão elevada. No entanto, isso é apenas uma máscara e uma mentira. Por que tentar parecer melhor do que realmente é? Apenas faça o que quiser e deixe as pessoas pensarem o que quiserem.
Stella fez uma expressão complexa. — Não é tão simples assim — disse. — No passado, eu também era assim.
Gravis assentiu. — Compreensível — disse. — Passamos por experiências diferentes e tivemos modelos diferentes. Tive a sorte de ter alguém como modelo que não se importava com a opinião do mundo inteiro. Ele simplesmente fazia o que queria, e, mesmo que suas ações fossem horríveis, ele não se importava com o que os outros pensavam dele.
Gravis pensou no momento em que seu pai matou todos os Deuses Estelares no mundo mais alto enquanto dizia essas palavras. O Opositor não se importava que o mundo inteiro o visse como um tirano maligno ao fazer isso. As opiniões deles não mudavam nada. Provavelmente foi também um dos motivos pelos quais Gravis detestava hipocrisia, mesmo quando era criança.
— Esse era seu pai? — perguntou Stella. — Ele deve ter sido poderoso.
— Ele é — respondeu Gravis.
“Ele é?” Stella pensou. — Ele ainda está vivo? — perguntou. — Está neste mundo?
— Não — respondeu Gravis. — Mas ele ainda está vivo.
Stella fez uma careta. — Como pode ter tanta certeza?
— Porque eu ainda existo — respondeu Gravis, deixando Stella ainda mais confusa. Que tipo de raciocínio era esse?
— Do que está falando? — perguntou Stella.
— Desculpe, não posso elaborar — disse Gravis com um suspiro.
Stella franziu o cenho, mas também suspirou. — Certo — disse. — Me avise se precisar de algo.
Gravis assentiu, e Stella se teleportou.
Gravis olhou novamente para a cabeça e coçou o queixo. “Alguém já está tão interessado em mim, hein?” pensou. “O futuro ataque contra a Seita Irrestrita provavelmente também me incluirá agora. Há até uma grande chance de que eu seja um dos alvos principais.”
“Arthur não está interessado em mim. Ele simplesmente quer que a Seita Irrestrita seja destruída junto com Liran. Enquanto isso, alguém provavelmente está interessado especificamente em mim, e talvez sejam mais de uma parte.”
“No entanto, eles não podem agir abertamente. Certamente há maneiras de informar toda a Aliança das Seitas sobre um ataque, e, se a Aliança for informada, essas partes seriam publicamente levadas à justiça, o que provavelmente significa pagar muito dinheiro.”
“Liran pode ser mentalmente fraco, mas não é estúpido. Ele provavelmente verá esse ataque chegando e me informará quando inevitavelmente for convocado para longe. O ataque precisa ser preparado primeiro, o que levará tempo. Os inimigos não formarão um exército com suas próprias forças, mas provavelmente empregarão essa organização Submundo para encenar um ataque de bandidos. Isso também deve custar muito dinheiro e tempo.”
“Devo ter alguns anos restantes para compreender meu Foco antes de precisar resistir a esse ataque. O inimigo já conhece meu poder, o que significa que enviará pelo menos um Imortal no Pináculo. Talvez até um Rei Imortal.”
“Primeiro, vamos ver se consigo condensar um Foco e quão poderoso ele será. Dependendo do seu poder, decidirei em que nível de Cultivo estarei quando eles atacarem”, pensou Gravis, olhando para a montanha de Pedras Imortais em seu Espaço Espiritual.
“Se meu Foco for muito poderoso, posso arriscar um salto de cinco níveis contra um Rei Imortal, o que me colocaria no Reino Imortal de Circulação Maior Intermediária. Se for decepcionante, me empurrarei até o Reino de Circulação Maior Avançada.”
Gravis se teleportou e parou ao lado de um lago.
“Primeiro, vou me empurrar até o Reino de Circulação Maior Intermediária. Depois disso, tentarei entender meu próprio Foco.”
Então, Gravis consumiu uma enorme quantidade de Pedras Imortais enquanto criava uma cópia dentro de seu Anel da Vida.