Gravis observou tudo isso com uma expressão neutra. “A Aliança das Seitas está realmente além de qualquer salvação. A minoria de pessoas desprezíveis e egoístas controla toda a Aliança. Mesmo que eu quisesse perder meu tempo investigando lentamente toda a organização, ainda assim não seria capaz de erradicar todos eles.”
“O fato de Arthur ter conseguido influenciar toda a Aliança com uma justificativa tão frágil já mostra isso. Que proteger a Aliança? Que evitar favoritismos? Tudo isso é um absurdo que não tem relevância no grande esquema. Essa lógica toda se baseia apenas em status e na sensação de superioridade em relação aos outros.”
Liran ergueu lentamente a cabeça e olhou para os três Mestres de Seita à sua frente.
Ele não se importava mais.
Ele havia perdido tudo.
E daí se morresse hoje?
Liran não resistiu.
— Uma vida não é suficiente para pagar pelos seus crimes — disse um dos três. — Você também pagará por seus crimes na próxima vida. No entanto, não sou um monstro. Ainda desejo que tenha paz em sua jornada.
Então, o Mestre de Seita voou mais perto e liberou uma onda de escuridão com suas duas adagas.
A onda se aproximou de Liran, que apenas a observou.
CLANK!
— Como ousa resistir à sua punição justa!? — gritou outro Mestre de Seita.
Liran havia sacado seu arco e bloqueado o ataque.
A expressão de Liran havia mudado.
Ele não exibia mais um olhar fraco e cheio de autopiedade.
Que expressão ele tinha agora?
Raiva? Ódio?
Não.
Era medo.
Liran estava mortalmente apavorado.
— Eu… eu não posso morrer! — disse mais para si mesmo do que para os outros.
Liran queria desistir de sua vida, mas assim que o inimigo atacou, seus instintos de sobrevivência entraram em ação.
Ele não queria morrer!
Ele queria viver!
Ele tinha medo de morrer!
Arthur apenas zombou e avançou com seu sabre. — Não há salvação para um pecador como ele. Vamos acabar logo com isso.
BANG! BANG! BANG!
Vários ataques se chocaram, e Liran mal conseguia se defender. Contudo, isso não duraria muito.
— Gravis, me ajude! — Liran transmitiu para Gravis.
— Você não me ajudou, então por que eu deveria ajudá-lo? — Gravis respondeu.
— Do que está falando!? Eu o acolhi quando todos queriam matá-lo! — Liran rebateu. — É seu dever proteger sua Seita!
— Eu protegi minha Seita — respondeu Gravis. — Mas você não protegeu.
— Como seu Mestre de Seita, eu ordeno que você me ajude! — transmitiu de volta com raiva.
Gravis não respondeu.
Liran defendeu-se de mais alguns ataques.
— Tudo bem! — transmitiu com ódio. — Se eu cair, você cairá comigo!
— Gravis é um Variante do Demônio Negro disfarçado! — Liran gritou de repente para todos.
Os ataques cessaram por um instante.
— Variante do Demônio Negro? — Um dos Mestres de Seita observadores perguntou, chocado, olhando para Gravis.
— Sim! — Liran gritou. — Quando o conheci, sua Aura de Vontade não era tão forte! Assim, consegui ver através do disfarce dele!
Os Mestres de Seita começaram a discutir entre si por transmissões de voz. Isso era verdade?
Uma besta havia infiltrado suas fileiras?
O que isso significava?
A expressão de Gravis não mudou. Ele já esperava que algo assim pudesse acontecer.
— É verdade — Arthur disse com um sorriso presunçoso. — Eu também vi isso naquela época.
Gravis deu um leve riso de desdém. “Mentira! Você nem sequer olhou para mim”, ele pensou. Contudo, sabia que palavras não seriam úteis.
Mesmo que Gravis explicasse tudo perfeitamente, isso não importaria. A verdade só importava se alguém estivesse disposto a encontrá-la. Se alguém não estivesse interessado na verdade, não se importaria com ela.
Mesmo que Gravis não tivesse um corpo de besta, ainda assim seria condenado como uma besta e morto. Literalmente, não fazia diferença.
— Vamos terminar isso primeiro — Arthur disse.
Os outros dois concordaram.
Assim, a luta recomeçou e, 30 segundos depois…
Liran estava morto…
Suas últimas palavras foram o nome de seu filho.
Estava acabado.
Toda a Seita Irrestrita havia sido eliminada.
Arthur completara sua vingança.
Liran havia matado seu filho, então Arthur tirou tudo de Liran.
“Quem teria imaginado que isso terminaria assim?” Gravis pensou.
“Quando me juntei à Seita Irrestrita, achei que lutaríamos contra a Seita do Cutelo Punitivo em uma guerra branda. Pensei que os suprimiríamos lentamente e mataríamos Arthur. Também achei que poderia ensinar liberdade à Seita Irrestrita.”
“Originalmente, quando me uni à Seita Irrestrita, eu pensava em torná-la mais poderosa, talvez ajudar Liran no processo. Como o membro mais poderoso da Aliança das Seitas, eu teria proteção, uma quantidade infinita de recursos e áreas de Compreensão das Leis.”
“Então, eu poderia ter passado milhares de anos estudando as Leis enquanto a Seita Irrestrita crescia cada vez mais. Depois disso, poderíamos ter ido para as Regiões Centrais. Conseguir novas pessoas, novos discípulos, mais recursos, e assim por diante.”
“Eu teria um lar temporário, amigos com uma mentalidade semelhante à minha, uma organização com inimigos que serviriam como refino, e um lugar para onde voltar se eu me sentisse sozinho.”
Gravis olhou para alguns fios de cabelo que flutuaram até o chão.
Esse era o último vestígio de Liran.
Todo o resto fora consumido pelo raio de Arthur.
Gravis suspirou mais uma vez. “Tantas vezes temos planos para o futuro apenas para sermos surpreendidos pela realidade. Em vez de tornar meu lar temporário mais poderoso, eu o condenei.”
“Eu me arrependo das minhas ações?”
“Não.”
“Mesmo que eu não estivesse lá, Liran teria levado a Seita à ruína. A Seita já estava condenada a morrer. A única diferença seria o número de vítimas e o tempo.”
— Agora então — Arthur disse com um sorriso satisfeito, virando-se para Gravis. — Você se importaria em se explicar, besta?
— Por quê? — Gravis respondeu de forma indiferente.
Alguns Mestres de Seita ficaram surpresos com a conduta de Gravis. Ele era, de longe, a pessoa mais fraca ali, mas não demonstrava nervosismo ou medo. Qualquer um em sua situação teria falado incessantemente sobre ser acusado injustamente.
Isso significava que não era uma armação de Arthur?
Gravis era realmente uma besta?
SHING!
De repente, algum tipo de joia apareceu ao lado de Gravis, mas ele não deu importância.
WHOOOM!
A joia começou a brilhar em vermelho, e um suspiro coletivo de choque percorreu os Mestres de Seita reunidos.
— Besta!
— Ele é uma besta!
— Uma besta!?
Um após o outro, os Mestres de Seita gritaram chocados. Haviam acreditado que isso era outra artimanha de Arthur, mas foi provado como verdade.
A joia que acabaram de invocar era uma formação que reagia às Leis específicas das bestas no sangue. Feras mantinham sua Energia e elementos dentro de seus corpos, não em seus Espíritos. Esse era um dos principais motivos pelos quais bestas tinham corpos tão poderosos.
Portanto, quando a joia brilhou, não havia mais dúvidas.
Gravis era uma besta!
Até Arthur ficou surpreso.
Espere, Gravis era realmente uma besta?
Liran não havia mentido?
Alguns segundos de silêncio se passaram enquanto os Mestres de Seita tentavam assimilar essa nova revelação.
— Então, e agora? — Gravis perguntou.
As expressões dos Mestres de Seita se recuperaram, e um olhar severo apareceu em seus rostos. Gravis podia ver ódio genuíno nos olhos deles.
“Eles realmente não gostam de bestas, hein?” Gravis pensou.
— Votação! — gritou um deles, enquanto invocava um círculo de luz.
DINGDINGDINGDING!
120 votos verdes, 0 vermelhos.
“Nenhum único voto contra”, Gravis pensou ao olhar para os Mestres de Seita reunidos.
— Matem-no!
— Matem a besta!
— Matem o traidor!
— Matem o espião!
Arthur sorriu e apontou seu sabre para Gravis.
— Com prazer!