Gravis ficou genuinamente surpreso com a disposição do assassino em entregar seu Avatar. Enquanto Gravis segurava as adagas, o assassino havia perdido toda conexão com seu Avatar, deixando-o praticamente indefeso. Se Gravis invocasse essas adagas para dentro de seu Espaço Espiritual, o Avatar seria dominado pelo Espírito de Gravis.
Isso significava que Gravis poderia destruir o Avatar com um mero pensamento.
Não havia absolutamente nenhuma forma de recuperação para isso.
— Por que você entregou seu Avatar? — Gravis perguntou.
— Porque não posso vencer — respondeu o assassino, desamparado. — Sou bom apenas em assassinatos, não em combates diretos. Todas as minhas Leis e poderes giram em torno de assassinatos. Qualquer Rei Imortal no meu nível pode facilmente me matar em um confronto direto.
Gravis franziu a testa enquanto coçava o queixo. — Então como sua Aura de Vontade se tornou tão poderosa? — perguntou.
A Aura de Vontade do assassino estava um nível acima de seu Reino. Como um assassino poderia treinar sua Aura de Vontade sem lutar diretamente contra alguém?
— Escolhendo alvos arriscados — ele respondeu. — Para refinar, eu escolho Cultivadores que podem facilmente me matar caso sobrevivam ao meu primeiro golpe. Isso, por si só, é incrivelmente perigoso. Não lutamos diretamente, mas minha vida esteve em perigo mortal o tempo todo.
“Isso realmente pode funcionar”, pensou Gravis. “A sensação de perigo é o que importa.”
— Então foi por isso que você me escolheu como alvo? — Gravis perguntou.
O assassino assentiu. — Você tem tantos segredos e conhece tantas Leis. Assassiná-lo é quase impossível. No entanto, se eu conseguisse, minha Aura de Vontade se tornaria muito mais forte.
Gravis suspirou. — Refinar e Cultivar, hein? — murmurou.
Gravis havia pensado que o assassino havia sido contratado por alguém. Também era possível que ele estivesse atrás de seus segredos ou riquezas.
Mas era apenas para refinar-se.
Isso fez Gravis odiar menos o assassino, mas ele ainda havia tentado matá-lo, e Gravis não deixaria isso passar.
Vários segundos se passaram enquanto Gravis apenas pensava.
O que havia para pensar?
Bastava matar o assassino!
No entanto, Gravis tinha planos.
E quando ele fosse para as Regiões Centrais? Ele iria sem nenhum plano, apenas explorando?
Não, isso não era típico de Gravis. Ele era alguém que planejava, e já tinha algo em mente: um plano que lhe daria uma enorme quantidade de recursos e muitos oponentes.
— Qual é o seu nome? — Gravis perguntou.
— Siral — respondeu o assassino.
Gravis assentiu. — Está disposto a abrir mão de sua liberdade para sobreviver? — perguntou.
Os olhos de Siral se arregalaram. Gravis não o mataria?
No entanto, Siral não tinha certeza se estava disposto a servir por toda a eternidade. Qual seria a diferença entre servir e morrer?
Gravis notou a expressão complexa de Siral e assentiu. Se ele tivesse aceitado imediatamente, Gravis teria perdido parte do respeito por ele. O fato de que hesitou significava que Siral valorizava sua liberdade a ponto de ela competir até mesmo com sua própria vida.
— Não será para sempre — disse Gravis. — Quero criar meu próprio, digamos, grupo de seres. Preciso de alguém que possa lidar com certas pessoas problemáticas.
Os olhos de Siral brilharam ao ouvir que não seria para sempre, mas sua expressão se tornou sombria novamente ao ouvir a segunda parte. Os alvos de Gravis provavelmente não seriam perigosos para Siral. Isso significava que ele atacaria Cultivadores mais fracos, o que não proporcionaria refino algum.
— Então não há diferença entre vida e morte — Siral disse com um suspiro. — Coisas ruins acontecem para quem ataca os mais fracos. Eu apenas trocaria essa morte por outra.
Os olhos de Gravis brilharam ligeiramente. “Então, os Cultivadores neste mundo sabem que a Sorte Cármica existe, mas não sabem o que ela é ou como funciona. Interessante.”
— Não, isso não acontecerá — Gravis disse.
Whooop!
Algo apareceu na mão de Gravis. — Porque eu tenho isto — ele disse.
Quando Siral viu o anel, sua respiração parou. — Um Anel de Escravidão! — ele exclamou.
— Oh? — murmurou Gravis. Era seu Anel da Vida, e Gravis ficou surpreso que Siral soubesse o que era. No entanto, aparentemente, ele era conhecido neste mundo como Anel de Escravidão.
— Por que você possui algo assim? — Siral perguntou com uma expressão sombria. — Se alguém vir esse Anel de Escravidão, você será caçado por todas as Seitas mais poderosas!
Os olhos de Gravis se arregalaram. Anéis da Vida eram ilegais!?
Pela primeira vez, Gravis sentiu alívio ao pensar na morte de Liran e Surem. Ambos haviam visto o Anel da Vida, mas obviamente não sabiam o que era. Caso contrário, não teriam entrado voluntariamente no Anel.
Era verdade que o Anel da Vida podia ser usado para implantar um Selo Escravo em alguém, mas Gravis só havia usado essa função duas vezes em sua vida, uma vez com o Cogumelo Comum e outra com Morus.
Mas por que eram ilegais?
— Por que os Anéis Escravos são ilegais? — Gravis perguntou.
Siral ficou surpreso que Gravis possuísse um, mas não soubesse por que era errado tê-lo. — Porque você pode trazer bestas diretamente para nosso território.
Isso era uma boa razão, mas Gravis não acreditou completamente. Essa razão provavelmente era o que as Seitas mais poderosas diziam às massas, mas não era o motivo real.
No mundo mais alto, um Anel da Vida capaz de escravizar qualquer um abaixo do Reino do Deus Estelar era uma ferramenta cara, mas neste mundo superior, era provavelmente um tesouro ancestral.
O que era necessário para criar um Anel de Vida tão poderoso?
A Lei do Espaço de nível seis e várias Leis da Vida de nível cinco.
No mundo mais alto, esse Anel da Vida custou a Gravis 500.000 Pedras Imortais, mas neste mundo, ele pode até chegar a centenas de milhões. Afinal de contas, quantos deles poderiam existir?
— Você é associado à Seita da Vida? — Siral perguntou.
Gravis olhou para Siral com as sobrancelhas franzidas. Provavelmente era a Seita da Vida que mantinha todos esses Anéis da Vida. Gravis tinha certeza de que eles não os destruíam, mas os guardavam para uso próprio. Usavam esses Anéis para obter espécimes e estudar as Leis da Vida.
Então, em vez de pagar uma fortuna para adquirir um, eles simplesmente declararam esses itens ilegais e os confiscaram.
O poder certamente era útil.
— Não vamos falar sobre isso — disse Gravis. — Voltando à minha oferta. Vou escravizá-lo por 50.000 anos. Durante esse tempo, você fará o que eu mandar, mas sua sorte não será afetada. Afinal, você não terá vontade própria, e tudo o que fizer sob meu comando recairá sobre mim. Então, se, por exemplo, você massacrar uma cidade de mortais, serei eu quem terá que arcar com as consequências etéreas.
— Funciona assim? — perguntou Siral com ceticismo.
— Funciona — disse Gravis, utilizando a Lei da Honestidade.
Siral imediatamente acreditou em Gravis. Ele também sabia das três Leis: Honestidade, Engano e Mentira. Felizmente, já era de conhecimento que Gravis conhecia a Lei da Honestidade. Por isso, até mesmo as últimas dúvidas de Siral desapareceram.
Siral suspirou. — Normalmente, eu concordaria, mas há um problema — ele disse.
— Que problema? — perguntou Gravis.
— Minha tribulação chegará em 30.000 anos — disse Siral. — Preciso me tornar um Imperador Imortal antes disso, ou morrerei. Você viu minha Força de Combate. Tenho certeza de que não conseguirei sobreviver à minha tribulação.
Gravis coçou o queixo. No entanto, em vez de fazer uma careta, ele sorriu.
— Na verdade, isso é perfeito — ele disse.
— O que quer dizer? — perguntou Siral.
— Sua tribulação invocaria um Rei Imortal de Circulação Maior Básica. Isso estaria seis níveis acima de mim, muito mais do que eu poderia enfrentar. No entanto, quando eu me tornar um Rei Imortal de Circulação Menor Básica, isso seriam apenas quatro níveis.
— Mas e se você se tornar um Rei Imortal de Circulação Maior Básica? Então, sua tribulação invocaria um Rei Imortal de Circulação Maior Intermediária, o que seria cinco níveis acima de mim depois que eu me tornar um Rei Imortal de Circulação Menor Básica. Isso seria um refino perfeito para mim — disse Gravis.
A boca de Siral se abriu de choque. — Você enfrentaria minha tribulação por mim? Mas então ela seria sua tribulação, e você basicamente jogaria fora quase cem mil anos de longevidade!
— Ter tanta longevidade não é algo bom para mim — disse Gravis. — Eu nem sequer alcançarei minha primeira tribulação como Imortal antes de ficar sem coisas para fazer, e graças à minha Força de Combate, apenas minha quarta tribulação seria realmente um refino para mim. Jogar fora cem mil anos na verdade me ajudaria. Quero refino mais do que qualquer outra coisa.
— Então, que tal isso? — perguntou Gravis com um sorriso. — 50.000 anos sob meu comando. Em troca, eu lido com sua tribulação e dou a você mais 100.000 anos. Depois disso, você pode decidir ficar comigo ou ir embora. A decisão é sua.
Siral respirou fundo. — Parece mais que eu estou tirando vantagem de você — disse Siral. — Tem certeza de que é isso que você quer? Afinal, ao me ordenar a matar seres mais fracos, algo ruim pode acontecer com você.
Algo ruim acontecer com Gravis?
Pffft!
Gravis já tinha zero de Sorte Cármica. O que poderia ser destruído? Gravis poderia massacrar todos os mortais deste mundo, e isso não mudaria nada. A única coisa que mudaria seria a atitude de Arc em relação a ele.
Gravis repetiu sua oferta novamente com a Lei da Honestidade. — É isso que eu quero — acrescentou ao final.
Siral respirou fundo novamente enquanto fechava os olhos. Após alguns segundos, ele os abriu novamente, brilhando com convicção.
— Eu concordo! — ele disse.
PACK!
Gravis jogou as adagas de volta para Siral. Enquanto o Avatar dentro delas não fosse destruído, Siral recuperaria o conhecimento perdido.
Depois disso, Gravis ativou seu Anel da Vida. Se Siral resistisse, não funcionaria.
No entanto, tudo ocorreu sem problemas, e Siral se curvou. — Obrigado, Mestre — ele disse.
Isso havia sido outro teste de Gravis. Com seu Avatar de volta, Siral poderia ter tentado algo. Talvez fugir ou matar Gravis enquanto ele se concentrava no Anel da Vida.
No entanto, Siral não resistiu.
Gravis assentiu. — Siral, vá compreender quaisquer Leis que quiser até eu chamá-lo novamente. Você também se disfarçará. Sua antiga identidade está morta. Agora, você renasceu como meu servo. Obviamente, ninguém pode saber sobre meu Anel da Vida.
Siral se curvou profundamente. — Sim, Mestre — ele disse.
— Vá! — disse Gravis.
Siral se curvou novamente, transformou-se em uma mulher de cabelos azuis com uma lança no nível de um Rei Imortal de Circulação Menor Básica e se teleportou.
Enquanto isso, Gravis sorriu. “Um espião perfeito e um assassino perfeito”, pensou Gravis. “Siral lidará com muitas coisas e trará informações valiosas para mim. Além disso, ele provavelmente sabe muito sobre as Regiões Centrais. Por fim, ele ainda me proporcionará um bom refino em cerca de 30.000 anos.”
“Ter alguém assim será inestimável para mim no futuro.”
Gravis olhou para o Anel da Vida e sentiu as flutuações de Siral. Os Anéis da Vida de Alto Grau tinham mais funções do que os de Grau Médio. Com este Anel da Vida, Gravis poderia contatar Siral de qualquer lugar no mundo superior. Havia até alguns comandos adicionais que Gravis poderia dar. Um deles era o comando de prioridade de refino. Esse comando desativaria a capacidade de dar ordens a um servo até que o dono passasse por um refino.
Afinal, se alguém tivesse um monte de servos poderosos, não conseguiria mais se refino, certo?
O mundo mais alto certamente sabia como criar artefatos úteis.
Gravis guardou o Anel da Vida novamente e se teleportou.
Ele precisava ir para uma nova Área de Compreensão de Leis para a Escuridão das Sombras, já que havia destruído a antiga.