Não demorou para que Mortis se acalmasse. Ele era alguém que preferia permanecer sem emoções, para que pudesse tomar decisões ideais e imparciais. Por isso, toda a raiva e o ódio desapareceram em menos de uma hora.
Gravis suspirou e voltou para Stella e Liam.
Os três conversaram por mais algumas horas. A essa altura, Liam já não estava tão taciturno na frente de Gravis como antes. Parecia que ele estava, aos poucos, se aquecendo para ele.
SHING!
Então, alguém novo apareceu na caverna.
Exar já havia partido há muito tempo, tornando essa pessoa o quarto humano na caverna.
Os três olharam para ela.
A pessoa estava vestida inteiramente de preto. Usava um capuz e uma máscara pretos para esconder completamente sua identidade. Nem mesmo a aura dessa pessoa podia ser sentida.
Pelo porte físico, podiam apenas supor que provavelmente era uma mulher.
Stella e Liam ficaram um pouco nervosos. Apenas assassinos e ladrões que queriam permanecer ocultos se vestiam assim, já que não queriam ser descobertos.
No entanto, ambos já tinham ouvido de Gravis que um Ancião do Submundo viria mais tarde para instalar algumas Formações de Matrizes. Provavelmente, era essa Anciã, mas não podiam ter certeza.
— Você é a Anciã do Submundo? — perguntou Gravis com um sorriso educado.
A Anciã virou a cabeça para Gravis e olhou para ele.
— Pensar que eu estaria ajudando uma besta a montar uma Formação de Matrizes — disse ela friamente. — O mundo está realmente mudando.
— Exar deveria ter informado que não me considero uma besta — disse Gravis. Ele não gostou do comentário, mas era importante ser diplomático agora. Desde que a Anciã não exagerasse, tudo estaria bem.
— Você até ousa falar o nome do nosso Guardião tão abertamente. Se não fosse ele quem tivesse me enviado, eu já teria matado você por desrespeitá-lo — ela disse.
A expressão amigável de Gravis lentamente tornou-se neutra. Ele havia dado duas chances para que ela permanecesse educada, mas ela não aproveitou. Bem, então também não havia razão para ele ser educado.
— Meu relacionamento com Exar não diz respeito a você — disse Gravis. — Se ele não gostar de como o trato, ele pode dizer isso pessoalmente. Não acho que alguém do calibre dele precise de outra pessoa para falar por ele.
Os dois se encararam por alguns segundos.
— Talvez eu tenha ultrapassado meus limites — disse a Anciã, surpreendendo os três.
— Está tudo bem — disse Gravis, voltando a sorrir educadamente. A Anciã reconheceu seu erro, e algo assim era digno de respeito. — Então, ouvi dizer que você queria me fazer algumas perguntas primeiro? — perguntou Gravis.
A Anciã olhou ao redor da caverna mais uma vez. Então, voltou seu olhar para Gravis.
— A única razão pela qual estou considerando ajudá-lo é porque você conhece a Lei da Honestidade. Sem essa Lei, eu não poderia ter certeza de suas intenções.
— Eu conheço a Lei da Honestidade — disse Gravis. — No entanto, minha Aura de Vontade está atualmente no nível de um Imperador Imortal de Circulação Maior Básica. Se você quiser verificar minha resposta, precisará ter uma Aura de Vontade mais poderosa.
A Anciã bufou.
— Não se preocupe com o meu poder. É mais do que suficiente para verificar se suas respostas são honestas ou não.
Gravis assentiu. Ele acreditava que a Anciã estava dizendo a verdade. Afinal, essa provavelmente era uma das Vice-Mestres da Seita ou talvez até a própria Mestre da Seita Purista. Essa pessoa devia ser pelo menos um Imperador Imortal de Circulação Maior Intermediária.
— Então, vá em frente. Faça suas perguntas. Usarei minha Lei da Honestidade para cada resposta — disse Gravis.
A Anciã olhou para Gravis por mais alguns segundos antes de falar.
— Você se considera uma besta ou um humano? — perguntou.
— Humano — respondeu Gravis com sua Lei da Honestidade.
A Anciã permaneceu em silêncio por mais alguns segundos.
— De que lado da guerra você está? — perguntou.
— Nenhum — respondeu Gravis. — Não me importo com a guerra. Não me importa quem ganha ou quem perde. Só me importo comigo mesmo e com as pessoas próximas a mim.
— Você se considera parte do campo humano?
— Não.
— Você se considera parte do campo das bestas?
— Não.
— Você se considera parte do campo das plantas?
— Eu não diferencio muito entre bestas e plantas. Então, não.
— Qual é seu objetivo ao criar uma firma de comércio que negocia com bestas e humanos?
— Ganhar dinheiro.
Isso fez a Anciã hesitar por alguns segundos.
Era realmente esse o motivo completo?
Gravis não tinha outro motivo além de simplesmente ganhar dinheiro?
Ela havia esperado que talvez Gravis quisesse manipular o mercado para aumentar o poder das bestas mais do que o dos humanos.
É importante lembrar que apenas Narcissus e Exar sabiam o verdadeiro propósito do Submundo. Os outros membros não tinham ideia de que o Submundo existia apenas para enfraquecer a humanidade.
Aos olhos deles, eles ainda faziam parte do campo humano.
— Ganhar dinheiro é a única razão para criar essa firma de comércio? — ela perguntou.
— Sim. Dinheiro me dá acesso a Áreas de Compreensão de Leis, armas, Formações de Matrizes e aumento de Reinos. Em resumo, dinheiro é poder — respondeu Gravis.
— Então, suas intenções são totalmente egoístas?
— Sim, desde que incluir cuidar das pessoas próximas a mim como algo egoísta — respondeu Gravis.
Os três não podiam ver, mas sentiram que a Anciã estreitava os olhos.
— Então, por que eu deveria ajudá-lo? — perguntou a Anciã com um tom mais frio do que antes.
— Porque, mesmo que minhas intenções sejam egoístas, minhas ações beneficiarão bestas e humanos. Minhas intenções não importam neste caso — disse Gravis.
— E você espera que eu o ajude, mesmo sabendo que suas intenções são egoístas? — perguntou a Anciã.
— Não — respondeu Gravis, surpreendendo a Anciã. Ele havia usado sua Lei da Honestidade em todas as respostas, incluindo essa.
Gravis honestamente não esperava que ela o ajudasse.
— Exar disse que não gosta de forçar as pessoas. Isso significa que é sua decisão se quer me ajudar ou não. Se não quiser ajudar, não espero que o faça. Atualmente, somos estranhos um para o outro, e eu não sou alguém que acha que estranhos me devem algo.
A Anciã ficou pensativa. Ela acreditava estar em uma posição de poder, já que Gravis dependia de suas Formações de Matrizes. No entanto, Gravis acabara de dizer que honestamente não precisava de sua ajuda. Era inteiramente decisão dela.
— E se eu não ajudar? — perguntou.
— Isso torna um pouco mais difícil criar minha firma de comércio, mas não muito — respondeu Gravis. — Eu simplesmente destruirei o lado humano da minha firma e usarei este lugar inteiramente para as bestas.
— As Formações de Matrizes que você colocaria servem apenas a dois propósitos: manter os humanos e as bestas separados para que não entrem em contato uns com os outros e manter este local em segredo da humanidade.
— Enquanto não houver humanos aqui, o primeiro propósito é irrelevante, e enquanto eu criar outro prédio em outro lugar que sirva apenas aos humanos, não precisarei esconder este local.
— O único inconveniente seria transportar as mercadorias de um ponto A a um ponto B, mas posso garantir que, enquanto nenhum Imperador Imortal de Circulação Maior Intermediária tentar interceptar o transporte, não tenho nada a temer.
— E como você bem sabe, todos os Cultivadores desse nível neste continente devem fazer parte do escalão superior da Seita Purista e, portanto, também do Submundo. Exar apoia meu plano, e ele é o Guardião do Submundo. Portanto, os Cultivadores desse nível neste continente não têm motivo para ir contra mim — concluiu Gravis.
Silêncio.
Meio minuto de silêncio.
A Anciã pensava profundamente nas palavras de Gravis.
Gravis estava certo. Ele não dependia da ajuda da Anciã. Sua firma de comércio teria sucesso de qualquer forma. A ajuda da Anciã apenas tornaria as coisas mais convenientes.
— Tudo bem — disse a Anciã depois de um tempo — mas quero ser paga.
— Como eu disse, estranhos não me devem nada — respondeu Gravis. — Portanto, eu já esperava pagar por seus serviços. No entanto, dependendo do preço, talvez eu tenha que adiar o pagamento. Meu investimento inicial no mercado precisa ser o maior possível.
A Anciã ficou em silêncio por cinco segundos enquanto pensava.
— Prometa-me com sua Lei da Honestidade que você me pagará, desde que concordemos com um preço. Não precisa ser imediatamente, mas quero que faça um esforço honesto para pagar pelo meu serviço — disse ela.
— Sem problemas — disse Gravis com um aceno. — Eu prometo.
A Anciã também assentiu.
— Ótimo.
— Do que você precisa?