— Por favor, entre — disse Dunn Smith com uma voz suave e agradável.
Klein girou a maçaneta e, abrindo a porta, viu o Capitão tomando seu café da manhã. Em sua mão direita havia uma xícara de café emitindo um rico aroma. No prato à sua frente, havia torradas de pão branco com bacon.
Dunn colocou a torrada com manteiga restante na boca e mastigou, silenciosamente apontando para a cadeira em frente à mesa.
Klein não atrapalhou o café da manhã do Capitão. Com um sorriso, ele se sentou enquanto esperava pacientemente.
Vendo que ele não estava com pressa, Dunn relaxou na cadeira, pegou o café para tomar um gole e engoliu o que estava mastigando.
Ele pegou um guardanapo, limpou os cantos dos lábios e disse:
— Qual é o problema?
Klein assentiu seriamente e disse:
— Me encontrei com Daxter Guderian, o médico do asilo e também membro dos Alquimistas da Psicologia.
Enquanto falava, ele viu pelo canto dos olhos a revista que estava aberta diante do Capitão.
— Alguma novidade? — perguntou Dunn, cruzando os braços.
Klein descreveu:
— Ele me disse que antes de Hood Eugen enlouquecer, havia alguém que o visitava com bastante frequência; seu nome é Lanevus.
— Lanevus… — Dunn massageou suas têmporas. — Me parece que eu já ouvi esse nome antes…
— Ele é o trapaceiro que roubou pelo menos dez mil libras — lembrou Klein.
Dunn pensou por um tempo com um olhar sério no rosto. Ele então balançou a cabeça para mostrar que não tinha lembrança disso.
Capitão, você não é muito sensível quando se trata de dinheiro! — pensou Klein, e então contou a história de Lanevus, destacando os pontos principais.
— O trapaceiro alegou falsamente que havia prospectado e comprado uma mina com ricos depósitos de minério de ferro. Ele levantou fundos particulares de indivíduos em Tingen e roubou mais de dez mil libras. Alguém que conheço do Clube de Divinação sofreu uma perda com isso. Além disso, uma jovem mulher foi envolvida em um compromisso com ele e agora está grávida de seu filho.
— Ele visitou Hood Eugen várias vezes antes dele enlouquecer — disse Dunn, pensativo. — Sequência 8, Vigarista? Caminho Saqueador…
Capitão, sua memória é realmente boa quando se trata desse tipo de coisa… — Klein achou engraçado ao refletir sobre isso. Ele assentiu fracamente e disse:
— Esse também é meu palpite.
— Como a empresa siderúrgica que Lanevus montou estava no sul e as vítimas tinham várias crenças diferentes, o caso não nos foi passado no final. Mesmo que houvesse evidências de envolvimento de Beyonders no caso, teria sido repassado aos Punidores a Mandato.
Dunn finalmente entendeu os meandros da história. Ele olhou para Klein com seus profundos olhos cinzentos e disse:
— O que você quer fazer?
Cof, Capitão, será que você poderia não ser tão sensível… — Klein respondeu com uma máscara de solenidade:
— Quero conversar com Hood Eugen através de um ritual de mediunidade e descobrir por que Lanevus veio procurá-lo. Quero saber se essa visita está diretamente relacionada a sua loucura.
Dunn assentiu levemente e disse:
— Mesmo que você não tivesse se candidatado, eu teria feito um experimento semelhante quando tivéssemos certeza de que Hood Eugen está louco.
— No entanto, Daly me disse que é bastante arriscado. Você está confiante? Posso pedir ajuda à diocese de Backlund. Não deve ter problema adiar o ritual por alguns dias.
A principal motivação de Klein para se tornar um Beyonder era estudar misticismo e encontrar um caminho para casa. Como era uma chance para o exercício prático e ele estava confiante o suficiente, não estava disposto a desistir.
— Capitão, eu já dominei o conhecimento sobre o assunto. Estou confiante.
— Claro, vou precisar de certos ingredientes, como o extrato de amantha, o medicamento olho do espírito e o agente sedativo.
— Agente sedativo… — Dunn refletiu sobre o nome e confirmou o profissionalismo de Klein.
Ele lembrou que Daly mencionou que era um medicamento líquido que raramente era usado, mas que era muito eficiente na mediunidade.
Dunn Smith ponderou por quase vinte segundos, recostou-se na cadeira e disse:
— Vá em frente e preencha um formulário de solicitação. Depois, colete o que precisa atrás do Portão Chanis. Eh… Não tenho certeza se há produtos prontos. Se não houver, pegue os ingredientes necessários e prepare o medicamento de acordo.
— Tudo bem — respondeu Klein alegremente.
Ele não se levantou, mas continuou firmemente sentado na cadeira.
Dunn massageou suas têmporas, pensou com cuidado e disse:
— É meu turno de monitorar o asilo hoje à noite… Não podemos visitar Hood Eugen diretamente. Ninguém sabe se há membros dos Alquimistas da Psicologia disfarçados de médicos, enfermeiros, zeladores ou pacientes no asilo. Ninguém sabe se os Alquimistas da Psicologia também estão monitorando Hood Eugen. Qualquer ação que tomarmos deve ser secreta. Não podemos expor que Daxter Guderian se tornou nosso informante.
— … Iremos ao amanhecer, de madrugada, escondidos.
— Sim, vou manter a guarda enquanto você realiza o ritual para evitar que acidentes aconteçam.
Essa é a melhor opção! Se Hood Eugen está apenas fingindo ser louco, enquanto eu uso um ritual de mediunidade nele, seria como se eu tivesse invadindo um zoológico e dançando diante de um tigre… — Klein relaxou e disse sinceramente:
— Sim, Capitão!
Ele se levantou e caminhou em direção à porta.
Naquele momento, o canto de seus olhos notou o título do artigo da revista que o Capitão estava lendo:
“A seiva da árvore Donningsman nas florestas tropicais do Continente Sul tem tido um efeito significativo no aumento do crescimento capilar.”
— …
Klein desviou o olhar, abriu a porta e saiu do escritório do Capitão.
De repente, houve um pensamento bem humorado que passou por sua cabeça.
Na verdade, um Beyonder não precisa passar por esse problema. Se o Velho Neil ainda estivesse por perto, ele poderia criar uma mágica ritualística para o crescimento de cabelo. Então, ele oraria pela assistência da Deusa. Agora, se o indivíduo fosse coberto de cabelos e se tornasse um babuíno de cabelos encaracolados é outra história… Qual seria a resposta da Deusa? Se fosse eu, definitivamente xingaria: filho da puta…
Esse pensamento repentinamente manchou a felicidade de Klein com tristeza, mas havia também uma pitada de hilaridade na tristeza.
Ele entrou na sala dos funcionários e sentou-se diante da máquina de escrever Akerson Modelo 1346 e terminou de digitar seu pedido.
Depois que Dunn Smith carimbou e assinou o pedido, ele o levou até o subterrâneo e caminhou pelo túnel iluminado por lâmpadas a gás, em direção ao Portão Chanis.
Somente naquele momento Klein percebeu uma coisa.
Seria a primeira vez que ele estava indo além do misterioso portão!
Me pergunto como é… — Ele acelerou o passo com antecipação, parando diante da porta dupla do portão preto.
Ele passou seu pedido a Seeka Tron, que estava de serviço naquele dia, para fins de registro. Então, Klein pegou de volta o documento que agora também tinha sua assinatura, e bateu no Portão Chanis sentindo o quão vazio e distante o eco soava.
Ele não ouviu nenhum passo, mas em meio minuto o portão com os sete Emblemas Sagrados das Trevas se abriu com um rangido.
O Portão Chanis foi aberto o suficiente para permitir a passagem de uma única pessoa antes de parar. Klein então entrou com a ajuda das lâmpadas a gás nos dois lados do corredor.
Atrás do portão, havia um homem idoso com rugas aparentes e cabelos ralos. Ele estava vestindo uma túnica preta clássica e segurando um lampião.
A luz fraca da vela brilhava através do vidro, iluminando o rosto inexpressivo do idoso, que era uma mistura de luz e escuridão. Seus olhos azuis claros eram como gelo congelado por mil anos.
— Documento — ele disse com sua voz rouca.
Klein já havia visto o homem idoso antes, porque ao anoitecer, todos os dias ele saía de trás de Portão Chanis com seus parceiros. Eles passavam pela sala de segurança e seguiam pelo corredor que levava à Catedral de Santa Selena.
Eles eram Falcões Noturnos que tinham envelhecido e se ofereceram para ficar de guarda lá dentro.
Segundo o entendimento de Klein, havia cinco deles vigiando o Portão.
— Esta é a minha solicitação. — Ele passou o documento em suas mãos para o homem idoso diante dele.
O guarda de olhos azuis claros ergueu o lampião e olhou atentamente o pedido. Depois de se certificar de que não havia erros, ele se afastou e deixou Klein passar.
Klein passou pelo Portão Chanis lentamente. Ele ainda tinha que dar uma boa olhada ao redor quando sentiu um arrepio indescritível.
Não era o frio do inverno, mas um calafrio que faria a espiritualidade de um ser humano tremer.
Klein levantou o olhar e olhou para longe. Ele viu castiçais aparecendo na parede sucessivamente, e havia velas prateadas com esculturas. As chamas emitiam um brilho azulado, sem nenhum tremor.
Creak!
O guarda fechou o Portão Chanis e os arredores ficaram extremamamente silenciosos.
Havia uma passagem larga diante de Klein, uma passagem pavimentada com antigas lajes de pedra.
Nos dois lados da passagem havia portas de pedra rotuladas com “Ingredientes”, “Medicamentos”, “Informação” e assim por diante.
No final da passagem, havia um lance de escadas que se ligava aos andares inferiores, que se estendia no escuro como se estivesse conectada ao abismo.
Deve estar conectada a diferentes locais selados que possuem Artefatos Selados. Ouvi dizer que existem alguns andares… Me pergunto qual andar contém as cinzas de Santa Selena? — Klein se adaptou ao brilho atrás do portão e de repente sentiu que havia algo sem forma arranhando sua pele. Tinham formas de tiras, e cada um deles o gelou até os ossos.
Ele estremeceu e não pôde deixar de ativar sua Visão Espiritual.
Então, olhando para toda a área atrás do Portão Chanis, ele percebeu que estava preenchido de finas linhas pretas, balançando levemente, ocasionalmente agrupadas, ocasionalmente estendidas. Elas estavam entrelaçadas, sem lacunas.
Iste… Este é o poder selador por trás do Portão Chanis? — Klein assentiu indiscernivelmente. Ele controlou seus pensamentos e seguiu o guarda. Eles passaram por uma pesada porta de pedra chamada “Sala de Medicamentos”.
Logo ele encontrou o extrato de amantha, o medicamento olho do espírito e o agente sedativo seguindo os rótulos em ordem alfabética.
Ele já tinha visto os dois primeiros antes, mas era a primeira vez que via o último. Ele viu que um líquido azul ondulava na garrafa de vidro translúcido, e, por alguma razão, olhar para o fluido o fez sentir como se tivesse entrado no abraço de braços maternos.
Na garrafa, havia um rótulo mostrando a data de fabricação e a data de validade, mas ainda estava um pouco longe.
Felizmente ainda pode ser usado… — Klein pegou os três pequenos frascos e voltou para o Portão Chanis com o guarda fazendo-o companhia. Ele sacudiu a sensação de frio que alcançou o canto mais profundo de sua alma e a experiência assustadora de ser varrido pelas linhas negras.
Quando o Portão Chanis se fechou, ele não pôde deixar de olhar para trás e murmurou consigo mesmo:
— Ficar lá por um longo tempo afetaria tanto o corpo quanto a alma, certo?
— Não é de admirar que os guardas tenham que se voluntariar…
Ao amanhecer, Klein usou uma técnica especial para trancar seu quarto. Ele abriu sua janela e pulou para fora.
A altura de dois andares não representava perigo para o seu presente eu. Ele aterrissou com firmeza sem hesitar.
A carruagem dos Falcões Noturnos já estava estacionada em frente, esperando por ele.
Sem nenhuma conversa, Klein chegou rapidamente ao asilo de Tingen, no burgo Norte. Seguindo as instruções do Capitão, ele pegou um desvio para um dos cantos da rua sem lâmpada, onde viu Dunn Smith esperando por ele.
— Vamos entrar. — Dunn assentiu fracamente. — Eu me certifiquei de que não havia ninguém por perto.
— Tudo bem. — Klein rapidamente se aproximou.
Como um Palhaço, entrando em um asilo… isso me lembra um ditado famoso: “É como voltar para casa” — pensou ele.
Ele seguiu Dunn de perto. Com a ajuda da superfície irregular da parede, eles entraram no asilo de forma rápida e ágil, com um equilíbrio excepcional.
Dunn se virou e olhou. Ele assentiu levemente dando sua aprovação.
Os dois se agacharam e silenciosamente se moveram pelo pequeno parque e praça de atividades do hospital. Eles então entraram no prédio de três andares no asilo e chegaram ao último andar, onde ficava o quarto de Hood Eugen.
Como Hood Eugen tinha a possibilidade de se tornar violento agora que enlouqueceu, foi designado para um quarto individual. Felizmente, os Falcões Noturnos de monitoramento não haviam desperdiçado seus esforços durante a vigilância e haviam feito uma cópia da chave do quarto há muito tempo.
Kacha!
A fechadura abriu, e Dunn entrou primeiro. Klein projetou o olhar para além da figura e viu uma pessoa sentada na cama.
O rosto de Hood Eugen era longo e magro. Suas órbitas oculares eram profundamente côncavas e seus cabelos loiros estavam despenteados.
Ele estava olhando para a janela com grades de metal com seus olhos azuis acinzentados. Estava olhando a lua carmesim lá fora.
Klein fechou a porta do quarto e riu quando perguntou casualmente:
— Por que você não está dormindo?
Dunn ficou surpreso e de repente se lembrou que Klein era agora um Palhaço Sequência 8. Por isso, ele permaneceu em silêncio e recuou para um canto da sala.
Hood Eugen virou a cabeça e olhou para Klein. Ele riu de maneira insana e respondeu:
— Estou esperando meu bolo.
Encontro de loucos, quem é mais louco?
Pra lidar com um louco só um louco e meio kkkkkkkkkk
pelo visto a conversa aqui é de alto nível
Capitão vendo dois loucos se comunicando kkkkkkkkkk
“É tão bonito quando os loucos se entendem…”
O Dunn preocupado com a calvície kkkkk e o Klein voltando pró hospício kkk
POV: quando dois loucos se encontram
Klein fechou a porta do quarto e riu quando perguntou casualmente: — Por que você não está dormindo? Dunn ficou surpreso e de repente se lembrou que Klein era agora um Palhaço Sequência 8. Por isso, ele permaneceu em silêncio e recuou para um canto da sala. Hood Eugen virou a cabeça e olhou para Klein. Ele riu de maneira insana e respondeu: — Estou esperando meu bolo. O cara não é só palhaço não, é louco. Por isso os… Ler mais »