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Lord of Mysteries – Capítulo 46

Retrato

Eugh! Eugh!

Klein se agachou, vomitando involuntariamente, mas logo acabou de vomitar, já que não havia comido café da manhã.

Naquele momento, um frasco quadrado de cor de estanho que parecia uma caixa de cigarro apareceu em sua frente.

A boca que estava sem tampa emitiu uma mistura de cheiros parecendo com tabaco, desinfetante e folhas de hortelã que limpou o olfato de Klein e o rejuvenesceu.

O cheiro pungente permaneceu, mas Klein já não sentia náusea, e logo parou de vomitar.

Ele olhou para o pequeno frasco e viu uma mão pálida que não parecia pertencer a um membro dos vivos, a boca da manga de um casaco negro e o Coletor de Cadáveres Frye com sua postura fria e escura.

— Obrigado. — Klein se recuperou completamente e com as mãos nos joelhos, se levantou.

Frye assentiu sem qualquer expressão.

— Vai ficar melhor quando você estiver acostumado.

Ele tampou o frasco, colocou-o no bolso e se virou, caminhando até o cadáver em estado avançado de decomposição. Sem luvas, ele começou a examinar a velha. Quanto a Dunn Smith e Leonard Mitchell, eles caminhavam lentamente pela sala, ocasionalmente tocando a superfície da mesa ou os jornais.

Velho Neil tampou o nariz e ficou do lado de fora da porta, resmungando com uma voz abafada:

— Que nojo. Vou pedir um pagamento adicional este mês!

Dunn virou a cabeça e tocou a parede ao lado da chaminé com a mão direita usando uma luva. Enquanto isso, ele perguntou a Klein:

— Esse lugar lhe parece familiar?

Klein segurou a respiração e construiu o relógio de bolso de prata em sua mente para se acalmar.

Como já estava no estado de Visão Espiritual, ele imediatamente se sentiu diferente. Uma cena que veio dos recessos mais profundos de suas memórias passou por sua mente.

Chaminé, cadeira de balanço, mesa, jornais, os pregos enferrujados na porta, as latas incrustadas com prata…

As cenas eram escuras e sem graça, como um documentário da Terra. No entanto, era ainda mais embaçado e ilusório.

A cena se sobrepôs rapidamente sobre o que Klein estava vendo. Os sentimentos de déjà vu e de ter estado aqui antes se apresentaram claramente. Um grito ilusório e etéreo parecia passar por paredes invisíveis:

“Hornacis… Flegrea… Hornacis… Flegrea… Hornacis… Flegrea…”

— Parece um pouco familiar — respondeu Klein honestamente enquanto sentia uma dor aguda em seu cérebro. Felizmente, ele rapidamente tocou sua glabela duas vezes.

Hornacis… A cordilheira de Hornacis que apareceu no diário do Klein original?

Esse é o conteúdo decifrado do caderno da família Antigonus.…

Os murmúrios eram muito parecidos com um dos anteriores. Envolvia a palavra “Hornacis”. Isso é uma forma de sedução? — Klein foi tomado pelo choque e não se atreveu a pensar mais no assunto, com medo de se colocar na trajetória de perda de controle.

Dunn acenou ligeiramente e caminhou para um armário. Ele de repente estendeu a mão e abriu a porta de madeira.

O pão dentro estava mofado e havia cerca de sete ratos mortos e rígidos.

— Leonard, desça e encontre policiais em patrulha e explique a situação — instruiu Dunn.

— Tudo bem. — Leonard se virou e saiu do apartamento.

Depois disso, Dunn abriu a porta para dois outros quartos e fez uma busca cuidadosa.

Depois de ter certeza de que não havia pistas, além de qualquer sinal do caderno da família Antigonus, Frye também se levantou. Ele limpou as mãos com um lenço branco que trouxe consigo e disse:

— A hora da morte foi há mais de cinco dias. Não há lesões externas, nem há sinais claros de que foi resultado de poderes de Beyonder. A exata causa da morte exigirá uma autópsia.

— Descobriram alguma coisa? — Dunn se virou para Velho Neil e Klein.

Os dois que não estavam mais no estado de Visão Espiritual balançaram suas cabeças em uníssono.

— Tirando o cadáver, todo o resto está normal. Na verdade, não, havia uma energia invisível que selava o apartamento no começo. Como sabe, geralmente há processos similares quando usamos magia ritualística — pensou Velho Neil por alguns segundos antes de adicionar.

Dunn estava prestes a dizer alguma coisa quando olhou para fora da porta. Alguns segundos depois, Klein e Velho Neil sentiram algo e se viraram para a escada.

Alguns segundos depois, passos leves ficaram mais altos e Leonard se aproximou com um policial.

A expressão do policial mudou quando sentiu o cheiro repugnante. Ele imediatamente cooperou com seu “colega” do Departamento de Operações Especiais e começou a bater nas portas dos moradores do segundo andar para entender melhor a situação no terceiro andar.

Momentos depois, o cabo com seus dois chevrons de prata olhou para o cadáver na cadeira de balanço.

— Katy Stefania Bieber. Entre 55 e 60 anos. Viúva. Alugou este apartamento com seu filho, Ray Bieber, por mais de dez anos.

— Seu marido era um artesão de pedras preciosas. Seu filho tem cerca de trinta anos e é solteiro. Ele herdou o comércio de seu pai e ganha cerca de uma libra e quinze soli por semana. Segundo seus vizinhos, eles não os veem há mais de uma semana.

Antes do policial continuar, Klein já sabia o ponto crítico que resultava.

Desaparecido. Para ser mais preciso, não se sabia para onde Ray Bieber tinha ido!

O caderno antigo poderia muito bem estar com ele!

— Você tem uma foto de Ray Bieber? — Dunn olhou para o policial. Ele estava atuando com o papel de um inspetor de alto escalão.

No entanto, não estava realmente atuando já que ele era realmente um inspetor de alto escalão do departamento de polícia. Seu salário e vários subsídios também eram pagos de acordo com seu rank. Claro que não incluía o seu salário da Igreja.

O policial balançou a cabeça nervosamente e disse:

— Não tenho certeza… terei que voltar à delegacia para procurar. Não é típico termos fotos de todas as pessoas.

— Entendido. Continue questionando os moradores no primeiro andar. Pergunte a eles em detalhes. — Dunn deu a ordem.

Enquanto observava o policial sair, fechou a porta e se virou para o Velho Neil.

— Deixo o resto para você. Se não, teremos que fazer todos os residentes dormirem e obter a aparência de Ray Bieber. É, eu realmente não confio em esboços baseados em descrições verbais.

Velho Neil assentiu. Ele tirou algumas garrafas do tamanho de um polegar do bolso de seu manto preto clássico e espalhou os líquidos em uma ordem específica.

Imediatamente após isso, ele pegou um pouco de pó e espalhou-o em um círculo ao seu redor.

Estranhamente, um cheiro penetrante se espalhou e não foi influenciado pelos cheiros repugnantes na sala. Klein também notou de repente que havia um campo de força invisível ao redor dele, separando-o do meio ambiente e de todos os outros. Era como se o quarto estivesse em seu estado anterior.

Velho Neil fechou os olhos enquanto seus lábios murmuravam um encantamento suave e indiscernível. Sem estar preparado, Klein ouviu vagamente as palavras “Deusa, me dê força”, “Estamos ansiosos pela proteção da Noite…”.

Hum! Um vento repentino atravessou as janelas e levantou o pó.

O coração de Klein tremeu de repente e ele sentiu arrepios por todo o corpo. Ele achou difícil descrever. Um “cheiro” aterrorizante que o deixou com medo de olhar diretamente se espalhou rapidamente.

Ele estava confuso e ficou tenso, incapaz de relaxar. Era como se ele tivesse entrado em um estado semelhante ao que alguém teria depois de trabalhar em um problema matemático altamente avançado.

De repente, os olhos de Velho Neil se abriram, seus olhos negros.

Ele pegou uma caneta do bolso e começou a desenhar num pedaço de papel na mesa. Desenhava tão rápido que todo o seu corpo tremia.

Klein focou seu olhar e viu um rosto com olhos recuados e um nariz de ponte alta rapidamente aparecer.

Quando o cabelo natural encaracolado e curto foi terminado, Velho Neil escreveu uma única linha abaixo do retrato.

— Cabelo preto, olhos azuis profundos e escuros. Possui um implante dentário totalmente cerâmico na parte esquerda da boca.

Pada!

A caneta-tinteiro na mão do Velho Neil caiu sobre o papel e seu corpo convulsionou algumas vezes.

— Esta é a aparência de Ray Bieber de acordo com o que resta na sala. — Velho Neil sussurrou enquanto a cor de seus olhos se recuperava rapidamente.

Ele então voltou para o seu local original e circulou-o lentamente. O campo de força invisível que isolava os arredores imediatamente se dissipou na forma de uma brisa.

— Louvada seja a Senhora. — Velho Neil tocou seu peito em quatro pontos, formando a forma da lua carmesim.

Os nervos tensos de Klein relaxaram e ele fez observações mais agudas. Ele descobriu que não havia nada de especial nas características faciais de Ray Bieber. Ele tinha um porte relativamente suave. A única coisa era que seu filtro labial era claramente fundo.

— Vou tentar usar a Técnica Radiestésica de Procura. — Ele pegou o retrato e encontrou roupas masculinas no quarto e as espalhou pelo chão.

Dunn, Leonard e Velho Neil não o impediram e observaram ele colocar a bengala preta por cima das roupas e do retrato. Frye estava tão silencioso como sempre.

Os olhos de Klein se transformaram de castanho para preto quando ele terminou seu encantamento, e soltou a bengala.

A bengala preta ficou em silêncio como se estivesse embutida no chão.

— A localização de Ray Bieber. — repetiu Klein silenciosamente para si mesmo novamente.

Com o som do vento zumbindo, a bengala caiu, mas continuou mudando de direção ao cair. Finalmente, começou a girar em pequenos círculos.

Sem ajuda externa, a bengala preta ficou novamente estável.

Klein repetiu algumas vezes com o mesmo resultado. Tudo o que podia fazer era balançar a cabeça para Dunn e Velho Neil.

Um poder estranho estava interferindo com sua “divinação”…

Dunn tirou a luva preta e disse a Leonard e Klein:

— Peguem o retrato de Ray Bieber e perguntem aos moradores para uma confirmação final. Depois disso, emitiremos um mandado de prisão contra ele pelo assassinato de sua mãe.

— Tudo bem. — Klein segurou a bengala e se abaixou para pegar o retrato.

Depois que os vizinhos confirmaram que o retrato era de fato Ray Bieber, Dunn instruiu Leonard e o policial para terminar os procedimentos na delegacia. Ele e Frye foram para alguns bares na cidade de Tingen para procurar ajuda por outros meios.

Klein e Velho Neil voltaram para a Companhia de Segurança Blackthorn em uma carruagem pública. Não eram nem oito quando chegaram; Rozanne ainda não havia chegado.

Depois de fechar a porta, Klein inclinou a cabeça para Velho Neil e, na esperança de aprender e responder às suas perguntas, perguntou-lhe:

— Por que eu mandaria o caderno da família Antigonus para a casa de Ray Bieber?

Isso era em uma direção completamente diferente da rua Cruz de Ferro, onde Welch morava.

O velho Neil caminhou até o sofá e riu.

— Não é óbvio? Quem sabe que poderes dentro do caderno você invocou; talvez você tenha feito algum ritual descrito por curiosidade e acabou provocando uma estranha existência que não deveria. O motivo dessa existência era mandar o caderno para Ray Bieber e cortar todas as pistas, para impedir que alguém a descobrisse.

— Portanto, além de você que foi selecionado, Welch e Naya se suicidaram; quanto a você… Para ser franco, eu ainda não tenho ideia de como você sobreviveu.

— Eu também gostaria de saber… — Klein se sentou e deliberadamente respondeu com um sorriso irônico. — Eu também pensei nas suposições que você fez sobre os procedimentos, no entanto, há uma coisa que não entendo. Porque tive que entregar o caderno para Ray Bieber?

Velho Neil deu de ombros e disse:

— Talvez o Número do Caminho da Vida dele corresponda aos requisitos, ou talvez ele seja um dos últimos descendentes remanescentes da família Antigonus. Em suma, há muitas possibilidades… e por que o caderno foi vendido à cidade de Tingen deve ter razões semelhantes.

— Não acho que é porque ele é um descendente. — Klein de repente se sentiu iluminado antes de suspirar. — Infelizmente, não descobri imediatamente que Ray Bieber e o caderno desapareceram.

Velho Neil riu.

— Isso é algo que Dunn tem que se preocupar. Quanto para você, é algo bom.

— Porque diz isso? — Klein franziu a testa, perplexo.


[1] Número de Caminho de Vida foi proposto por Pitágoras, e é estabelecido a partir da data de nascimento e descreve a natureza da sua jornada através da vida.

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P3T
Membro
P3T
4 meses atrás

O meu Número de Caminho de Vida é o número 7

Denis
Visitante
Denis
8 meses atrás

Também não explica como houve a transmigração dele já que de fato o Klein morreu, mas os outros dois que morreram não tiveram esse fenômeno.

Apenas um leitor
Visitante
Apenas um leitor
8 meses atrás
Resposta para  Denis

Bom, pelo q eu entendi, o Klein tá vivo pq é outra alma que ocupou o corpo dele kkkk os outros não tiveram essa “sorte”

Jhon
Visitante
Jhon
2 meses atrás
Resposta para  Apenas um leitor

Que sorte? O Klein original morreu como os outros kkk

Lucas
Visitante
Lucas
13 dias atrás
Resposta para  Denis

O klein original morreu ué… O que tá aí é um chinês

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