Atrás da porta estava um homem de peito nu com uma horrível serpente marinha azul tatuada no braço e pequenas listras de tinta vermelha pintadas nas laterais das bochechas, no peito e no abdômen, cada grupo formado por três listras.
“Realmente exótico… Mas você não tem medo de chamar a atenção demais? Você não tem medo de ser pego pela polícia enquanto está fora? Você faz parte da Resistência que se envolve em operações secretas!” Klein estava prestes a retrair o olhar quando foi quase forçado a franzir a testa pelas sobrancelhas grossas e bagunçadas e pelos olhos de sangue frio do homem.
“Ele matou muitas pessoas…” Klein fez um julgamento aproximado baseado em sua intuição espiritual.
Honestamente falando, devido à identidade e ao conhecimento de sua vida anterior, ele inicialmente teve muita simpatia pelos rebeldes sob o domínio colonial. No entanto, depois de ouvir que o homem e os seguidores do Deus do Mar Kalvetua basicamente praticavam os mesmos atos, ele ficou ainda mais cauteloso e enojado.
Isto não quer dizer que discriminasse a fé local, mas sim que compreendia que a fé tradicional de todas as ilhas coloniais ainda se encontrava numa fase primitiva que acreditava no sacrifício. Eles adoravam com comida e sangue, usando sacrifícios vivos, e ainda estavam num estado de completa ignorância.
“Além disso, com as experiências do Imperador e minhas, a natureza Beyonder deste mundo está cheia de loucura e distorções. Uma divindade ainda no estágio primitivo de sacrifício é basicamente incapaz de resistir a esta tendência. É bastante óbvio que tipo de estilo eles seguem…” Sem dizer uma palavra, Klein seguiu Danitz para dentro da sala.
— Edmonton, quem está aqui? — Uma voz suave soou na área perto das janelas.
O homem tatuado fechou a porta e disse: — Eles se disfarçaram.
Naquele momento, Klein deu uma boa olhada na situação na sala e obteve uma compreensão básica dela.
A sala não era muito grande. Um armário, uma mesa e algumas cadeiras bastavam para fazer com que parecesse apertado.
À direita havia duas portas que davam para o que parecia ser um quarto; à esquerda havia uma cozinha separada por um armário. Quanto ao banheiro, não havia dúvida de que não havia. Quando Klein subiu as escadas, descobriu que havia um banheiro comum no canto de cada lance de escada. O fedor de não serem lavados por longos períodos de tempo incitava qualquer transeunte a subir mais rápido.
Diretamente na frente dele havia uma janela. Duas varas de bambu penduradas serviam para pendurar muitas roupas para secar.
Havia quatro ou cinco homens sentados ou em pé na porta do quarto e na sala. Todos eram nativos de pele escura e cabelos levemente cacheados. Eles usavam camisas Taraba azul-escuras e tinham mais ou menos tinta vermelha na pele nua, e quanto à tatuagem da serpente marinha, Klein não sabia dizer se ela estava lá ou não por causa das roupas.
Alguns deles carregavam revólveres na cintura, outros carregavam rifles de caça vermelho-amarronzados. Alguns até carregavam mochilas de aço cinza e longos e grossos rifles a vapor de alta pressão. Eles formaram um semicírculo em torno de Danitz e Klein, que acabavam de entrar na sala.
A pessoa que falou era um homem em cadeira de rodas, na casa dos quarenta anos. Ele usava uma jaqueta e tinha um cobertor sobre os joelhos.
Ele tinha a cabeça raspada, uma barba levemente verde em ambos os lados do rosto e seus olhos castanhos escuros eram calmos e controlados.
Ele olhou para o visitante e sorriu lentamente.
— Blazing.
Danitz ficou atordoado por um momento antes de forçar uma risada.
— Kalat, você tem um bom olho.
“Porra! Sou tão ruim em me disfarçar?” ele rugiu interiormente, não querendo aceitar o fato.
Kalat ignorou o elogio insincero de Blazing e, em vez disso, riu.
— Ouvi dizer que você matou Steel and Hendry?
— De que outra forma eles estariam mortos? — Danitz respondeu sem hesitação.
Kalat estreitou os olhos, lentamente desviando o olhar para Klein, que tinha um rosto inexpressivo.
Ele sabia muito bem que Blazing Danitz sozinho teria dificuldade em matar Hendry, Amoreiras de Sangue, muito menos Steel Maveti. Havia rumores de que seu sucesso se devia à ajuda de um poderoso aventureiro, um experiente caçador de recompensas.
“É a pessoa ao lado dele?” Quando olhou nos olhos de Klein, não viu nenhum nervosismo, preocupação ou vigilância. Aqueles olhos eram como um oceano profundo.
“Poderia muito bem ser… No mínimo, ele é mais forte que Blazing!” Ele sinalizou para Edmonton e os outros com os olhos, informando-os secretamente para ficarem em guarda.
— O que você está fazendo aqui? — Kalat não prosseguiu no assunto.
Danitz subconscientemente olhou para Klein e, depois de ver seu aceno de afirmação, respondeu: — Quero ver que coisas boas você tem a oferecer.
Kalat apontou para uma mesa e disse: — Está tudo colocado lá.
Havia muitos itens estranhos e diferentes dispostos, incluindo um apito feito de osso, uma gaita de foles simples e tosca, uma folha preta como ferro e uma pedra manchada de sangue…
Sem esperar que Klein e Danitz examinassem os itens, Kalat bateu palmas e disse: — Tenho uma missão.
— Se você conseguir completá-la, poderá escolher livremente um item destes sem nenhum custo adicional.
Ele riu e acrescentou: — Pela definição de vocês, estrangeiros, eles não são objetos místicos, mas todos têm algum poder sobrenatural, mas ele irá lentamente, sim, enfraquecer lentamente até desaparecer.
— Que missão? — Klein perguntou calmamente, sem intenção de esconder o fato de que Danitz era apenas um seguidor.
Ele enfiou a mão no cobertor que se estendia até os joelhos e tirou uma pilha de papel branco.
— Descubra onde eles estão.
— Se você conseguir pegá-los diretamente, você conseguirá ainda mais.
Ele ergueu os braços e começou a exibir retratos realistas, incluindo uma mulher com olhos cinza-esverdeados vestida com camisa de homem.
“Leticia Dolera…” Klein reconheceu de relance quem a Resistência estava procurando.
Era a arqueóloga e aventureira que ele viu na noite anterior e com quem embarcou no mesmo navio esta manhã. Ela era suspeita de ser membro da Ordem Ascética de Moisés ou do Elemento do Amanhecer.
Danitz olhou atentamente por dois segundos e achou a imagem vagamente familiar.
De repente, ele se lembrou de onde a tinha visto antes.
Gehrman Sparrow mostrou isso em seus sonhos!
“Ele tinha acabado de perguntar isso a capitã à tarde, e já estamos esbarrando em algo relevante à noite… Ele não é muito engenhoso na coleta de informações?” Danitz resistiu à vontade de olhar para o aventureiro maluco ao seu lado, com medo de que Kalat e Edmonton notassem algo errado.
Ele era muito experiente nesta área.
“A Resistência, que acredita no Deus do Mar, está à procura de Letícia… A fé do Deus do Mar se espalha por todo o Arquipélago Rorsted, incluindo Symeem… Houve uma cobra ontem à noite… A imagem do Deus do Mar é a de uma gigantesca serpente marinha…” Klein sobrepôs as duas questões e rapidamente chegou a uma conclusão preliminar.
A arqueóloga Letícia e companhia obtiveram um item importante envolvendo o Deus do Mar no templo esquecido na antiga floresta da Ilha Symeem. Consequentemente, resultou na investigação da noite passada e na busca da Resistência!
Klein pensou por um momento, depois deu uma resposta superficial: — Vou ficar de olho.
“Não vou me envolver aleatoriamente em assuntos relacionados a espíritos malignos. Claro, se for necessário, então irei reportar aos oficiais…” ele silenciosamente acrescentou algumas palavras interiormente.
Kalat assentiu e disse: — Dê uma olhada primeiro e veja se há algo que você deseja.
Klein se aproximou e estava prestes a perguntar enquanto fazia sua seleção quando de repente sentiu algo e inconscientemente olhou para o lado direito da pilha de itens.
Havia uma espada curta feita de ossos finos. Era um pouco mais longa que um antebraço e tinha um corpo branco leitoso. Havia algumas listras profundas vermelhas escuras nele.
“Isso pode desencadear minha percepção espiritual…” Klein estendeu a mão direita na tentativa de pegar a espada de osso afiada, que estava colocada bem na frente, para examiná-la cuidadosamente.
No momento em que seus dedos tocaram a espada de osso, gritos de desespero e dor ecoaram de repente em sua mente. Um cheiro forte de sangue apareceu levemente na ponta de seu nariz, e ele pareceu ver muitas figuras ilusórias distorcidas e podres que estavam cobertas de muco.
A testa de Klein doeu, como se ele tivesse sido perfurado por uma agulha, e ele inconscientemente retraiu o dedo.
“Um pouco sinistro… Não é um item simples…” Klein, que já havia experimentado coisas muito mais intensas antes, apenas mostrou uma ligeira mudança na expressão.
Ele resistiu ao impulso de ativar sua Visão Espiritual, com medo de ver algo que não deveria.
Percebendo isso, Kalat trocou olhares com Edmonton e disse com um sorriso: — Esta espada de osso é capaz de drenar o sangue de um inimigo. Não é ruim. Você quer?
“Um pouco proativo…” Klein franziu a testa, relaxou as sobrancelhas imediatamente e então disse em voz profunda: — Não, não há nada que eu queira aqui.
Se Kalat não tivesse perguntado, estava até planejando comprar a espada de osso e pesquisá-la acima da névoa cinza. Porém, o fato de o homem ter explicado o deixou vigilante. Assim, ele abandonou racionalmente seus planos originais.
Kalat cruzou as mãos e disse: — Não é nada caro.
— Ou você gostaria de ver outra coisa?
— Não há necessidade. — As pupilas de Klein encolheram repentinamente quando ele se virou e caminhou direto em direção à porta.
Danitz hesitou por um momento antes de correr atrás dele.
Edmonton, que tinha uma tatuagem de serpente marinha no braço, observou em silêncio. Parecia que ele iria alcançá-los e detê-los a qualquer momento, mas no final, não fez nada.
Eles foram os poderosos aventureiros que mataram Steel Maveti e Hendry!
Assim que saiu da sala, Klein desceu as escadas sem dizer uma palavra. Danitz correu atrás dele, alarmado.
Com base na sua opinião sobre a situação, ele não perguntou sobre a situação e apenas a seguiu.
Os dois retornaram rapidamente à praça, e a multidão que se reuniu mais uma vez para se ajoelhar ou se prostrar se dispersou mais uma vez.
Mas, diferentemente de antes, havia um homem que ainda permanecia ajoelhado no chão, imóvel.
Klein nem sequer olhou para ele enquanto passava sem parar.
No entanto, Danitz deu uma olhada subconsciente, apenas para descobrir que o rosto do homem estava tão seco quanto uma rocha desgastada.
Poof!
Um pedaço de carne da bochecha do homem caiu no chão; era um pedaço de pele acinzentada com pelos faciais presos a ele.
Ele parecia ter perdido toda a umidade de seu corpo.
Danitz se assustou e não se atreveu a olhar novamente, sentindo que as coisas haviam se tornado estranhas e perigosas em algum momento.
Os dois passaram pelos becos, saíram da cidade e embarcaram em uma carruagem alugada.
O cocheiro era obviamente um nativo, com cerca de quarenta anos, e sua risada era muito agradável.
Mas ao longo do caminho ele não disse uma palavra. Estava tão quieto que Danitz sentiu como se seu coração estivesse batendo como um tambor.
Klein franziu os lábios e permaneceu em silêncio.
A carruagem alugada chegou rapidamente à área do cais. Para mudar de roupa, Danitz fez com que ela parasse longe da Rua Limão Ácido.
Depois de descer da carruagem, Klein não pagou a passagem nem parou. Ele imediatamente deu passos largos e saiu, deixando Danitz atordoado.
Ele jogou dois solis para o motorista da carruagem e perseguiu apressadamente Gehrman Sparrow.
Depois de alguns passos, ele olhou para trás e viu o motorista ajoelhado com o rosto cheio de zelo e devoção. Ele se inclinou e beijou o chão onde Klein havia pisado.
Esperava tudo menos isso
Que KKKKKK
So macumba sinistra
Se tá doido o perfume mais vendido nesse mundo aí de ser o puru vudu
O que foi isso??