“Todos podem se entender independentemente da linguagem usada?” Klein pulou a primeira frase de Edwina e concentrou sua atenção na segunda frase, que não parecia muito problemática.
Embora este fosse o mundo do livro criado pelas Viagens de Groselle, tudo era possível, mas havia certos detalhes que ainda revelavam problemas.
Para Klein, ele não estava muito interessado em como eles poderiam se entender, mas no tipo de método que resultava na compreensão.
“Este mundo incorpora algo semelhante à regra da compreensão da linguagem, ou possui uma entidade consciente acima de todos os outros, auxiliando no trabalho de tradução em tempo real, assim como faço nas Reuniões de Tarô? Se fosse a primeira opção, os alvos que não entendem Jotun ouviriam apenas uma língua desconhecida, mas entenderiam o significado. Se fosse o último, seriam eles ouvindo uma língua com a qual estavam familiarizados…” Como conhecia muitas línguas antigas e sobrenaturais, Klein não conseguiu entender a situação imediatamente. Ele diminuiu a velocidade e caminhou ao lado de Danitz. Ele perguntou enquanto suprimia a voz: — Você consegue dizer que idioma Groselle estava usando quando falava?
Danitz ficou surpreso por um segundo. Ele se lembrou e disse: — É uma língua que parece um pouco familiar, mas desconhecida, mas consegui entender tudo.
As línguas sobrenaturais que ele conhecia eram o antigo Hermes, seguido pelo élfico. Ele era apenas um iniciante em Jotun.
“Sim, é algo como a regra da compreensão da linguagem… É a compreensão ao nível da mente… Isto significa que as regras fundamentais de todo o mundo do livro podem ser diferentes das do mundo exterior. É uma configuração que vem com ele, mas as mudanças não parecem capazes de ultrapassar certos limites. Este ponto permanece suspeito e requer verificação. Afinal, não posso eliminar a existência de alguém como O Louco, alguém que interpreta completamente a comunicação através da mente… Edwina é realmente perspicaz e boa em observação. O problema que ela descobriu leva direto à essência deste mundo do livro…” Em meio a seus pensamentos, Klein entrou sem pressa na enorme e escura caverna.
Quanto à história descrita pelos integrantes da equipe do líder principal, ele não ficou nem um pouco surpreso. Até estava ansioso para ouvir os detalhes.
Klein sabia há muito tempo que as várias Igrejas e os países do Continente Norte haviam tentado conscientemente destruir ou ocultar informações, ocultar a verdadeira história da Quarta Época, da Terceira Época e até mesmo da Segunda Época. O que as pessoas conheciam como conhecimento comum, na verdade, diferia das pessoas que viviam naquela época.
Esse também foi um dos motivos pelos quais Klein assumiu o risco de entrar no mundo do livro!
Dentro da caverna espaçosa e ventosa, uma fogueira espalhava sua luz e calor sobre três figuras humanoides.
Um deles era um homem de meia-idade com uma túnica branca extremamente espartana. Ele tinha rugas, mas não parecia velho. Ele estava de costas para o fogo enquanto encarava a parede de pedra com os olhos fechados, concentrado em suas orações. Tinha cabelo castanho curto e seus ombros, braços, panturrilhas e pés estavam expostos, revelando todos os tipos de cicatrizes antigas.
Ao lado dele estava um rapaz que usava uma pedra como travesseiro. Ele vestia uma armadura preta pesada de corpo inteiro. Em sua mão estava uma espada negra erguida que emitia uma luz fria e cintilante. Suas características faciais eram bastante profundas, dando-lhe traços claros de Loen.
Sentado em frente aos dois estava um homem de trinta e poucos anos que estava vestido de forma estranha. Ele deu às pessoas uma sensação de desconforto. Usava um chapéu preto elegante e duro, e os botões do casaco não combinavam. Era confuso e caótico, altamente assimétrico e desarmônico.
Além disso, as pontas de suas botas de couro se enrolavam bem alto, fazendo-o parecer um palhaço de circo.
Este homem tinha um rosto muito bonito. Tinha cabelos louros, olhos castanhos profundos, nariz alto e lábios finos. Mesmo sentado ali, ele exalava um sentimento arrogante.
Edwina apontou para ele e disse: — Visconde Mobet Zoroast do Império Solomon, um cavalheiro que pode tirar os ideais e sonhos dos outros.
— Você não precisa medir suas palavras. Olá, sou um Sequência 5: Ladrão de Sonhos do caminho do Saqueador, — disse Mobet com uma risada. Ele não agiu nada parecido com a arrogância que parecia exalar.
“Um membro da família Zoroast… O anjo que parasita o corpo de Leonard é desta família. Talvez eles se conheçam? Heh, agora eu sei o nome das Sequências 4 e 5 do caminho do Saqueador, mas nem sei as Sequências 6 e 7 correspondentes…” Muitos pensamentos passaram pela mente de Klein enquanto ele mantinha seu olhar estoico.
Naquele momento, Anderson o cumprimentou calorosamente com um sorriso e perguntou como se fossem amigos: — Para ser franco, esta é a primeira vez que ouço falar de um Ladrão de Sonhos. Eu só conheço o Saqueador e Trapaceiro. Existem duas sequências no meio das quais não estou ciente.
— Os Beyonders deste caminho já são tão escassos? Edwina não sabe? Sequência 7: Criptologista e Sequência 6: Bandido do Fogo1. Haha, deixe-me fazer as apresentações. — Mobet apontou calorosamente para o homem que orava, cujas costas estavam voltadas para todos. — O devoto asceta, Snowman2. Ele acredita no Senhor que criou tudo, o Deus onipotente e onisciente. Não ligue para ele. Ele está completamente selado em suas crenças. Mas em combate ele é um companheiro muito confiável. Eh, Snowman, você deveria dizer pelo menos alguma coisa.
Mobet, que não recebeu resposta, coçou o queixo com um sorriso triste.
— Este é o tratamento que recebo com frequência. Você pode achar difícil imaginar que eu era um nobre arrogante, reservado e refinado. Mas o tempo mudou tudo. Heh heh, isso acontece quando seu companheiro é um gigante que só sabe rir tolamente e dizer frases feitas…
Ao dizer isso, Groselle, que estava sentado em uma pedra, sorriu de maneira simples e bem-humorada. Ele levantou a mão para coçar a nuca, já que seu único olho vertical não mostrava a ferocidade e crueldade dos rumores de que os gigantes tinham.
Mobet balançou a cabeça e apontou para o asceta Snowman.
— Quanto a ele, pode não falar uma única palavra durante anos ou mesmo uma década. Siatas é uma mulher muito violenta. Enquanto houver alguma flutuação emocional nela, ela vai me bater. Fuuu, tenho tanto medo dela agora quanto estava apaixonado por ela naquela época. Portanto, só posso conversar e falar com eles; caso contrário, definitivamente vou enlouquecer!
— Felizmente, Frunziar veio mais tarde. Ele é bastante conversador. Ei, Frunziar, acorde! Temos novos companheiros!
O cavaleiro de armadura preta adormecido acordou lentamente enquanto olhava para Klein e companhia.
De repente, houve o som de metal batendo um no outro enquanto ele se levantava. Olhando para Klein, ele disse: — De Loen?
— Sim, — Klein assentiu francamente. Ele descobriu que esse soldado de Loen, desaparecido há 165 anos, não parecia velho. Ele tinha cabelos pretos e olhos azuis penetrantes. Fazia alguém se submeter a ele sem saber.
Frunziar pareceu à deriva por um momento enquanto se recompunha rapidamente.
— Você conhece a família Edward de Backlund?
— Backlund tem muitos Edwards, — respondeu Klein simplesmente.
— A família Edward que mora na Rua Delahire, nº 18, no Burgo Noroeste, — pressionou Frunziar, ansioso.
Klein balançou a cabeça.
— O Burgo Noroeste não existe mais.
— O Burgo Noroeste não existe mais… — Frunziar repetiu essas palavras enquanto sua voz ficava mais suave.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos antes de expirar.
— Não tenho ideia de quantos anos se passaram lá fora, mas já deveria ter passado um bom tempo. Edwina me contou o ano real, mas não me lembro em que ano entrei… — Eu dormia a maior parte do tempo e o tempo aqui parece estar congelado.
Mobet Zoroast riu ao ouvir isso.
— Isso é porque você tem azar. Na época em que passávamos por cidades e vilas, tudo era perfeito.
Ele olhou para Klein, Anderson e Danitz.
— Naquela época, vivíamos em lugares com humanos, com raças inteligentes. Nós nos casamos repetidas vezes, vendo nossas esposas envelhecerem, enfraquecerem e morrerem. Heh, antes de um novo membro entrar, esqueceríamos nossos objetivos. Levaríamos vidas normais, mas felizes e relaxadas, durante décadas ou séculos. A única desvantagem é que não somos capazes de gerar nossos próprios filhos.
— Mais tarde, Frunziar veio. Entramos nesta região coberta de gelo e neve. Caçamos muitos monstros, mas gradualmente começamos a adormecer. Raramente estávamos acordados até conhecermos Edwina.
“Isso significa que o tempo no mundo dos livros flui normalmente. O progresso da história é mantido por um certo poder que influencia o grupo do protagonista principal. Antes de novos membros ingressarem e antes de as páginas do livro virarem, eles pararão e permanecerão em um determinado nó temporal, fazendo outras coisas… Isso é semelhante à inter-tradução de idiomas no nível da mente…”
“Por outro lado, isso também significa que as cidades e aldeias no mundo do livro também se desenvolvem normalmente? Sim, tenho que encontrar rapidamente o Rei do Norte Ulisses; caso contrário, com o passar do tempo, também poderemos experimentar essa influência e cair no sono ou esquecer a missão principal. Ficaremos aqui por um longo período de tempo até que um novo membro seja engolido pelo livro e nos encontre…” Klein ficou em silêncio por alguns segundos. Quando ele estava prestes a dizer algo, Edwina disse: — Não há necessidade de se preocupar com esse problema.
— Em breve encontraremos o Rei do Norte.
— Por que? — Anderson e Mobet perguntaram em uníssono.
Edwina examinou a área e disse: — Antes de entrar, as páginas presas do livro só tinham mais algumas páginas.
— E agora, com vocês entrando e encontrando o acampamento, definitivamente não pode sobrar muitas páginas. A história está prestes a chegar ao fim.
Mobet acenou com a cabeça indiscernivelmente de acordo com o julgamento de Edwina. Anderson murmurou suavemente termos como preso.
Edwina então apresentou Klein, Anderson e Danitz enquanto ela se fazia de exemplo e se sentava ao lado da fogueira.
Klein tirou o chapéu e segurou-o com a bengala. Ele sentou-se lentamente e olhou para Mobet Zoroast, que estava inclinado a conversar.
— Você já ouviu falar do Império Tudor e do Império Trunsoest?
Ele não fez rodeios e perguntou diretamente. Essa era a personalidade de Gehrman Sparrow.
— Não. — Mobet balançou a cabeça. — Edwina já me perguntou. Heh, na minha época, os Tudors e Trunsoests eram como minha família Zoroast. Somos famílias aristocráticas do Império Solomon e fomos súditos leais do Imperador das Trevas.
“Então as famílias Trunsoest e Tudor eram traidoras do Império Solomon…” Klein pensou e disse: — Além de você, que outras famílias aristocráticas o Império Solomon tinha?
— Muitas. — Mobet sorriu ao olhar para Frunziar. — Augustus, Abraham, Zaratul, etc. Na minha época, os arqui-inimigos da Igreja da Deusa da Noite Eterna eram a Igreja do Deus do Combate e a família Eggers do Continente Sul. As Igrejas do Senhor das Tempestades, do Eterno Sol Ardente e do Deus do Conhecimento e da Sabedoria estavam todas em conflito umas com as outras, todas esperando ganhar o apoio do Império Solomon.
Ele pausou por dois segundos enquanto sua expressão gradualmente se tornava solene.
— Naquela época, as divindades andavam pela terra, e não no mundo astral.
Notas:
[1] bem, oficialmente o nome atual usado é Prometheus, talvez Bandido do Fogo seja o nome antigo usado.
[2] vou deixar em inglês.
Foda. Essa galerinha toda aí já deveria estar biruta das ideias há muito, tem parada errada aí…