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Makai Hongi – Capítulo 4

Capítulo 4

Houve momentos em que as memórias da minha vida passada eram um empecilho.

Tinha a ver com os diferentes valores que existiam no Japão e no Mundo Demoníaco.

Pense sobre isso.

Os residentes daqui pensariam da mesma forma?

Como alguém que experimentou ambos, posso dizer que eles são bem diferentes.

Por exemplo, se eu estivesse andando pela estrada e eu me esbarasse em outra pessoa.

Não importava se você a conhecia ou não. No Japão, a maioria das pessoas reagiria da mesma forma.

“Ah, desculpe.”.

“Não, me desculpe.”.

Nós falaríamos isso e só.

Não se transformaria em uma briga ou uma luta até a morte.

Mas era diferente no Mundo Demoníaco.

“Ah, com licença.”.

“Quem diabos é você, bastardo? Você parece estar querendo morrer.”

E então você seria espancado.

Se você tivesse sorte, de qualquer maneira. Esse era o básico do Mundo Demoníaco.

Se você não reagiu com violência, então você estava admitindo que eles eram superiores a você.

Mas mesmo no Japão, pessoas muito irritadas podem partir para a agressão. Mas normalmente pararia depois de um ou dois golpes. Eles não iriam atrás de você nem nada.

Além disso, a lei os manteria na linha. Eles só podiam ir até esse ponto.

No Mundo Demoníaco era diferente.

Força era tudo. Se você fosse considerado inferior, você poderia ser subserviente para o resto de sua vida.

E não foi fácil, como ‘vá me comprar um sanduíche e um café.’

Seu relacionamento com essa pessoa sempre seria perigoso e com risco de vida.

Afinal, você tinha que obedecê-los completamente.

Você tem duas opções. Sirva alguém que é ainda mais forte ou desafie-o para o Gekokujyo.

‘Tudo isso apenas por causa de um esbarro!?’ Você pode se perguntar. Mas isso era normal no Mundo Demoníaco.

A obediência aos fortes era absoluta. Era a única maneira de sobreviver.

Foi difícil para mim no começo.

Eu tinha uma tendência de recuar durante um confronto.

Só um pouco. Meio passo. Mas isso foi tudo o que foi preciso para eles darem dois passos à frente. E eles não paravam.

Era assim que as coisas funcionavam.

Não adiantava.

Percebi isso quando ainda era muito jovem. Fui rápido em perceber.

E assim, desde então, eu reagi fortemente e me apresentei ao lidar com os outros, independentemente de como eu realmente me sentia.

“Isso doeu, seu bastardo!”

“Eh!? Você quer lutar?”

“Claro! Graagh, graagh! Venha pra cima cuzão!”

Foi assim que eu agi. E então meu oponente pensaria.

Esse cara era mais forte que eu?

Se ele perdesse a luta, que tipo de futuro o esperava?

A menos que houvesse uma diferença óbvia no poder, a discussão quase sempre explodiria e se tornaria uma luta real.

Mas também houve muitas vezes em que não houve um vencedor claro. No Mundo Demoníaco, os residentes eram muito duros.

Houve momentos em que o japonês em mim pulava e pensava: “Merda, eu posso ter matado ele“, mas então eu ouvia um “isso dói!”, enquanto o cara se levantava e jogava o punho em minha direção.

Ambos os lados eram duros. Em uma batalha como esta, onde não havia diferença clara de força, parecia estúpido continuar lutando.

Afinal, se não houver diferença de força, então o menor erro pode determinar o vencedor.

No entanto, isso muitas vezes resultou em perdedores que não estavam satisfeitos com o resultado. E eles teriam sua vingança através do Gekokujyo quase imediatamente. E eles estavam quase sempre mais preparados na segunda vez.

Como a vitória havia sido conquistada da última vez por coincidência, normalmente não aconteceria da mesma forma da próxima vez.

E, claro, o perdedor ficaria tão zangado que se prepararia para se vingar.

Isso pode durar para sempre quando eles estavam no mesmo nível.

Foi porque eu sabia disso, que eu não continuava com isso durante uma luta onde éramos de força igual.

Se fosse óbvio que se transformaria em uma longa luta, ambos os lados poderiam se retirar.

“Acho que te puni o suficiente por um dia.”

“Você tem sorte de me conhecer enquanto eu estava me sentido misericordioso.”

Podemos dizer isso um ao outro enquanto vamos embora.

Em raras ocasiões, podemos dizer, “Você não é ruim” e “Você também”, e se tornar amigos.

Era como uma daquelas velhas histórias em quadrinhos, de certa forma.

Independentemente disso, pelo menos o perigo se foi.

O que estou tentando dizer aqui, é que, para sobreviver no Mundo Demoníaco, era menos sobre o que você realmente sentia, e mais sobre parecer forte e não permitir que qualquer provocação não fosse contestada. E às vezes, era necessário avançar e começar brigas…

Isso tudo foi muito severo para alguém com minha velha mentalidade japonesa.

No entanto, eu não tive escolha a não ser fazer isso. Era melhor assim para todos.

Caminhei por cerca de 10 quilômetros e cheguei ao dossel onde os comandantes estavam.

Como eu não sabia a localização, o Kobold que se chamava Rig, me guiou até aqui.

No caminho, Rig me informou sobre em algumas coisas.

O Comandante Nehyor era nosso superior. Ele também era um Vampiro.

Vampiros eram poderosos e poucos em número.

Em termos de aparência, Nehyor parecia muito jovem, mas tinha estado ativo no campo de batalha por mais de 200 anos.

“Ele é realmente tão velho?”

Nós, Ogros, nem vivemos por 100 anos, então era difícil de acreditar.

“Sim. Aconteceu há cerca de duzentos batalhas atrás. Ele matou vários generais inimigos sozinho. E foi essa conquista que lhe rendeu o posto de Comandante do Regimento.”

“Mas o que aconteceu com o comandante anterior do Regimento?”

“Ele morreu naquela batalha. E assim o Comandante Nehyor tomou seu lugar. Dizem que ele era praticamente desconhecido até aquele ponto.”

“Ele era um errante?”

“Foi há tanto tempo que eu não sei os detalhes… Mas durante a batalha, ele nem sequer era um oficial, apenas um soldado.”

Então ele passou de soldado para comandante do Regimento de uma só vez.

“Essa é uma promoção e tanto.”

Como o Comandante do Regimento estava acima de um Comandante, ele subiu duas patentes.

Claro, o que foi mais impressionante foi que ele matou generais inimigos enquanto ainda era um soldado.

Isso significava que ele nem tinha o benefício da esfera do controle.

Matar gigantes (Gekokujyo) era bastante comum em nosso mundo, mas isso era excessivo.

A diferença de poder teria sido muito grande.

Foi porque ouvi essas histórias de antemão, que me senti um pouco nervoso quando pisei debaixo do dossel.

O Comandante do Regimento, um Vampiro de 200 anos. Que fera assustadora ele deve ser.

No entanto, acabei ficando muito surpreso.

“Hein? Quem é você?”

A pessoa na minha frente parecia um Ídolo1 em treinamento.


Nota:

[1] Na cultura pop japonesa, os ídolos (アイドル aidoru?, a partir do inglês idol) são pessoas da mídia (cantores, atores, modelos etc.) jovens, em sua maioria adolescentes, com uma imagem inocente e às vezes, mais chamativa.

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