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Monarch of Evernight – Capítulo  32

A Pequena Cidade do Farol

Embora houvesse mil e duzentos anos desde o fim da Guerra da Aurora, os ressentimentos estavam sempre aumentando, a cada minuto, a cada segundo e em todo lugar.

Nos últimos mil e duzentos anos, as raças sombrias e os seres humanos nunca pararam de lutar, e conflitos sangrentos sempre aconteciam em cada centímetro da terra disputada.

Embora o Domínio Noite Eterna já fosse uma terra abandonada do Império, quando as raças sombrias retornaram, esse continente ficou cheio de campos de batalha em todos os lugares. Além disso, a situação era incrivelmente complexa.

Os seres humanos e as raças sombrias estavam envolvidos em uma luta até a morte. Além disso, ainda haviam conflitos internos que surgiram nas fileiras de ambos os lados. Isso porque, talvez a órbita desta terra abandonada estivesse muito longe do sol, então até monstruosidades extraterritoriais aterrorizantes apareciam ocasionalmente.

Era como se o único significado da existência da vida aqui fossem lutas e guerras.

O fogo da batalha envolveu tudo, e no cinzento Continente Noite Eterna, o menos valioso era a própria vida.

Nesse momento, em uma planície desolada, um esquadrão de sete a oito estavam alinhados em uma fila, caminhando rapidamente. Suas roupas eram incrivelmente bagunçadas e desorganizadas, inteiramente feitas de restos de tecido e couro costurado. Alguns deles até embutiram várias placas de metal manchadas de ferrugem sobre seus órgãos vitais, considerando-a como armadura.

Todos eles estavam carregando mochilas enormes. Essas eram as pessoas mais comumente vistas no Continente Noite Eterna: catadores. Eles usam suas vidas como apostas, enfrentando as planícies desoladas e as profundezas das ruínas, em busca de coisas que normalmente não valiam muito. Suas mochilas guardavam tudo o que possuíam.

Em frente a este pequeno grupo, uma silhueta fraca de uma pequena cidade havia surgido, e todos subconscientemente aumentaram o ritmo.

A estrutura mais impressionante da cidade era um enorme farol. Era uma estrutura quase feita inteiramente de placas de metal soldadas, com vários tubos volumosos subindo por suas paredes externas.

De longe, era fácil ver o fogo queimando no topo do farol. Portanto, este lugar foi nomeado Cidade do Farol

. Nesse momento, o farol repentinamente liberou uma quantidade enorme de vapor, enquanto  engrenagens enormes expostas pelas áreas danificadas da concha começaram a girar vigorosamente, enrolando lentamente o batuque do sino e batendo-o no antiquado sino de bronze, reverberando para fora um som prolongado e rico do sino.

DONG! DONG! DONG!

O som do sino viajou longe, e os catadores aceleraram ainda mais o passo.

Um dos homens corpulentos olhou para o céu e disse: “São apenas três horas e o céu está prestes a ficar totalmente escuro, isso já é demais!”

No entanto, o velho caminhando na frente do grupo respondeu um tanto indiferente: “As estações escuras não são todas assim?”

O homem corpulento mais uma vez olhou para o céu. Várias sombras enormes bloquearam a luz do sol, tornando o ambiente tão escuro quanto o anoitecer, enquanto eram apenas três horas.

Ele cuspiu com força e disse com meia inveja e meio ciúme: “Se eu pudesse viver lá em cima por alguns dias, morrer 10 anos mais cedo ainda valeria a pena!”

“Pare de sonhar, velho Dentuço Seis

! Esse é um lugar que apenas os figurões podem ir, não conte com ele durante a sua vida. Apenas colete o lixo aqui como deveria!”, disse outro catador.

Antes de o temperamento do Velho Dentuço Seis irromper, outra válvula também se abria do outro lado do farol distante, jorrando uma tremenda quantidade de vapor. Em um instante, a totalidade da seção intermediária do farol e acima foi completamente envolvida pela névoa branca. A chama no topo tornou-se sombria, e um apito de vapor agudo e prolongado soou subitamente, picando o coração das pessoas e fazendo-o palpitar.

“Eles estão fechando os portões tão cedo?!”

“O que aquele careca está fazendo?”

Os catadores entraram em pânico imediatamente. Acelerando o passo ainda mais, eles avançaram em direção à cidade. Felizmente, eles foram rápidos o suficiente e correram através dos portões a tempo.

As aberturas de exaustão dos dois lados das torres dos portões da cidade estavam lançando fumaça preta, as enormes engrenagens e guinchos começaram a girar com ruídos rangentes. Com isso, o grosso portão de ferro fundido abaixou lentamente, e acompanhado por um barulho estremecedor, batendo com força na fenda de aço, selando firmemente a pequena cidade.

Os catadores estavam todos muito cansados ​​de correr, e um deles estava na rua, soltando grandes suspiros de ar enquanto segurava os joelhos com as duas mãos. Imediatamente depois, ele levantou a cabeça e gritou para a torre do portão: “Por que você está fechando os portões tão cedo? Quase ficamos presos lá fora!”

Da torre, uma cabeça careca, oleosa e brilhante com feições ferozes surgiu.

Ele apontou para o céu e berrou sem nenhuma pitada de cortesia: “Há muito tempo eu disse a vocês que o exterior tem sido incrivelmente inseguro recentemente! Olhe a cor da lua lá em cima! Se vocês querem jogar suas vidas fora por causa de um pouco de cobre, então a morte serve para vocês!”

No céu havia uma enorme lua redonda, e as bordas da lua já estavam em um tom de vermelho escuro como sangue. Dado mais alguns dias, ela se transformaria em uma lua carmesim.

Nas noites de Lua Carmesim, todos os seres vivos na terra esquecida se tornavam inquietos e incrivelmente agressivos. Diz a lenda que toda vez que a lua ficava em um tom de vermelho sangue, haveria um desastre em algum lugar, e somente depois que sangue suficiente fosse derramado os deuses do desastre sairiam em satisfação.

Os catadores estavam xingando, mas esses cães loucos do deserto não se atreviam a fazer nada com o careca da torre. Ele era o único guarda da cidade e, além disso, como um Lutador de Nível Um, derrotar um time de cães loucos como eles era tão fácil quanto levantar uma mão. Assim, os catadores só podiam resmungar enquanto caminhavam lentamente em direção ao interior da pequena cidade.

Havia um bar na cidade, que também era o único, e havia até alguns quartos atrás dele. Era para onde os catadores se dirigiam e também era o único pedacinho do céu que poderia lhes trazer felicidade e mulheres.

Por uma questão de economia de energia, a cidade praticamente não tinha iluminação. Assim, sob o céu noturno, o brilho nebuloso da placa do bar era ainda mais atraente, embora apenas a única sílaba “Lí” estivesse acesa nele.

Aquela placa era originalmente um pedaço dos rolamentos separados do fundo da cabine, e o dono do bar, por alguns meios desconhecidos, escreveu as palavras nela e até esfregou um pouco de pó de Pedras Luminosas. Embora, após o tempo e a chuva, elas sempre desapareciam gradualmente.

Todos os habitantes da cidade sabiam que o nome do bar se chamava “Lírio da Aranha Vermelha”

, mas ninguém sabia o significado por trás dessas três palavras combinadas como uma frase. Além disso, entre essas vários milhares de pessoas, não havia nem cinco que eram educados o suficiente para reconhecer todas as palavras na placa.

No bar, as luzes das lanternas estavam fracas, as mesas e as cadeiras estavam muito gastas, e a totalidade das paredes estava coberta com vários grafites. Para a surpresa de qualquer um, havia uma estranha sensação de charme estético.

O balcão do bar era feito de chapas de aço rebitadas, mas dava a impressão de ser rusticamente bonito. Todos os materiais do bar podiam ser encontrados no terreno baldio. Na realidade, os itens mais inúteis das terras abandonadas eram sucata de aço e metais, eles estavam por toda parte nos montes de lixo do deserto, e os cemitérios das aeronaves eram apenas montanhas de metal.

O cheiro de álcool barato, tabaco e o de suor impregnavam o bar. Várias mulheres maquiadas até emanavam o cheiro ardente de perfume, deixando qualquer um que cheirasse completamente enjoado.

Atrás da bancada havia um jovem magro e alto, cujo tom de pele era um pouco pálido doentio.

O jovem usava uma jaqueta velha desgastada e calças compridas, e seus longos cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo atrás dele. Seu rosto era lindo, extremamente lindo. Além disso, transmitia uma sensação excessiva de juventude e, à primeira vista, era aquele tipo de olhar tímido, mas agradável, de um menino vizinho.

Ele estava de pé atrás da bancada, observando silenciosamente os dez convidados que claramente estavam liberando seu estresse e desejos.

Apenas por sua aparência, ninguém pensaria que esse jovem seria o dono desse bar. Ele mal tinha… não, ele claramente não tinha nem dezoito anos.

Nesse momento, as portas de meia altura do bar foram abertas e a tropa de catadores que acabou de entrar na cidade entrou na área. No momento em que entraram, o bar imediatamente se acalmou, e muitas pessoas os observavam com cautela.

Nas terras abandonadas, os catadores não tinham uma boa reputação, eles receberam muitos nomes: abutres, decompositores, cachorros loucos, etc…

Os catadores estavam sempre andando na linha entre a vida e a morte e praticamente não tinham senso de vergonha ou dignidade de confiança, sendo capazes de fazer qualquer coisa. Muitos catadores tinham suas próprias pequenas panelinhas e métodos de comunicação secretos. Se qualquer pessoa de fora se aproximasse precipitadamente desse bando, eles poderiam morder ao ponto de nem mesmo seus ossos permanecerem.

Embora essa pequena cidade chamada Torre do Farol dependesse principalmente do grande número de catadores de “riquezas”, os habitantes originais da cidade não recebiam os catadores e nunca os aceitaram de verdade.

Onde havia catadores, haveria problemas. Nas terras esquecidas, a palavra “problema” geralmente significava que muitas pessoas perderiam a vida, caso contrário, por que eles chamariam isso de “problema”?

Não era a primeira vez que essa tropa de catadores em particular seriam cliente do Lírio da Aranha Vermelha. Eles encontraram um lugar para se sentar e começaram a pedir em voz alta suas bebidas preferidas. O jovem atrás do balcão virou-se e pegou várias garrafas de licor, e começou a misturar um coquetel com uma mão bem habilidosa.

A coqueteleira de aço inoxidável dançava sob seus dedos delgados, como se tivesse sua própria alma.

Nesse momento, um catador com uma grande cicatriz de faca no rosto se aproximou, apoiando-se pesadamente no balcão, e com uma forte voz nasal, ele gritou: “Ouvi dizer que esse bar tem um lírio, alguma coisa vermelha que é bem forte! Me dê um copo grande desse!”

O jovem nem se mexeu e apenas disse: “Uma prata imperial”.

“Oh?!” O catador disse exageradamente: “Meus ouvidos me enganaram? Uma prata imperial!!? Estou bebendo sangue de virgem? Tudo bem, já que estou aqui, tenho que experimentar e ver se sua bebida é tão boa quanto você diz! Garoto, seu pai aqui não tem prata, mas eu vou usar isso para pagar o preço, se você estiver disposto a aceitar!”

E com um golpe, o catador pegou uma flintock

e a jogou na bancada.

A arma estava carregada com pólvora e uma bala, pronta para disparar a qualquer momento. O cabo estava envolto em metal, além de estar manchado de preto em alguns lugares com sangue seco, além de outras manchas que não podiam ser identificadas. Essa flintock pesada evidentemente não era apenas para disparar uma bala, o cabo também era uma arma e não se podia dizer se foi a ponta da coronha ou a ponta do cano que haviam sido usadas mais vezes.

De repente, o bar se acalmou e os olhos de todos estavam no catador e no jovem.

O jovem já havia terminado de misturar o coquetel e de derramar cuidadosamente as bebidas, colocou as mãos na bancada, olhou para a flintock e disse suavemente: “Já que você está jantando aqui, contarei como meia prata. Tem certeza de que deseja usar isso como garantia?”

Os cantos dos olhos do catador se contraíram, e ele se inclinou lentamente para o jovem, até que os dois quase ficaram frente a frente. Ele disse: “Então, o que acontecerá se eu não pagar?”

O jovem não se mexeu nem um centímetro e disse na mesma velha voz pacífica: “Então eu vou explodir sua cabeça.”

O catador olhou mortalmente nos olhos do jovem. Naqueles profundos olhos negros, não havia o menor sinal de vacilação, assim como dois lagos sem fundo. O catador olhou para as mãos do jovem. Elas eram um par de mãos tão limpas que eram estranhas, completamente sem calos e com uma pele incrivelmente lisa. Completamente desprovida de qualquer sinal de ter feito cultivo ou trabalho duro.

As mãos do jovem estavam em cima do balcão. Era uma posição incômoda, longe de tudo. Mesmo que o jovem tivesse escondido uma arma embaixo do balcão, não parecia que ele chegaria a tempo.

A camisa áspera do jovem estava abotoada apenas com dois botões, revelando uma cicatriz feia gigante no peito, que estava completamente fora de sincronia com o resto de sua aparência.

Os olhos do catador se contraíram continuamente. Por alguma razão, o calafrio em seu coração continuava ficando mais forte a cada momento, e o suor subitamente escorria por seu corpo. Esse era o instinto de perigo de um cachorro louco que havia sobrevivido na terra esquecida.

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