Levei Linia e Léo, a Besta Sagrada, na viagem para a Grande Floresta. Eris queria desesperadamente vir junto, mas pedi que ficasse para trás, dado que estava grávida. Seu estresse provavelmente estava aumentando desde que havia perdido seu brinquedo (Linia). Levá-la para uma aldeia cheia de gente-fera nesse estado só a desafiaria a tentar sequestrar outra pessoa para levar para casa conosco.
Enquanto isso, Linia choramingava: “Não quero voltar. Se eu fizer isso, serei forçada a agir como serva da Pursena.” Infelizmente, não achei que ganharia a confiança deles se fosse sozinho. Precisava da ajuda dela para persuadi-los.
Foi mal, eu devia ter escrito uma carta logo após a invocação do Léo. Com certeza ferrei com tudo.
De qualquer forma, embora o povo-fera tendesse a ser teimoso, eu era uma pessoa mais madura agora. As coisas não acabariam tão mal como da última vez. Eu me certificaria de explicar tudo corretamente, e levaria a Besta Sagrada e Linia junto para a viagem.
Deixei Aisha no comando do nosso bando mercenário. Ela não teria problemas, já que cuidou da maior parte do trabalho administrativo desde o começo. No começo, os membros atendiam principalmente a Linia, mas também passaram a respeitar a Aisha. Certamente não haveria nenhum problema com Linia saindo por um tempo para fazer uma viagem de negócios.
Sinceramente, esta curta jornada representava um atraso no meu trabalho para Orsted. Era melhor arrancar os problemas pela raiz antes que ficassem maiores, então eu queria tirar isso do caminho primeiro. Se não o fizesse, correria o risco de eu adiar minha ida indefinidamente diante de tantas outras tarefas. Se um monte de gente-fera atacasse Sharia dentro de um ano tentando recuperar a Besta Sagrada, seria uma imensa dor de cabeça.
Quando expliquei as coisas a Orsted, tentei exagerar na urgência da situação, ele não pareceu particularmente incomodado com meu pedido. Inclusive se ofereceu para cuidar da casa enquanto eu estivesse fora, na verdade. Graças às minhas contribuições, ele lançou muito mais bases contra o Deus-Homem durante esse ciclo do que qualquer outro, então não se importou que eu tirasse uma folga. Na verdade, podia ser considerado como um tempo para respirar.
Por mais que eu quisesse ir direto para o porão do escritório e pular no círculo de teletransporte para ir direto para a Aldeia Doldia, nosso círculo na Grande Floresta estava localizado a uma boa distância deles. Em vez disso, decidi fazer uma visita a Perugius. Conhecendo-o, imaginei que poderia estar ciente de algumas ruínas de teletransporte abandonadas mais perto da parte norte da Grande Floresta.
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Quando visitei, Perugius estava recostado na cadeira como de costume, cercado por seus dez familiares e Sylvaril. O que estava ausente havia sido enviado ao palácio Asurano para atuar como seu representante.
— A Grande Floresta, você disse?
Inclinei a cabeça.
— Existe algum problema com isso?
— Não. Planeja partir agora?
— Quanto mais cedo melhor, eu acho.
Seu rosto ficou nublado por uma fração de segundo quando o informei que iria para a Grande Floresta, como se ele estivesse hesitando. Porém aprovou quase imediatamente, e concordou em agir como meu táxi.
Este homem é realmente magnânimo, pensei.
— Pois bem… A Besta Sagrada, hm? Isso desperta algumas memórias desagradáveis — disse Perugius. Ele olhou para Léo com a cara fechada.
Me perguntei o que estava por trás dessa reação, mas ele provavelmente estava familiarizado com a Besta Sagrada anterior, tendo em vista o quanto viveu. Eu não tinha ideia de qual era o relacionamento deles, mas por que ainda estava fazendo aquela cara, sabendo que a encarnação atual diante dele era nossa mascote?
Léo não se importou com a maneira como Perugius o olhava. Ele se sentou lá parecendo inabalado. Era Linia que parecia petrificada. Aparentemente, ela já havia encontrado Perugius uma vez quando visitou com Aisha, mas ainda não se acostumara a estar na presença dele.
— Lamento que minha irmãzinha tenha te perturbado no outro dia — falei para Perugius.
— Não se preocupe. — Ele desdenhosamente acenou com a mão. — Gosto de pessoas inteligentes como ela.
Vendo que ele não estava particularmente descontente com sua intrusão, imaginei que Aisha deveria ter lidado bem com a situação.
— A propósito — disse Perugius —, ouvi dizer que você teve uma filha.
— Sim. Aisha te contou?
— Uhum. Que sorte sua não ter um garoto de cabelo verde. — Ele falou como se estivesse tentando me persuadir.
— … Sim. É um grande alívio que Laplace não tenha reencarnado como meu filho.
Perugius começou a sorrir.
— Oh? A julgar pela sua resposta, suponho que Orsted deve ter lhe contado sobre a habilidade de reencarnação do nosso povo.
— Sim.
— Nesse caso, não se esqueça disso: quando chegar o dia em que Laplace reencarnar, eu o matarei, independentemente de ele ser seu filho. — Seus dentes apareceram enquanto abria um sorriso.
Que assustador.
— Bem, pessoalmente, eu gostaria de rezar para que isso nunca aconteça.
Pessoalmente, eu estava dividido sobre o assunto de Laplace. De acordo com Orsted, ele foi o último dos guerreiros dedicados a continuar lutando contra o Deus-Homem por um longo período. Isso o tornaria um aliado em circunstâncias normais, mas ele foi derrotado pelo Deus-Homem. A divisão resultante em sua personalidade resultou em metade enganando Ruijerd e se tornando inimigo jurado de Perugius. Isso fez dele meu inimigo. Se tal homem nascesse como meu filho, eu não saberia o que fazer.
Eu não estava muito preocupado, é claro. Orsted insinuou que já sabia exatamente quando, onde e sob qual identidade Laplace reencarnaria. Minha aparição podia ter mudado o futuro, mas como Laplace parecia ter um forte destino, queria acreditar que minha presença não influenciaria muito nisso.
— Dito isso, não tenho vontade de cruzar lâminas com você — disse Perugius. — Se alguém parecido com Laplace nascer em sua família, você deve me consultar primeiro. — Ele falou como se estivesse tentando me aconselhar enquanto se levantava do trono.
Eu não fazia ideia do que essa “consulta” envolvia, mas, a julgar pelo seu tom de voz, não parecia que deixaria Laplace escapar. Talvez concordar em não matá-lo imediatamente e sem aviso era a maneira de Perugius mostrar misericórdia.
— Pois bem — disse Perugius —, vou começar os preparativos para o seu círculo de teletransporte. Espere um pouco no seu quarto.
Decidi fazer uma visita a Nanahoshi enquanto o círculo de teletransporte estava sendo preparado, mas ela não estava em seu quarto de sempre. Passei pelos corredores me perguntando onde ela poderia ter ido quando encontrei a Senhorita Yuzuru da Expiação e perguntei onde Nanahoshi estava. Acontece que a essa hora do dia estava ocupada aprendendo sobre a aplicação prática dos círculos de teletransporte. Havia muita informação para digerir e lembrar, o que devia ser difícil. Eu pretendia ajudar se ela precisasse, mas, por enquanto, deixaria as batatas fritas e os bolinhos de arroz salgados para que encontrasse mais tarde. Algum alimento nostálgico seria uma cura para a alma.
Depois disso, fui para quarto designado e esperei pacientemente. Os olhos de Linia se iluminaram quando viu como os quartos eram opulentos. Ela não perdeu tempo e mergulhou no sofá de espuma.
— Haah — suspirou. — Entendo você ficar imperturbável, mas Aisha ser destemida é outra história, Chefe. Não acredito que ela possa agir em pé de igualdade com alguém tão aterrorizante, miau… — Linia esticou o corpo enquanto resmungava.
Eu não fazia ideia do que Aisha havia discutido com Perugius, mas conhecendo-a, deve ter corrido tudo bem. Perugius também parecia bem tranquilo em relação ao encontro. Minha única preocupação era a tendência ocasional de Aisha de dizer o que estava pensando, mesmo que fosse insensível ou ofensivo.
Talvez seja melhor eu tomar algumas medidas preventivas para garantir que ela não pise nos calos de Perugius.
— Linia, nenhum de nós está em pé de igualdade com ele — falei. — Estamos todos abaixo dele. A única razão pela qual Aisha foi perdoada por ser tão descarada é porque Lorde Perugius é um homem magnânimo.
— Acha mesmo, miau? Tem certeza de que ele não está apenas apavorado com aquele grande e mau chefe Deus Dragão que fica na sua sombra? Não o conheci pessoalmente, mas é bem assustador, né? Cliff estava se tremendo todo, miau.
— Ei, pare com isso! Isso definitivamente não é verdade! — esbravejei.
Você que é a destemida. Ou talvez imprudente seja a melhor palavra.
Perugius poderia ouvir cada palavra da nossa conversa. Isso equivalia a espremer água de um pano de prato sujo no chá de alguém antes de servir. Honestamente! Eu não podia acreditar na ousadia dela.
Não muito tempo depois dessa conversa, uma Sylvaril mal-humorada apareceu. Como eu suspeitava, ela nos ouviu.
— Lorde Perugius é um homem magnânimo, e ele pensa em você como um amigo próximo — disse ela com ênfase adicional, como se quisesse me colocar no meu lugar.
Não havia necessidade disso; eu não estava me precipitando. E preferiria que ela não levasse a sério o que essa gata idiota disse. Além disso, era uma grande honra ser considerado amigo por alguém tão inspirador quanto Lorde Perugius. Eu disse isso a Sylvaril, tentando amolecê-la, mas minha tentativa foi aparentemente um pouco exagerada, já que não serviu de nada para suavizar seu mau humor.
— Os preparativos estão completos, então, por favor, venham por aqui — disse ela irritada enquanto nos levava para fora do cômodo.
Sylvaril nos guiou até o porão da fortaleza: era o mesmo labirinto escuro e úmido pelo qual descemos em nossa viagem ao Continente Demônio. Em uma das salas mal iluminadas, encontramos Perugius e Nanahoshi lado a lado. Diante deles havia, sem surpresa, um círculo de teletransporte. Não estava emitindo nenhuma luz; ainda não deviam ter ativado.
Enquanto eu esperava, imaginando o que poderia estar havendo, Nanahoshi respirou fundo, segurando um cristal mágico em suas mãos.
— Você só está colocando em prática o que já sabe. Não há necessidade de se sentir nervosa — disse Perugius.
— Certo… — Nanahoshi se aproximou do círculo. — Rudeus, vá em frente e passe. Peço desculpas antecipadamente se eu estragar alguma coisa. — Seu rosto estava tenso de ansiedade quando ela apontou para o círculo.
Pelo jeito, seria ela quem ativaria o círculo desta vez. Então seríamos suas cobaias, hein? Não devo reclamar: fui eu que vim pedir um favor do nada.
— Sylvaril — disse Perugius. — Você entregou o mapa a eles?
— Ah, perdão. Quase esqueci disso. — Sylvaril tirou um mapa do bolso e o entregou.
Eu abri e o estudei. A Aldeia Doldia estava perto da borda do papel, então eu só podia assumir que estaríamos nos teletransportando para as ruínas no meio. Parecia que a aldeia ficava a meio dia de viagem. Talvez fosse porque todo o lugar estava coberto de floresta, mas os dois locais pareciam bastante próximos. Decidi mostrar a Linia e ver o que ela tinha a dizer.
— Ah, sei onde fica isso, miau. Não se preocupe, é bem perto, miau.
Então com certeza ficaria tudo bem. Fazia quase uma década desde a última vez que Linia esteve em casa, mas como era seu local de nascimento, provavelmente era melhor deixar a navegação para ela.
Quanto a você, Senhorita Sylvaril, aposto que não tinha intenção de nos entregar o mapa, a menos que Lorde Perugius dissesse algo primeiro. Tal comportamento perverso é muito impróprio, sabe. Vou reclamar de você para o Lorde Perugius!
— Agora, vamos começar — disse Perugius.
— Certo. — Nanahoshi se ajoelhou e aproximou o cristal mágico do círculo. Com um pincel na mão, ela começou a desenhar algo no chão.
— Só para garantir, só vamos ativar o círculo por um momento. Uma vez que você estiver lá, vai precisar descobrir as coisas sozinho — disse Perugius. — Entendido?
Pisquei para ele, confuso.
— Sim… Entendido.
Como ainda estavam ocupados preparando tudo, minha mente realmente não registrou as palavras enquanto eu dava uma resposta superficial. Só comecei a contemplar o significado do que ele disse depois. Haveria muitas bestas esperando por nós? Não, espera. Considerando a época do ano, talvez…
— Ei, sobre o que você disse… — Linia deixou escapar, tendo percebido a implicação no mesmo momento que eu.
Infelizmente, Nanahoshi já havia terminado seus preparativos. Uma vez que desenhou o círculo com seu pincel, colocou seu cristal mágico em cima dele. O círculo começou a brilhar fracamente, e fomos sugados.
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— Ai!
Quando dei por mim, estava rodeado de água que subia até ao estômago. Abaixo dela, vi o círculo mágico que nos trouxe. A luz que havia emitido logo desapareceu.
— Miaaaau! Eu sabia, é a estação das chuvas! — Linia guinchou, embalando Léo em seus braços. Apesar de ser essencialmente um cão, ele ergueu a cabeça como se achasse natural que ela o carregasse, mesmo que ele já estivesse completamente encharcado. Para piorar, nossa bagagem também estava ensopada.
Ah, ótimo. Isso significa que meu presente de desculpas está encharcado.
A água estava gelada. Se não nos apressássemos para sair e encontrar um lugar para nos secarmos, corríamos o risco de pegar um resfriado.
Não que um resfriado realmente importe. Um pouco de magia de desintoxicação resolveria tudo.
Esses pensamentos martelavam na minha cabeça quando comecei a procurar por algumas escadas, mas não vi nada que nos ajudasse a sair daqui. Isso me deixou com apenas uma opção. Invoquei um espírito de luz para me ajudar e, finalmente, localizei uma escada… que levava para baixo. Este era aparentemente o último andar desta construção.
— Chefe, você tem que fazer alguma coisa, miau!
— Calma aí — gritei de volta.
Agora, precisávamos subir. Se o nível da água estava nessa altura, não deveria ter água acima de nós. Com isso em mente, usei minha magia da terra para criar uma passagem ao longo da parede. Me enfiei nela e cheguei ao teto.
— Hmph! — grunhi, usando minha magia para abrir um buraco acima de mim.
Subi para fora apenas para encontrar uma forte chuva e árvores enormes alinhadas até o horizonte. Minha visão do céu estava completamente obscurecida por causa da copa da árvore. Enquanto isso, o chão abaixo estava sendo lavado por uma inundação furiosa. Eu poderia até ser perdoado por pensar que era um rio em vez de uma floresta, mas essa era toda a prova de que precisávamos para saber que tínhamos chegado ao nosso destino. Não havia nenhum erro sobre isso. Esta era definitivamente a Grande Floresta.
Como eu esperava, o local onde eu estava ficava no topo das ruínas em que nos teletransportamos, e todo o lugar estava inundado.
— Isso é muito ruim, miau. O que vamos fazer? Não era assim que eu imaginava isso, miau.
Linia e Léo também subiram no telhado comigo.
— Posso congelar a água para que possamos atravessá-la, ou posso fazer um barco e usar magia para nos impulsionar.
Os olhos dela se iluminaram.
— Ooh, Chefe! Eu sabia que você tinha algo em mente, miau!
— Mas com a chuva assim, não tenho ideia de que direção devemos tomar — confessei.
Linia assentiu.
— Sim, com um tempo tão ruim, estou tão perdida quanto você, miau.
Imaginei. Esta não era uma inundação normal; a água havia subido até o topo dessas ruínas. Provavelmente tinha cerca de cinco metros de altura. Qualquer coisa que normalmente seria uma referência para a localização agora não estava visível.
— Então, o que devemos fazer, miau? — perguntou Linia.
— Devemos esperar que a estação chuvosa termine?
— Quando acabar, será época de acasalamento, miau. Se isso acontecer, vou acabar sendo o brinquedo de alguém, miau.
Ah, certo. Temporada de acasalamento. Uma coisa era resistir a ela quando estávamos em casa, mas eu não tinha certeza se poderia me segurar em uma viagem como essa. Talvez seja melhor irmos andando. Ou seria melhor voltar e ver se Orsted tinha algum tipo de item para nos ajudar?
— Au! — Léo latiu, estufando o peito enquanto olhava para mim.
O que há com ele?
— Você está falando sério, miau?! — interveio Linia, respondendo por mim.
— Au!
— Não é por acaso que você é a Besta Sagrada, isso aí, miau!
Fui um gênio em trazer Linia, considerando que ela podia entendê-lo. Tinha que ter alguém que fizesse a ligação linguística para se comunicar com esse cachorro.
— O que ele está dizendo, Linia?
— Ele conhece o caminho, então disse para fazer um barco, miau.
— Tudo bem, entendido.
Linia estava certa; o título de Léo não era sem sentido. Ele era muito capaz.
Com isso decidido, usei minha magia de terra para conjurar um barco. O problema com minhas criações de terra era que quanto mais mana eu concentrava, mais pesado o que eu estava tentando fazer se tornava. No entanto, diminuindo a intensidade de mana que eu usava, podia fazer algo mais leve. Para construir um barco adequado, precisaria usar um padrão de favo de mel e manter a densidade de mana durante a modelagem, certificando-se de que o centro pudesse conter ar e dar flutuabilidade.
Demorou pouco mais de uma hora para concluir o projeto. O produto final foi uma jangada quadrada disforme.
Bem, flutua, e sua propulsão é inteiramente baseada na minha própria magia. Isso deve nos servir muito bem.
— Certo! Vamos em frente?
Linia parecia desconfortável.
— Tem certeza de que vai ficar tudo bem, miau? Chefe, você ficou sem mana ou algo assim? Espero que não afundemos no meio do caminho, miau…
— Se começar a afundar, vamos parar no meio do caminho, escalar uma das árvores e descansar nos galhos por um tempo — falei enquanto subia a bordo da jangada. Faltava estabilidade, mas eu poderia simplesmente remendá-la ao longo do caminho.
— Urgh, eu realmente não tenho tanta certeza sobre isso, miau… — Linia franziu a testa.
— Au!
Linia ergueu a cabeça.
— Oh, chefe, ele disse para ir por ali, miau.
— Entendido. Bem, então, lá vamos nós.
Usei minha mana para controlar as águas circundantes, nos empurrando para frente na direção indicada por Léo.
Dois dias depois, chegamos à Aldeia Doldia. Não era tão longe das ruínas, em termos de distância, mas fomos abordados por monstros ao longo do caminho e fomos empurrados para fora do curso pelas correntes, então ficamos um pouco perdidos. Se não tivéssemos tido a sorte de entrar na Estrada da Espada Sagrada, poderia ter levado mais dez dias para encontrarmos nosso caminho.
— Ei, olha!
— É a Besta Sagrada!
— Alguém, relate isso ao Lorde Gyes!
Toda a aldeia entrou em grande alvoroço ao nos avistar. Os guerreiros saíram correndo, quase como enxames de abelhas saindo de uma colmeia, e todos estavam totalmente trajados.
— É um homem humano.
— Não me diga que foi ele quem sequestrou a Besta Sagrada…?
— Pensando bem, houve um incidente como este dez anos atrás.
À medida que nossa jangada se aproximava, o povo-fera ficava ainda mais cauteloso. A atmosfera estava tão tensa que parecia provável que pudessem nos prender sem qualquer tipo de discussão.
Caramba, e agora? Podem me capturar, me despir e me jogar em uma cela de novo.
Assim que eu estava começando a ficar preocupado, Linia se levantou.
— Pessoal! Eu, Linia Dedoldia, filha de Gyes Dedoldia, fiz meu retorno, miau! — declarou ela.
— Hein?
Os guerreiros congelaram, examinando seu rosto antes que todos começassem a cheirar o ar ao mesmo tempo.
— É verdade. É mesmo a Linia.
— Ela com certeza cresceu.
— Sim, já faz uns doze ou treze anos, né?
O ar ficou denso de nostalgia. Fiquei aliviado por um momento, mas isso logo passou.
— Já ficamos sabendo pela Pursena, sabe!
— O que foi toda aquela conversa sobre você se tornar uma comerciante, hein?!
— Você precisa cumprir seus deveres aqui na aldeia!
Na mesma hora começaram a nos importunar.
— Argh, eu sabia! — gemeu Linia. — Chefe, tire-nos daqui! Eu imploro, miau!
A ignorei e nos conduzi pelo resto do caminho para o porto seguro.
Nada na aldeia mudou desde a minha última visita. Eles continuavam tão isolacionistas – e hostis a pessoas de fora – como antes. Pelo menos, tinha Linia comigo desta vez, e havia alguns que se lembravam de mim.
Minha última visita foi há dez anos. Aqueles que eram crianças na época agora eram guerreiros, mas se lembravam de quem eu era depois de sentir o meu cheiro. Também havia aqueles entre seus veteranos que se lembraram de quem eu era. Por exemplo, o cara que jogou água em mim daquela vez. Ele teve cinco filhos nos últimos dez anos e voltou aos seus deveres como guerreiro. Ele era apaixonado pelo seu trabalho.
Embora todos tenham sido um pouco acolhedores comigo, foram rápidos em começar a bater em Linia.
— Como se atreve! Você é filha do chefe e tem a coragem de abandonar seus deveres!
— Você é uma desgraça para a nossa tribo!
Linia encolheu os ombros e se escondeu atrás de mim. Lágrimas brotaram em seus olhos enquanto ela murmurava baixinho:
— É exatamente por isso que eu não queria voltar aqui, miau.
Era realmente culpa dela que as coisas ficaram assim.
Os aldeões continuaram depreciando Linia por um tempo, pelo menos até que a Besta Sagrada se sacudisse e chamasse sua atenção.
— Isso mesmo! A Besta Sagrada é muito mais importante do que a Linia!
— Sim! Ele finalmente voltou para nós!
— Onde esteve esse tempo todo?
Linia foi esquecida enquanto se concentravam completamente em Léo. Continuaram perguntando onde ele estava e como foi levado. No processo, aqueles presentes que não estavam familiarizados comigo gradualmente ficaram desconfiados, me olhando como se pensassem que eu era o responsável por sequestrá-lo.
Isso com certeza despertou algumas memórias. Se alguém dissesse: “Ah, sim, este é o pervertido que se apaixonou pela Besta Sagrada há dez anos, né?” Eu com certeza seria jogado na cadeia.
Enquanto me preocupava com essas reflexões, uma voz alta ecoou pela multidão.
— Todo mundo, silêncio, miau!
— Calem-se, todos vocês!
As duas que se apresentaram eram guerreiras: Minitona e Tersena. As reconheci. Eu até as salvei no passado. Agiram como líderes, silenciando a multidão enquanto caminhavam até mim.
— Não adianta fazer barulho aqui, miau! — declarou Minitona.
— Pode nos dar os detalhes na casa do chefe — disse Tersena. — Pessoal, abram caminho!
Logo fomos guiados para a residência de Gyes.
Gyes era agora o chefe da tribo. O ex-chefe, Gustav, sofreu um ferimento terrível ao lutar contra um monstro durante a estação chuvosa há alguns anos, o que resultou em uma aposentadoria antecipada. Ele havia deixado Gyes no comando da aldeia e estava vivendo o resto de seus dias pacificamente em outro assentamento.
Talvez fosse por isso que agora Gyes parecia mais digno. Ele parecia muito mais descontraído. Pelo que parece, as chances de eu ser incriminado por um crime que não cometi eram muito menores desta vez.
Aliviado, entreguei o pacote de carne defumada que comprei em Sharia e trouxe como oferenda. Então comecei a explicar a situação. Eu disse que estava enfrentando um inimigo poderoso, e não queria estar constantemente ansioso pela segurança da minha família enquanto me opunha a ele. Foi por isso que tentei convocar alguém ou algo para protegê-los, o que resultou no aparecimento da Besta Sagrada. Ele havia se tornado nossa Besta Guardiã.
Assim que terminei, a expressão de Gyes ficou amarga.
— Isso tudo é um pouco difícil de acreditar.
Eu não duvidava disso. Até mesmo eu fiquei chocado quando Léo apareceu. Embora tivesse ficado ainda mais chocado com quem apareceu antes dele na primeira vez que tentei.
— Au, Au! — Léo latiu de seu lugar ao meu lado, sentado todo cheio de pompa.
— Viu? Ele está apoiando a minha história — falei. Eu na verdade não fazia ideia do que estava sendo dito, mas presumi que ele estava expressando seu apoio à minha versão dos eventos.
— A única coisa que ele mencionou foi que a comida em sua casa é supostamente deliciosa — informou Gyes.
— Oi? — Fiquei boquiaberto.
— Brincadeira. Ele disse: “Estou lá para ficar ao lado de sua filha, para fazer o que deve ser feito.” — Gyes suspirou.
Isso foi uma piada? Gyes, seu patife. Agora você consegue contar piadas, hein?
Então Léo estava interessado na minha filha, né? Lucie? Não, provavelmente Lara. Afinal, ele era muito apegado a ela. Pelo que eu tinha visto, quase sempre estava colado na cama de bebê dela. Orsted até concordou que Lara tinha uma promessa especial.
— Au!
— Hm? Destino, você disse?
Gyes e Léo se encararam, aparentemente absortos na conversa. Infelizmente, eu não tinha ideia do que se tratava, já que não falava latinês.
— Linia, pode traduzir para mim? — questionei.
— Hm? Ah, claro, miau.
A tradução dela me possibilitou entender a conversa deles.
— É verdade, há uma lenda de que cem anos depois que a Besta Sagrada nascer, um messias aparecerá para salvar o mundo, e a Besta Sagrada supostamente o ajudará em sua busca — disse Gyes pensativo.
— Au! — (Tradução de Linia: “Diga! Qual você acha que é o dever da Tribo Doldia, miau?”)
— Nosso dever é proteger a Besta Sagrada até que o salvador apareça.
— Au, au! — (Tradução de Linia: “E eu, a grande e majestosa Besta Sagrada, encontrei esse salvador, miau! A filha deste homem é nossa salvadora!”)
— Não duvido que esteja dizendo a verdade. No entanto, isso é sem precedentes; o pai do salvador invocar a Besta Sagrada diretamente e fazer com que a proteja desde a infância…
Através da interpretação de Linia, Léo fez questão de enfatizar sua importância enquanto falava. Esse nível de arrogância me lembrou de um certo Rei Demônio que conheci no passado.
Enfim, então minha filha era a salvadora, hein? Nossa pequena Lara, com aquela carinha descarada? Orsted havia sugerido algo nesse sentido, mas nada concreto. Huh. De alguma forma, parecia bem surreal.
Talvez eu devesse começar a ensinar kung fu enquanto ela é jovem. Sabe, passando meu conhecimento paternal.
— Au, au. Au-au, au! — (Tradução de Linia: “A lenda também fala sobre a possibilidade de o salvador morrer cedo! Diga, você se lembra o que isso implica?!”)
Depois de uma breve pausa, Gyes respondeu:
— De acordo com a lenda, se o salvador morrer, a Árvore Sagrada murchará. A Besta Sagrada também ficará cada vez mais fraca até que a morte a leve.
— Grrrr! — (Tradução de Linia: “Alguém está atrás da vida do meu mestre! É seu desejo que extinguir a minha também?!”)
Gyes balançou a cabeça.
— Não, isso definitivamente não é o que queremos.
— Arf! — (Tradução de Linia: “Nesse caso, não deve haver problema aqui!”)
Novamente, a expressão de Gyes azedou. Ele olhou para Linia, que havia traduzido animadamente a conversa para mim durante o tempo todo. Linia secou sob seu olhar e se escondeu atrás de mim.
É por isso que você tem que parar de brincar com tudo. Sim, fui eu que te pedi para traduzir, mas foi você que tomou estranhas liberdades criativas e o irritou. Você fez besteira, então precisa lidar com as consequências.
— Linia — disse Gyes de repente. — Tudo que ele está dizendo é verdade?
— É-é, sim senhor. Ele está lá para proteger a filha do Chefe, quero dizer… a filha do Lorde Rudeus, miau.
Ela falando tão educadamente era raro. Aparentemente, até a delinquente arrogante de Sharia tinha pavor de seu pai.
— Uma garota humana, hm? — Gyes fez uma pausa. — Faz apenas vinte anos desde que a Besta Sagrada nasceu, então eu tinha a impressão de que levaria mais oitenta anos até que ele cumprisse seu dever.
— Tecnicamente, a garota é metade humana e metade demônio — corrigiu Linia. — Então acho que ela terá uma vida longa, miau.
— Aha, entendo. Não pensei na possibilidade de ela ser um demônio… — Gyes cruzou os braços sobre o peito, perdido em pensamentos.
Desde a última vez que o vi, ele parecia ter ficado muito mais introspectivo. Antes ele fazia mais o tipo cabeça de vento, mais propenso a sair correndo de cabeça erguida do que parar a fim de considerar suas opções. Ele parecia ter amadurecido muito, muito parecido com o chefe anterior, Gustav. Talvez depois dos trinta chegava a maturidade, ajudando a suavizar o povo-fera.
Isso também seria verdade para Linia? Não, eu tinha certeza que ela seria a mesma até o dia em que morresse.
As duas jovens mulheres que estavam atrás de Gyes entraram na conversa:
— Não há como um demônio ser o salvador, miau!
— Sim! E ele disse que chamou a Besta Sagrada com magia de invocação. Aposto que ele usou alguma feitiçaria estranha para enganar a Besta Sagrada!
Minitona e Tersuna soavam como Gyes em sua juventude. Estranho. Eu tinha certeza de que no passado elas eram gratas pela minha ajuda. Acho que ficar perto de mais gente-fera turvou a visão delas, hein?
Deixando de lado a mudança de atitude, meio que tinham razão; usei um círculo mágico criado por Perugius para invocar o Léo. O círculo tinha condições de fazer com que quem fosse convocado fosse completamente obediente a mim. Talvez isso tenha impactado Léo, e sua crença de que minha filha era a salvadora fosse apenas uma ilusão.
— Não, as chances disso são mínimas — disse Gyes. — Se fosse esse o caso, Lorde Rudeus não viria até a nossa aldeia assim. Ele vive do outro lado do mundo. Teria sido difícil para nós localizá-lo e fazer algo sobre ele. Então teria ignorado a situação se estivesse planejando algo desonesto.
— A-Acho que sim…
Uh, sim, quanto a isso… Eu deveria me desculpar. Realmente tentei ignorar o assunto. Sinto muito por isso.
— Bem, isso deve ser o suficiente em relação ao assunto da Besta Sagrada — disse Gyes.
— Tem certeza de que isso é sábio?
— Ele já falou. Nosso trabalho agora é simplesmente obedecer.
— Au! — Léo latiu, como se concordasse, então prontamente colocou a cabeça no meu colo.
Instintivamente acariciei sua cabeça, e sua expressão se transformou em uma de contentamento. Minitona e Tersena pareciam totalmente descontentes, como se achassem minhas ações insolentes, mas as ignorei. Em casa, fazíamos isso o tempo todo.
Ainda assim, fiquei surpreso que aceitaram o que Léo tinha a dizer tão prontamente. Acho que Linia estava certa, afinal. Na verdade, também lembro de Ghislaine dizendo algo semelhante.
— Dito isso, Lorde Rudeus… Vejamos… sim, daqui a quinze anos. Quando sua filha tiver amadurecido, por favor, traga-a aqui. Gostaria de seguir o costume e conduzir a cerimônia da Árvore Sagrada. Tenho certeza de que será uma jornada difícil, já que leva cerca de um ano para viajar de onde você mora, mas ainda assim gostaria de pedir isso a você. Isso faz parte do nosso dever.
— Assim seja.
Uma cerimônia, hein? Eu não tinha ideia do que isso implicava exatamente, mas presumi que fosse algum tipo de formalidade. Então, vamos celebrar a chegada da Lara à idade adulta daqui a quinze anos na Aldeia Doldia, hein? Terei que anotar isso no meu diário para não esquecer.
Pelo menos isso resolveu a situação com Léo, e foi muito mais tranquilo do que tinha imaginado. Soltei um suspiro. Eu não era o único aliviado; também notei a tensão deixar os ombros de Gyes. Todo mundo parecia mais relaxado.
Gyes olhou para Linia, que imediatamente se encolheu.
— Agora me diga, por que nossa gatinha de rua descarada, Linia, está com Lorde Rudeus, hm?
— Oh — falei. — Quanto a isso… sabe, ela tentou entrar no ramo do comércio, mas acabou acumulando uma enorme…
— Que bom que você perguntou, miau! — Linia interrompeu, de repente se empurrando na minha frente para que pudesse explicar por si mesma. — Olha, pensei em fazer algo diferente e ir pelo ramo do comércio depois que me separei de Pursena, mas então, um dia, recebi uma revelação divina dos céus, miau. Segui esse conselho e voltei para a Cidade Mágica de Sharia. E adivinha quem encontrei lá? Ninguém menos que a própria Besta Sagrada! É isso, pensei comigo mesma, o purr-prósito pelo qual fui levada a isso… cuidar da Besta Sagrada e de todas as suas necessidades! Então, realmente, não esqueci o dever que a nossa tribo foi incumbida. Na verdade, a única razão pela qual não voltei foi porque, como um de nossos guerreiros, eu estava tentando cumprir com meu papel, miau!
Uau. Com certeza foi impressionante como ela conseguiu arrumar tantas mentiras do nada assim. Ou talvez ela estivesse pensando nas desculpas para dar ao seu pai com antecedência?
Gyes a olhou com ceticismo, mas Minitona e Tersena pareciam completamente convencidas. Elas a olharam com desdém momentos antes, mas agora olhavam para ela com algo que beirava a reverência.
Que gente simplória.
Embora eu tenha lido em um mangá em algum lugar que uma vez que as pessoas param de desprezar os outros e começam a respeitar as pessoas, isso facilita seu próprio crescimento. Fazia sentido; encontrar algo de bom em uma pessoa sem esperança refletia em sua maturidade.
Mas mesmo assim, mentir não era bom.
— Perdão, senhor Gyes — interrompi. — Na verdade, ela tentou lidar com o ramo comercial e acumulou um monte de dívidas. Foi assim que se transformou em escrava, e eu apareci para salvá-la. Bem, na verdade só assumi a dívida por ela.
— Interessante — disse ele.
— Miaaaau! Chefe, você não deveria dizer a verdade! — gritou Linia para mim.
Minitona e Tersena voltaram a lhe lançar olhares de reprovação.
— Ela está atualmente trabalhando na minha casa para devolver o dinheiro que deve — expliquei.
— Então, o que você quer dizer, Lorde Rudeus, é que ela é atualmente sua escrava. Correto?
Urk. Agora que penso nisso, ela é filha do Gyes. Só posso imaginar como ele se sente como um pai, ouvindo que sua filha foi transformada em uma escrava. Se fosse eu e soubesse que Lucie era uma escrava, mataria quem a possuísse e a libertaria, sem fazer perguntas.
Independentemente disso, eu não conseguiria mentir.
— Efetivamente, acho que poderia dizer isso — admiti relutantemente. — Mas, para ser claro, certamente não estou tratando-a como uma escrava. Estou apenas ajudando-a a se recompor, como amigo.
Gyes balançou a cabeça.
— Não me importo com quaisquer que sejam as circunstâncias. Foi ela quem abandonou seus deveres por sua ambição, apenas para acabar com uma enorme dívida e trazer problemas à porta do herói de nosso povo. Eu ficaria envergonhado se alguém soubesse que ela é da nossa aldeia. Então, por favor, sinta-se à vontade para fazer o que quiser com ela.
Ah, nossa. Gyes, cara, você com certeza se transformou em um homem da razão desde a última vez que te vi.
Na verdade não. A julgar pela sua expressão, ele estava lamentando o tipo de mulher em que sua filha se transformou.
Linia franziu a testa.
— Ei, Papai, isso não é um pouco cruel, miau? Eu estava em um dilema de verdade lá, sabe. Se as coisas não tivessem acontecido do jeito que correram, eu teria sido um brinquedo sexual para alguns nobres pervertidos.
— Se bem me lembro, Lorde Rudeus — disse ele, ignorando —, sua libido era forte mesmo quando criança. A temporada de acasalamento deve começar em breve. Quando isso acontecer, você pode usar Linia como quiser.
— Miau! Papai, você não se preocupa com a castidade da sua filha?! — Linia balançou os punhos no ar, irritada.
Gyes a encarou, sua garganta roncando baixa e profundamente enquanto ele estalava:
— Silêncio. Se você afirma ser do povo-fera, então deve oferecer seu corpo livremente para pagar o que deve.
— Urgh… — Linia recuou. — T-tá, entendi, miau. Eu errei, miau. — Ela se escondeu atrás de mim de novo.
Olha, eu não me importo de você me usar como escudo, mas não empurre seus seios contra minhas costas. Não tenho intenção de fazer nada com você, época de acasalamento ou não.
— De qualquer forma, é verdade que alguém precisa estar lá para cuidar da Besta Sagrada, e não temos os meios de pagar a dívida que Linia deve, de qualquer maneira — disse Gyes. — Então, por favor, leve-a com você quando for.
Alguém para cuidar do Léo, huh? Eu não achava que ele precisava disso, mas a Tribo Doldia tinha um dever a cumprir. Se quisessem cuidar dele, eu não tinha razão para recusar. Além disso, seria um problema maior para mim se Linia permanecesse.
— No entanto — continuou Gyes —, me sinto desconfortável enviando Linia sozinha.
Assenti com a cabeça.
— Faz sentido.
— Chefe, eu realmente prefiro que você não concorde com ele sobre isso, miau… — Linia resmungou miseravelmente atrás de mim. Infelizmente para ela, entendi qual era o ponto do seu pai. Não era porque ela não era confiável ou algo assim… só que, ultimamente, ela estava meio propensa a isso.
— Então, mais uma pessoa. — Gyes coçou o queixo, pensativo. — Vejamos… Ah, sim, que tal levar Minitona ou Tersena com você para cuidar da Besta Sagrada?
No momento em que seus nomes foram mencionados, as duas garotas se adiantaram, ambas totalmente equipadas com uma armadura de couro com espadas grossas nas costas. Ambas eram musculosas com seios fartos. Quando mais jovens já eram bem dotadas, e desde então só amadureceram. O povo-fera era a tribo perfeita para qualquer fã de peitos grandes.
— Eu vou, miau — disse Minitona.
Tersena balançou a cabeça.
— Não, eu vou.
— Sou melhor com a espada e também sou mais inteligente, miau.
— É mentira. Nós duas frequentamos a escola em Porto Zand, e eu tinha notas melhores.
Estavam mesmo tão desesperadas para ficar com o Léo que brigariam? Quinze anos longe de casa acabaria com qualquer chance delas de se tornar chefe algum dia, se fosse isso que queriam. Ou cuidar da Besta Sagrada era uma honra maior para a sua tribo do que se tornar chefe?
— Tersena pode ter tido as melhores notas em magia, mas eu era melhor em todo o resto, miau — insistiu Minitona.
— Isso não é verdade, Tona. Sua grande mentirosa!
— Você é a mentirosa, Tersena!
As duas me lembraram Linia e Pursena, cada uma defendendo sua própria posição.
Ah, sim, parando para pensar…
— Pursena ainda não voltou para casa? — Questionei.
A expressão de Gyes azedou na mesma hora.
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— Por aqui.
Fui levado para um prédio nos limites da aldeia. Pelo menos para mim era um lugar familiar. Verdadeiramente familiar. Já passei alguns dias nesse lugar antes. Era um cantinho bastante confortável, mesmo tendo compartilhado com um colega de quarto por um tempo; um homem de meia-idade com cara de macaco. Ainda assim, era uma boa acomodação. A segurança era de primeira e… sim, isso. Chega de piadas. Basicamente, me levaram para a cadeia.
Linia se recusou a entrar, aparentemente tendo tido más experiências com este lugar.
Uma vez lá dentro, olhei em silêncio. Pursena estava preguiçosamente esticada em uma cama, parecendo totalmente largada. Não a despiram completamente como fizeram comigo, mas o que ela estava vestindo a deixava bastante exposta. Ela usava uma camisa cinza lisa e nada sexy e calças com rasgos. Estava de costas para nós, eu observei através das barras de metal enquanto ela enfiava a mão na cintura de suas calças para coçar sua cauda. A completa falta de feminilidade era surpreendente.
— Ei, Pursena, acorde! — estalou Gyes.
— Ngh, não aguento mais comer… — murmurou Pursena sonolenta, o rabo balançando para frente e para trás.
— Hora da comida.
Esse era o truque mais antigo de todos, e ela caiu feito um patinho.
— …Ngah! — Pursena se levantou e saltou, parando momentaneamente para bocejar. — Fwaaah…
Quando ela se espreguiçou, o tecido fino de sua camisa se esticou em seus seios, que eram tão grandes quanto eu me lembrava. Suas roupas lhe serviam como uma luva, e era um veneno para os olhos. O tipo de veneno que nenhuma quantidade de magia de desintoxicação poderia curar.
— Hm? Não sinto cheiro de comida. — O nariz de Pursena se contraiu quando ela olhou em volta, grogue. Seus olhos pousaram em nós.
— Pursena, você tem uma visita — disse Gyes.
Pursena olhou inexpressivamente para qualquer direção no início, mas no momento em que me viu, seus olhos se arregalaram e ela se lançou sobre as barras, agarrando-se a elas.
— Chefe! Você entendeu tudo errado. Eu sou inocente, eu juro! Você tem que me ajudar!
Desta vez, fui eu que fiquei surpreso.
Gyes soltou um longo suspiro.
ah pursena realmente e bem dotada pqp, mas deixando o tsao de lado, o leo e bem interessante, seria melhor se o rudeus aprendessem a falar com ele também ne, e oq a lara tem de tao especial em?
perguntas e nadas de respostas
Carai bixo, agora eu acho que a Pursena vai ir com eles também, sinceramente eu não quero isso, ja tem muito personagem na obra, mesmo que o autor seja bom em dividir os papéis de cada um, eu acho que fica meio cansativo a leitura, claro que é só uma opn minha. E falando nisso eu queria que o carinha la voltasse, o cara que o Rudeus entrou no grupo por um tempo no Norte, logo depois de broxar com… Ler mais »
A meu fi, ignora essa cachorra aí e volta pra casa plmds
Não sei o que houve com a Pursena mas se o Rudeus acabar levando ela também, não vai ter mantra que salve esse cara da cabeça de baixo dele na época de acasalamento delas.
A Linia já é problemática, junto da Pursena então lascou tudo kkkkk.
Sylphie vai ter um infarto e a Roxy morre junto de desgosto por ter nascido com peitos P kkkkk.
Pqp, lá vamos nós ver onde o Rudeus vai se enfiar agora kkk
simplesmente vc esta em todos os caps, ó grande mestre espero te ver novamente com suas sabedorias e opiniões divergentes
akakakak puta merda