Enquanto Rudeus se despedia de Cliff, havia outra reunião em andamento.
O encontro foi realizado na sede da igreja, em um jardim sereno onde as flores da primavera floresciam em uma profusão de cores. Muitas das árvores estavam inclinadas para baixo depois do atoleiro de Rudeus algumas semanas antes, mas seu vigor não diminuiu de forma alguma. As árvores Sarakh haviam terminado de florescer, então as árvores Balta tomaram seu lugar e agora estavam repletas de flores.
Duas mulheres estavam diante das árvores, uma de frente para a outra. Uma tinha cabelos loiros e a outra, ruivos. Ambas eram peitudas e bem altas para mulheres. Espadas estavam penduradas em suas cinturas e uma delas usava uma armadura azul.
Therese e Eris.
Também presente, de pé atrás de Therese, como se estivesse tentando se esconder em sua sombra, estava a Criança Abençoada. Estava inquieta, esfregando os joelhos e tentando parecer menor.
Ah, sim, e também havia um grupo de homens de armadura azul em volta das três mulheres, eu acho. Pense neles como parte do cenário.
— Vamos lá, Criança Abençoada — disse Therese gentilmente para a Criança Abençoada atrás dela. — Veja! É a Lady Eris! Rudeus reservou um tempo especial para que ela a visse. — Contudo, a Criança Abençoada apenas se encolheu ainda mais e ficou se remexendo.
— Vamos lá… É Eris — tentou Therese novamente.
Eris era sua heroína. Desde suas lembranças mais antigas, a Criança Abençoada estava trancada em seu quarto branco. Quando algo ruim acontecia, era levada para fora e sentava diante de algum adulto que também não queria estar lá, então era obrigada a analisar seus pensamentos desagradáveis.
Isso era todo o seu mundo. Sem espaço para a liberdade, nem esperança.
Um dia, quando estava sendo escoltada de um lugar para outro, ela e seus guardas sofreram uma emboscada. Cercada por assassinos, teve certeza de que sua vida estava prestes a acabar, mas não se sentiu especialmente assustada ou preocupada com sua própria vida. Ela aceitou calmamente seu destino.
Então, Eris chegou.
Seus movimentos eram todos muito diretos, mas nenhum dos atacantes conseguia acompanhá-la. Tudo o que viram foi uma imagem de cabelos ruivos gravada em suas mentes.
Ela era brilhante. Desde a primeira fração de segundo em que colocou seus olhos em Eris, a Criança Abençoada viu uma fera divina e justa.
— Fico feliz que a criança esteja bem — disse ela.
Foi só quando voltaram para a igreja que a Criança Abençoada notou que a gloriosa guerreira se referia a ela. Percebeu que havia sido salva, então se lembrou de que havia visto os olhos da mulher e, portanto, sabia seu nome. Eris; seu nome era Eris. Eris Boreas Greyrat.
A Criança Abençoada disse isso em voz alta, repetindo a lembrança em sua mente. A partir daquele momento, passou a idolatrar Eris em sua memória.
Começou a imitar Eris também, reagindo às coisas com exclamações selvagens e bradando suas decisões. Comia montanhas de comida.
Tudo isso a tornou querida por seus guardas, os Guardiões de Anastácia, o que apenas a incentivou a amar Eris ainda mais. Muito tempo se passou desde que começou a se inspirar em Eris. Sua própria personalidade e a mulher ideal em sua mente estavam perfeitamente entrelaçadas. Ela usava isso como uma segunda pele.
Por volta dessa época, conheceu Rudeus e, por meio dele, reencontrou Eris.
A Criança Abençoada presumiu que nunca mais a veria de novo. Ela queria, mas nunca pediu permissão, pois sabia muito bem que não tinha esse tipo de autoridade, mas quando soube que Eris estava aqui, em Millishion, não conseguiu se conter. Foi até o cardeal e o Papa e implorou que a deixassem ver a Rei da Espada Eris. A Rei da Espada Berserker era perigosa, reconheceu, mas queria vê-la mesmo assim, mesmo que por pouco tempo. Apenas o tempo suficiente para agradecer.
Ninguém se opôs e, portanto, sua humilde solicitação foi aprovada. Foi marcado um encontro entre a Criança Abençoada e a mortal Rei da Espada Berserker com a garantia de Rudeus que “se algo acontecer a ela, eu levarei a culpa”.
No entanto, com Eris à sua frente, a Criança Abençoada não tinha ideia do que dizer. Ela sentiu que olhar para as memórias de Eris seria rude, então deliberadamente não a olhou nos olhos.
Eris ficou parada, de braços cruzados. Ela já havia se apresentado como esposa de Rudeus e Rei da Espada. Depois disso, Therese se apresentou e agradeceu a ajuda de Eris no passado. Isso foi há cerca de cinco minutos.
— Ei, não temos muito tempo, sabia?! — disse Therese.
Eris permaneceu imóvel em seu melhor comportamento. Isso não era natural para ela, mas Rudeus havia lhe dado instruções rígidas, então ela manteve a impaciência sob controle.
— Ela me ajudou muito, então tente ser educada — disse ele. — Ela pode parecer um pouco arrogante, mas em nenhuma circunstância você vai dar um soco nela, ok?
Eris faria como ele disse, ainda assim, estava começando a ficar irritada. Odiava ficar esperando.
— Podemos apressar isso? — disse ela.
Isso foi tudo o que disse, mas o suficiente para fazer com que a Criança Abençoada chiasse:
— Ah, claro! — e pulasse de trás de Therese.
O medo de estar irritando Eris venceu o constrangimento.
— Hum, er, eu sou a Criança Abençoada! Muito obrigada por aquela vez em que salvou minha vida!
— O quê…? Não me lembro disso! — declarou Eris.
— Você não se lembra?
Eris disse isso de forma tão alta e direta que a Criança Abençoada, por instinto, olhou em seus olhos.
— …Ah! — exclamou ela. Quando olhou e não viu nenhum traço de si nas memórias, seu rosto caiu.
Bem, o que você esperava? disse a si mesma. Você sabia… sabia que não havia como ela se lembrar. Mesmo assim, durante todo esse tempo, ela manteve a esperança de que talvez Eris pudesse se lembrar dela. Que poderia dizer algo como: “Ah, claro, a garota daquela vez! Você cresceu! Afinal, a Criança Abençoada estava encantada por ela.
Eris, por sua vez, tinha visto seu rosto e sido informada do que havia acontecido, mas não se lembrava dela de forma alguma.
Talvez se eu procurasse por mais tempo, poderia encontrar uma memória guardada em um canto de sua mente…
Mas quando Eris pensou em um passado distante, as únicas lembranças que a Criança Abençoada encontrou foram de Therese balançando Rudeus em seus joelhos.
Ela era a Criança Abençoada da Memória, então sabia que as lembranças eram falíveis e facilmente esquecidas, mas isso não diminuiu em nada sua decepção.
— Mas Rudeus disse que você o salvou, não é? — Eris continuou animada. — Obrigada por isso!
Ela ficou de pé com os braços cruzados. Sua voz ousada atravessou a névoa de decepção da Criança Abençoada, que sacudiu a cabeça para clarear a mente.
— Por nada… — disse ela. — Eu teria feito qualquer coisa para ajudar seu marido, Lady Eris.
Não importava se Eris não se lembrava dela. Ela ainda a amava e era grata a ela.
— A propósito — continuou Eris —, qual é o seu nome, afinal? Rudeus disse que vai trabalhar com você no futuro, então quero ter certeza de que vou me lembrar!
— Meu o quê…?
Nome? Não tenho um nome, pensou ela. Até agora, isso nunca tinha parecido um impedimento, mas agora aqui estava Eris, dizendo que queria se lembrar disso, e a Criança Abençoada não tinha resposta. Estava lhe faltando algo importante. Essa falta lhe pareceu, de repente, uma perda profunda.
— Erm… eu não…
— Uma criança abençoada é como, você sabe, como o que Zanoba é, não é? Esse não é seu nome, certo? — Eris prosseguiu.
Quando ela disse “Zanoba”, a Criança Abençoada olhou novamente em seus olhos. Havia outra criança abençoada de outra terra que aparentemente possuía um nome, no entanto, Eris não se importava muito com ele, por isso não se lembrava de nada além do nome. Foi um choque.
O cenário começou a se formar.
— Como você ousa!
— A Criança Abençoada é a Criança Abençoada!
— Você está zombando dela?!
— Ela não precisa de nome!
— Reze para que seu deus a proteja!
Isso a ajudou a se acalmar um pouco. Não ter um nome nunca foi um obstáculo para ela antes, disse a si mesma, além disso, não podia fazer nada para mudar isso agora.
— Sinto muito, mas não tenho um nome — disse ela.
— Hmm… Bem, isso também funciona — disse Eris, sem se incomodar.
A Criança Abençoada não olhou em seus olhos, então não sabia o que Eris estava pensando. Se tivesse olhado, poderia ter visto como Eris acabou jogando fora o nome “Boreas” e saberia que os nomes não significavam nada para Eris.
Eris exalou pelo nariz e depois disse:
— Nomes, Hah! Quem precisa deles, afinal?
A Criança Abençoada ficou aliviada. Em toda a sua vida, essa foi a maior angústia que já teve ao olhar nos olhos de alguém.
— Porém, foi uma surpresa saber que você estava aqui — comentou ela. — Achei que você não estivesse no país.
— Sim, os nervos de Rudeus ainda estão em frangalhos, então vim correndo… uh, bem rápido!
Eris sabia que os círculos de teletransporte tinham de ser mantidos em segredo, mas a Criança Abençoada, que estava bem ciente da existência deles, deu uma risadinha.
— Ah, você realmente fez isso? — disse ela. — Você é incrível, Lady Eris.
— Isso com certeza! — Eris respondeu. Ela parecia satisfeita agora, e a atmosfera de todo o jardim relaxou. Percebendo isso, a Criança Abençoada decidiu bajular mais Eris, o que só poderia tornar a troca mais agradável. Normalmente, nem sequer lhe ocorreria forçar a conversa de uma forma ou de outra.
— A questão é que você sempre foi minha ídola, Lady Eris!
— Espere, o quê?
— Sim — continuou a Criança Abençoada —, então por favor, diga-me como posso ser como você!
Eris olhou para a Criança Abençoada; seu rosto redondo, seus braços rechonchudos e seu corpo fofo e fora de forma.
— Você quer ser como eu? — perguntou Eris.
— Quero! Sempre quis ser tão legal quanto você, como o jeito que você fala… hã?
Ela percebeu que Eris havia desembainhado sua espada… tarde demais, apenas dois de seus guardas foram rápidos o suficiente para reagir. Eram dois dos melhores espadachins dos Cavaleiros do Templo, e ambos já sabiam que estavam condenados.
A espada de Eris já estava se movendo. Não havia mais espada, nem mesmo Eris, apenas um lampejo de luz no ar, mas sentiram que algo havia sido cortado e rompido. Alguma coisa…!
Quem poderia ter feito isso? Bem, quem mais?
— Como você ousa!
— Você não…!
O braço da Criança Abençoada caiu…
…para o lado, exatamente quando um galho que tinha cerca de metade da espessura de seu pulso caiu no chão. Os Cavaleiros do Templo olharam para ela em silêncio por um momento, depois voltaram a se comportar como se nada tivesse acontecido.
Eris pegou o galho e, em seguida, começou a arrancar todos os gravetos que estavam brotando. A Criança Abençoada ficou olhando para ela, pensando em como a espada de Eris havia aparecido em um instante, que espada maravilhosa e como nenhuma das espadas dos Cavaleiros do Templo se comparavam a ela.
Quando Eris terminou de arrumar os galhos, ficou com um bastão de cerca de um metro de comprimento.
— Aqui está — disse ela, estendendo-o para a Criança Abençoada.
— Hmm…? — A Criança Abençoada olhou para ela, com os olhos arregalados em confusão.
Eris virou o rosto para o lado, segurou a espada com as duas mãos, levantou-a acima da cabeça e depois cortou para baixo. Um sopro sagrado tão alto que poderia eliminar o mal quebrou o silêncio do jardim. Os ouvidos da Criança Abençoada chiaram.
— Sua vez — disse Eris.
— U… uh? Hmm, sim, senhora.
Ela ergueu o bastão acima da cabeça, como Eris havia feito, então, com um pequeno “Hi-yah!”, desceu. A “arma” dela, no entanto, era uma vara de um metro de comprimento, pesada e desequilibrada, ainda verde e flexível, que havia saído da árvore, de modo que a força do balanço puxou a Criança Abençoada junto com ela. Ela cambaleou para a frente e o cenário gritou “Ohh!”, mas não se mobilizou.
— Er, como eu…
— Abaixe mais o corpo — disse Eris —, depois relaxe os cotovelos e tente balançar com as costas. Tente de novo.
— Sim, senhora!
Ela continuou balançando o bastão sem ter ideia do que estava acontecendo. Toda vez que balançava, Eris lhe dava conselhos.
— …Você precisa usar sua voz quando balança: um, dois, um, dois!
— Um, dois, um, dois!
Os Cavaleiros do Templo não se envolveram. Também não entendiam, mas podiam ver que Eris não era uma ameaça para a Criança Abençoada e, portanto, não viam necessidade de pôr um fim às coisas. Além disso, era engraçado vê-la balançando aquele bastão. O capitão acabou tentando intervir, mas os outros cavaleiros o impediram. Toda a escaramuça entre os adereços aconteceu sem que ninguém no palco principal percebesse.
— Haa… haa… Lady Eris… — ofegou a Criança Abençoada depois de cerca de trinta balanços, com a voz trêmula. — Meus… meus braços…
— Sim? Ok então, é o suficiente. Você pode parar — disse Eris. A Criança Abençoada deixou cair o bastão conforme instruído. O cansaço se espalhou dos ombros até os pulsos, quase como se toda a parte superior do tronco estivesse adormecida. Sentiu uma sensação de torção, como se pequenas rachaduras estivessem se espalhando por seus braços e, ao levantá-los até as orelhas, jurou ter ouvido seus músculos rangerem.
— Hmm… — murmurou ela, olhando para Eris, preocupada. Por que ela estava balançando aquele bastão? Sentiu como se tivesse sido testada. Ela foi um fracasso? Eris estava enojada dela? Ha! Você achou que poderia ser como eu?
Esse pensamento a fez se sentir miserável.
— Você deve fazer isso todos os dias, a partir de amanhã — disse Eris. — Além disso, comece a correr; ao redor deste jardim será suficiente.
— Hã?
— Se você não souber o que fazer, pergunte a um desses caras — concluiu Eris.
Ela estava olhando diretamente para a Criança Abençoada. Sentindo como se os olhos de Eris a estivessem atraindo, a Criança Abençoada olhou para suas memórias.
Ela viu a vida difícil que Eris levou treinando no Santuário da Espada. A viu brandindo sua espada sem comer ou beber, correndo pela neve, gritando, lutando, aprimorando suas habilidades. Era uma lembrança simples; uma mera sequência de eventos, mostrando como Eris passou de quem era há muito tempo para quem era agora. Houve dificuldades e sofrimento, mas isso fez com que Eris se tornasse a pessoa que é hoje.
— Você pode ser como eu — disse Eris. Sua voz era clara e segura. Se Rudeus estivesse lá, poderia ter feito um comentário sarcástico, como “É, acho que não vai rolar…”, mas ele não estava. Não havia ninguém por perto para lhe dizer que isso era impossível.
— Hmm… — disse uma voz vinda de trás dela.
A Criança Abençoada se virou e se viu olhando nos olhos de Therese. Ela viu as próprias lembranças de Therese sobre seu treinamento.
Therese praticava com sua espada em segredo, depois treinava com os homens, enquanto sua mãe a criticava. Às vezes estava feliz, outras vezes triste, mas uma coisa era constante: nunca largava a espada.
A Criança Abençoada então olhou em volta para os outros Cavaleiros do Templo. Ao dar uma olhada em todos eles, um de cada vez, viu nas profundezas de seus olhos que não era tão intenso quanto o que viu com Eris, mas viu muito esforço. As lembranças não apenas do treinamento com a espada, mas também da magia e dos trabalhos escolares, estavam vividamente gravadas em suas mentes. Nenhum deles duvidava que o plano de treinamento de Eris daria resultados.
Ela poderia ser como Eris. Isso era possível.
Seria difícil, ela sabia disso. Também tinha sido difícil para todos eles, mas ela podia fazer isso.
— Será que eu posso mesmo… Será que isso vai funcionar?
— Tenho certeza de que vai ficar tudo bem. — Foi Therese quem respondeu. — Você não poderá usar magia ou uma espada de verdade, mas não deve haver nenhum problema apenas com o treinamento físico… Vocês também ajudarão a ensiná-la, não é? — perguntou olhando em volta para o cenário. Em seguida, voltou seu olhar para a Criança Abençoada.
Olhando-a nos olhos, Therese disse com seriedade:
— No entanto, se algo acontecer, como você ser atacada por assassinos ou algo assim, você deve me prometer que ficará quieta e deixará que nós cuidemos deles.
Em suas memórias, a Criança Abençoada viu um nobre inexperiente enfrentando um inimigo e morrendo. Therese estava sendo gentil. Estava dizendo à Criança Abençoada que não se permitisse compartilhar desse destino.
— Em nome de São Millis, eu juro — prometeu a Criança Abençoada, acenando com a cabeça alegremente. Tudo parecia indescritivelmente alegre.
Como se tivesse sido convocada pela atmosfera feliz, a coruja prateada que voava sem rumo pelo jardim durante a conversa, voltou para o lado dela. O animal inclinou a cabeça, olhando para a Criança Abençoada e piando.
— Qual é o problema? — perguntou, agachando-se e estendendo a mão para ela. A coruja prateada se inclinou para frente, como se quisesse que ela coçasse sua cabeça. Ela esfregou a coroa de penas com as pontas dos dedos, e as penas felpudas se afofaram enquanto fechava os olhos de prazer.
Eris observava desesperada para participar. Ela adorava o povo-fera, mas não apenas o povo-fera, mas qualquer tipo de animal fofo. Conheceu muitos cães e gatos, mas nunca pássaros. Poderia derrubar um pássaro em voo, se necessário, mas raramente tinha a chance de se aproximar de um pássaro tão grande se não estivesse lutando contra ele.
— Ei, posso acariciar sua coruja também? — perguntou.
— Seria um prazer! — respondeu a Criança Abençoada.
Depois de receber a permissão, Eris se agachou com confiança. Sua mão era tão forte que a coruja prateada recuou ao seu toque. Eris ficou perfeitamente imóvel, havia aprendido que movimentos bruscos eram proibidos, pois os animais temiam instintivamente qualquer coisa que fosse mais forte e rápido que eles. Forçar a submissão os tornava obedientes, mas se você quisesse que gostassem de você, teria de convencê-los de que não era uma ameaça.
Linia havia lhe dito isso enquanto se submetia a Eris na cama uma vez. Na verdade, desde que começou a seguir esse conselho, todos os animais de estimação da casa de Rudeus pararam de ter tanto medo dela. Agora simplesmente fechavam os olhos e aceitavam seu destino.
Eris estendeu a mão com enorme lentidão. A coruja prateada não se moveu, observou com olhos nervosos e bufou um pouco, mas pareceu respeitar os desejos de sua dona e não se afastou. As pontas dos dedos de Eris alcançaram as penas, que pareciam bem rígidas à distância, mas agora sentiu como eram macias e seu coração deu um salto de excitação. Ela queria agarrá-la e enterrar o rosto em suas penas, mas sentiu que isso seria um exagero. Com certeza iria fugir se tentasse. O mesmo acontecia com Leo, Linia e Pursena.
Ela poderia viver com isso. Eris continuou a acariciar a coruja prateada. A coruja congelou como uma impala presa nas mandíbulas de um leão, mas nenhum dos humanos percebeu.
— Você gosta da minha coruja?
— Acontece que os pássaros também são ótimos — disse Eris se deliciando com a suavidade da coruja por um tempo e depois se levantou, com as bochechas coradas. A pele já era bonita, mas as penas, segundo ela, estavam em outro nível.
De repente, uma pergunta lhe ocorreu.
— Qual é o nome dela, afinal?
— Seu… seu nome? — repetiu a Criança Abençoada, parecendo confusa e pensando: “Nossa, nomes de novo“.
— Quando você adquire um animal de estimação, você lhe dá um nome. Isso é puro senso comum — disse Eris.
— É mesmo?
— Sim, Rudeus me disse isso — respondeu Eris.
A Criança Abençoada ficou surpresa. Um nome? Nunca havia dado um nome a nada antes, nem ela mesma tinha um. Ela nunca teria permissão para usar um, no entanto, parecia que ter um tornava algumas coisas mais fáceis, o que a fez hesitar.
— Um nome… — murmurou. Ao vê-la com uma aparência tão perdida, o cenário ficou muito agitado.
— Criança Abençoada…
— Permita-me…
— Não, permita-me…!
— Tolos! A Criança Abençoada deve decidir por si mesma.
Naquele momento, um homem apareceu no jardim. Um intruso em sua reunião particular.
— Ei, Eris, já terminei — disse Rudeus.
Nosso herói, ao voltar de sua despedida com Cliff e sentindo-se um pouco sentimental, estava… não, espere, pare com isso, como se eu tivesse tempo para ficar me sentindo sentimental, estava me preparando para a batalha. Precisava ser um robô, uma sentinela.
De qualquer forma, há uma pequena percepção de como Rudeus estava se sentindo ao entrar no jardim, com o rosto sério.
Ao ver os demais, perguntou:
— Hmm, o que aconteceu?
— Ela está escolhendo um nome.
— Um nome…? — Ele olhou ao redor do jardim. A Criança Abençoada parecia preocupada, e os otakus a observavam com nervosismo. O capitão recém-nomeado parecia não ter ideia do que estava acontecendo. O sorriso de Therese era tenso.
Isso lhe dizia tudo o que precisava saber.
Essa é uma questão complicada, mas tenho certeza de que Eris não estava tentando ser má.
Então, a Criança Abençoada se manifestou, dizendo:
— Ah! Você escolheria um nome para mim, Rudeus? Ficaria muito grata. — Ela mesma não podia escolher um, mas tinha certeza de que seria fácil para Rudeus.
— Espera, eu? Tem certeza?
— Absoluta! — respondeu ela.
Rudeus franziu a testa, olhando entre Eris e a Criança Abençoada. Precisava fazer uma boa escolha, mas tinha aparecido há apenas alguns segundos e seu cérebro estava travado. Seus pensamentos giraram em círculos como uma roda de hamster e depois pararam. Aquele hamster estava cagado.
Então, um nome surgiu em sua mente. Um resquício de sua vida passada que o fez lembrar-se da Criança Abençoada, de sua voz suave e da alegria que transmitia.
— Está bem — disse ele. — Que tal “Nurse”?
— Nurse? Esse é um nome maravilhoso! — disse ela, depois se agachou para acariciar a cabeça da coruja. — A partir de hoje, seu nome é Nurse!
Ao observá-la, Rudeus soltou um pequeno suspiro de surpresa.
— Algum problema?
— Er, não, não é nada — disse ele, desviando os olhos. Exatamente como alguém que está escondendo algo faria, fazendo-a se perguntar o que poderia estar passando pela cabeça dele, mas, fora isso, sentia-se perfeitamente satisfeita. Conseguiu ver sua amada Eris e sua coruja tinha um nome. Também tinha seu treinamento, que começaria amanhã. Pensou ter sido um dia muito bom.
— Muito obrigada por ter vindo hoje, Lady Eris — disse ela.
— Eu voltarei! E quando voltar, darei outra olhada em sua forma.
— Sim, senhora!
Eris também ficou satisfeita. Pôde acariciar a coruja e isso era mais do que suficiente para ela.
O mesmo aconteceu com o cenário. Eris os assustou um pouco quando puxou sua espada, mas se a Criança Abençoada estava feliz, eles estavam felizes.
A partir de amanhã, todos eles pensaram, estarei lá para dar a ela apoio para os pés e para as mãos e tudo o mais que ela precisar para seu treinamento.
Só Rudeus estava suando, pensando: “Ah, que merda“, enquanto mantinha o rosto abaixado.
Therese foi a única que notou. Quem você achou que estava nomeando, heeein? pensou ela, mas não disse nada, apenas sorriu.
Nurse observava todos eles com a cabeça inclinada para o lado.
E assim, Eris conseguiu outra aprendiz. A partir do dia seguinte, a Criança Abençoada começou a perder peso, o que fez com que os Cavaleiros do Templo a tratassem ainda mais como uma idol pop… Mas essa é uma história para outra ocasião.
Kkkkkkkkkkkkk um pouco arrastado esses 2 últimos volumes mas sempre mantendo um bom desenvolvimento kkkkk obrigado pelo cap, vai treinar magia de gravidade rudy, e colocar uma espada nessa cintura papo 10
botou a gordinha pra malhar…kkkk
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK eris é a melhor po nao tem como