Depois de estar extremamente perto de uma morte por estrangulamento, Harry não tinha mais esperança de que Gary, ou Monk, fossem capazes de serem persuadidos a voltar para o lado dele. Era muito arriscado e ambos eram inflexíveis, muito infectados ou influenciados pela Sombra para se preocuparem com a vida de seus antigos amigos.
Tendo deixado a sala onde ficava o grande poço, Harry imediatamente se sentiu muito melhor. A nevoa sombria e a profunda sensação de mal-estar que sentia no estômago haviam desaparecido e quanto mais ele se afastava, melhor se sentia.
Agora, Harry estava em uma missão – retornar ao Asas Carmesim e informá-los da falsa rendição. Um grande peso estava agora em seus ombros.
‘Espere, eles não me amarraram quando cheguei aqui, então talvez eles não pensem que sou um prisioneiro, desde que eu não aja com suspeitas, devo ficar bem.’ – Harry pensou.
Além de parecer discreto, havia certas pessoas que ele desejava evitar, Monk sendo uma delas, pois sabia o que havia acontecido.
Caminhando pelos túneis e de volta pela área principal, parecia que seu plano havia funcionado. Ele passou por algumas pessoas no caminho e nenhuma delas o questionou. E aqueles que o notaram antes não pensaram que ele era um prisioneiro.
“Prepare-se para a guerra a qualquer momento. Com nossa nova arma, devemos lutar contra o exército Asas Carmesim e mostrar que eles não são páreo para nós!” – Uma voz pode ser ouvida descendo de um dos túneis…
Harry o reconheceu bem e desejou evitar esse caminho. Parecia que Monk estava reunindo as tropas. Ele já havia corrido para fora da sala antes de Ray chegar, então ele não tinha ideia de que Harry possivelmente estava vivo.
“Vamos tentar encontrar outra maneira.” – Disse Harry.
“Outra maneira, hein? E por que você precisa fazer isso?” – Uma voz disse atrás.
Quando Harry se virou, ele pode ver um dos únicos rostos familiares que conhecia aqui. Era um dos Mestres da Guilda das Trevas, Mukdad, o homem que o tinha trago aqui.
Harry engoliu em seco, preocupado por ter sido pego e o que fazer agora.
“Aqui.” – Disse Mukdad, segurando dois objetos compridos sob um pano e entregando a ele. Quase em um instante, Harry reconheceu o que eles eram. Eram suas duas espadas que ele pensava que estavam perdidas na neve.
“Se você quiser sair daqui, pegue aquele túnel ali e depois o segundo à esquerda. Você deve ver algumas pessoas começando a ir para a superfície de lá. Basta segui-los e você ficará bem.” – Disse Mukdad.
Pegando as espadas, Harry estava um pouco hesitante. Poderia ser uma armadilha, mas se fosse, então Mukdad poderia simplesmente tê-lo matado enquanto ele não tinha armas, ele não lhe daria suas armas antigas para tornar as coisas mais difíceis para si próprio.
“Por que você está me ajudando?” – Harry perguntou, pegando as armas.
“Talvez seja porque eu não acredito mais no que estamos fazendo, talvez seja porque eu acho que você é um bom homem. Ou porque eu não gosto do nosso líder atual. Ele é muito conectado à Sombra, ao contrário do nosso próprio Morfran.”
Harry queria rir, para ele, Morfran, o líder da Guilda das Trevas e a Sombra eram tão ruins quanto. No final, Morfran fazia parte dos Guardiões da Sombra que trabalhava e protegia a Sombra, mas ele se impediu de dizer qualquer coisa a seu improvável salvador.
“Obrigado.” Harry respondeu, enquanto se afastava. “Eu prometo que vou devolver o favor.”
Antes mesmo que a besta fosse convocada e a luz começasse a brilhar, a primeira coisa que Ray notou foi que um fedor terrível havia enchido o lugar. Era como se algo tivesse sido deixado apodrecendo em um dia quente e úmido, o cheiro de algo morto.
Quando Ray ergueu os olhos para a besta, embora Gary afirmasse ser um Dragão, este não era um Dragão que Ray já tinha visto antes. Estava segurando um pedaço de seu corpo junto com a Sombra, se contorcendo como se fosse um verme. O resto de sua forma se parecia com a de um Dragão com suas asas e as muitas escamas pontiagudas que desciam por suas costas e cauda. Mas olhando para ele, Ray quase sentiu como se estivesse olhando para a morte.
“O que é que você fez!” – Ray gritou de raiva.
“Você está com medo, Ray? Uma besta antiga que não é vista nesta terra há tantos anos finalmente voltou. Finalmente o Dragão pode se vingar de todos os humanos que o mataram.”
Ray olhou em seus olhos escuros roxos. Ele não sentiu medo, mas em vez disso, sentiu pena. Era como se Gary tivesse despertado à força um Dragão de seu sono e o forçado a lutar por ele, embora já tivesse falecido.
Este não era um Dragão, pelo menos não o que Ray conhecia como ‘Dragão’. Ele começou a olhar mais atentamente e notou que suas escamas eram pretas, o que é muito raro para um Dragão.
De repente, sua cabeça começou a zumbir, ele se ajoelhou enquanto tentava parar a dor e as imagens começaram a aparecer. As imagens em sua cabeça continuavam piscando entre memorias e a realidade. Era o assentamento de Dragões em um vale, uma área escondida longe dos humanos.
Todos eles pareciam tão pacíficos, mas a próxima imagem era de todos os Dragões mortos. Os eventos exatos do que aconteceu naquele dia não estavam claros para Ray como há muito tempo. Mas ele se lembrou daquele dia, porque depois que o assentamento do Dragão foi destruído, aquele foi o dia em que Ray buscou sua vingança contra todos os humanos.
‘Por que estou vendo isso agora?’ – Ray pensou.
Quando a imagem voltou ao assentamento antes de ser destruída, ele notou um único Dragão de aparência solitária. Um que era preto, mas ele era apenas uma criança em comparação com Ray.
As imagens pararam de aparecer na cabeça de Ray, assim como o zumbido. Ele não sabia por que, mas olhar para este Dragão Negro o fez lembrar daquele dia mais uma vez. Agora, ele tinha outro assunto para tratar. O que aconteceu com o assentamento naquela época, seu povo e família, ele não permitiria que isso acontecesse com sua nova casa agora.
“Gary, não posso acreditar que você se rebaixou tanto para mentir para mim desse jeito.” Disse Ray.
“Foi realmente uma grande surpresa? Você vê Ray, por que você acha que esta manopla tem o nome de Dragão nela? Nunca foi porque era feito de partes de Dragão, era porque tem o poder dos Dragões. Estas armas foram originalmente criadas pelos humanos e pelos Anões para os deuses caçarem os dragões e até mesmo o Ser Divino estava envolvido. Aquele Deus a quem você serve.
– Veja, os deuses se sentiam como se estivessem no topo deste mundo. Mais fortes do que qualquer outra coisa, mas havia o poder de um ser que eles temiam mais do que qualquer coisa e eram os Dragões. Então eles se reuniram para formar um plano para abater todos eles. Afinal, os deuses eram realmente considerados mais fracos do que os Dragões, então eles tiveram que obter a ajuda dos humanos espalhando mentiras e rumores sobre as más ações do Dragão para eles. No final, as Armas do Dragão foram criadas e esta é uma delas.
– Oh, como eu adoraria ver a expressão no rosto daqueles Seres Divinos, quando eles perceberem que a própria coisa que eles criaram para se livrar dos Dragões agora está sendo usada contra eles.”
Era verdade, pensou Ray. Ele sempre teve a sensação de que o Ser Divino estava escondendo algo de sua história. Ela parecia tentar ligar a Sombra às razões pelas quais os Dragões foram mortos. Afinal, a Sombra só apareceu depois que todos os Dragões morreram.
Mas e se não fosse a Sombra, se os deuses realmente tivessem se reunido para tentar se livrar dos Dragões? Algo não estava combinando em nenhuma de suas histórias porque, se fossem verdadeiras, o que era a Sombra? Não era apenas algum outro deus?
E como Gary sabia de todas essas informações, era o que estava guardada dentro do Martelo do Dragão ou era a própria Sombra falando com ele, contando tudo isso?
“Eu posso ver que você não é nada e não há amigos, Ray. Todos ao seu redor têm mentido para você. Eu sou o único que tem sido honesto. Não fique no meu caminho e me deixe acabar com eles para você.” – Disse Gary.
O Dragão bateu suas asas e começou a pairar no ar. Passou voando por ele e começou a olhar para cima, saindo do poço, enquanto Ray ficava parado sem fazer nada. Ray estava em conflito, sem saber o que fazer neste momento.
Em quem acreditar? Todo mundo estava mentindo para ele? Era o que certamente parecia.
Então, aparentemente do nada, uma figura do nevoeiro apareceu, começou a andar em direção a Ray e ele finalmente pôde ver quem era. Em sua peça preta no peito ele tinha o símbolo do olho… Os dois já se conheceram e até lutaram até a morte.
Era o líder da Guilda das Trevas. – “Morfran, o que você quer?” – Perguntou Ray.
Revanche?