Algo estava tentando sair do freezer. As unhas arranharam as bordas da porta como se a coisa dentro estivesse procurando lentamente o mecanismo que destrancaria a porta. O som de arrepiar ecoou em seus ouvidos. A coisa dentro do freezer arranhou por um longo tempo até ficar agitado e os irmãos conseguiam ouvir o som da respiração baixa como se estivesse ficando frustrado.
“Mano, você ouviu aquele som?”
“Ouvi. Deve ser o trabalhador escondido no freezer. Ele está esperando chegarmos mais perto de lá e então saltará para nos assustar.” Fan Dade tentou ao máximo permanecer calmo: “Este é um truque usado e velho — não há necessidade de entrar em pânico.”
“Não, eu estava mais focado em outra coisa.” Fan Chong claramente era o mais pensador na família: “Você notou agora há pouco quão bom os atores desta Casa Assombrada realmente são? É como se realmente estivessem vivendo o personagem que receberam.”
Fan Dade lembrou do monstro sem rosto escondido na escuridão e os cabelos das costas do braço arrepiaram: “Agora que mencionou, é verdade.”
“Muitas vezes não há dispositivo instalado dentro do freezer para destrancar a porta. Afinal, este é uma sala de armazenamento para os mortos.” Fan Chong ouviu o som da respiração vindo do freezer e seu coração palpitou muito rápido: “O som das unhas arranhando contra a porta mais cedo soava como se o morto estivesse voltando a vida. Falhou em encontrar o dispositivo para abrir a porta e por causa dessa frustração, sua respiração ficou mais pesada. Este é um processo compreensível e valido para fazer sentir que é realmente um monstro que voltou a vida atualmente preso no freezer.”
Com um sorriso amargo, Fan Chong estendeu a mão para agarrar a maçaneta da porta: “Se minha especulação não estiver errada, o monstro dentro do freezer adotará um método mais rigoroso para tentar escapar. Por exemplo, bater na porta para criar um barulho mais alto. Então, não só atrairá os outros monstros vagando nos corredores para nos atacar, como também indicará aos outros monstros que pode estar residindo nesta sala. Nesse caso, se estamos cercados dos dois lados, estará realmente acabado para nós.”
“Então o que sugere? Vou te ouvir, irmãozinho.” Fan Dade era um chef. Mesmo que seu irmãozinho não fosse fisicamente forte, Fan Chong era muito mais esperto que ele.
“Aqueles familiarizados com jogos de sobrevivência e fuga saberão que há uma regra oculta neste tipo de jogo, que não é ficar num lugar fixo por muito tempo. Esta regra é particularmente escrita para alvejar aqueles covardes que tentam esconder num lugar pelo jogo inteiro. Isto arruinará a diversão.” Fan Chong limpou o suor da testa: “A Casa dos Horrores do Parque Novo Século é famosa na internet por seus sustos. Dizem que o chefe da Casa Assombrada também está familiarizado com psicologia e tem um traço sádico. Tenho cem por cento de certeza que ele terá regras similares montadas na sua Casa Assombrada.”
“Em outras palavras, você sugere sairmos logo deste lugar?” Fan Dade estava se sentindo arrependendo. Se soubesse que esta seria a situação em que se encontrariam, não teria corrido tão rápido antes. As coisas não pareciam boas para eles agora que foram separados do resto do grupo.
“Não logo, agora.” Fan Chong não ousou ficar ali mais tempo: “Temos que sair agora porque o monstro dentro do freezer ainda está preso lá dentro e o som do carrinho de mão vagou para longe.”
“Devemos sair agora?”
“Sim, esta deve ser a única chance que o chefe da Casa Assombrada vai nos dar. Se perdermos isto, vamos dar de cada com uma existência mais assustadora.”
Quando Fan Chong falou aquelas coisas, a respiração dentro do freezer acelerou, o mesmo ocorreu com o som de arranhão. A coisa dentro do freezer lutou desesperado como se fosse morrer de falta de oxigênio. As unhas estalaram e sangue vazou da borda das portas. O monstro dentro do freezer parecia estar com grande dor e suas emoções estavam se desgastando. Houve um estrondo alto contra a porta — soou como se alguém tivesse usado sua cabeça para bater na porta de aço.
Os corações de Fan Dade e Fan Chong se espremeram com o estrondo alto. Os irmãos se entreolharam e ambos perceberam que o que Fan Chong previu mais cedo estava se tornando realidade.
“Temos que sair agora!” Quase ao mesmo tempo que Fan Chong falou aquilo, o som do carrinho de mão retornou ao corredor.
“Eu sabia.” Fan Chong por fim subestimou o terror do chefe da Casa Assombrada. O homem realmente lhes deu a chance, mas esta só levou alguns segundos.
“O que devemos fazer agora?!” O som das rodas do carrinho vindo do corredor ativou as memórias assustadoras na mente de Fan Dade. Inclinou na porta e espirou. Foi bem a tempo de ver as luzes no corredor apagando uma por uma até o corredor inteiro cair na escuridão, só o som das rodas podia ser ouvido.
Este carrinho simbólico no corredor estava se movendo lentamente e o freezer no necrotério continuou fazendo sons. A coisa mais assustadora era que, no começo, só o primeiro freezer estava fazendo som. No entanto, parecia como se a atividade tivesse começado a espalhar e os dois freezers seguintes começaram a ganhar vida.
Sua hesitação estava alongando, Fan Dade e Fan Chong ainda não chegara numa decisão. Neste momento crucial, os dois se entreolharam e viram pânico em seus olhos. Eram os únicos ali para uma visita na Casa Assombrada — quem teria pensado que precisariam tomar uma decisão tão assustadora quanto esta?
O som das rodas se aproximou cada vez mais e a velocidade não desacelerou. Fan Chong e seu irmão já haviam desistido de resistir. Eles rezaram silenciosamente em seus corações, esperando que o monstro fora da porta não os notasse e lhes desse uma segunda chance de tentar novamente.
Dez segundos depois, os rostos dos dois irmãos empalideceram consideravelmente. O milagre que esperavam não apareceu. O som das rodas desapareceu de repente quando passou no Necrotério Nº 2. Isto significa que o carrinho provavelmente parou fora da porta!
Gotas frias de suor deslizaram por seus rostos. Os monstros continuaram usando as cabeças para bater nas portas. Os flocos de ferrugem nos freezers velhos continuaram a cair. Fan Dade estava realmente preocupado que algo pudesse rastejar dos freezers e avançasse nos dois. Curvou os cinco dedos em volta da maçaneta e puxou lentamente. A mola girou na tranca e quando estava prestes a abrir, algo do corredor bateu com força na porta do necrotério!
Bang!
A colisão pesada fez Fan Dade afrouxar o aperto na porta imediatamente e saltou vários passos para trás: “Aquela coisa ainda está lá fora!”
O QI do monstro fora da porta não era inferior ao de um humano. Após a emboscada falhar, desistiu da furtividade e começou a bater contra a porta como se sua vida dependesse disto. A porta sacudiu sem parar e os freezers atrás deles tremeram. Fan Dade ficou no meio da sala e as veias no pescoço surgiram devido ao fluxo sanguíneo correndo pelo corpo. Não sabia onde esconder e seu corpo começou a ficar fraco. Vacilou subconscientemente para trás.
“Mano, não vá lá!” No entanto, o aviso de Fan Chong foi tarde demais.
O sangue fluiu da parede das bordas da porta. Quando Fan Dade estava a vários metros de distância do freezer, a porta foi aberta e um rosto ensanguentado saiu. Os dois braços abriram como se estivesse tentando abraçar Fan Dade e arrastá-lo para o freezer.
Seu corpo inteiro foi engolido pelo senso de frieza. A frieza apressou para sua mente. Antes que pudesse encontrar uma solução, seu corpo já o carregou para frente. Todos os freezers na sala estavam sendo tingidos de vermelho.
“Vai! Agora!” Se ficassem presos ali, estariam acabados. Fan Dade e Fan Chong correram na direção da única saída. Puxaram a maçaneta da porta e a abriram. Antes que conseguissem correr, várias sombras apressaram para eles do escuro. Cada um tinham expressões estranhas como se estivessem usando rostos que não lhes pertenciam.
“Vai, corre!” Fan Dade gritou. Ele apertou o punho e o homem que tinha 1,9 metros de altura decidiu enfrentar os monstros!
Sua boca estava emitindo barulhos e vozes estranhas que não conseguia entender, Fan Dade avançou nos monstros. Entretanto, antes que seu punho aterrissasse neles, algo que se lembraria pelo resto da vida ocorreu. Os rostos humanos começaram a descascar lentamente! Esta foi a primeira vez na vida que viu algo assim. Nem mesmo sabia que rostos humanos podiam descascar e cair!
“Que porra é esta?!” Isto estava além de suas expectativas e seu limite de terror. A coragem que convocou mais cedo desapareceu completamente. Queria voltar para a sala, mas quando se virou para olhar, teve um entendimento renovado do termo ‘desespero’.
Os freezers no Necrotério Nº 2 foram abertos a força e os monstros com formas humanas rastejaram de seus recipientes. O cheiro de formol infiltrou em suas narinas e se recusou a sair. Sua vista foi engolida lentamente pela cor vermelha. Cercado por monstros, os irmãs Fan perderam a consciência de desabaram no chão.
Meio minuto depois, todos os monstros retornaram para seus pontos de esconderijo como se o pesadelo anterior fosse apenas uma ilusão. Senão, por Fan Dade e Fan Chong, que estavam espumando pela boca e inconscientes no chão, ninguém teria percebido que algo tão terrível havia acontecido minutos atrás.
O tempo passou lentamente. No final do corredor, várias ‘pessoas’ com jalecos se aproximaram lentamente: “Sinto pena deles.”
“Também. Não estamos acostumados a ver estas coisas, quanto mais eles e olha que somos fantasmas.”
“Não é uma boa ideia deixá-los aqui. Vamos tentar reanimá-los.” Um dos médicos moveu o ouvido para perto dos narizes de Fan Chong e Fan Dade para ouvir a respiração. Em seguida, chegou o pulso dos homens: “A condição física não é ruim e não há sinais de problemas no coração. Ainda é resgatável.”
*****
Cinco minutos depois, Fan Chong abriu os olhos lentamente e sua visão clareou lentamente: “Onde diabos estou?”
Não havia monstros ou cadáveres por perto. Ele cambaleou para ficar de pé e tudo que aconteceu mais cedo passou pela sua mente.
“Eu já não desmaiei?” Ele se apoiou na parede e olhou em volta. Percebeu que ainda estava preso no Necrotério Nº 2.
O som de unhas arranhando as portas vieram dos freezers e o som das rodinhas retornou. O show parecia estar prestes a recomeçar.
“Espera, isto não está certo? Eu esqueci algo? Eu já não experienciei isto?!”