Muitos passos reverberaram na mansão.
Aqueles eram aldeões que estavam com medo do zumbi. Trouxeram armas e até cavaleiros poderosos da capital para lidar com a existência do morto-vivo.
O Coveiro de Almas e Alex estavam assistindo ao lado.
O idoso continuou seu monologo: — Zumbis são falhas. Eles são pessoas que não conseguiram aceitar sua morte. Eles não conseguiram aguentar ser falhas na vida. Aquele prefeito não era um prefeito ruim. Na verdade, era amado por todos, porém, seu filho queria assumir sua posição. Ele envenenou o próprio pai e aguardou sua morte. Infelizmente, o objetivo de vida do prefeito sempre foi tocar uma sinfonia específica. Uma sinfonia que sua mãe amava. — A voz sem emoção do homem agarrou a alma de Alex.
Alex entendeu que o Coveiro de Almas estava imensamente decepcionado com os zumbis do passado.
Ele parou de pensar porque os aldeões e cavaleiros cercaram o prefeito zumbi.
O idoso riu: — Zumbis tem um bom traço, no entanto.
[Seu monstro! Deixe este piano e morra! Pare de assombrar seu próprio povo!]
[Como o cavaleiro do Reino de Magenta, erradicarei a heresia!]
Aldeões e cavaleiros lançaram suas técnicas no prefeito zumbi.
Foi quando o bom traço mencionado se mostrou.
O prefeito zumbi saltou do piano numa velocidade inumana. Girou num lugar, chutando os poucos aldeões. Sua força os deixou sem fôlego.
Ele então atacou os cavaleiros. Seus movimentos rápidos e simples, junto da força brutal, não os assustaram.
Contudo, após algumas colisões, uma gota de suor se formou nos rostos dos cavaleiros. Aquele suor deslizou por suas têmporas.
— Zumbis matarão todos que tentarem impedi-los. Se aqueles aldeões destruíssem o piano, ele embarcaria numa jornada para encontrar um novo. Ele traria o piano para casa e tocaria a música de novo. Destruir a casa também não ajudaria. Os aldeões poderiam ter medidas drásticas para construir uma muralha ou armadilha, mas isso seria suicida para a economia. Eles também não têm dinheiro para gastar com um zumbi — o homem explicou.
Alex assentiu.
O idoso riu pela primeira vez desde que apareceu aqui: — Se estiver procurando pelo filho do prefeito, não o encontrará. Ele já foi morto pelo zumbi.
Zumbis também eram eficientes em seu abate.
Para retornar rapidamente ao que queriam fazer, matariam com eficiência todos os inimigos. Eles perfurariam o peito para tirar o coração, destruiriam o crânio para esmagar o cérebro, ou usariam outros meios rápidos.
O Coveiro de Almas continuou a conversa após todos na mansão morrerem: — Zumbis são falhas. Eles não têm intenção assassina.
A cena mudou.
*****
— Esqueletos. — O cajado do idoso foi apontado no esqueleto: — O primeiro esqueleto a retornar foi ainda mais bizarro.
O primeiro esqueleto saiu do túmulo.
Ele era um soldado de um velho império. Como nenhum reino dura para sempre, os dias do seu velho império já estavam contados. Todavia, sua lealdade e amor pela sua casa se fundiu aos seus ossos, trazendo-o de volta à vida.
O Coveiro de Almas falou sem emoção: — Os ossos de existências poderosas jamais morrem com o tempo. E como as pessoas são seres ingênuos, sempre quiseram deixar algo para trás. Alguns fazem através do status, outros com mudanças significativas no mundo, só que todos querem alcançar o auge de seu poder para deixar seus ossos para trás.
O primeiro esqueleto uivou, as chamas vermelhas em seu crânio foram acesas.
Desde que sua casa se tornou um campo de batalha, ele pegou a arma aleatória do soldado caído antes de avançar nos inimigos.
Alex estava assistindo à cena com olhos arregalados, não ousando perder nada desta troca peculiar.
O idoso suspirou: — Os esqueletos do passado protegeram seus amados. Retornariam aos túmulos após confirmar a segurança de seu povo. Também não tem intenção assassina, uma verdadeira intenção assassina!
— Felizmente, a ganância das pessoas nunca decepciona. Várias raças, incluindo humanos, começaram a pesquisar magia de vida e morte, eles impediram a força os esqueletos de voltar aos seus túmulos, ganhando um novo poder. Se não fosse por eles, eu não existiria — o idoso riu brilhantemente.
A cena mudou.
*****
— Fantasmas. — O Coveiro de Almas apontou o cajado para o casal: — O primeiro fantasma saiu deste casal amoroso. Como pode ver, o homem está no leito de morte. Ele logo falecerá e deixará sua esposa. Ouça o choro dela — falou o idoso sem emoções em sua voz.
[Querido! Querido! Eu… Eu sempre o terei no meu coração… Você viverá em mim! Faleceremos juntos, tudo bem?]
Os choros da mulher eram dolorosos de ouvir.
O cajado do idoso bateu no chão.
[Alguns anos depois.]
[Ah! Ah! Ah! Deus! Tão grande! Você é tão grande!]
— Você não tem que me mostrar uma cena destas. — Alex estreitou os olhos porque viu a mesma mulher na cama com outra pessoa.
O idoso riu: — Ficando tímido? Apenas observe o rosto do homem, então.
O rosto de Alex ficou carrancudo: — Apenas me diga quando o fantasma sair.
No final, o fantasma apareceu.
Ele saiu do coração da mulher!
Ele assumiu o corpo do novo homem.
[Sua… mentirosa…]
Ele agarrou a garganta da mulher e a sufocou até a morte. Após ela morrer, o homem matou o novo amor de sua esposa da mesma maneira.
Após isso, o fantasma saiu do corpo.
Ele vagou sem rumo pelo mundo.
— O fantasma faleceu após ver o casal feliz morrer juntos. Porém, levou algum tempo para ele encontrar o amor verdadeiro. Ai ai… nosso mundo é muito distorcido… — o idoso falou algumas piadas tristes antes de retornarem ao salão.
Alex ergueu o olhar naquele lugar escuro: — Você ficou decepcionado com a primeira geração de mortos-vivos porque não tinham a intenção assassina para matar as pessoas, certo?
O idoso assentiu com um sorriso: — Os mortos-vivos devem odiar as pessoas. Uma vez, encontrei um livro interessante. Neste livro havia uma língua estranha que não conhecia, mas consegui decifrar. Aquele livro era sobre o ghoul. O ghoul era a criatura morta-viva que comia pessoas vivas e mortas. Foi então que entendi o caminho dos mortos-vivos. — O Coveiro de Almas abriu os braços.
Ele riu maniacamente: — Mesmo como um humano comum, sempre fiquei decepcionado com a necromancia. As pessoas usaram os mortos-vivos para ganhos próprios. Eles se chamavam de Lorde dos Mortos-vivos, contudo, não conseguiam guiar os mortos-vivos para um caminho apropriado! Eu mudei isso, Alexander! — Os olhos do homem ficaram enlouquecidos como se fosse um cientista maluco.
Ele mudou as criaturas mortas-vivas ao controlar suas almas. Por várias gerações, ele estudou almas, eliminou a ligação e outras emoções desnecessárias, deixando apenas instintos puros e ferozes.
Também descobriu fontes naturais de mana de morte, a mãe do primeiro morto-vivo.
Apenas uma ligação profunda, a vontade de proteger, ou ressentimento, não seria o bastante para criar zumbis, esqueletos e fantasmas.
— O que é um morto-vivo? — o idoso perguntou: — A existência que quer devorar todos os seres vivos, por fim ingerindo o mundo inteiro. Estou perto do meu objetivo? Nenhum pouco — ele balançou a cabeça.