Após sair da masmorra, a Equipe Manos fingiu estarem cansados, exaustos e frustrados.
Tomo Homie recebeu o papel de ator principal: — Aqueles orcs malditos! Aqueles lobos arrombados! Que caralho?! Quase morremos! E você… minha garota! Espero que nenhum orc tenha colocado as mãos em você!
Dancing Shadow corou de verdade quando Tomo Homie a chamou de “minha garota”: — N-Não…
Tomo Homie colocou a mão na testa, suspirando e reclamando alto: — Não retornaremos nesta masmorra de novo!
Alex e Zhen colocaram a mão no ombro dele: — Não fique triste… Só perdemos alguns itens…
— Droga!
Eles estavam atuando porque sempre havia jogadores que caçavam pessoas saindo das masmorras.
Ninguém em sã consciência atacaria uma guilda grande, então pequenas equipes como a Equipe Manos eram normalmente alvejadas.
Eles estavam reclamando e agindo como se a Conquista da Masmorra dos Orcs fosse uma falha total!
Alex até usou uma das armaduras de metal quebradas para se misturar com os outros. Após gritar por um tempo, a Equipe Manos pôde suspirar de alívio.
Eles pegaram a carruagem e seguiram para a cidade mais próxima.
*****
— Alex paga! — Tomo Homie gritou no restaurante quando levantou o copo de cerveja.
Os outros amigos também ergueram os copos, sorrindo e piscando para Alex. Além de Dancing Shadow, todos estavam prontos para forçá-lo a pagar a conta do restaurante!
Alex murmurou enquanto brincava: — Pensei que sairíamos do jogo para ir dormir.
Zhen envolveu o braço no ombro dele, sussurrando em seu ouvido: — Vencemos! Vencemos! Haha! Não podemos voltar na vida real agora, sabe?! Haha!
Pedro encarou o copo de cerveja: — Por que não pediu suco de laranja para mim também? — E olhou intensamente para Tomo Homie.
Os mano de óculos riu: — Podemos ficar bêbados no jogo e acordar sóbrios no mundo real. Meus pais também falaram que não tem nada melhor que uma gelada após o trabalho duro! Então beba, Pedro!
— Eu não gosto, porra — Pedro falou antes de beber a cerveja: — Ela também deveria beber, então.
Tomo Homie estreitou os olhos pela primeira vez, encarando Pedro com emoções nada ocultas: — Ela é nossa caloura, então só tem dezessete anos.
Pedro estalou a língua: — A lei diz que menores de idade podem beber se houver um adulto próximo. Não muito, mas podem.
— Como sabe disso? — Tomo Homie perguntou, surpreso. Porém, quando seu amigo balançou a cabeça enquanto estalava a língua três vezes, Tomo zombou: — alguém foi forçado a beber algumas vezes, entendo! Haha!
Pedro arqueou a cabeça para trás, forçando mais bebia a descer pela garganta. Então, bateu o copo na mesa: — Ajuda com o apetite, aparentemente.
— Haha! — Tomo Homie caiu na gargalhada.
Ele não ouviu o murmúrio de seu bom amigo: — Mas já tenho dezoito… — A pobre Dancing Shadow só podia ouvir estes dois enquanto segurava o copo de suco de laranja.
Contudo, não estava se sentindo triste porque era algo legal. Ela era parte do grupo, mesmo que não participasse das conversas. Sua presença por si só era o bastante e todos cuidavam dele, principalmente Tom.
Os outros deram mais espaço a eles por motivos óbvios.
A equipe falou sobre tudo, variando da masmorra a escola e as provas. Eles tiveram muito tempo e diversão.
Por fim, chegou a hora de ir porque a lua já estava alta no céu.
Alex pagou por todos porque era sua primeira vez bebendo com eles. Então se virou e encarou todos.
— Até amanhã… Dancing Shadow, não seguraremos o Tomo Homie amanhã — ele sorriu enquanto falava sobre a hora da escola em que Dancing Shadow veria Tomo Homie pessoalmente.
Ela corou e assentiu.
— Será divertido! — Tomo Homie gritou antes de desconectar.
Todos seguiram depois, desconectando a alguns metros do restaurante. Os jogadores desapareceram de bom humor.
E como o mundo era vasto, um novo grupo de jogadores preencheu os assentos no restaurante.
O mundo não parava de se mover!
*****
— Estou cheio de energia — Alex falou quando a tampa da cápsula VR foi aberta.
Ele encarou o teto, não se sentindo mais bêbado e com calor. Sua cabeça estava fria, clara e sóbria. Ele poderia estudar ou trabalhar e nem sentiria a fadiga do mundo do jogo, que era realmente algo estranho.
Ele saiu da cápsula: — Estou fedendo… — Mas o suor usual sempre estaria aqui…
Alex tomou um banho rápido e secou o cabelo. Seus pais já estavam dormindo, recuperando a energia para o trabalho do dia seguinte. Porém, por algum motivo, Alex não sentiu vontade de dormir.
No mundo do jogo, estava tão cansado mentalmente que pensou que esta exaustão retornaria a vida real.
Alex decidiu caminhar pela vizinhança. Pensou casualmente no caminho futuro no jogo, na batalha com Nobum e outros assuntos casuais.
Mas no caminho, encontrou a pessoa que esbarrou uma vez.
Era o idoso do parque. Ele não estava sozinho. Sentou no banco com o homem que parecia bem mais jovem, mas ainda estava no começo dos vinte. O segundo homem era alto e musculoso, oposto ao idoso.
Ambos se viraram para Alex.
Por um momento, Alex pensou ver seus olhos brilhando em azul, similar aos tons da alma de Sara: — Acho que estou cansado mesmo.
— Que encontro destinado, jovem — o idoso riu. Então olhou para seu amigo, sentado com ele no banco: — Se não é o destino, então o que é?
O homem não respondeu, seus olhos permaneceram fixos em Alex.
Alex sentiu conhecer esse tipo de encarada. No passado, quando Olivia o introduziu como namorado à sua mãe, ela tinha a mesma expressão.
Alex achou estranho: — Precisa de algo, senhor?
— Não — o senhor riu: — Você parece bem perdido, no entanto.
— Só estou caminhando para respirar ar fresco — Alex deu de ombros.
— Hmm… Ouvi que você não deveria ficar olhando no celular antes de dormir… Luz azul ou algo assim… — o senhor sussurrou, bastante incerto de suas palavras e então continuou num tom casual: — Se estiver sentindo que está perdendo tempo, então sinta-se livre para se juntar a nós. Estamos falando sobre… coisas bem interessantes.
— Não me importo de me juntar a vocês… mas vou ficar de pé — Alex sorriu.
Ele estava curioso sobre estes dois e sobre o que poderiam estar falando numa hora destas. Não pensou neles como sem-teto ou bêbados, pois suas roupas e aparências estavam limpas e compostas.
Ele não tinha nada para fazer e era uma boa situação caso pensassem em algo estranho… Ele não estava com medo.
O idoso pegou um cigarro: — Você acredita em magia?
— Hã? — Alex inclinou a cabeça: — Vocês estavam falando sobre livros de fantasia?
O senhor suspirou enquanto o outro homem balançava a cabeça, decepcionado.
A segunda pergunta então veio: — Você acredita em demônios?
— Que tipo de demônio? — perguntou Alex.
O idoso apontou para sua têmpora: — Aqueles que moram aqui.