Quando o sol raiou, Alex e Stella saíram constrangidos do quarto. Queriam ser os primeiros a entrar no banheiro, porém, a mãe de Alex ficou diante da porta.
Ela olhou para eles e retraiu o olhar.
Os dois suspiraram de alívio.
Lavinia sussurrou: — Por que vocês dois estão tão nervosos? Sou sua esposa ou irmã?
Alex e Stella entenderam o que ela queria dizer.
Porém, Lavinia então os percorreu com o olhar: — Vocês usaram proteção?
Alex balançou as mãos: — Não houve necessidade. Eu só—
— Não me diga o que fez, filho pervertido! — Lavinia bateu à porta, fugindo da conversa.
Alex e Stella se entreolharam.
Ele coçou a cabeça: — Você era quem devia falar, Stella.
— Ok — Stella respondeu.
— Você vai? — Alex revirou os olhos, pois a resposta casual de Stella não soou nada influente!
Porém, esse foi o resultado de seu relacionamento se aprofundando porque Alex sabia que Stella com certeza usaria a situação em sua vantagem.
Stella se aproximou da porta do banheiro: — Sogra. Quero entrar.
— Entre — Lavinia respondeu.
E, com isto, as duas teriam alguma conversa, provavelmente.
Alex desceu as escadas, sentindo uma necessidade de beber algo. Foi então que viu seu pai lendo o jornal de novo.
Harvey olhou para seu filho, sorrindo enquanto balançava a cabeça algumas vezes, claramente se divertindo pela situação.
Alex falou: — Dia.
— Dia — Harvey respondeu com a voz muito mais animada. Então, olhou para seu filho antes de acrescentar: — No caminho para comprar pães frescos, encontrei nossa vizinha. Ela me encarou com um olhar incrédulo e engraçado.
— Eu pareço tão velho, Alex? — Harvey perguntou com um largo sorriso.
Alex inclinou a cabeça: — Não.
— Haha! Por causa das paredes finas e um pequeno mal-entendido, nossa vizinha reclamará com o marido dela hoje. Estou com pena na hora que este pobre homem acordar — Harvey não conseguiu impedir a risada enquanto cobria a boca com as mãos.
E após entender a situação, Alex também riu.
Alguns minutos depois, o pai e o filho se acalmaram.
Harvey abriu a boca: — Melhor encontrar um emprego logo, filho. Ou você vai ficar sem desculpas para ter um descanso.
Alex inclinou a cabeça, analisando as palavras de seu pai, pois ele falou sem o mínimo de pudor.
Contudo, como Alex tinha quatro garotas, elas com certeza pegariam muito do seu tempo livre. E como ainda não tinham responsabilidades na Terra, com certeza iriam querer passar mais tempo juntos, o que naturalmente deveria acabar em atividades picantes.
Alex assentiu.
— Suas capsulas devem chegar hoje. Fique de olho nelas e não perca o caminhão de entrega — Harvey sussurrou.
— Obrigado, pai. — Alex olhou para seu pai com um leve sorriso. Todavia, nesta expressão, Harvey podia ver a gratidão de seu filho.
Alex acreditava que tinha muito que explicar. No entanto, por causa da situação estranha, não possuía uma explicação apropriada ainda.
Seu pai o ajudou significativamente aqui.
Harvey agiu como se não soubesse do fardo de seu filho: — Sempre estarei aqui por você, filho.
Alex sorriu: — Que tal você entrar no jogo também? Tem uma pessoa que quero que você e a mãe conheçam.
Os olhos de Harvey arregalaram por um momento antes de responder: — Não podemos.
— Hm, por quê? — Alex perguntou, não esperando esta resposta. Seu pai levou muito tempo para responder, o que foi surpreendente. Alex raramente via seu pai se sentir em desconforto quando estava na cadeira, sem nenhuma explicação.
Alex também não conseguiu pensar num motivo razoável.
Estaria tudo bem se seu pai visitasse o Mundo de Avander com sua esposa nos finais de semana. Eles raramente trabalhavam nos finais de semana, tendo muito tempo para si.
Harvey respondeu: — Responsabilidades.
Contudo, como Alex já havia pensado longe, não comprou esta desculpa. Começou a ver o que havia escapado dele e suas esposas.
O conceito do demônio faminto.
Aquele conceito estava dentro de Alex. Não era exatamente igual porque ele diferia dos demônios famintos. No entanto, Sara e as meninas confirmaram que este poder brotou em Alex durante a batalha contra o jogador com Classe Lendária.
E como nunca entrou em contato próximo com eles, exceto pela conversa com Erik e a alma em ruínas do Demônio Wolfen, só conseguia pensar numa explicação.
Ele nasceu com isto.
— Pai… Você é de outro mundo? — Alex perguntou aquilo que faria todos olharem para ele como se fosse um esquisitão.
Porém, quando Harvey ouviu a pergunta, dobrou o jornal lentamente. Harvey levantou as mãos sem segurar nada: — Vê?
— Suas mãos… estão tremendo… — Alex sussurrou, sentindo-se desconfortável, pois nunca viu seu pai neste estado.
Harvey proferiu: — Essa imagem pode te impedir de fazer esta pergunta — E então, seus olhos ficaram vermelhos.
Aqueles olhos brilharam como luas vermelhas, porém, nenhuma intenção assassina irradiava deles. Uma emoção muito diferente, oposta ao conceito do antagonista, estava oculta no coração de Harvey. Um poder pelo futuro.
E quando Alex viu aqueles olhos, lembrou das mensagens do sistema que viu durante a batalha contra Liam Muralha. Também lembrou da conversa com Ivonne, seu oceano vermelho e a habilidade Asura.
E no segundo seguinte, esqueceu de novo.
— Cedo demais — Harvey sussurrou após o corpo de seu filho cair no chão. Ele ergueu os olhos vermelhos, olhando nos olhos azuis de Sara, pois ela testemunhou a cena toda das escadas.
Harvey falou pela ela se aproximar: — Você pode saber sobre isto.
— Afinal, você é uma garota importante. A garota que foi salva pela Recompensa do Último Desejo. — Harvey sussurrou.
O coração de Sara acelerou porque percebeu que seu sogro era mais que apenas um humano comum. E foi por causa dele que Alex conseguiu salvá-las.
Ela se aproximou deles, pegando o corpo inconsciente de Alex. Em suas mãos, Alex encontrou conforto e naturalmente um corpo suave para adormecer.
— Obrigada por nos salvar, sogro — Sara sussurrou, com lágrimas fluindo de seus olhos mais uma vez.
Harvey a observou com um sorriso suave, seus olhos não estando mais vermelhos: — Se não houvesse nenhuma ligação genuína entre vocês e meu filho, vocês teriam morrido.
— Foram vocês que se salvaram. Infelizmente, não haverá outra chance. E se meu filho receber mais garotas, não conseguirão se juntar a este mundo tão cedo — Harvey sorriu, sentindo-se muito feliz com o desenvolvimento de Alex.
Sara achou o sorriso de Harvey agradável e tranquilizante: — O sogro previu este resultado? Parece que a Recompensa do Último Desejo foi reservada para o Alex salvar suas amadas.
Harvey fechou os olhos, lembrando do passado: — Eu também costumava ter um harém. Não sei da jornada do Alex, mas o meu foi bem tranquilo até certo ponto.
— Até eu aprender a verdade — Harvey sussurrou, seus olhos brilhando momentaneamente em vermelho, como se o medo tomasse conta do seu coração: — A Recompensa do Último Desejo foi preparada por outra coisa para ele…
— E embora isto limite o futuro do Alex, não me sinto mal com o fato de ele usá-la em vocês. Eu fiz o mesmo, afinal de contas. Eu tive um harém e se pudesse desejar pela sobrevivência delas, eu usaria para manter todas do meu lado.
— Infelizmente, eu era apenas um espadachim poderoso.
— Todas que eu amava morreram, menos eu. — O rosto de Harvey contorceu de dor, pois não conseguia suprimir as emoções.
Os olhos de Sara tremeram só de refletir o luto dele. Ela se sentiu muito triste pelo seu sogro, mesmo que não soubesse da história toda. Contudo, apenas sua expressão repleta de tristeza foi o bastante para ele sentisse pena.
Ela queria ajudar, mas ainda era uma estranha e alguém que foi sala pelos esforços de Harvey para conseguir a Recompensa do Último Desejo.
Sara permaneceu em silêncio, esperando que sua presença fosse o bastante. Como não conseguiu encontrar palavras para consolar seu sogro, queria ficar ao lado, só para que pudesse ter alguma conversa sobre o passado.
Harvey viu através do silêncio dela, finalmente voltando ao normal: — É passado.
— A sogra sabe disto? — Sara perguntou suavemente.
— A ela atual não — Harvey respondeu misteriosamente.
E após estas palavras, os olhos de Sara brilharam com resolução: — Sogro, sempre que sentir uma necessidade de conversar sobre seu passado, estarei aqui para ouvir. E no futuro, todas estaremos aqui para ouvir junto do Alex, pois acredito que você dirá tudo quando for a hora.
— Meu filho gastou toda a sorte que tinha em vocês — Harvey sussurrou, sorrindo amplamente para Sara, que corou como uma garota jovem e inexperiente diante de seu sogro.
Harvey desdobrou o jornal, o lendo: — Você sabe que sua alma foi temperada?
O coração de Sara parou por um segundo: — Sei…
E seu próprio pai plantou algo nela, ainda por cima! Em comparação, Harvey era muito melhor que ele, algo que fez Sara desenvolver alguma inveja. Todavia, como ela também era nora dele, Sara jurou apoiar seus sogros com Alex.
E se ele ousasse negligenciar seus pais, ela o repreenderia!
Harvey sussurrou: — O que você sabe sobre isto? Tenho um palpite ousado, mas não consigo acreditar nisto.
E quando Sara ouviu aquelas palavras, seu coração tremeu com medo genuíno.
Havia uma chance de que Elias Deathwill conseguiu algo que fez até Harvey Mao não acreditar em seus próprios pensamentos?
Embora Sara não conseguisse confirmar a força de seu sogro, ela teve a impressão que ele era mais forte que Elias Deathwill.
E isso era verdade. Todavia, Elias colocou as mãos em algo que… deixou Harvey Mao preocupado.