As duas garotas continuaram a caminhar pelo deserto. Não havia sinais de pegadas na área porque o vento rapidamente soprava areia para as encobri-las. Assim, a única coisa com que podiam contar para saber onde estavam era o mapa e o rastro de fumaça preta na frente delas.
“Espera! Erin, desacelere, está muito quente.” Layla reclamou.
Enquanto Layla lutava com o calor e queria caminhar em um ritmo regular, parecia que Erin estava energizada caminhando pelo deserto. Chegou ao ponto que se ela caminhasse mais rápido, estaria fazendo jogging.
“Não posso deixá-los pegar nossos cristais, se entregarem e perdermos nossos pontos, então, significa que podemos perder nosso lugar de número um.”
“E daí? Não vale a pena arriscar nossas vidas, mesmo sem aqueles cristais, ainda devemos ficar em uma posição muito boa. Por que você precisa ser tanto a número um?”
Pela primeira vez, Erin ficou parada na área. Seu punho estava cerrado e quando estava prestes a dizer algo, mordeu os lábios para se impedir.
“Vamos, não estamos muito longe.”
Naquele momento, a fumaça preta tinha coberto a maioria da vista delas. Era difícil descobrir de onde estava vindo, mas o que sabiam era que tinha muita fumaça para ser a habilidade de alguém.
‘Não existem muitas coisas no deserto que podem pegar fogo, então, o que diabos está fazendo tanta fumaça?!’ Layla pensou.
Então, enquanto estava caminhando, Layla acelerou de repente quando localizou o que parecia ser um ponto preto no céu e, conforme se aproximavam, ela notou que parecia ter forma oval e viu que algo estava pingando da parte traseira.
“Ei, o que é aquilo?!” Layla perguntou.
“Não sei, pode ser a habilidade de alguém ou algo assim.” Erin respondeu. “Talvez você possa pegar.”
Layla já planejava fazer isso. Antes que o objeto pudesse atingir o chão ou ir na direção delas, ela tentava pará-lo no ar. Todavia, Erin também estava preparada para caso o objeto fosse pesado demais para Layla controlar.
Finalmente, quando estavam a alguns metros de distância, Layla conseguiu pará-lo e o trouxe lentamente para sua localização. Mas, alguns segundos depois, esqueceu de tudo e imediatamente derrubou o objeto no chão.
Um baque foi ouvido e o objeto em direção a elas, que foi seguido por um rastro vermelho que estava sendo absorvido pela areia.
“Aquilo definitivamente era uma cabeça.” Layla disse com a voz trêmula: “Não estou vendo coisas, certo? Era uma cabeça, não é?”
“Era uma besta, ou talvez algo mais, poderia até ter algo a ver com a fumaça,” Erin disse com calma.
“Como você não foi afetada por isto. Vamos, precisamos sair daqui. Nossas vidas valem mais que alguns cristais idiotas!” Gritou Layla: “Vamos voltar ao poço e dizer aos outros.
Porém, Erin permaneceu em pensamentos profundos.
‘Se for uma besta Intermediaria e eu usar minha força total, devo ser capaz de derrotá-la.’ Ela pensou.
“Agora não é hora de brincadeiras, olha Erin, gosto de você e normalmente apenas deixaria alguém tão louca quanto você aqui, mas eu insisto em dizer isso, temos que ir agora.” Layla continuou, apesar do silêncio.
Mas, então, na distância, uma figura alta pôde ser vista indo na direção delas. Sua cauda se movia lentamente para a esquerda e direita.
“O que é isso?” Layla perguntou. Pela primeira vez, Erin não parecia mais tão confiante. Na verdade, Layla nunca a viu recuar de um desafio. Mesmo quando Vorden estava enfrentando uma das quatro grandes famílias, ela permaneceu firme. Embora tenha dito que era mais fraca, ela não exibiu um pingo de medo.
No entanto, agora foi diferente. Ela cruzou os braços sobre o corpo, se abraçando e tremendo no calor do deserto.
“Mamãe, por favor, me salve.” Ela disse tão baixinho que as únicas palavras que Layla conseguiu ouvir foi mamãe.
Agora que a criatura estava cada vez mais perto, Layla finalmente conseguiu ver com clareza. Tinha aparecido várias vezes nos livros que leram enquanto cresciam, constantemente vídeos eram exibidos a elas sobre a aparência dessa coisa. Era um Dalki.
Mas, não estava sozinho. Ele parecia estar arrastando algo junto consigo.
“Oh? Há mais dois.” O Dalki disse.
Ele então olhou para o corpo de Ben, que estava arrastando consigo. E apesar de agora estar sem cabeça, o resto de seus membros ainda estavam intactos. O Dalki colocou o pé no corpo e arrancou um braço.
“Está um pouco mais perto que da última vez, então, ficou mais fácil de acertar.” O Dalki mirou nas duas à sua frente, se inclinou para trás e arremessou o braço.
O braço foi arremessado em uma velocidade e poder tão incrível que parecia que o ar em volta não tinha efeito.
Vendo o braço vindo em sua direção, Layla sabia que estava rápido demais para desacelerar com sua habilidade. Elas mal conseguiram esquivar com Layla puxando Erin para fora da área de fogo.
“Erin, vamos embora.” Enquanto falava ela levantou sua mão e deu um tapa no rosto de Erin, deixando uma marca vermelha.
Felizmente, parecia ter funcionado. Erin não estava mais tremendo e sabia do perigo em que estavam.
“Caminho de gelo!” Ela criou um caminho de gelo na frente e então, formou lâminas na sola dos pés.
“Você sabe patinar no gelo?” Erin perguntou.
“Não.”
“Então segure firme.” Colocando Layla em suas costas, Erin começou a patinar no caminho de gelo em uma velocidade incrível. Toda vez que chegavam perto do fim do caminho, ela estenderia o gelo mais ainda. Foi várias vezes mais rápido que as duas correndo, assim, foram capazes de criar uma distância entre elas e o Dalki.
“A melhor coisa a fazer é ir ao abrigo e conseguir outra nave.” O Dalki pensou: “Aquelas duas garotas provavelmente estão indo para o abrigo. Será ruim se elas avisarem eles, acho que é melhor pará-las.”
Infelizmente para as duas, o Dalki não sabia que elas não estavam indo para o abrigo, talvez se soubesse, tivesse as deixado em paz. O destino delas era o poço, pois queriam avisar Vorden e os outros.
Não só isso, mas o Dalki estava bloqueando o caminho para o abrigo.
Elas podiam dar a volta, mas levaria tempo demais e Erin estava com medo de que o Dalki já tivesse fixado seus olhos nelas. Assim, a única opção que tinha era contar com Vorden.