“Ei, em que momento eu fiz alguma besteira?” Logan reclamou. “É bem óbvio que assim que encontrassem algum aluno desaparecido, um que está com roupas esfarrapadas e veio de um planeta que sofreu um ataque Dalki, a primeira coisa que eles fariam seria levar ele para enfermaria.”
Isso era algo que os outros não haviam pensado. Eles estavam todos focados em seus próprios problemas e acabaram pensando que talvez ninguém fizesse questão. Tudo o que poderiam fazer agora era acreditar nas palavras de Logan e confiar nele para bolar um bom plano.
Enquanto levavam Peter para a enfermaria, Hayley se adiantou e fez uma verificação geral do estado de Peter. Não havia muito que ela precisasse fazer, pois a tecnologia médica já havia evoluído bastante e ela percebeu que ele não possuía nenhuma ferida aparente.
No entanto, isso não significava que não havia necessidade de ela pessoalmente usar sua habilidade de cura.
Hayley conectou Peter a uma grande máquina parecida com um tubo, enquanto também colocava vários pequenos adesivos brancos por todo o corpo dele. A máquina iria mostrar o interior do corpo de Peter e suas entranhas, além de avisar se houvesse algo de errado com seus órgãos vitais, como por exemplo o coração. Ela também monitoraria os detalhes de sua pressão arterial e demais sinais.
E tudo isso poderia ser feito com apenas um dispositivo. E era aqui que a habilidade de Logan entrava em ação. Antes de tudo isso acontecer, ele conseguiu fingir uma doença e entrar na enfermaria. Durante esse tempo, tocou em todas as máquinas disponíveis lá.
Ao fazer isso ele assumiu o controle das máquinas, fazendo-as se sentirem vivas. Agora, Logan poderia lhes dar comandos sempre que quisesse e elas o obedeceriam.
O grupo aguardava nervosamente. Enquanto isso, Hayley anotava informações em seu pequeno tablet de vez em quando. Ela olhava para o monitor e depois para voltava a checar sua tela.
“Parece que você está em perfeitas condições.” Falou Hayley enquanto Peter se levantava para fora da máquina. “Agora eu só preciso fazer algumas perguntas.”
Mais uma vez, os outros que ouviam o que estava acontecendo ficaram preocupados. Mas enquanto ela fazia perguntas a Peter, ele respondia tudo perfeitamente. Ouvindo isso, Logan acenou a cabeça orgulhoso, mas os demais ainda estavam inseguros.
O problema era que Peter havia respondido a todas as perguntas perfeitamente, de forma quase imediata e com um tom monótono, como um robô.
Hayley continuou com mais perguntas, enquanto um soldado que estava ao lado anotava tudo. Ela até perguntou a Peter sobre o que havia acontecido com ele antes disso tudo.
Logan havia preparado uma história plausível. Ela entrava em detalhes sobre quando os Dalki atacaram seu grupo, como ele havia fugido e escapado. O maior problema era que todo o seu equipamento havia sido abandonado e Peter não tinha ideia de onde estava.
Ele viajou pelo deserto por vários dias, conseguindo se alimentar usando as técnicas de sobrevivência que a escola o havia ensinado, até que eventualmente chegou em um abrigo. O único problema era que esse era o errado.
O abrigo só possuía teletransportadores que se conectavam a outros planetas, com nenhum se conectando à Terra ou à base militar, mas ele descobriu que o abrigo de onde tinha vindo não estava muito longe.
Peter ficou até recuperar as forças e comprou um mapa que o levaria até o abrigo original e, por fim, conseguiu retornar à base militar.
Assim que o interrogatório terminou, Hayley deixou um soldado com Peter para o guardar enquanto descansava, enquanto ela levava um relatório para Nathan.
“Então, como está o garoto?” Nathan perguntou.
“Felizmente, ele parece estar em perfeitas condições de saúde, mas…” Hayley hesitou.
“Mas o quê?” Nathan questionou.
“Parece que a mente dele não está presente de fato. Às vezes, suas respostas eram bem rígidas e parecia haver uma falta de emoção. Quando checamos Pio antes, ele não apresentava nenhum desses sinais. Embora isso possa ter sido causado pelo trauma de ser atacado pelo Dalki; talvez ele supere isso no futuro.”
“Essa é uma ótima notícia!” Nathan disse. “Enquanto o aluno estiver bem, tudo estará bem. Nós podemos informar os pais dele sobre as boas notícias por enquanto. Eles não precisam saber do resto até mais tarde. Não adianta preocupá-los se ele vai retornar ao normal em breve. Mande-o voltar às aulas amanhã.”
“Mas senhor!” Hayley reclamou. “Você não acha que é muito cedo para mandá-lo de novo? Ele acabou de voltar.”
“Você talvez esteja certa sobre isso; informe o aluno e deixe-o decidir. Se ele ainda quiser ir, então deixe-o.”
“Como desejar, senhor.” Hayley falou antes de retornar.
Quando Hayley saiu da sala, Nathan foi pegar os arquivos em sua mesa e começou a lê-los um por um, enquanto fazia isso, a vontade de puxar os cabelos crescia. Ele tinha alguns dias estressantes chegando.
Embora sua maneira de pensar geralmente entrasse em conflito com os meios dos atuais militares.
Dessa vez, no entanto, ele achou que era demais.
“Uma excursão em um portal laranja. O que eles estavam pensando?”
Parecia que o disfarce de Peter havia funcionado e eles acreditaram na história falsa. Quinn não sabia como ele fez isso, mas sabia que era algo que Logan poderia fazer.
Com a tensão desaparecendo, parecia que seu grupo finalmente não teria mais problemas para lidar. Ainda havia o assunto com Duke, mas agora que Peter estava fora, não havia mais pistas. Eles teriam que esperar que ele fizesse seu próximo movimento contra Vorden e vacilasse em algum ponto.
Era tarde da noite e os outros haviam se retirado do quarto para ir dormir. No entanto, pouco antes de sair, Fex encontrou algo na bancada de Logan. Era o teletransportador portátil em forma de cubo.
Enquanto os outros estavam ocupados se despedindo e conversando amigavelmente, Fex decidiu se aproximar para dar uma olhada. A bancada de Logan não era do tipo convencional para trabalho.
Havia várias ferramentas projetadas ali para o uso pessoal de Logan, e até mesmo vários monitores e telas de computador logo acima da bancada de trabalho. Naquele momento, parecia que ele estava com o dispostivo conectado em alguns cabos que levavam a uma tela de computador logo acima.
Na tela havia vários números aleatórios, constituindo longas fileiras de sequências diferentes. A máquina estava lendo as colunas em um ritmo alarmante, a cada vez que o algarismo piscava em vermelho, ela se movia para outra.
“Ele não pode estar tentando decifrar essa coisa, certo? Eu pensei que essas coisas fossem indecifráveis.” Mas Fex não era tão ingênuo. Talvez os Vampiros achassem que os teletransportadores portáteis fossem bem seguros, porém após testemunhar as capacidades de Logan uma vez atrás da outra, ele pensou que houvesse a chance de Logan decifrar o código.
‘Isso é ruim’ Fex pensou. Os dispositivos quadrados eram diferentes dos redondos que os terráqueos utilizam. Eles eram muito mais avançados. Os que pareciam esferas eram projetados para ir apenas à um único destino.
Enquanto isso, os cubos funcionavam mais como uma estação de teletransporte. Um código de acesso era requerido e, dependendo de qual código fosse utilizado, ele teletransportaria você para o lugar correto. Foi assim que Fex conseguiu chegar à Terra, através de um tipo semelhante de teletransportador.
O problema é que existem dois tipos diferentes de teletransportadores quadrados. Cada um com uma aparência ligeiramente distinta. No topo, onde o código deve ser inserido, ele poderia ser verde ou vermelho. Verde significava que ele poderia ser utilizado para viajar para qualquer estação de teletransporte, isso incluía as de outros planetas, não apenas a Terra.
O que estava no quarto de Logan tinha um painel vermelho no topo. Semelhante aos teletransportadores circulares, eles tinham apenas um único destino, e esse destino… era voltar ao lugar de onde Fex tinha vindo.
Ele já havia percebido isso antes, mas não havia se importado muito, afinal sem o código de acesso Logan nunca seria capaz de utilizar o teletransportador.
Mas olhando para tela, Fex não sabia quando, mas em breve, ele teria acesso ao teletransportador.