Deitando na cama que tinha sido preparada, Shiro cerrou os dentes da dor. Enrolando-se em uma posição fetal, ela agarrou a área perto de seu coração como se estivesse prestes a estourar.
Com sua condição anormal, Dimos rapidamente chamou um médico, mas ele relatou que sua condição era estranha até para ele.
Dispensando o médico, Dimos esperou no quarto ansiosamente enquanto a condição de Shiro continuava a deteriorar-se.
O tempo passou quando o sol finalmente se põe.
Felizmente, a respiração de Shiro começou a estabilizar-se à medida que seu corpo relaxava ligeiramente. Seu rosto ainda estava pálido, mas ela não estava mais com dor.
“O que aconteceu?” Shiro perguntou.
Lentamente abrindo os olhos, ela podia ver o olhar preocupado de Dimos.
“Não se mexa, seu corpo ainda está fraco.” Ele lembrou.
“Mn.” Balançando a cabeça, Shiro suspirou e desfrutou da sensação de ser capaz de respirar mais uma vez.
‘Que porra foi essa?’ Ela pensou consigo mesma já que nunca tinha sofrido algo assim antes.
“Então você sabe o que aconteceu ou isso é novo para você também?” Dimos perguntou.
“Bem, se eu soubesse que eu ia quase morrer no momento em que chegasse perto da árvore eu não teria ido até lá né?” Shiro riu enquanto se sentava.
“Mn, você acha que é algo a ver com a sua constituição? Você tem um monte de espíritos circulando ao seu redor o tempo todo quando a noite cai afinal. E falando nisso, eu não vejo nenhum espírito por aqui.” Dimos disse enquanto olhava pela janela.
Normalmente, os espíritos seriam abundantes na Área da Vida, especialmente porque a floresta fica fora desta cidade-cratera. No entanto, nem um único espírito podia ser visto.
Pensando por um momento, Shiro se perguntou se era porque seu corpo era tecnicamente o de um espírito. Humanos podiam andar até a árvore enquanto ela não podia devido ao fato de que ela era um espírito.
‘Deve haver algo na árvore que drena a terra e age como veneno para os espíritos. Caso contrário, não explicaria por que há uma falta de espíritos em torno desta cidade.’ Shiro pensou com uma carranca.
“Talvez. Mas a menos que eu encontre uma solução para isso, eu não acho que é sábio para me aproximar da árvore.” Shiro suspirou.
“Mn, felizmente, este lugar está perto do topo, então não deve afetá-la muito. Mas se acontecer novamente, me diga, tá bom?”
“Não se preocupe. Eu vou sair da cidade para um pouco de ar fresco, se estiver tudo bem.” Shiro disse enquanto se levantava.
“Você já pode andar normalmente?” Dimos perguntou já que ainda estava preocupado com seu estado atual.
“Não se preocupe, eu já volto. Eu só estou saindo em busca de um pouco de ar fresco.” Shiro sorriu e deixou o prédio.
Saindo da cidade, ela chegou na beira da cratera e respirou fundo antes de suspirar.
Estreitando os olhos para a árvore, ela se perguntou o que mais ela não sabia sobre seu corpo atual.
Até agora, ela sabia que a maioria de seus poderes estavam selados e ela não podia usá-los. No entanto, sua influência passiva sobre os espíritos ainda estava ativa, o que significa que ela ainda era fisicamente um espírito.
Portanto, o que quer que seja prejudicial a um espírito é prejudicial para ela.
Olhando para a floresta, ela avistou alguns pontos de luz.
Percebendo que eles pareciam querer se aproximar dela, mas hesitaram, Shiro se perguntou se era por causa da árvore na cratera.
Se levantando, ela se aproximou dos espíritos.
“Você tem medo da árvore na cratera?” Shiro perguntou com um sorriso suave.
Aparentemente incapaz de responder sua pergunta, o ponto de luz dançou ao seu redor antes de flutuar para floresta.
Levantando as sobrancelhas, Shiro encolheu o ombro e estava prestes a voltar quando o espírito apareceu mais uma vez.
Adivinhando que queria que ela seguisse, Shiro debateu por um momento antes de seguir o espírito.
Desembainhando sua espada, ela se manteve em guarda no caso de algo aparecer que possa prejudicá-la.
Aventurando-se mais fundo na floresta, cada vez mais espíritos começaram a aparecer enquanto Shiro se sentia bastante revigorada. Esta foi uma sensação completamente diferente que ela sentiu quando comparada com a árvore na cratera.
Olhando para baixo, ela puxou a saia para cima e podia ver a ferida da coxa cicatrizando muito lentamente, mas já era muito mais rápido do que deveria ser.
‘Estranho…’ Shiro pensou consigo mesma e continuou a seguir os espíritos. Não se sabia por quanto tempo ela caminhou, mas a ferida na coxa já havia cicatrizado em 20%.
Neste ponto, os espíritos eram agora abundantes. Dançando ao seu redor como crianças alegres, eles pareciam incentivá-la a segui-los mais rápido.
Subindo sobre algumas grandes raízes de árvores, Shiro notou que as árvores e plantas ao redor de sua localização atual eram muito maiores do que o que havia sido visto na floresta antes. Passando por algumas árvores, ela se viu em uma pequena clareira. Havia uma única árvore que tinha um pequeno lago ao lado.
As grandes raízes da árvore formaram uma espécie de gaiola e uma das raízes maiores agiu como uma pequena ponte. Na ponte estava uma mulher que parecia ter um vestido feito das raízes das árvores e videiras. Ela tinha longos cabelos loiros que eram castanhos nas pontas e olhos verdes.
Olhando para Shiro, a mulher cruzou as pernas e sorriu.
“Eu nunca vi um espírito jovem já tomando uma forma humana.” Ela disse enquanto gesticulava para os pequenos pontos de luz.
“E eu nunca vi pessoalmente uma Dríade antes.” Shiro riu desde que a mulher na frente dela combina com a descrição de Dríade em sua mente.
“Você sabe da minha espécie? Interessante. Eu sou realmente uma Dríade e você é um espírito jovem que alcançou uma forma humana sem qualquer fonte de Divindade. Talvez seja por isso que esses jovens são atraídos para você.” A Dríade sorriu e tocou em um dos pontos de luz.
“Por que eles me trouxeram aqui?” Shiro perguntou.
“Porque você foi contaminada e quase morreu.”
“Contaminada?”
“A árvore no fundo da cratera foi adulterada. Eu queria que os espíritos te chamassem aqui mais cedo, mas é muito difícil para eles aparecerem diante de você no dia, então eles tiveram que esperar. Felizmente, você deixou a cidade, lhes dando a chance de chamar por você. Se não, você teria continuado a ficar perto da corrosão sem qualquer tipo de proteção que teria resultado em sua morte. Eu teria dado dois dias antes de você morrer. Ao contrário de você, os espíritos mais jovens são muito mais suscetíveis à corrosão, então se eles entrassem na cidade, sua vida teria sido extinta.” A Dríade balançou a cabeça.
“Então por que você queria me chamar aqui.” Shiro perguntou já que não havia como uma Dríade a chamar aqui por nada.
“Eu só queria chamá-la e avisá-la sobre a cidade. Você deve ficar perto de mim por um tempo para que minha Divindade possa curá-la e então você pode sair. A cidade está perdida.”
Surpresa com o fato de que a Dríade não a chamou aqui para nada além de um aviso, Shiro levantou as sobrancelhas.
“A cidade está perdida? Não há nenhuma maneira de corrigir isso?” Shiro perguntou.
“Não. Aquele que causou isso trouxe uma Muda do Pavor da Área Nula e a plantou dentro da árvore. A Muda do Pavor continuará a drenar a terra de seus nutrientes até que a área se torne igual a da Área Nula.” A Dríade balançou a cabeça.
“O que você quer dizer com Área Nula e Muda do Pavor?”
Ambos os termos não eram familiares para Shiro e não significavam nada para ela agora.
“A Área Nula é a área fora das Áreas dos Deuses Primordiais. É completamente desprovida de vida e nada pode sobreviver lá. Quanto à Muda do Pavor, é algo que está na Área Nula há muito tempo. Embora possa não ser prejudicial para os humanos, é extremamente perigosa para a natureza, espíritos e monstros, pois drena sua vitalidade. Quando eu disse que você estava contaminada, foi porque você tinha inalado o ar que foi produzido pela Muda do Pavor. Vai te devorar por dentro até morrer. Tenho certeza que você sentiu, mas seu coração deveria ter parecido como se fosse estourar, certo? Esse é o efeito deste ar que você respirou.” A Dríade estreitou os olhos enquanto Shiro não podia deixar de franzir a testa com o pensamento.
“Tem que haver uma maneira de resolver isso né?” Shiro perguntou com as sobrancelhas franzidas.
“Pode haver, mas eu não conheço a solução. Deixe este lugar, quanto mais tempo ficar, mais perigoso se torna para você. Depois de um certo ponto, nem mesmo eu poderei curá-la com a minha Divindade.” A Dríade balançou a cabeça.
Acenando com a mão, raízes se enrolaram em volta dela e ela desapareceu da área.
Permanecendo em silêncio por um momento, Shiro começou a caminhar de volta para a cidade.